Saturday, December 24, 2011

A menina que eu fui e seu Pato Donald



Vou plagiar essa ideia que surgiu na Zero Hora hoje de mandar uma carta para o passado pois acho que desencadeia uma reflexão interessante para esta época do ano.  E sem muito preparo já vou avisar a menina que fui um dia que ela vai perder este Pato Donald que está segurando em uma mudança. E esse vai ser só o começo das perdas que ela vai ter que enfrentar até os 49 anos. Assim, a lição mais importante que ela vai ter que tentar aprender é o desapego. Não pelas coisas, que isso ela vai tirar de letra, mas pelas pessoas que vão entrar na vida dela conquistando rapidamente mas que vão desaparecer como em um passe e mágica e sem muita explicação. E isso vai incluir também o irmão que gostava de implicar com ela a fazendo chorar tantas vezes. Quando ele não estiver mais com ela vai deixar uma saudade gigante mas sua ausência vai mostrar que ela é muito mais forte do que pensa e a dar mais valor a cada momento. Quanto aos planos e os sonhos, que só vão aparecer bem depois, eles vão ser todos alterados pela vida que ela vai ter. Nada de vestido branco, nem filhos para substituir as bonecas. Mas muitas viagens, muitas alegrias, muita liberdade para ser o que quer e fazer o que tem vontade.
Seria bom que ela soubesse também que as cobranças do pai são mesmo para o bem dela e não o desamor que ela acha que é e que será uma perda de tempo, que acabará até comprometendo a própria saúde, ficar querendo que tudo seja diferente. Que ela vai se livrar da timidez enfrentando vários desafios e sendo ajudada por muita gente talentosa. Que vai perder muitos amigos ao longo do caminho mas que vai seguir fazendo outras amizades. Que vai conhecer bem mais gente do que podia imaginar. Que depois de esbarrar em tantas situações difíceis e fazer muita força para transformar tudo e todos, vai começar a concentrar-se nas coisas que pode mudar, inclusive em si mesma. E vai encontrar nesse caminho gente como ela que não esconde as emoções. Ao contrário. Que as usa para se aproximar das pessoas. Que aprender a ler e a escrever rapidamente vai ser a coisa mais importante ao longo de toda a vida pois vai ajudá-la a se expressar e aliviar a dor usando o papel e a caneta. Que a arte vai entrar de fato bem mais tarde na vida dela mas que vai ser o que vai dar significado a tudo. E que ela vai se dar conta de que, mesmo que ela não venha a ser correspondente internacional ela sempre vai ter curiosidade sobre os outros e tudo que lhes acontece.
Seria ótimo também se ela se desse conta de que querer as coisas do seu jeito só vai trazer inquietação e ansiedade. Que a vida tem um fluxo próprio e é preciso deixar-se levar, aceitando o que acontece de um jeito mais leve, sem medos. Que mesmo o que possa parecer trágico vai se resolver de alguma forma. Na maioria das vezes, de um jeito completamente diferente do que ela poderia supor. E, sendo assim, sugiro que ela tenha mais fé.
Acho que isso basta até porque não sei se esse olhar meio perdido já não era pelo fato dela saber que acabaria sendo assim e que se não seria como ela poderia imaginar seria incrível e daria uma enorme vontade de viver muito, mesmo sem o pato Donald e tantas outras coisas que, um dia, ela considerou imprescindíveis. 

Sunday, December 18, 2011

Em época de prêmio Açorianos, aproveito para publicar aqui uma fala de Julio Conte sobre o 
fato de ganhar o prêmio de melhor espetáculo ao invés de Os Reis Vagabundos, em 1982, que considero lúcida e corajosa e com a qual concordo completamente: 


"Superamos o magnífico espetáculo, “Reis Vagabundos”, da Maria Helena Lopes, este sim, na minha opinião, o melhor de 82. Mas pouco importava a justiça, tinha 26 anos, uma mulher,um apartamento, uma Brasília usada e um filho com uma lesão cerebral. Nada mais justo do que eu receber um prêmio injusto."

Saturday, December 17, 2011

PRÊMIO AÇORIANOS E TIBICUERA 2011

TEATRO 2011
Figurino
Daniel Lion, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Cenografia
Vicente Saldanha, por A mulher sem pecado
Iluminação
Bathista Freire, por Descrição de uma imagem
Trilha Sonora
Nico Nicolaiewsky, por A tecelã
Produção
Luciano Mallmann e Manu Menezes, por A mulher sem pecado
Dramaturgia
Paulo Balardim, por A tecelã
Ator Coadjuvante
Mauro Soares, por Ifigênia em Áulis + Agamenon
Atriz Coadjuvante
Larissa Tavares, por A bilha quebrada
Ator
Luís Franke, por A bilha quebrada
Atriz
Vanessa Garcia, por A mulher sem pecado
Direção
Patrícia Fagundes, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Espetáculo
A tecelãDANÇA 2011
Produção
Fabiane Severo e Liége Marie, por Cem metros de valsa e um grama
Trilha Sonora
Carina Levitan, Flavio Aquino e Gustavo Nunes, por Eros + Psiquê
Cenografia
Luciana Hoppe, Maria Albers e Juliano Rossi, por Solo em água
fervente
Figurino
Fabrízio Rodrigues, por Sereia, Bailarina das Águas
Iluminação
Fabrício Simões, por Solo em água fervente
Bailarino
Alessandro Rivellino, por JokerPsique
Bailarina
Maria Albers, por Solo em água fervente
Coreografia
Ana Claudia Pedone e William Freitas, por Eros + Psiquê
Espetáculo
Solo em água fervente
MAIS TEATRO
Melhor Espetáculo
Noite de Walpurgis
Melhor Direção
Lisandro Belotto, por VãoMelhor Ator
Fabrício Fabris, por Oco
Melhor Atriz
Ana Paula Schneider,
por Uma fada no freezer
TIBICUERA 2011
Figurino
Cláudio Benevenga e Zélia Mariah, por A Cãofusão – uma aventura
legal pra cachorro
Cenografia
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella
Iluminação
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella
Trilha Sonora
Álvaro RosaCosta, por A Cãofusão – uma aventura legal pra
cachorro
Produção
Rodrigo Ruiz, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Ator Coadjuvante
Paulo Adriane, por Piratas
Atriz Coadjuvante
Patrícia Ragazzon por Avenida Cores por todo lugar
Ator
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella
AtrizFernanda Petit, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Dramaturgia
Fábio Castilhos, por O Baú – Lembranças e Brincanças
Direção
Fábio Castilhos, por O Baú – Lembranças e Brincanças
Espetáculo
A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro

Obs: Havia escrito o nome do prêmio errado (com QU). Fiz a correção após o post de Marcelo Adams que atentamente observou o erro. 

Wednesday, December 07, 2011

Overdose de talento e emoção

Dedicado ao meu sobrinho 
Pedro Henrique Mello que já está na Austrália *.

Que a presença do Théatre du Soleil ia ser um evento, muita gente já sabia há meses. E mesmo que o fato de ser em Canoas tenha causado um certo descontentamento inicial, as pessoas começaram a se mobilizar para ir até o parque Eduardo Gomes. Eu, felizmente, tenho uma amiga que mora na cidade. Fui sua primeira chefe há mais de dez anos e, agora, lá estávamos juntas em minha primeira vez para ver o grupo francês. Em 2007, cheguei a comprar os ingressos, mas trabalhando na Bienal ficava exausta. Desta vez, fui para a estreia.
Ao chegar no local, esbarro em um grande espaço de lona escrito Os náufragos da louca esperança. Fui cruzando com muitas caras conhecidas, amigos, artistas, políticos e Luciano Alabarese que eu só vi de longe mas a quem devo meus melhores momentos no teatro.
Na entrada, os camarins expostos com todos se preparando para as cenas já são um espetáculo à parte. Logo em seguida, um dos atores me cumprimenta, pega o meu ingresso e fala comigo com sotaque. Eu dou boa noite em francês e ele me responde: au milieu à droite (no centro à direita). Fico satisfeita por essa bobagem pois uma língua é para praticar com os nativos deste país que tanta influência tem em minha vida.
Ariane Minouchkine fala com o público, comentando o esforço, inteligência, a boa-vontade de todos para a realização do espetáculo. Acaba corrigindo o tradutor, ao perceber que ele não disse uma das palavras que usou, e recebe palmas.
Logo percebo que o palco é enorme. Como sempre, não li nada a respeito, nem o programa que foi entregue na entrada para poder ter e relatar minhas próprias impressões. Não tenho a pretensão de tentar descrever o que vi. Seria perda de tempo e, com certeza, o resultado: um fracasso. Mas vou comentar porquê acredito que essa companhia mereça todo esse destaque no mundo.
Para quem se interessa por teatro, os focos são múltiplos. Todos os atores (e são muitos) ficam em cena praticamente todo o tempo. O cenário inclui diversos elementos e, por fazer referência a uma filmagem cinematográfica, são usados diversos painéis que o compõem. Uma aula de metalinguagem. Uma mescla absolutamente perfeita entre duas artes que eu amo que só Ariane poderia fazer.
Minha amiga perguntou se iria ter legenda. Mal sabíamos nós que sim e todo tempo. Afinal, trata-se da representação de um filme mudo. Só essa habilidade técnica dos atores de nos mostrar milhares de expressões sem usar a voz já teria valido a pena. Porém, o que me impressionou mais foi ver tudo que os atores faziam. Eles abrem, fecham, puxam, esticam, levantam, abaixam, tiram, botam com uma rapidez, uma eficiência e uma agilidade que nem os serviços de urgência médica do primeiro mundo possuem. E tudo é feito de forma sincronizada. Sem sujar a cena, nem cansar nossos olhos. Lá pelas tantas, percebo um ator deitado no canto do palco apenas puxando a corda que balança a geringonça que faz a “neve” cair ininterruptamente. E me preocupo com o pulso da “cinegrafista” que movimenta a manivela da câmera durante quase todo o espetáculo. Quando o cansaço vem já no final, respiro fundo e penso na energia que eles precisam para fazer tudo aquilo.
A música executada ao vivo por Jean-Jacques Lemêtre é um elemento a parte. Introduz, sublinha e corta cenas. E como se tudo isso não bastasse, não posso esquecer de citar os aspectos ideológicos trazidos: as questões discutidas em cena sobre territórios, fronteiras, poder, prepotência, disputa, guerras e tudo isso ainda usando o humor que é evidente na presença constante de um pássaro em todas as cenas. Quer dizer, quase todas. Em um determinado momento, esse não aparece e me pego pensando: “onde está o pássaro?” Além disso, vários atores assumem o personagem do vento que mexe com as roupas, levanta casacos, dificulta os deslocamentos. E esta é uma atividade tão presente, tão constante que lá pelas tantas o “diretor” se vê obrigado a gritar: “vento solta o fio!”.
Saio de lá certa que acabei de participar de um momento único e que ficará na minha memória para sempre e penso: então, teatro é isso. Um ator. Muitos. Um “palco” convencionado pelos atores. O edifício teatral do Teatro São Pedro. Sem música. Musicais. Sem cenário. Toneladas de móveis e outros objetos. Com filmes, internet, fotografias. Só texto. Inúmeras possibilidades. Infinitas sensações. No teatro de Mnouchkine tudo é superlativo basta ver a quantidade de atores, patrocinadores, técnicos envolvidos neste espetáculo, além, é claro das plateias lotadas em todas as apresentações. Se eu precisasse resumir tudo que vi usaria uma frase de um dos personagens: “temos que ousar complicar”. E, enquanto pudermos compartilhar tudo isso, acredito profundamente que a esperança não naufragará.


