Desde os dez
anos que escrevo algo no dia 31. Sério. Considero uma data importante, pois
além das comemorações é um dia em que a gente acaba fazendo uma espécie de
avaliação do que nos aconteceu e das nossas atitudes, é meio inevitável. Pelo
que me lembro, sempre dei um jeito de encerrar o meu texto com alguma mensagem
de esperança e não creio que esse ano vá ser diferente.
Comecei 2012
ganhando a possibilidade de cuidar melhor da minha saúde de um jeito muito
especial que mais me parecia um presente divino. Logo no início, fui ao Rio de
Janeiro e fortaleci ainda mais uma amizade com alguém que entrou na minha vida
pelo trabalho e se instalou pelo afeto.
Foi o ano em
que consegui, finalmente, retornar à Paris e, talvez, por isso mesmo, pelo
menos até outubro, nenhuma coisa ruim de fato me atingiu. Passei por momentos
chatos, claro. Encarei pessoas inconvenientes, óbvio. Falta de grana? Alguma
dúvida? Porém, em todos esses momentos, eu estava lá, concentrada, pensando que
no dia do meu aniversário estaria na cidade luz, falando uma língua que amo e,
dessa vez, de lambuja, com a minha irmã, meus dois sobrinhos e amigos. Não dava
para ter “tempo ruim”. E não é que com isso o dia-a-dia ficou mais
interessante?
Fiz novos e
especiais amigos. Fui chamada para fazer pequenos trabalhos ligados ao teatro,
comemorei com muita conversa e risadas vários momentos com as pessoas que amo.
Ah, fiz muitos almoços, jantares, comidinhas especiais por puro prazer de
reunir as pessoas em volta de uma mesa. Acompanhei a compra da casa nova de minha
irmã e produzi, com a minha irmã e a minha mãe, vários materiais tentando levar
as pessoas um pouco mais de conhecimento. Em troca, muitos elogios ao meu pai, criador
dos jogos da família, muitos agradecimentos por esses produtos existirem.
Surgiram trabalhos inesperados, assim
como continuei fazendo outros em que posso perceber o que aprendi até agora.
Fui a Buenos
Aires, apresentar minhas ideias. Venci meus medos de falar em público e até em
outras línguas, vejam só...Vi trabalhos artísticos lindos, outros de muita
garra. Andei pelas ruas da minha cidade, de outras cidades, em outros países. Segui
fazendo natação e reduzindo assim minhas ansiedades e, sempre que algo me
tirava do meu equilíbrio, logo logo encontrava um amigo para me tranquilizar,
para mostrar que a vida era muito mais do que aquele momento e que sim, o que
quer que fosse ia passar. E passou. A prova está que chegamos ao final do ano. E há poucos dias lá se foi uma pessoa que
sempre teve muita importância na minha vida, mesmo quando distante. A simples
lembrança dela era capaz de me fazer sorrir, de me confortar. Mas eu me nego a
ficar triste. Me emociono, de vez em quando, claro, mas eu e ela sempre
soubemos que a vida é efêmera e que como 2012 passa muito rápido. Tão rápido
que só me instiga a continuar com essa urgência de viver, de me concentrar nas coisas
boas, a dar valor para o que realmente importa e a continuar tentando ter cada
vez mais gente que dê valor a cada minuto por perto. E por incrível que pareça
o ano está terminando cheio de perspectivas de que eu não vou querer isso
sozinha. Que 2013 seja um ano de mais
encontros e de reencontros.