tag:blogger.com,1999:blog-385782212024-03-12T21:16:24.102-07:00palcosdavidaOs amigos me convenceram a começar o meu blog. Sou jornalista e mestra em artes cênicas. Sempre adorei escrever e tenho enviado textos para os meus conhecidos com uma certa frequência. Os assuntos? Os mais variados possíveis, mas, ligados as minhas experiências, ao que acho de tudo que está em minha volta. Gostaria de compartilhar com mais pessoas.Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.comBlogger317125tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-6780181269350454602017-04-02T05:49:00.000-07:002017-04-02T05:49:33.625-07:00E a velhice serve prá que? <span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Quando eu digo que os bichos ensinam a gente...Resolvi fazer um novo post para falar de velhice. Afinal, comentei sobre minha cadela e foram todos muito solidários. Mas, uma vez, tive uma das raras conversas com meu pai (a gente não dizia duas palavras sem brigar) e ele se ressentia dos males que a idade havia trazido e eu falei que se morrêssemos em plena juventude seria bem mais complicado (isso aconteceu ao meu irmão, depois, com 49 anos). Pois, com a idade, vamos sentindo</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"> dores e vamos tendo restrições. Não fazemos mais o que fazíamos. Porém, acho sábia essa etapa. Chega um momento, em que começamos a nos despedir. E não digo isso com tristeza. É preciso aceitação das etapas da vida. Ninguém (pelo menos entre as pessoas que eu conheço) quer ficar eternamente numa cama de hospital, cheia de tubos, sem poder fazer nada. Então, com a passagem do tempo, vêm as limitações e as dores. E a gente vai se dando conta de que já viveu um tanto. E vai refletindo sobre isso. E vai se dando conta de que sentir dor todos os dias não é vida para ninguém. Não poder fazer as coisas que ama, muito menos. E vai pensando no que já fez, nos amores que conquistou, nos amigos que estão por perto. Dá mais valor para os momentos de alegria, para as palavras ditas, para o afeto que dá e recebe, para aquilo que dá prazer. E já não tem mais tanto medo de que isso tudo acabe. Embora, eu não acredite em um fim, não posso ignorar que existe uma ruptura entre o que sou, a vida que eu levo e o que virá depois. Mas, também, tenho consciência de que não fomos feitos para viver esta vida de agora, eternamente, e que isso não deveria nos aterrorizar, nem nos fazer sofrer. Existe uma sabedoria (não sei se divina) em ir nos preparando para o momento de aceitar essa passagem chamada morte. A dor física, às vezes, é uma das etapas que, no meu caso, espero que seja como foi para o meu pai que, com muitas complicações de saúde, três pontes de safena, um câncer, me disse um dia que não sentia dores. E, numa manhã, em que deveríamos ir para Santo Antônio da Patrulha fazer um evento com o material que ele criou, os Jogos Boole, acabou não viajando no mundo real, mas fazendo a sua partida e me deixando na memória a nossa conversa sobre porque a gente envelhece, afinal.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-7EQmnyx9NSQ/WODzUzSGP4I/AAAAAAAAHUo/TFxsDK7nCaQm8S0m3YwponURA0Ki2IrfACLcB/s1600/pai%2Be%2Bn%25C3%25B3s%2Bna%2Bpuc.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-7EQmnyx9NSQ/WODzUzSGP4I/AAAAAAAAHUo/TFxsDK7nCaQm8S0m3YwponURA0Ki2IrfACLcB/s320/pai%2Be%2Bn%25C3%25B3s%2Bna%2Bpuc.jpg" width="244" /></a></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-54068973409846345592016-04-17T20:17:00.003-07:002016-04-17T20:17:38.931-07:00A linguagem universal das mães<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-n__4HN7DYbc/VxRRxQmqq0I/AAAAAAAAB1I/rHbVg81TNr0D91rEP3rMUfwwnXDcubX-gCLcB/s1600/mameloschn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-n__4HN7DYbc/VxRRxQmqq0I/AAAAAAAAB1I/rHbVg81TNr0D91rEP3rMUfwwnXDcubX-gCLcB/s320/mameloschn.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
Queria ver Língua Mãe Mameloschn desde a estreia em junho do ano passado, curiosa com o trabalho dos atores que conheço. Mas, não havia conseguido. Hoje, vencendo o calor e o cansaço e, durante um momento tão significante para o Brasil, lá estava eu e minha irmã, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=691918561" href="https://www.facebook.com/vera.mello.161" saprocessedanchor="true" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Vera Mello</a>.<br />Porém, depois de assistir, percebo que não somos só nós que vamos aos espetáculos, mas estes também vêm até nós. Afinal, justamente esta semana, o assunto com a minha própria mãe foi a superproteção e o fato de que mesmo, apesar dos meus 53 anos, ela segue me dizendo o que fazer. E, provavelmente, os terapeutas possam explicar por que o que provoca a nossa ira na vida real, faz com que a gente se divirta tanto na ficção e não deve ser à-toa que a peça começa justamente falando destes estudiosos da mente humana.<br />Lingua Mãe Mameloschn, dirigido por Mirah Laline, não é uma comédia. Longe disso. Entretanto, como não rir ao ver ali personagens que nos são tão familiares? A vó, a mãe e a filha em seus diálogos quase ininterruptos em um misto de impaciência, rebeldia, mágoa, afeto.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Imediatamente, relaciono a cena com uma história contada pela minha prima, ainda ontem, sobre a partida da sua filha exatamente para a Alemanha (onde o espetáculo foi apresentado recentemente). Com uma boa dose de teatralidade, ela me dizia que aflita com a partida da filha, a agente de viagens sugeriu que ela acompanhasse o voo da filha em um site, o que ela começou a fazer de forma um tanto obsessiva. Até o momento em que ela colocou o número do voo e leu: voo não encontrado. Pronto. Imediatamente, começou a pensar que a aeronave havia caído. E em um diálogo consigo mesma disse: “não...se tivesse acontecido isso teriam me ligado. Mas, será que ela deu o meu número? Talvez, eles tenham sido obrigados a retornar e por isso não aparece” A partir daí, já não conseguiu dormir. Foi tomar um chá, mas sempre com o notebook para averiguar se a informação se modificava. Nada. Nisso, chega o outro filho e pergunta porque ela está acordada àquela hora e ela se põe a chorar loucamente recontando a história. O filho tenta acalmá-la e pede o número do voo. Ela vai buscar o papel onde anotou ainda chorando. Ele verifica e lá está: avião sobrevoando o oceano. Ela havia pesquisado invertendo os números do voo.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-top: 6px;">