*Um dos locais para onde o Louca esperança se dirige.

Tuesday, December 06, 2011

INDICADOS PARA PRÊMIOS

INDICADOS AOS PRÊMIOS AÇORIANOS DE TEATRO E DANÇA, TIBICUERA DE TEATRO INFANTIL E MAIS TEATRO REVELAÇÃO
Prêmio Mais Teatro Revelação 2011

ATOR
Gustavo de Araújo, por Filoctetes
Fabrício Fabris, por Oco
Patrick Peres, por Apenas o fim do mundo

ATRIZ
Kayane Rodrigues, por No palco Ruth de Souza
Lucila Clemente, por No palco Ruth de Souza
Ana Paula Schneider, por Uma fada no freezer

DIREÇÃO
Lisandro Bellotto, por Vão
Francisco de Los Santos, por Uma fada no freezer
Gustavo Dienstmann, por Pequenos fatos – a vida real pode ser fantástica

ESPETÁCULOS
Noite de Walpurgis
Uma fada no freezer
Oco

Prêmio Açorianos de Dança 2011

PRODUÇÃO
Cia K-OS Cênica, por Sereia, Bailarina das Águas
Fabiane Severo e Liége Marie, por Cem metros de valsa e um grama
Fernanda Carvalho Leite, por SINC

TRILHA SONORA
Carina Levitan, Flavio Aquino e Gustavo Nunes, por Eros + Psique
Catarina Leite Domenici, por Cem metros de valsa e um grama
Celau Moreyra, Karen Volkmann e Fernanda Carvalho Leite, por SINC

CENOGRAFIA
Giba Rocha, por À Sala
Luciana Hoppe, Maria Albers e Juliano Rossi, por Solo em água fervente

FIGURINO
Fabrízio Rodrigues, por Sereia, Bailarina das Águas
Luciana Hoppe, por Solo em água fervente
Marco Tarrago, por Cem metros de valsa e um grama
Raquel Capeletto e Grupo Gaia, por Cinderela Fashion Week

ILUMINAÇÃO
Guto Greca, por À Sala
Fabrício Simões, por Solo em água fervente
Maurício Marques, por Eros + Psique

BAILARINO
Alessandro Rivellino, por Joker Psique
Denis Gosch, por Cinderela Fashion Week
Nilton Gaffree, por Cinderela Fashion Week
Ricardo Zigomático, por Cinderela Fashion Week
William Freitas, por Eros + Psiquê

BAILARINA
Didi Pedone, por Eros + Psique
Fernanda Stein, por Cem metros de valsa e um grama
Graziela Silveira, por Cem metros de valsa e um grama
Maria Albers, por Solo em água fervente

COREOGRAFIA
Ana Claudia Pedone e William Freitas, por Eros + Psique
Beatriz Diamante e coreografia de criação coletiva, por À Sala
Diego Mac e Alessandra Chemello, por Cinderela Fashion Week
Fernanda Carvalho Leite, por SINC

ESPETÁCULO
Cem metros de valsa e um grama
Cinderela Fashion Week
Eros + Psiquê
Jokers Psique
Solo em água fervente

Prêmio Tibicuera de Teatro Infantil 2011

FIGURINO
Cláudio Benevenga, por Pimenta do Reino em Pó
Cláudio Benevenga e Zélia Mariah por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Naray Pereira, por Piratas

CENOGRAFIA
Marcos Buffon, por Piratas
Grupo Ato Espelhado, por Avenida Cores por todo lugar
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella

ILUMINAÇÃO
Fernando Ochôa, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Nara Lúcia Maia, por Piratas
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella

TRILHA SONORA
Álvaro Rosacosta e Simone Rasslan, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Gustavo Finkler e Renata Mattar, por Louça Cinderella
Simone Rasslan e Cláudio Levitan, por Pimenta do Reino em Pó

PRODUÇÃO
Airton de Oliveira/Telúrica Produções, por Piratas
Eduardo Custódio, por Louça Cinderella
Rodrigo Ruiz, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro

ATOR COADJUVANTE
Cassiano Fraga, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Daniel Colin, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Paulo Adriane, por Piratas

ATRIZ COADJUVANTE
Letícia Paranhos, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Patrícia Ragazzon por Avenida Cores por todo lugar
Sandra Loureiro, por Piratas

ATOR
Cícero Neves, por Avenida Cores por todo lugar
Paulo Martins Fontes, por Louça Cinderella
Ricardo Zigomático, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro

ATRIZ
Caroline Falero, por O Baú – Lembranças e Brincanças
Fernanda Petit, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Giovanna Zottis, por O Baú – Lembranças e Brincanças

DRAMATURGIA
Fábio Castilhos, por O Baú – Lembranças e Brincanças
Marcelo Adams, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Suzi Martinez, por Pimenta do Reino em Pó

DIREÇÃO
Fábio Castilhos, por O Baú – Lembranças e Brincanças
Liane Venturella, por Louça Cinderella
Lúcia Bendati, por A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro

ESPETÁCULO
A Cãofusão – uma aventura legal pra cachorro
Louça Cinderella
O Baú – Lembranças e Brincanças

Prêmio Açorianos de Teatro 2011

FIGURINO
Daniel Lion, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Fabrízio Rodrigues, por Hotel Fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Letícia Pinheiro, Isadora Fantin e Greta Assis, por Mapa
Margarida Rache, Rita Spier e grupo, por A tecelã
Rô Cortinhas, por A bilha quebrada

CENOGRAFIA
Vicente Saldanha, por A mulher sem pecado
Paulo Balardim e Cia. A Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, por A tecelã
Juliano Rossi, por Hotel Fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Juliano Rossi, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Grupo Teatro Geográfico, por Mapa_

ILUMINAÇÃO
Bathista Freire e Daniel Fetter, por A tecelã
Bathista Freire, por Descrição de uma imagem
Fabrício Simões e Leandro Gass, por A mulher sem pecado
Lucca Simas e Patrícia Fagundes, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Grupo Teatro Geográfico, por Mapa_

TRILHA SONORA
Edu Santos e Edo Portugal, por A mulher sem pecado
Marcos Chaves, por Tartufo
Nico Nicolaiewsky, por A tecelã
Ricardo Pavão, por Descrição de uma imagem
Simone Rasslan, por O Fantástico circo-teatro de um homem só

PRODUÇÃO
Carolina Garcia, por A tecelã
Francine Kliemann e Pablo Damian, por Mapa_
Jezebel de Carli, por Hotel Fuck- num dia quente a maionese pode te matar
Luciano Mallmann e Manu Menezes, por A mulher sem pecado
Rochele Beatriz e Priscilla Colombi, por O fantástico circo- teatro de um homem só

ATOR COADJUVANTE
Carlos Cunha Filho, por Ifigênia em Áulis + Agamenon
Jeffie Lopes, por Hotel Fuck- num dia quente a maionese pode te matar
Marcos Chaves, por Tartufo
Mauro Soares, por Ifigênia em Áulis + Agamenon
Pablo Damian, por Mapa_

ATRIZ COADJUVANTE
Ariane Guerra, por Tartufo
Áurea Baptista, por Mulheres Pessegueiro
Gabriela Greco, por Hotel Fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Larissa Tavares, por A bilha quebrada
Vika Schabbach, por Ifigênia em Áulis + Agamenon

ATOR
Daniel Colin, por Breves entrevistas com homens hediondos
Dênis Gosh, por Hotel Fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Heinz Limaverde, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Luis Franke, por A bilha quebrada
Rossendo Rodrigues, por Breves entrevistas com homens hediondos

ATRIZ
Cláudia Lewis, por A bilha quebrada
Francine Kliemann, por Mapa_
Larissa Sanguiné, por Hotel fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Manoela Wunderlich, por Mapa_
Vanessa Garcia, por A mulher sem pecado

DRAMATURGIA
Daniel Colin e Felipe Vieira de Galisteo por Breves entrevistas com homens hediondos
Diones Camargo, por Hotel Fuck – num dia quente a maionese pode te matar
Patrícia Fagundes e Heinz Limaverde, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Paulo Balardim, por A tecelã
Diones Camargo e Tatiana Vinhais, por Mapa_

