Monday, September 09, 2013

Arte, música e língua francesa: um festival de talentos

Tenho ido a todos os Festivais da Canção Francesa desde que começou. Lá se vão seis anos. O que é fácil observar que é um evento que cresce em quantidade de público e qualidade dos participantes. A cada ano parece ficar mais difícil escolher entre os dez classificados. Por isso mesmo, se transforma em um show de talentos, de vozes impressionantes e de reencontros com pessoas que, de uma forma ou outra, apreciam a língua francesa. Outro ponto alto são os discursos, quer dizer, a ausência desses. Nem o diretor da Aliança Francesa, Jacques Petriment, faz questão de pegar a palavra. Faz os agradecimentos. Fala na integração de culturas e era isso. O apresentador desse ano, Marcelo Oliveira da Silva, pareceu entrar meio seco, correto, educado,  mas sem estilo. O que foi sendo “corrigido” ao longo da noite na qual ele soube oscilar entre a formalidade das apresentações e frases descontraídas, cativando a plateia.
O teatro Dante Baroni, na Assembléia Legislativa lotado. Gente sentada no chão ou em pé. Uma sucessão de lindas vozes. Mas, desde que um dos jurados, o meu amigo,  Newton Silva tinha me falado da participação de Phillipe Philippsen, eu já havia começado a torcer por ele. Assim, foi muito bom ver que entre tantos candidatos absolutamente talentosos, ele se sobressaiu. Abrindo mão do acompanhamento da excelente banda (cujo nome não consta no site da Aliança e eu não recordo), sozinho no palco com sua sanfona, ele mostrou algo além de graves e agudos. Mostrou personalidade na voz. Coisa que eu ainda não sei definir bem, mas que faz toda diferença para um cantor impressionar no palco. Já tinha visto ele com instrumentos em espetáculos, mas não sabia que ele cantava. E como. Além do mais, foi para mim a melhor dicção da noite. Também não sabia que ele falava francês... Por ser ator, cantor e que fala (ou pelo menos sabe decorar letras) uma língua que eu amo, é claro que eu queria que ele estivesse no mínimo entre os três vencedores da noite. E para não ser só elogios, devo dizer que, embora aprecie gastronomia e, em especial, a culinária francesa, acho o prêmio de um jantar no Chez Philippe para o último lugar muito pouco. Tinha que ser, no mínimo, uma viagem à Florianópolis ou a Gramado. Já seria mais interessante. E justo. Vejam que nada tenho a dizer do segundo lugar que é um ano de estudos na Aliança Francesa, pois sei o que isso pode significar na vida de quem começa a aprender essa língua.

Bem, mas já tinha alguns favoritos quando veio o intervalo e as vencedoras do Festival nacional Hevelyn Costa e regional se apresentaram. Devo dizer que Valéria Houston cantando a versão francesa de I will survive e Voyage, Voyage impressiona muito. O figurino dela e seu jeito divertido e doce também. E por ser sua fã, digo que sinto falta dela ter um maior preparo corporal para estar diante do público, uma movimentação mais expressiva. Sei que ela pode ir bem além dos pequenos movimentos que repete. Achei bacana quando ela chamou todos os concorrentes no palco com ela e o Philippe se destacava com seus passos de dança e seu jeito descontraído.  Bem, mas assim que a apresentação das duas terminou, a banda tocou algumas músicas mostrando sua competência. Em seguida, começaram a chamar os vencedores. Discordei da decisão do júri para o terceiro e segundo lugar e já temia pelo primeiro quando disseram o nome do Philippe e a plateia aplaudiu e gritou, demonstrando que apoiava completamente a premiação. E assim terminou mais um Festival que levará o ganhador para aquele lugar que, quem ainda não foi, quer ir e quem já foi, quer voltar: Paris!