Tenho ido a
todos os Festivais da Canção Francesa desde que começou. Lá se vão seis anos. O
que é fácil observar que é um evento que cresce em quantidade de público e
qualidade dos participantes. A cada ano parece ficar mais difícil escolher
entre os dez classificados. Por isso mesmo, se transforma em um show de
talentos, de vozes impressionantes e de reencontros com pessoas que, de uma
forma ou outra, apreciam a língua francesa. Outro ponto alto são os discursos,
quer dizer, a ausência desses. Nem o diretor da Aliança Francesa, Jacques
Petriment, faz questão de pegar a palavra. Faz os agradecimentos. Fala na
integração de culturas e era isso. O apresentador desse ano, Marcelo Oliveira
da Silva, pareceu entrar meio seco, correto, educado, mas sem estilo. O que foi sendo “corrigido” ao
longo da noite na qual ele soube oscilar entre a formalidade das apresentações
e frases descontraídas, cativando a plateia.
O teatro Dante
Baroni, na Assembléia Legislativa lotado. Gente sentada no chão ou em pé. Uma
sucessão de lindas vozes. Mas, desde que um dos jurados, o meu amigo, Newton Silva tinha me falado da participação
de Phillipe Philippsen, eu já havia começado a torcer por ele. Assim, foi muito
bom ver que entre tantos candidatos absolutamente talentosos, ele se
sobressaiu. Abrindo mão do acompanhamento da excelente banda (cujo nome não
consta no site da Aliança e eu não recordo), sozinho no palco com sua sanfona,
ele mostrou algo além de graves e agudos. Mostrou personalidade na voz. Coisa
que eu ainda não sei definir bem, mas que faz toda diferença para um cantor impressionar
no palco. Já tinha visto ele com instrumentos em espetáculos, mas não sabia que
ele cantava. E como. Além do mais, foi para mim a melhor dicção da noite.
Também não sabia que ele falava francês... Por ser ator, cantor e que fala (ou
pelo menos sabe decorar letras) uma língua que eu amo, é claro que eu queria
que ele estivesse no mínimo entre os três vencedores da noite. E para não ser
só elogios, devo dizer que, embora aprecie gastronomia e, em especial, a
culinária francesa, acho o prêmio de um jantar no Chez Philippe para o último
lugar muito pouco. Tinha que ser, no mínimo, uma viagem à Florianópolis ou a
Gramado. Já seria mais interessante. E justo. Vejam que nada tenho a dizer do
segundo lugar que é um ano de estudos na Aliança Francesa, pois sei o que isso
pode significar na vida de quem começa a aprender essa língua.
Bem, mas já
tinha alguns favoritos quando veio o intervalo e as vencedoras do Festival
nacional Hevelyn Costa e regional se apresentaram. Devo dizer que Valéria
Houston cantando a versão francesa de I will survive e Voyage, Voyage
impressiona muito. O figurino dela e seu jeito divertido e doce também. E por
ser sua fã, digo que sinto falta dela ter um maior preparo corporal para estar
diante do público, uma movimentação mais expressiva. Sei que ela pode ir bem
além dos pequenos movimentos que repete. Achei bacana quando ela chamou todos
os concorrentes no palco com ela e o Philippe se destacava com seus passos de
dança e seu jeito descontraído. Bem, mas
assim que a apresentação das duas terminou, a banda tocou algumas músicas mostrando
sua competência. Em seguida, começaram a chamar os vencedores. Discordei da
decisão do júri para o terceiro e segundo lugar e já temia pelo primeiro quando
disseram o nome do Philippe e a plateia aplaudiu e gritou, demonstrando que
apoiava completamente a premiação. E assim terminou mais um Festival que levará
o ganhador para aquele lugar que, quem ainda não foi, quer ir e quem já foi,
quer voltar: Paris!