DIREÇÃO
Caco Coelho e Beto Russo, por A mulher sem pecado
Daniel Colin, por Breves entrevistas com homens hediondos
Jezebel de Carli, por Hotel Fuck - num dia quente a maionese pode te matar
Patrícia Fagundes, por O fantástico circo-teatro de um homem só
Paulo Balardim, por A tecelã

ESPETÁCULOS
A mulher sem pecado
A tecelã
Hotel Fuck - Num dia quente a maionese pode te matar
Mapa_
O fantástico circo-teatro de um homem só

Sunday, December 04, 2011

Justiça seja feita: bilha quebrada merece o sucesso


 Só a companhia de minha irmã me fez vencer a preguiça de casa para ir ao teatro. Afinal, esta semana já tinha visto dois espetáculos. Fora do Poa em cena isso já teria sido o suficiente para mim. Porém, lá me fui para ver A bilha Quebrada que como consta no programa foi livremente inspirada na obra de Henrich Von Kleist. Vou pouco ao teatro de Arena mas sempre que entro acho bom. E ver Clovis Massa já na entrada também é motivo de satisfação. Saber que a direção do espetáculo era dele me faz chegar querendo gostar.
O começo da peça é difícil para mim. Não entendo algumas falas, não sei do que se trata (sempre faço questão de não ler nada sobre) mas antes que isso se torne desconfortável, decido deixar correr. Imagino que vou acabar entrando no contexto. Logo isso acontece. Em cena, alguns rostos conhecidos como Ariane Mendes e Marcelo Mertins, entre esses o de Luis Franke, no papel do Juiz. Será que posso chamá-lo de protagonista? Não sei. Mas que a atuação dele é ainda mais forte do que o seu físico, disso eu não tenho dúvidas. Assim, como as de Larissa Tavares e Claudia Lewis. O que sei também é que todo o elenco desperta atenção e a curiosidade do público e, ao mesmo tempo que roubam a cena,  a compartilham com seus colegas. Assim, cada personagem faz com que o enredo vá  tomando forma e provocando risos. Mas não daquele tipo superficial, bobo, que surge de piadas rasteiras e exageros farsescos. Ao contrário. Elas vêm do tempo exato de cada fala, do suspense criado pelos atores cujo figurino de Rô Cortinhas nos transporta a uma outra época e a um outro lugar, mas que nos permite reconhecer uma mesma temática: a do abuso do poder, da falta de justiça e da falsa moral.
Poucos elementos cênicos caracterizam um tribunal. Tanto é assim que, ao longo do espetáculo, eles vão sendo movidos de lugar, explorando, de forma inteligente e equilibrada o espaço cênico e dando a chance da plateia ver diversos ângulos das cenas que ainda incluem cantorias, danças e instrumentos musicais executados ao vivo.
E para mim que sempre acho difícil identificar a mão do diretor no teatro, neste acredito ver claramente a mão, os olhos, a cabeça do meu professor de História do espetáculo e tantas outras disciplinas. O cuidado, o apuro e o conhecimento de alguém que se dedica há muitos anos ao teatro aparecem para coordenar estes atores que não deixam nada a desejar a Lilian Lemertz e a Lineu Dias que participaram das apresentações da peça na cidade nos anos 60. E se Goethe fracassou ao montá-la pela primeira vez, Clovis Massa acerta em trazer de volta o que tem tudo para acabar sendo estudado por seus alunos no futuro como um sucesso do século XXI.

Wednesday, November 30, 2011

Um amante à moda antiga

Tenho um amante. De vez em quando, ele me obriga a ficar em lugares que eu não gostaria. Me provoca. Me agride. Me deixa entediada. Às vezes, usa palavras gentis e milhares de subterfúgios para me seduzir. Em alguns momentos, ele é perfeito. Me faz sorrir, chorar, sentir todo tipo de emoção e me deixa feliz. Desculpe se vou frustrar algumas pessoas mas eu estou falando do teatro. Mais precisamente do espetáculo que acabo de assistir chamado: Uma fada no freezer.
Uma fada no freezer é teatro feito à moda antiga por gente jovem. Sem novas tecnologias, vídeos ou qualquer outro tipo de parafernália. Praticamente sem cenário. Uma corda que define o espaço, uma cadeira, alguns elementos cênicos, a luz e os sons de Bernardo Vieira. E palavras, muitas palavras. Expressas por uma atriz que nos arrebata desde o primeiro instante. Ana Schneider diz ser uma fada sem asas e, mesmo que tudo nos indique que esta afirmação saia de uma mente conturbada, ela nos convence das suas crises, dos seus dilemas que passam pelas aventuras na Antártida até sua própria solidão.
Não creio que haja nenhum tipo de exagero na apresentação que diz que o texto foi escrito especialmente para a atriz por Júlio Zanotta. Ela se torna o texto. A cada movimento, a cada risada, a cada gesto. Discordo, porém, da ênfase dada no programa aos aspectos femininos da dramaturgia. Afinal, não há sexo para expectativas e aflições. Não há gênero para o drama, a comédia, a magia.
Assinam a direção Francisco de Los Santos e Luciana Hoppe. Ele em seu primeiro trabalho como diretor, ela com sua formação em dança. E dessa mistura saem movimentos que embasam o texto, dão fluidez. O corpo acompanha as milhares de palavras desse monólogo que faz rir, mas que também é trágico. Por trás das aventuras narradas por esta fada estão as angústias, as crises de qualquer ser vivo diante da repressão, das experiências emocionais como o amor.
Talvez, justamente por nos enfeitiçar com seu carisma, sua força cênica e sua leveza, reforçada pelo vestido esvoaçante do figurino de Coca Serpa, sejamos pegos de surpresa quando ela se diz sem esperanças e a luz se apaga no final do espetáculo. Tínhamos sido cativados e queríamos que a fada realizasse o seu próprio desejo. Saísse do freezer e pudesse tomar um chá ou uma sopa quente. Já no debate, alguém da plateia diz que Ana Schneider tem tudo para ser uma grande atriz. E eu me perguntei: falta o que? Pois desde o começo eu desconfiei: meu amante encontrou outra nova amada. 

Oco: maciço de reflexões e cheio de sensibilidades

O espetáculo Oco fala sobre um assunto que afeta milhares de pessoas: o tédio, a rotina de um trabalho exaustivo, do homem contemporâneo. O tema não é novo mas aparece nesta peça transbordando sensibilidade. O monólogo de Fabrício Fabris incorpora poucos elementos, entre estes um banner com a foto do ator, de terno, escrito embaixo: funcionário do ano. Essa imagem vem carregada de ironia e me faz pensar quando foi que um símbolo de competência, de profissionalismo passou a representar submissão? Essa pergunta acaba sendo respondida no debate. Fabrício fala de uma loja famosa de fast-food que faz esta distinção e observa que isso acontece não porque os funcionários sejam verdadeiramente gentis ou de boa índole, mas porque são pagos para isso.
Esta, porém, não é a única questão que vem a nossa cabeça durante a encenação que foi elaborada como conclusão do curso de bacherelado, com a orientação de Sergio Silva. Para quem também estudou no Departamento de Artes cênicas é fácil identificar os ensinamentos de alguns professores. Ele carrega também as experiências com Paulo Flores, do Oi nóis aqui traveiz e do Terpsi. Vemos claramente a capacidade técnica de Fabrício mesmo que ela venha transmutada em presença cênica e contracenação com a plateia. Ele controla o descontrole. Passa da leveza para a agonia. Da suavidade para o gesto brusco e, aos poucos, vai expressando todo o vazio, toda a aflição de alguém que tenta aparentar solidez, uma imagem de sucesso, enquanto afirma: “eu coleciono fracassos”. A escolha dos focos de luz, dos movimentos no breu colaboram com a intenção do ator.
Frases contundentes do personagem misturam realidade e poesia, frieza e profundidade. “Estou ocupado sendo ninguém”, diz o homem que olha o relógio e corre pelo espaço cênico. Já Fabrício Fabris está ocupado da dramaturgia, concepção e encenação da peça maciça de reflexões e sutilezas provocadas pelas “palavras que se esbofeteiam por um significado” mas que chegam aos ouvidos daqueles que se angustiam e não se satisfazem em ser apenas mais uma engrenagem, um homem-máquina. 

Monday, November 28, 2011

Escalpelada por Almodóvar

Pensei até em não escrever sobre A pele que habito. Tenho absoluta certeza de que muita gente vai fazer isso. É um filme que irá provocar profissionais de diversas áreas. Foram, porém, as perguntas da minha irmã que me convenceram de que eu deveria escrever. A tarefa é difícil. Principalmente porque sou contra contar a história. Tenho pavor de sinopses. Mas vou fazer coisas que também não aprovo. Primeiro, dizer que considero um filme imperdível. Por quê? Para mim, sempre que alguém consegue trazer uma história completamente nova, imprevisível, que exige novos paradigmas, acho genial. A pele que habito tem este poder. Não só traz como custa a entregar. Até a última cena o espectador ainda não sabe o que vai acontecer e, quando aparecem os créditos, as perguntas sobre os personagens e seu futuro continuam. Muitas, sem resposta.

Nunca vi nada de Antonio Bandeiras de que não gostasse. Mesmo os filmes de ação, Zorro, etc. Gosto do jeito dele atuar. Ele sempre me convence seja no papel de professor de dança em escola de periferia (Vem dançar) ou até fazendo o Gato de Botas, o acho expressivo. Pedro Almodóvar também significa, em minha opinião, que devo ir ao cinema, mesmo correndo o risco de não gostar. Acredito profundamente que se deva a sua forma de dirigir o fato do filme ser tão instigante. Mas, logo me dei conta de que não poderia ignorar a origem no livro de Thierry Jonquet. Um escritor do qual nunca tinha ouvido falar.  Pelo jeito a história já trazia em si as questões que são perturbadoras: os avanços da ciência, as mudanças da sexualidade nos tempos atuais, entre tantas outras que também vão surgindo ao longo do drama. Porém, quem já viu algumas coisas desse diretor sabe que ele tem um jeito peculiar de nos colocar na trama. Até a posição das câmeras nos induzem a visualizar de uma forma ou de outra os personagens que, neste filme tem sua sexualidade, seus escrúpulos expostos e debatidos.

