Thursday, November 27, 2008

Exigências

Muita gente já disse que estou sozinha porque sou muito exigente.
Mas, será que é exigir demais querer alguém que como você tem conversas inteligentes, gosta de cinema, de um bom vinho, de estar ao ar livre, de andar pelas ruas se deixando levar?
Será que é exigir demais querer ter alguém que goste de gente,
que goste da vida, de ser e de estar?
Que saiba sorrir quando eu falo e adore viajar?
Alguém que como você seja firme em suas convicções, mas, meigo e compreensivo em relação ao meu modo de pensar?
Que me faz sentir segura, mas, que também aparenta precisar de mim para se reafirmar?
Alguém que me abra a porta para eu passar, puxe uma cadeira para eu sentar, não em um gesto machista, mas, em uma atitude gentil que demonstra que era ali mesmo o meu lugar?
Que até vai achar graça quando ver que eu fui escrever algo sobre ele e que, sem querer, tudo me levou a rimar?
Se é exigir demais, por que você veio, mostrando que existe alguém com o jeito que eu sonho para amar?

Sunday, November 16, 2008

O mar quando chega na praia é bonito


Passei dois dias e meio na praia. Como sempre, parece muito mais até porque dois foram de céu azul e calor. Ou seja, pude renovar minhas energias entrando no mar, o que adoro fazer. Vou à praia desde pequena, como já disse aqui, e adoro. Depois que cresci, comecei a achar que o mar tem, realmente, algo de transcendente e fica muito mais fácil meditar, pensar na paz, no amor, nos meus planos, nos meus amigos quando estou diante da infinitude das águas marinhas.

Não, não estava nas Bahamas, nem em Salvador, nem mesmo em Santa Catarina. Estava em Capão da Canoa, no apartamento adquirido pela minha cunhada e pelo meu irmão, que já não está mais conosco (sou espírita dizer que ele, simplesmente, morreu não reflete o meu sentimento e quando ouço algumas pessoas dizerem “o finado” acho muito esquisito...). Sim, o apartamento tem muitas lembranças dele, mas, todas boas. Embora eu ele discutíssemos muitas vezes, ele adorava receber a gente. Seja aqui em Porto Alegre ou lá na praia, ele era o anfitrião perfeito. Batia boca comigo quando vinha na casa dos meus pais, vejam só! Em uma das paredes está o brasão da família Mello que eu dei de presente em um Natal. O edifício tem o formato de castelo e meu irmão gostava destas coisas de árvore genealógica, de onde viemos (já que para onde vamos não sabemos mesmo...), então, achei que ele gostaria deste negócio. Encomendei pelo correio e mesmo não tendo chegado na noite do dia 24, quando veio foi recebido com satisfação, minha e dele. 

Eu, minha irmã e minha mãe sempre ficamos felizes (pode parecer incoerente para muitos), quando estamos lá, porque lembramos da torcida dele para que aquele negócio desse certo e da vontade que ele tinha que todos pudessem aproveitar depois. Lembro que ele começou a pensar na possibilidade de ter uma casa na serra e me disse:  “o bom disso é que eu não vou poder estar em duas casas ao mesmo tempo, então, quando eu estiver numa, vocês vão poder estar na outra”! As coisas não saíram bem assim, mas, fazemos questão de aproveitar esta conquista dele. E como... Tem tudo por lá. Entramos e saímos só com as nossas roupas do corpo. Uma delícia. Quando via este tipo de coisa nos filmes, pensava: “não sei como estas pessoas não vendem a casa, com todas estas lembranças de tal pessoa.” Hoje, sei que era uma bobagem, pois, a saudade vai estar em qualquer lugar. Além disso, estar por lá é estar um pouco perto de novo dele. Em um lugar, em que só temos recordações felizes. Ele feliz e nós em volta.

 

Hoje, fizemos algo que, de certa forma, já tinha vontade há mais tempo. De mãos dadas, sentadas à mesa do apartamento, falamos sobre como gostaríamos que ele estivesse, não aqui, se não tivesse morrido, mas, neste outro caminho que a gente acredita que ele deva estar fazendo. Como gostaríamos que ele se sentisse em relação a vida que teve aqui conosco, da forma como lembramos dele, do exemplo que ele nos deixou e do privilégio de ter convivido com ele, mesmo que por pouco tempo. Ele servia de apoio para a minha mãe. Costumava se comportar como um oráculo. Tinha resposta para tudo. De receitas culinárias a casos complicados na justiça. E muito entusiasmo para tudo. Fazer planos era com ele mesmo. Coisas banais, como comprar um carro, a projetos futuros de vida. Era um santo? Não, longe disso. Tinha um temperamento forte. Gostava de discutir ferozmente, ainda mais com quem achava que era páreo para ele. Isso era quase um esporte. Alías, um dos poucos homens que conheço que não gostava de futebol. Em compensação, era daqueles que lia até as bulas de remédio! Ok. Exagerei. Mas, só no tipo de literatura, não na quantidade de livros lidos e quando falava destes os olhos brilhavam. Escrevia também e muito bem. Não tivesse usado este talento tão intensamente para redigir petições, teria mais chance de escrever ótima literatura. Quem leu seus contos e poesias sabe que, agora, não estou exagerando. 

Bom, mas, isso tudo me fez pensar. Às vezes, a gente não precisa deixar grandes descobertas para humanidade, nem ser reconhecido por milhões de pessoas como um Dorival Caymmi. Ser um bom exemplo para aqueles que estão em volta também pode ser, totalmente, inesquecível. Para menos gente, é verdade, mas, não com menos importância ou intensidade. 

PS: Minha intenção, quando comecei a escrever, era falar dos babacas do trânsito na estrada que estão sempre com pressa, cometendo imprudências e ameaçando a vida dos demais. Acabei mudando o assunto. Mas, não demora, vou retomar esta bronca.  

Monday, November 10, 2008

Segunda dramática

Andei meio fora do ar, mas, estou por aqui. Nesta segunda-feira nublada em Porto Alegre, deixo vocês com Caetano. Aproveito também para divulgar as Segundas Dramáticas lá no DAD, às 18h. Hoje, é uma apresentação da minha colega de mestrado e amiga Cibele Sastre, chamada Experimento da Cadeira. Não vi ainda, mas, acho que vai valer a pena. Tem bate papo depois.