Como não tenho a menor familiaridade com o termo transgênese tive que recorrer ao dicionário para me certificar de que se tratava da manipulação genética de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Ou seja, o homem brincando de Deus, como se costuma dizer. Neste caso, acho que seria mais certo dizer, de Diabo. As linhas entre o que é certo e o que é errado, entre o que é um homem e o que é uma mulher não são apenas ultrapassadas. São rompidas com violência. O que me leva de volta as perguntas da minha irmã. Antônio Banderas faz um homossexual? O ator coadjuvante também era? E se percebemos um comportamento patológico entre os dois irmãos da intriga porque rechaçamos um e torcemos pelo outro? Bem, esta eu acho que sei: um é rico, bem sucedido, competente profissionalmente e o outro aparece fantasiado de tigre na porta da casa sem ter onde cair morto.

E eu, que pensei que teria medo de cenas que dilacerariam o corpo, saio remexida por dentro pelas dúvidas, pela crueldade da história sem mocinhos mas vários bandidos que não se vêem assim e isso é realmente assustador. Assim, sem que eu percebesse, sem agulhas, nem cortes, sinto que, ali, no escuro do cinema, tentaram arrancar a pele que habito.

Friday, November 25, 2011

Fernanda d'Almeida: a médica de almas


Minha avó sempre dizia que queria ter médicos na família. Não deixava de ser uma idéia sábia. Afinal, em geral, todos precisam de um bom, em algum momento de suas vidas, e os tempos atuais nos mostram que nem sempre é fácil encontrar. Mas o que ela não poderia imaginar é que, um dia, teríamos artistas como Fernanda D’Almeida.
Minha prima nos convidou para o Recital de Licenciatura em Canto da filha. Como de costume, o dia acabou sendo muito corrido e eu, cansada, cheguei a pensar que seria bem difícil chegar ao local no centro, logo no final da tarde. Porém, assim que começamos a encontrar as caras conhecidas, a falta de energia foi sendo substituída pela expectativa alegre de ver Fernanda.
Sua orientadora Silvia Carvalho a apresenta dizendo que ela era admirável e que era muito fácil trabalhar com ela. Em seguida, no contraste com as cortinas vermelhas, surge Fernanda em um lindo vestido azul. Fala com a plateia de uma maneira carinhosa e articulada. Expressiva, ela dá um texto que, só depois vim a saber, era justamente a tradução da música que, acompanhada no piano por Jônatas Asafe, ela começaria a cantar: Come again! Swet Love dowt now invite.
Nada havia me preparado para aquele canto. Uma voz limpa, clara, emocionante. Em poucos minutos, lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. E à medida que eu ia acrescentando pensamentos ficava ainda mais difícil conter. Como o avô dela, meu tio Antônio Carlos D’Almeida, gostaria de ouvir a neta cantar daquele jeito! Felizmente, na plateia estavam vários de seus parentes e amigos que a cada nova música batiam fortes palmas e mostravam o seu agradecimento por aquela voz que enchia a sala de harmonia.
Vários outros convidados fizeram parte da sua apresentação. Inclusive André Vicente, um músico cego que toca acordeon, provando que a música ultrapassa qualquer dificuldade física. Fernanda cantou em inglês, em alemão, em italiano, em francês. Escolhe nesta língua uma música divertida que na sua voz encantaria qualquer criança: Villanelle des petits canards e vai deixando os adultos completamente envolvidos em suas melodias. E quando eu já começava a pensar que faltavam músicas em português, vi no programa que ela encerraria sua apresentação justamente com canções nordestinas. E aquela menina que me pareceu sempre tão comportada, e até tímida, mostra toda a sua irreverência em gestos, sensualidade e olhares provocantes e brinca com a sonoridade de “São-João-da-ra-rão” e quadrilha. Ao ser chamada para o “bis”, traz consigo mais duas cantoras e elas encerram a apresentação não só cantando, mas dançando, com um número digno de qualquer musical de cinema americano.
Ao ouvir aquele “rouxinol” minha avó Zaira Mello concordaria comigo que, melhor do que um médico para curar o corpo, seria ter pessoas que soubessem cantar, dançar, interpretar para manter a saúde da alma. Sabemos hoje que é esta que nos mantém fisicamente bem e o mais importante: felizes. 

Wednesday, November 09, 2011

ENCONTRO QUESTÃO DE CRÍTICA

O Encontro Questão de Crítica, patrocinado pela Secretaria Municipal de Cultura, é um desdobramento das atividades da Revista Questão de Crítica, que publica críticas de peças, estudos sobre teatro e crítica, traduções de textos teóricos, conversas com artistas e textos sobre espetáculos em processo de criação.

O evento reunirá profissionais e estudantes de teatro para discutir a crítica teatral, em debates com artistas, críticos, jornalistas e pesquisadores, que são convidados a colocar suas experiências e expectativas sobre a atividade da crítica. Além dos debates que compõem a programação, o Encontro Questão de Crítica vai oferecer uma oficina para estudantes de teatro que estejam interessados em experimentar a escrita de crítica.

Consideramos essa uma ação importante para estimular o desenvolvimento da atividade teatral na cidade, uma vez que a crítica, além de ser parte importante do processo de legitimação e divulgação do teatro perante a sociedade, pode proporcionar espaços de interação e diálogo entre artistas e espectadores. Com a realização do Encontro Questão de Crítica, nos propomos a conquistar espaços novos e dinâmicos para o exercício da crítica e estimular a formação de novos profissionais.

Curadoria de Daniele Avila, Dinah Cesare e Humberto Giancristofaro
Blog do evento: http://www.questaodecritica.com.br/encontro/

PROGRAMAÇÃO
Transmissão ao vivo pela internet – http://justin.tv/encontro_qdc

12 de novembro
14h: Palestra de abertura – Homenagem a Yan Michalski com Fátima Saadi

16h: Debate: Crítica e curadoria. Com Sidnei Cruz, Micheline Torres e curadores convidados da Plataforma Rio
Mediação: Christianne Jatahy

14 de novembro
19h: Debate: Crítica jornalística - história e atualidade. Com Ana Bernstein, Christine Junqueira e Daniel Schenker. Mediação: Marina Vianna

15 de novembro
19h: Debate: O papel da Universidade no pensamento crítico. Com Alessandra Vanucci, Vitor Lemos e Antonio Guedes. Mediação: Moacir Chaves

16 de novembro
19h: Debate: A relação da crítica com a interdisciplinaridade nas artes cênicas.
Com Tania Alice, José Luiz Rinaldi e Felipe Ribeiro. Mediação: Joelson Gusson

17 de novembro
19h: Debate: Reflexão e produção de conteúdo sobre a arte na Internet. Com Luciana Romagnolli, Cezar Migliorin e Adiana Schneider. Mediação: Michelle Nicié


OFICINA DE CRÍTICA DE TEATRO
Informações sobre horários e procedimentos de inscrição pelo e-mail contato@questaodecritica.com.br. Os interessados devem enviar breve currículo para seleção.

1º Módulo
De 14 a 17 de novembro das 15h às 18h
Ministrado por Luciana Romagnolli

Nesse primeiro módulo, propõe-se a reflexão e o debate sobre a crítica teatral contemporânea como base para o exercício prático da produção crítica textual. Tópicos abordados: O que é crítica? A função da crítica. A crítica no contexto da indústria cultural. Diálogos com a obra, diálogos com o espectador. Breve história da crítica teatral no Brasil. Modelos de análise de espetáculo. A crítica da crítica: análise comparada da produção brasileira atual. Prática de produção de textos críticos.

2º Módulo
Datas e horários a confirmar
Ministrado por Valmir Santos

Propomos investigar uma anatomia do crítico: o sentido do seu trabalho, a vinculação com o objeto de estudo, em que medida colocar-se no lugar do outro. As demandas éticas e ideológicas do ofício desde os primeiros passos da formação e profissionalização da categoria artística, nos anos 1940, até os dias que correm. O pendor ao monologismo. A “máscara” jornalística. O imperativo da centimetragem e o produto espetáculo. A desimportância da reflexão nos meios de comunicação. O maniqueísmo do “curti” ou “não curti”. A resistência do pensamento criativo no campo da recepção que, como a Arte, pressupõe elaboração, interpretação e transgressão orgânica do estabelecido.

Monday, November 07, 2011

Um mar de possibilidades e liberdade

Para começar, quero dizer que o título é em homenagem a Ursula Krug, a psicanalista cuja confissão estará eternamente guardada por aquelas seis pessoas que estiveram com ela no Paraíso.
O lugar exato era Bombinhas, onde fui parar graças ao meu professor de natação Daniel Godoy. Mal sabe ele que o simples fato de ter me convidado significou uma confiança no meu potencial, até então, jamais imaginado. Depois de uma viagem cujo “serviço de bordo” foi melhor do que o de muitas companhias aéreas, incluindo horas de shows de voz e violão com Rafael Fofonka, o dia começou nublado mas, lá pelas tantas, fez-se a luz do sol e permitiu uma praia ótima onde muitos começaram a se conhecer e reconhecer já que, sem as tocas e os óculos, éramos outras pessoas. Em comum, tínhamos os professores de diversos horários. Sob a organização de André Merch, da Stillo,  e a coordenação do professor Lucas Saldanha passamos dois dias em que o único inconveniente era a fria temperatura da água. Almoços e jantares saborosos e baratos, regados a algumas cervejas, cálices de vinho e muita risada. Disse que seria difícil fazer uma síntese dos temas que nos faziam rir tanto, então, não vou nem tentar. Só posso dizer que há muito tempo não passava horas tão relaxantes em um grupo formado por homens e mulheres de diferentes idades que tinham um objetivo comum: fazer uma travessia.
Ao contrário do que o Daniel havia imaginado, não me encorajei nem a fazer o treino da véspera. Mas isso não diminuiu o prazer de ver todos entrando na água juntos, de ver e ouvir a preocupação dos professores em transmitir informações que eram mais do que profissionalismo, mas sinal de afeto. Dia seguinte, na praia, nos juntamos a muito mais gente com a mesma intenção. Confesso que enchi meus olhos d’água ao ver a chegada de um deficiente visual e custei a entender que havia também pessoas que com apenas um braço estavam fazendo a prova. Assim, todos cumpriram seus objetivos e era fácil perceber que, para cada um, tinha um significado especial. Talvez, tão importante como para mim nadar apenas poucos metros até um barquinho junto do meu mestre. Encarar o fato de não dar pé foi como caminhar sobre as águas. Não fiz os 750 metros, mas fiz a travessia do meu medo que foi se distanciando como a beira da praia para dar lugar a vontade de voltar. Espero que no dia em que o Daniel se questionar sobre qual era a missão dele neste mundo, ele acredite que conseguiu mudar para melhor as pessoas ao seu redor, como um verdadeiro anjo.
Encerrando, não posso deixar de citar o senso de humor fantástico do Alexandre Nunes que, certamente, poderia ter seguido uma carreira como cômico. Preciso também salientar os comentários de Fred sobre todos os temas como um verdadeiro expert, lembrando que este pode ser apenas um codinome para atender aos pedidos de que as identidades não fossem reveladas. E, usando o mesmo critério, quero citar mais uma pessoa da mesa cuja forma de rir lembrou-me, nada mais nada menos, do que Greta Garbo. E a 6ª, mas não menos importante, era o divertido João que esteve todo o tempo mais perto do céu. Apesar de tantos nomes de de apóstolos reunidos e da bíblia da minha colega de quarto, Rosângela Segatto, que garanto não conseguiria terminar o mundo em sete dias pois acabaria pedindo mais cinco minutinhos, esta não era uma viagem religiosa, mas, em minha opinião, foi transcendental. Descobri, na ocasião, que não são necessárias doze a mesa para operar milagres.

PS1: Paraíso era o nome do restaurante em Bombinhas
PS2: A esquerda ao fundo, o barquinho até onde nadei.

Sunday, October 30, 2011

“Onde o verde é mais rosa”

Antes de mais nada, preciso dizer que nunca entendi estas pessoas que viajam querendo encontrar exatamente as mesmas coisas que têm em casa. Dito isso, estou de volta da praia do Rosa. A primeira vez que estive aqui foi em para uma reunião  com meu orientador, Edélcio Mostaço, em Floripa. Fiz uma confusão com praias e acabamos lá, eu e minha irmã. Dessa vez, não foi por o acaso. Agora já sabia que teria que passar trabalho até chegar na praia. Pelo menos, desta vez, fomos de avião. Santos Dumont sabia o que estava fazendo.
A praia do Rosa é cheia de pousadas. Na nossa, a primeira impressão é que é realmente pequena. Tem cozinha, mas a cama é dessas que a gente sobe uma escadinha e tem  colchões no chão do “segundo andar”. Sem guarda-roupa. Saímos para ir a praia. O dia esta emburrado e foi estressante não saber onde íamos. Sobe morro, desce morro, chegamos a um caminho estreito onde um urubu comia um bicho morto. Quem me conhece sabe que tenho ojeriza a estas coisas. Passei, praticamente, de olhos fechados. Na praia, absolutamente, ninguém. Nós e os cachorros. Cruzam de um lado a outro com a gente. Se paramos, eles param. Se ficam adiantados, eles esperam. Seria divertido, se não fosse meio assustador.
Eram quase quatro horas quando achamos onde tomar um café e comer algo. Felizmente, não demorou muito para que começássemos a nos localizar. Apesar do pouco movimento, os carros andam em velocidade. Não combinam com a energia do lugar. Muitos fucas, tratados aqui como as vacas na Índia. Bem que o trânsito podia ser só de bicicletas. Um suco de fruta, uma casquinha de siri e ouvir uma conversa entre um brasileiro e um americano e já estamos mais relaxadas. Um vinho, uma massa feita por mim, um chocolate e nem estranhamos o novo quarto. Manhã seguinte começa com céu azul e sol. No caminho, agora, aparece um gambá. Pior do que com o bicho morto. Só consegui passar de mãos dadas com a minha irmã. Acho bonito, quero fotografar, mas tenho fobia, que chega quando quer, porque quer. Encontramos uma pousada na beira da praia aberta com café da manhã. Delícia. Na praia, leituras e o sono que compartilhamos com não mais de 20 pessoas em toda orla. À tarde, caminhadas. Outra receita de massa e vinho e o sono vem.
Acordamos sabendo que era dia de mudança de hotel. Sol. Céu Azul. Na praia, me sinto uma encantadora de cães. Eles vão chegando e ficando em volta até que começam a brigar entre eles e nós viramos reféns. Vou em direção a água absurdamente gelada para me livrar deles. Eles vão atrás. Cão de praia é outra coisa. Estes aqui adoram turistas novos e não estão nem aí para a placa que cita a lei proibindo-os na praia. No novo hotel a decoração tem um aspecto meio africano. Finalmente, descolamos um peixinho para comer e salada. Acho que minha reeducação alimentar está funcionando. Fico mais feliz com as rodelas de tomate e a cenoura do que com as batatas fritas! Vida mansa. Alguma falta de conforto, mas logo penso que, para mim isso tudo é temporário, para as pessoas aqui é a vida delas. Eu se sofresse de depressão iria mudar radicalmente a minha. Experimentar coisas novas. Uma vez disse para o meu sobrinho, que queria fazer uma chamada de agência de viagens tipo: “A vida não tem mais sentido? Pegue uma estrada e siga em frente”. Pegamos dias espetaculares. Vamos a praia por trilhas. Minha irmã se sentindo a Alice do país das maravilhas e eu o Tarzan. Na areia, sinto algo na mão e era um caranguejo dando uma voltinha. Entro na água gelada tentando molhar os pés que estão doloridos por causa das caminhadas, influenciada pelo filme Origem em que Darwin ia consultar James Gully para fazer uma espécie de hidroterapia. Não fazia ideia de que além de um gênio, com ideias revolucionárias, ele era tão doente.
Nossa viagem de volta começa com o tempo nublado mas com algumas surpresas. Da praia do Rosa a Garopaba conseguimos um transporte. O cara que nos conduz é o dono. Largou a faculdade, foi morar nos EUA, ganhou dinheiro. Voltou, não se adaptou mais a sua cidade, Porto Alegre, e decidiu morar em Santa Catarina. A conversa lembra bastante a inquietude do meu sobrinho. Chegamos a Floripa e almoçamos no mercado. Tento um reencontro com o Edélcio que está em voltas com o seu cachorro que não está bem. Saímos em busca de um café e de uma sobremesa. Estamos novamente andando sem saber exatamente o destino. O vento e a chuva atrapalham. Não há muito a fazer até pegar o avião de volta. De novo um voo internacional, a caminho de Buenos Aires! Pura provocação para minha irmã. Não deu para ficar escondida. E, cá entre nós, as pessoas querem igualar tudo e todos mas haja coragem para ser responsável pela vida de todas aquelas pessoas. Desço sem nem saber o nome do piloto.



Monday, October 24, 2011

Francês: uma língua quase materna


Podia começar este texto de muitas maneiras mas decidi que seria falando da minha primeira professora de francês: minha mãe. Afinal, eu não teria ido ao Congresso de Professores de Francês em Curitiba se não fosse ela. Aliás, graças ao meu pai também tendo em vista que fomos apresentar Le Jeux Boole. Já no primeiro dia, foi interessante ver tanta gente reunida. Rever tantas pessoas.

A programação incluía várias palestras e muitos ateliers e oficinas. Demais até, eu diria o que acabou fazendo com que não houvesse público para tudo. De qualquer forma, é sempre um prazer ouvir tantas pessoas falando em francês no Brasil e ver tantos educadores desta língua reunidos. Por falar nisso, é interessante destacar a palestra de Christian Puren sobre que falou sobre uma aprendizagem da língua francesa associada à vida, as ações políticas e sociais. Não basta ficar apenas dizendo quem somos ou perguntando quem são os outros. Precisamos criar uma comunicação ativa. Ele aproveitou para dar o endereço www.christianpuren.com e dizer que disponibiliza todos os seus textos para serem distribuídos até nas praças. Vale à pena dar uma olhada.
Pode parecer bobagem, mas um bom evento também passa por um bom coffe-break. E este se superou. A empresa Amábile ofereceu todos os dias coisas saborosas e saudáveis para um grande público. Fartura e qualidade fizeram dos intervalos momentos de descontração e de contatos.

A vontade de fugir da programação para ver a cidade era grande. Curitiba tem muitos atrativos. Vários pontos turísticos, parques. As pessoas são amáveis na hora de dar informações nas ruas. Caminhar em uma cidade desconhecida é sempre um prazer. Porém, as calçadas irregulares acabaram impedindo longos passeios a pé. Felizmente, os táxis são baratos e o ônibus turístico com mais de 20 pontos de visitação é uma ótima pedida.
Sem muito tempo para fazer turismo, devido a intenção de aproveitarmos nossa estada fazermos contatos com os órgãos de educação do Paraná, fomos a Secretaria de Educação do Município, falar com Rosangela Gasparim. E bastou que nossa amiga Rosa Graça, vice-presidente da Associação dos professores de francês, perguntasse se havíamos ido na Secretaria do estado para que minha mãe decidisse não perder esta chance. Mesmo chegando sem nenhum agendamento, acabamos sendo extremamente bem recebidas por Lucilene Tavares Rocha e Eliane Benatto e as perspectivas de que possamos realizar oficinas no estado do Paraná estão próximas de se concretizarem.

Também sem termos programado, acabamos participando do jantar de confraternização. Um bairro de gastronomia chamado Santa Felicidade não parece perfeito? Exatamente como o espumante, a comida e a sobremesa servidos durante a noite, onde o pecado da gula foi, totalmente, justificado. Além disso, tivemos mais tempo para ficar entre amigos como Adriana Correa que morou, inclusive na França, para aprofundar sua formação, e seu marido Hilton, ambos sempre muito gentis e divertidos.
Se houve alguma frustração? Sim. Tinha esperança de encontrar Walter Lima Torres, com formação na Sorbonne que, além de ter feito parte da minha banca de mestrado em Artes Cênicas, foi o professor que, com sua generosidade com seus alunos, deu forte incentivo a toda minha turma com suas aulas. Mas, sua ausência na cidade onde mora e trabalha tinha uma forte justificativa: sua participação no 5º Festival de Teatro de Campo Grande. Quanto a minha mãe e eu, embora não tenhamos saído do Brasil, nos sentimos aumentando nossos conhecimentos sobre a cultura francesa.

Wednesday, October 12, 2011

Alimentando corpo e alma

Para quem gosta de cozinhar não é novidade que comida e arte estão relacionadas. A instalação coreográfica do Grupo Terpsi, chamada Casa das Especiarias, surge para, entre outras coisas, confirmar isso. Acho que gostaria de ter sido surpreendida pela proposta, mas o privilégio de ter na família a bailarina Angela Spiazzi, fez com que eu já entrasse sabendo um pouco mais do que se tratava. O que não tirou, porém, nada do prazer de ser uma das 12 pessoas a mesa.
De prato na mão (uma das exigências para participar do evento), olho as fotos na parede e a provocante frase: “o prato que te alimenta é o mesmo que compõe a cena.” A prima nos recebe com um figurino que se assemelha ao das garçonetes. Somos gentilmente conduzidos aos nossos lugares. Aos poucos, no local à meia-luz, vou observando os detalhes do cenário. Panos transparentes nos separam do local onde estão preparando a nossa refeição e de onde os bailarinos fazem as performances. Uma prateleira, cheia de utensílios de cozinha compõem o ambiente.
Se eu sempre achei guarda-chuva um elemento extremamente cênico, o grupo me convence de que pratos também são. Como extensão de seus corpos, eles se movimentam de forma inusitada, poética e divertida. Enquanto isso, nós já estamos com nossos copos de espumante e vamos provando a entrada, o prato principal e a sobremesa, elaborados pela chef Denise Fontoura.
A trilha sonora é calma e profunda. Ao mesmo tempo em que harmoniza o ambiente, instiga, casa com cada braço, cada perna. Imagens e frases são projetadas e se mesclam à pele dos atores e já não sabemos mais o que é o que. No contraste, entramos em contato com ervas como alecrim, canela, erva-doce. Especiarias que nos remetem diretamente à terra, à natureza. Tudo isso atiça também a memória. Lembro do filme Como água para chocolate, onde a experiência gastronômica produzia as mais profundas emoções. E como fazia no cinema, sabendo que ainda haveria mais duas sessões e que os cardápios seriam diferentes, surge a vontade de ficar por lá, mesmo depois dos aplausos para usufruir novamente de todas as sensações que a apresentação provoca.
Acompanhamos os gestos dos bailarinos-atores para recompor a “cena”, incluindo a coreógrafa varrendo o espaço que dali a pouco já vai estar recebendo mais um grupo seleto que vai assistir este novo trabalho do Terpsi que acredito seja uma das propostas mais leves que Carlota Albuquerque já criou, fazendo com que a pimenta se faça presente apenas no cartaz do espetáculo ou, talvez, na minha comida.

Monday, October 10, 2011

Uma goleada de presente

Uma goleada de presente
Não consigo entender porque tantos profissionais, como os professores, médicos, sem falar nos atores, precisam brigar para ganhar um salário mais decente, enquanto jogadores de futebol ganham milhões. Dito isso, começo a contar como foi o início das comemorações do meu aniversário no Beira Rio. Como tenho uma tia fanática pelo Internacional, meu time, pedi a ela como presente ir a um jogo. Quando contei para o meu sobrinho que iria, ele me perguntou contra quem iriam jogar, ao que eu respondi: “e eu sei lá?” Mas não é que eu não goste de futebol. Só não tenho acompanhado mais. Afinal, é um esporte para ser compartilhado e como meu irmão nunca se interessou muito e meu pai só via pela tv e faltam figuras masculinas a minha volta, há anos não ia a um estádio. Da última vez, tinha sido com a mesma tia. Lembro que, acostumada a ver futebol pela tv, fiquei distraída com a amplitude do lugar, as propagandas, as pessoas em volta. Desconcentrava dos jogadores.
Desta vez já não estranhei tanto. E, embora, talvez, não seja tão claro para mim a famosa regra de impedimento, não costumo errar nos meus comentários. Seguido digo exatamente a mesma coisa que aqueles que ganham (quase) bem para fazer isso. Enquanto aguardava minha tia e meu primo chegarem olhava as pessoas em volta e havia uma energia interessante. Todos com roupas na cor vermelha, que é a minha favorita, geravam uma harmonia, um sentimento de grupo, de uniformidade tranquilizadora. Entramos. Logo estávamos bem acomodados em cadeiras cobertas. Antes do jogo, o hino brasileiro. Depois, o hino do Rio Grande do Sul. Este sim cantado pelo público. Um coral de vozes que emociona antes mesmo da bola rolar.
O Internacional domina a partida já nos primeiros momentos. Começa a fazer várias tentativas de gol. As pessoas aplaudem, vaiam, cantam. Eu junto. Xingam o juiz de uma maneira...Profissão estranha essa. Uma multidão descontente com o teu trabalho...Deve ser horrível. Eu teria pesadelos. Eles devem usar parte do salário com terapeutas. Importante função também dos que atendem os jogadores machucados. Antes tinham que correr com uma maca para o meio do campo. Agora, entram um carrinho e traz o jogador para fora se for preciso. Todos sabemos o quanto pode custar a parada de um deles. Toda logística de um jogo é impressionante. Os fotógrafos e jornalistas em volta do campo. Os vendedores de bebidas e comidas que têm um tempo exato para repassarem seus produtos sem bloquear a visão da torcida. São muitas pessoas envolvidas. Na minha frente, uma senhora de mãos enrugadas, boné e colar de pérolas (que pareciam verdadeiras) levanta a cada lance importante e faz comentários com a torcedora do lado sobre o jogo. Atrás de mim, um cara grita palavrões terríveis, furioso. Assusta. Não acredito que ele seja diferente no trânsito, no dia-a-dia, nem mesmo com a própria mãe.
No campo, o Vasco não existe. O jogo segue cheio de lances do Internacional a gol sem nenhum resultado mas que geram muitos aplausos. Minha tia comenta a necessidade do time fazer um gol citando o pai (meu avô) que sempre dizia: “quem não faz, leva”. Fora do campo, observo o aquecimento de alguns jogadores. Fico exausta. É muita coisa para quem nem sabe se vai entrar. Quando o jogo começa a perder ritmo, a torcida se manifesta. Alguns pulam e gritam o jogo todo. Usando a melodia dos Mamonas Assassinas, uma parte de torcedores vai puxando a outra até que muitas vozes se unam causando um forte sentimento comum. Assim termina o primeiro tempo.
No segundo tempo, um amigo do meu primo vem sentar conosco. Não demora muito para fazermos o primeiro gol. Gritamos, cantamos, trocamos abraços, mas sabemos que não basta. A torcida volta a empurrar o time que faz o segundo gol. O terceiro sai já bem no final. Um outro amigo do meu primo já havia até ido embora. Na minha primeira forma de comemorar meu aniversário mais de 23 mil pessoas queriam o mesmo que eu: a vitória. Conseguimos. Saímos felizes. Aliviados. Do lado de fora um lindo por-do-sol tornava o céu vermelho.

Uma goleada de presente

Não consigo entender porque tantos profissionais, como os professores, médicos, sem falar nos atores, precisam brigar para ganhar um salário mais decente, enquanto jogadores de futebol ganham milhões. Dito isso, começo a contar como foi o início das comemorações do meu aniversário no Beira Rio. Como tenho uma tia fanática pelo Internacional, meu time, pedi a ela como presente ir a um jogo. Quando contei para o meu sobrinho que iria, ele me perguntou contra quem iriam jogar, ao que eu respondi: “e eu sei lá?” Mas não é que eu não goste de futebol. Só não tenho acompanhado mais. Afinal, é um esporte para ser compartilhado e como meu irmão nunca se interessou muito e meu pai só via pela tv e faltam figuras masculinas a minha volta, há anos não ia a um estádio. Da última vez, tinha sido com a mesma tia. Lembro que, acostumada a ver futebol pela tv, fiquei distraída com a amplitude do lugar, as propagandas, as pessoas em volta. Desconcentrava dos jogadores.
Desta vez já não estranhei tanto. E, embora, talvez, não seja tão claro para mim a famosa regra de impedimento, não costumo errar nos meus comentários. Seguido digo exatamente a mesma coisa que aqueles que ganham (quase) bem para fazer isso. Enquanto aguardava minha tia e meu primo chegarem olhava as pessoas em volta e havia uma energia interessante. Todos com roupas na cor vermelha, que é a minha favorita, geravam uma harmonia, um sentimento de grupo, de uniformidade tranquilizadora. Entramos. Logo estávamos bem acomodados em cadeiras cobertas. Antes do jogo, o hino brasileiro. Depois, o hino do Rio Grande do Sul. Este sim cantado pelo público. Um coral de vozes que emociona antes mesmo da bola rolar.
O Internacional domina a partida já nos primeiros momentos. Começa a fazer várias tentativas de gol. As pessoas aplaudem, vaiam, cantam. Eu junto. Xingam o juiz de uma maneira...Profissão estranha essa. Uma multidão descontente com o teu trabalho...Deve ser horrível. Eu teria pesadelos. Eles devem usar parte do salário com terapeutas. Importante função também dos que atendem os jogadores machucados. Antes tinham que correr com uma maca para o meio do campo. Agora, entram um carrinho e traz o jogador para fora se for preciso. Todos sabemos o quanto pode custar a parada de um deles. Toda logística de um jogo é impressionante. Os fotógrafos e jornalistas em volta do campo. Os vendedores de bebidas e comidas que têm um tempo exato para repassarem seus produtos sem bloquear a visão da torcida. São muitas pessoas envolvidas. Na minha frente, uma senhora de mãos enrugadas, boné e colar de pérolas (que pareciam verdadeiras) levanta a cada lance importante e faz comentários com a torcedora do lado sobre o jogo. Atrás de mim, um cara grita palavrões terríveis, furioso. Assusta. Não acredito que ele seja diferente no trânsito, no dia-a-dia, nem mesmo com a própria mãe.
No campo, o Vasco não existe. O jogo segue cheio de lances do Internacional a gol sem nenhum resultado mas que geram muitos aplausos. Minha tia comenta a necessidade do time fazer um gol citando o pai (meu avô) que sempre dizia: “quem não faz, leva”. Fora do campo, observo o aquecimento de alguns jogadores. Fico exausta. É muita coisa para quem nem sabe se vai entrar. Quando o jogo começa a perder ritmo, a torcida se manifesta. Alguns pulam e gritam o jogo todo. Usando a melodia dos Mamonas Assassinas, uma parte de torcedores vai puxando a outra até que muitas vozes se unam causando um forte sentimento comum. Assim termina o primeiro tempo.
No segundo tempo, um amigo do meu primo vem sentar conosco. Não demora muito para fazermos o primeiro gol. Gritamos, cantamos, trocamos abraços, mas sabemos que não basta. A torcida volta a empurrar o time que faz o segundo gol. O terceiro sai já bem no final. Um outro amigo do meu primo já havia até ido embora. Na minha primeira forma de comemorar meu aniversário mais de 23 mil pessoas queriam o mesmo que eu: a vitória. Conseguimos. Saímos felizes. Aliviados. Do lado de fora um lindo por-do-sol tornava o céu vermelho.

Thursday, September 08, 2011

ABRACE PORTO ALEGRE, ABRACE O BRASIL

Sabendo que o evento da ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa em Artes Cênicas) seria aqui em Porto Alegre não havia dúvidas de que precisava me inscrever. Afinal, ano passado gastei uma boa grana para me fazer presente em São Paulo e ainda contei com a generosidade de uma antiga colega do DAD, Cyntia Muller, que me recebeu com toda a hospitalidade de uma boa gaúcha. Porém, já na fase de elaborar o texto completo, a vida estava me puxando para outros assuntos e tornando difícil não achar que seria bem complicado aproveitar a ocasião. O que manteve o meu incentivo foi a oportunidade de rever os colegas pois dois anos de convivência criaram fortes elos afetivos e mesmo estando na mesma cidade, a gente acaba se vendo muito menos do que gostaria.

O dia da abertura chegou. Chovia e quem me conhece sabe que sempre que possível cancelo minhas atividades nestas ocasiões. Não desta vez. No entanto, entrar no suntuoso prédio do Direito da UFRGS faz a gente esquecer o clima. Esbarrar em rostos sorridentes e gentilezas dos escolhidos para recepcionar os membros da ABRACE também. A abertura com curtos discursos também tornou tudo mais agradável e presidente Marta Isacsson foi muito feliz ao dizer: “É um privilégio ser professor neste momento”. Quanto a Jorge Dubatti, já havia ganho a minha simpatia em Montevideo. Ele é claro, interessante e sem afetação. Citou várias vezes Maurício Kartum, me obrigando a pesquisar sobre este senhor argentino que desde 1973 já escreveu 30 obras teatrais, dirigiu, ganhou prêmios e ocupou diversas funções na Escola de Arte Dramática de Buenos Aires. Enfatizou muito a filosofia do teatro. Segundo ele, esta engloba a teoria, a prática e apresenta os problemas mais abrangentes da artes cênicas. Tentou esclarecer o conceito de teatro que para ele não é suficientemente claro nos dicionários atuais. Buscou Deleuze para dizer que é um acontecimento. E se deu ao luxo de dizer coisas (talvez citando alguém que não anotei) como: “Somente o teatro é teatro. Porque se tudo é teatro, nada é teatro”. O teatro é uma reunião dos corpos. E voltou ao seu tema mais caro que é o do convívio. Não escapou de alguma dose crítica ao dizer que os melhores atores são os políticos, os pastores e comunicadores e, ao contrário de palestrantes que tentam agradar a plateia elogiando o lugar em que estão, brincou dizendo que estes estavam todos no Brasil. Falou muito mais. Falou em tenovívio, em etnocenologia. Demais para mim que me inquieto depois de mais de hora sentada recebendo tantas informações. Desta vez, as perguntas não foram tão extensas quanto em meus últimos eventos mas ainda me pareceram que vinham mais de pessoas que queriam mostrar o que sabiam do que, realmente, entender alguma coisa. Clovis Massa coordenou com segurança este momento que deu a chance a Dubatti de contar algumas situações pessoais engraçadas como ter sido enganado por uma “performance” em um evento e suas experiências com seus filhos, levantando a ideia da Escola de Espectadores, algo no que acredito muito e ainda quero fazer parte. E já no final disse algo que se eu falasse creio que seria vaiada. Porém, sua trajetória conquistou o direito de encerrar dizendo: “O teatro teatra”.
Duas palestras, mesmo com o intervalo do almoço com os colegas, Maria Amélia Gimler, Newton Silva, Betha Medeiros e Daniela Aquino, me cansam. Bem, isso sem dizer, que questões coreográficas não me despertam tanto interesse assim e, em um misto de provocação e curiosidade, anotei a fala de Christine Roquet que dizia que Laban tinha fracassado por não ter encontrado a cor do movimento. Cibele Sastre, certamente, teria coisas a dizer a este respeito.

Em meu GT

Falei que me faltava ânimo para esta empreitada. E só na véspera decidi que apresentaria o meu tema Críticos e criticados: uma relação turbulenta a partir do visual do desenho de um ringue com dois lutadores em seus bancos com as cabeças dos críticos. Um certo trabalho de Photoshop permitiu esta façanha. Os conflitos são tão bizarros que me levaram a esta maneira um tanto cômica de apresentar. Passa por cuspidas no olho, pontapés e agressões verbais que chegam ao desejo de morte dos críticos, entre outras coisas. Queria apresentar isso e ainda ter a chance de debater. Não deu. Em compensação, fiquei sabendo de pesquisas que muito me interessam como de Rodrigo Desider Fischer que analisa o filme Opening Night de John Cassavetes, com um olhar sobre as questões ligadas ao pensamento teatral contemporâneo. Cara esperto. Resolveu desse jeito meu problema de ser mestre em teatro, apaixonada por cinema. Tem um outro trabalho que me interessa muito. Ney Wendell que fala de mediação em teatro no Québec e faz uma ponte com a Bahia. O choque de ver Olívia Camboim dizer que mais de 90% dos professores municipais de Blumenau, responsáveis por 2.400 alunos, nunca foram ao teatro. Como assim? Eles tem um teatro lindo e um festival que reúne gente de todo o país.. Uma tarde muito bem aproveitada, reunindo assuntos tão diversos, apresentados por pessoas com tanta coisa em comum. Além do prazer de ver minha colega e amiga Daniela Aquino que não tem ideia do impacto que causa as pessoas, apresentando seu trabalho. 

Com o corpo queixoso da umidade causada por uma chuva ininterrupta deixei o ambiente e retornei ao meu aconchego sabendo que iria perder um divertido momento de confraternização na Casa de Teatro do meu primeiro e eterno mestre Zé Adão Barbosa que considero coautor de tudo que se relaciona ao teatro em minha vida.

Mais um ABRACE

Dia seguinte, perdi a manhã dos GTs abertos que, pelo que ouvi, foi um dos melhores momentos do evento. Cheguei para ver a mesa-redonda Inter-GTs onde a maioria dos coordenadores não poupou elogios a organização, à Porto Alegre, aos gaúchos. Gilberto Icle fez rir dizendo que era completamente fresco na função de coordenador, mas a queixa geral era que faltava espaço para a discussão. Vera Collaço também tira risos dizendo que era o primeiro Congresso em que ela se sentia em casa e que a diretoria parecia não ter feito esforço algum. Narcíso Telles é mais contundente na reivindicação de novos formatos do evento. Lá pelas tantas, naquela sala de distribuição tão formal e apresentações que incluíam títulos de doutores, passa uma mulher embalada em plástico e com umas setas indicando diferentes direções. É...melhor não esquecer que o tema ali é arte. Se tem alguém que parece nunca esquecer disso é Armindo Bião, diretor, ator, com formação também na França, que sempre que pede a palavra mescla o seu conhecimento profundo sobre teatro e um jeito “brejeiro” e divertido, misturando importância de tudo que está sendo discutido com uma profunda consciência de que a vida é muito mais e cunhando expressões como “o abismo do frescor” para se referir ao desafio de um novo formato para os encontros dos GTs. E se tinha perdido o começo da mesa-redonda, coordenada por Walter Torres, assisti satisfeita a forma como ele a encerrou dando fim a uma “discussão” que parecia interminável e sem rumo.
Lívio Amaral, diretor de avaliação da CAPES diz que é muito bom poder conversar com a ponta e logo depois cita Mario Quintana, buscando a empatia da plateia. “Eu estava dormindo e me acordaram. E me encontrei assim num mundo estranho e louco. E quando começava a compreendê-lo um pouco, já eram horas de dormir de novo.” Ele mostra muitos gráficos, refere-se a muitos números. “O orçamento da CAPES cresce todos os anos. Para 2011 serão mais de três bilhões de reais. 67% de bolsas, 12% de fomentos, 6% para o Portal de Periódicos e 5% para o pessoal e gestão.” Falo para o professor Gil e para o meu colega Marcio Silveira que estão sentados atrás de mim que bem que o meu pai havia dito que vivemos em um mundo matemático. Destaco a participação de José Carrera, que a cada evento me conquista mais pela sua maneira lúcida, coerente e contundente de se manifestar, seja em seu próprio nome ou representando um grupo. Ele trouxe a questão de que o diretor havia sido categórico que o QUALIS não está sendo usado para o que a CAPES o criou, porém, porque esta não revia esta finalidade já que, na prática, muitos programas faziam isso. Amaral citou Fernando Pessoa: “Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo à Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora. E a sensação de que tudo é sonho como coisa real por dentro.” Não respondeu. Disse que faria isso depois. Eram quase 22h quando decidi ir para o Ocidente. Um lugar ao qual não fui tantas vezes mas sempre que fui me diverti muito e do qual tenho excelentes lembranças. A ideia era ficar pouco porque, além das atividades do evento, havia passado por uma aula de natação e outra de ioga. Estava no banheiro e pensei que devia estar meio bêbada pois ouvia as pessoas falando francês. Sai e esbarrei com Susi Weber. Quando comentei o que havia pensado, ela e suas amigas me responderam: “é o curso de francês no banheiro, nível 1”. Rimos. E assim, o encontro com antigos amigos, os novos contatos, a música, o clima divertido e afetivo do lugar foi me prendendo até as 3h da madrugada. Ainda pude ver Laura Backes sendo erguida por algumas pessoas no bar, em uma mescla de corpos que me lembravam o filme Hair. Nada mal para começar as comemorações da independência!

PS: Havia escrito José Carrera (o tenor) ao invés de André Carreira. A atenta Mirna Spritzer me corrigiu antes do texto parar aqui. Não tenho dúvidas do quanto este cuidado colaborou para o sucesso deste evento! A doutora prova que é guia Buena Onda também em Porto Alegre.

Thursday, August 18, 2011

Sobre academias



Publico aqui dois textos que não são meus. Um, foi publicado no blog do Julio Conte. O outro, é do meu primo Rogério Menegassi. Duas pessoas bem intencionadas. Dois pontos de vista. Uma conclusão: a sua.


TERÇA-FEIRA, 16 DE AGOSTO DE 2011

FREE JEANS NA BODY ONE
O diabo mora nos detalhes. Ás vezes as grandes coisas se revelam em pequenas situações. São conteúdos menores mas que revelam uma forma arbitraria. Difícil dimensionar, e sempre se corre o risco de parecer ridículo com se estivéssemos brigando por centavos na caixa do supermercado.Porém, como vários pensadores importantes da nossa civilização já escreveram, quando se concede no detalhe se concede na essência. Existe um belo poema de Bertold Brecht e outro de Maiakovski sobre o assunto. Uma vez que se permite o abuso ele toma proporções inimagináveis. Tal qual a teoria do Caos, um pequeno erro no input gera uma diferença astronômica no output. Quero contar para vocês uma situação pequena em seu conteúdo, mas bem grave em sua forma porque esta recheada de arbitrariedade e arrogância. Fui tirado da aula de Ginastica Funcional na Academia Body One porque estava vestindo um bermudão jeans. Diga-se de passagem que era feito de um tecido elástico especial para usar em atividades físicas. No entanto fui barrado. Motivo: estava usando uma bermuda de brim azul catalogada como “jeans”. E “jeans” é proibida “em todas as academias” segundo o professor de Funcional, o personal que me orienta e a supervisora geral da academia Gabryelle Sperotto que em sua sabedoria apenas argumentava que nenhuma academia permite fazer ginastica usando “jeans”. Diga-se de passagem que para mim, jeans é uma calça e não uma bermuda. Só mais um detalhe. Em nenhum momento, em mais de dois anos pagando e frequentando a Body One, fui informado de tal proibição. Pelo contrário, nestes dois anos assisti na charmosa Body One um desfile de modelitos de todos os tipos, masculinos e femininos, e especialmente de bermudas, sendo uma grande maioria de algodão tipo jeans mas de outras cores. Com agravante, muitas delas com aqueles bolsões no lado da perna, especialmente feitos para se agarrar em barras entre aparelhos. Mas é claro, que apesar de tal risco, como derrubar uma barra de ferro sobre alguém, o fato de não ser azul, portanto não é “jeans”, não cria impedimento e isso segue acontecendo. Cabe ressaltar que argumentei como o professor que permaneceu submetido a regra absurda, ao orientar e a supervisora Gabryelle Sperotto que, como de resto, permaneceu em sua fortaleza dogmática. Reitero que apesar do fato ser de repercussão mínima, subjaz, com soe acontecer, um boa dose de cegueira e altas pitadas de autoritarismo. Por isso estou lançando a campanha “free jeans na Body One”. Quem achar que vale a pena, mande um email marcelle@bodyoneclub.com.br dizendo: FREE JEANS NA BODY ONE.
Agradeço o apoio porque com escrevi em outro post citando Brutus: "sic semper tyrannis"

Prezado Júlio Conte
Tomei conhecimento de sua campanha FREE JEANS NA BODY ONE.
Meu nome é Rogério Menegassi, sou Presidente da Associação das Academias do RS - ACAD-RS,
Presidente da Associação dos Grupos de Corrida - AGCRS, Proprietário de uma Academia e Profissional de Ed.Física.
Trabalho em academia desde 1984, ou seja, 27 anos; atualmente estou com 47 anos.
Concordo com você quando falas que "quando se concede no detalhe se concede na essência".
Sou exatamente assim, brigo pela essência, pela teoria, pelo justo, correto e honesto, independente do "tamanho do valor".
Em pleno século 21, de total globalização, onde o cliente, mais do que nunca, tem sempre razão.
Onde o atendimento, o respeito ao cliente, a exigência de qualidade em todos os níveis da organização e
onde a oferta dos serviços e produtos é muito grande, não podemos deixar que pequenos abusos tomem proporções inimagináveis
como você mesmo disse.
Porém, como também gosto do contraponto - do contraditório,
gostaria de emitir a minha opinião, não como empresário e proprietário de um estabelecimento, no caso, uma academia,
mas como Professor e Profissional de Ed. Física.
Como Professor, aprendemos na Faculdade, entre tantas outras coisas, que existem vestimentas apropriadas para a prática da atividade física. Que nossa função como Professores é orientar, corrigir, motivar e estabelecer regras para o bom funcionamento e por que não dizer, para ajudarmos os nossos alunos (não nossos clientes) a atingirem os seus objetivos.
Na minha opinião, o uso de roupas não confeccionadas para a prática da atividade física não devem ser motivo de campanhas,
explico porque. FREE JEANS, levará aos seus adeptos a também exigirem FREE PANTS JEANS, ou falando no bom português,
até porque também valorizo muito a nossa língua e não gosto dessa ideia de americanizarmos o nosso idioma,
havendo sucesso na sua campanha, logo logo, os alunos estarão exigindo frequentar e treinar nas academias de calça de brim,
pois se pode bermuda, porque não calça? E se pode calça de brim, porque não calça de tergal? E se pode calça de tergal porque não sapato? E se pode sapato, também poderia chinelo, correto? Veja que uma simples campanha desencadearia uma grande revolução na moda, levando os estilistas a fazerem vestidos longos, com paetês e lantejoulas para malhar.
Assim como os advogados não podem frequentar um tribunal sem vestir terno e gravata, bem como os médicos devem usar luvas cirúrgicas, também devemos respeitar as normas do bom senso que dizem que para malhar em uma academia deve-se estar vestindo: tênis, calção e camiseta; roupas leves e confortáveis para a execução do movimento e transpiração.
No caso específico da aula de Ginástica Funcional, o maior impedimento, para qualquer aluno usar um bermudão, seja ele de jeans ou de algodão, azul ou vermelho, é o fato do professor não conseguir ver a perfeita execução do movimento. Diferentemente de uma caminhada na esteira, em uma aula de Ginástica Funcional os exercícios exigem maior concentração, cuidado na execução e muita atenção do professor, pois são exercícios onde o aluno executa movimentos em desequilíbrio, utilizando muitas vezes o peso do seu próprio corpo. Sabendo do sucesso de seu blog, de sua Profissão e de suas peças e textos, gostaria de lhe sugerir uma outra campanha. O que mais mata no Mundo e no Brasil também, são as Doenças Cardiovasculares. No Mundo a cada dois segundos e no Brasil a cada três minutos uma pessoa morre de problemas do coração. Entre os fatores de risco como: hereditariedade, obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo, está o SEDENTARISMO. Por que não juntar nossas forças e o seu grande sucesso e começarmos essa campanha? A Associação Brasileira de Academias estima que no máximo 4% da população faça atividade física orientada. A prática regular de exercícios reduz a principal causa de morte. Muito mais que acidentes de trânsito, que a violência, que a AIDS ou as guerras. Por dia, quase 500 pessoas morrem no Brasil por problemas de coração.
Alimentação saudável e atividade física regular salvariam milhares de vidas por ano. O que achas? Vamos nessa? Campanha:
Viva Mais e Melhor - Faça Atividade Física Orientada!
Forte Abraço
Rogério Menegassi - Presidente ACAD-RS
acadrs@acadrs.com.br
A tempo: Jeans é um tipo de tecido, que pode ser calça, bermuda ou até jaqueta.
Significado de Jeans
apos. e s.m. (pal. ing.) (Tecido) de algodão sarjado de trama cerrada, muito resistente, usado especialmente para roupas esporte e de trabalho. / &151; S.m.sing. e pl.. Calças feitas desse tecido ou de brim ou de zuarte; blue-jeans.