E é por essas e por outras que logo quero saber quem é Marianna Salzmann, pois, em tempo de vazamento de informações e escutas, a impressão que fico ao sair do teatro, é que ela está investigando a minha família. Surpresa: a dramaturga nasceu na Rússia e mudou-se para a Alemanha quando criança. Isso só confirma aquela máxima: mãe só muda de endereço.<br />Importante ressaltar que a peça não trata “apenas” das relações familiares, mas discute as questões de nacionalidade, religião, política, hábitos e cultura. Não de forma doutrinária ou acadêmica, mas entre os diálogos travados pelas atrizes <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100005107022600" href="https://www.facebook.com/idacelina.webersilveira.1" saprocessedanchor="true" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Ida Celina Weber Silveira</a>, Mirna Spritzer e Valquíria Cardoso. Aliás, a grande força do espetáculo está no texto e fazia muito tempo que não via no palco atrizes tão capazes de expressar, principalmente através das palavras, os sentimentos de seus personagens. Dicção, entonação, pausas, ritmo. Tudo aquilo que é preciso para que os espectadores se deliciem na plateia. Aliás, quem é essa atriz que assume o papel da filha com todas as suas nuances? Quem sabe a Ida, que conheci fazendo justamente o papel de minha mãe no filme Quase um tango de Sergio Silva, possa nos apresentar? E baseada no que já assisti dessa atriz gaúcha tão especial, considero que sua atuação mereça destaque. Não poucas vezes me peguei tentando ver por trás daquela senhora idosa, com um caminhar, gestos e um tom de voz tão peculiar, a minha amiga e, devo admitir, não foi fácil.<br />Bem, e embora o <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000443075883" href="https://www.facebook.com/philipe.philippsen" saprocessedanchor="true" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Lipsen Lipsen</a> tenha feito um vídeo comentando que havia ido a Alemanha somente para tocar pequenos trechos, a música executada ao vivo terá sempre um impacto favorável nas cenas e não por acaso é ele que assina a trilha original. E, eu diria que sua presença entre cadeiras, um sofá e outros elementos desse cenário minimalista, mas funcional de Rodrigo Shalako, com certeza, valia a passagem. E, assim espero que muito mais gente ainda possa assistir a Língua Mãe Mameloshn, principalmente as mães que pensam que seus filhos “estão à mercê das drogas, do terrorismo ou do olho do furacão”, ou simplesmente possam decidir não voltar. Não é, prima?</div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-8113763007717287532016-01-08T18:07:00.001-08:002016-01-08T18:07:29.838-08:00A arte nunca nos deixará nus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-aaE6HpXSqko/VpBrHwn0WXI/AAAAAAAABvI/tJDLCXsQyEU/s1600/nacasadoplinio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://1.bp.blogspot.com/-aaE6HpXSqko/VpBrHwn0WXI/AAAAAAAABvI/tJDLCXsQyEU/s320/nacasadoplinio.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-4yEOYDAdCy0/VpBrQEqYH-I/AAAAAAAABvQ/fiHWseizVhs/s1600/Um-Conto-para-Um-Rei-Tonto-Foto-Luana-Konrath-300x198.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-4yEOYDAdCy0/VpBrQEqYH-I/AAAAAAAABvQ/fiHWseizVhs/s1600/Um-Conto-para-Um-Rei-Tonto-Foto-Luana-Konrath-300x198.jpg" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">Dizem os pesquisadores e críticos que um espetáculo de teatro não acaba quando termina. A frase pode parecer um pouco estranha, mas, quase todos nós já passamos pela experiência de ver uma peça e depois ir para um bar bater papo e discutir o que foi visto. Poucas coisas são tão divertidas e interessantes. Tem gente que concorda. Tem gente que discorda. Tem gente que nem viu o que a gente viu. Tem gente que vê coisas que a gente nem sabia que estavam lá. Mas, se tem uma coisa que compreendi desde que comecei a estudar teatro, é que a gente aprende muito com tudo isso. Então, o convite do </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000203286517" href="https://www.facebook.com/plinio.mosca" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Plínio Mósca</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;"> para irmos à casa dele depois do espetáculo Um conto para um rei tonto, em cartaz na Casa de Cultura Mário Quintana, do diretor </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1791098085" href="https://www.facebook.com/igor.ramos.5074" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Igor Ramos</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">, além de ser uma enorme gentileza, era imperdível. A sua casa já vale a visita. Digna de um diretor que fez parte dos seus estudos na França, cheia de elementos cênicos de várias outras partes do Brasil, além de uma coleção de galinhas e outra de xícaras. E foi nesse ambiente que começamos a falar sobre a sobrevivência no teatro e fora dele. Afinal, subir no palco paga as contas? Confesso que entre os meus amigos não sei de ninguém. Todos fazem alguma outra atividade. E por que esse foi o primeiro assunto? Porque no grupo que se apresentou hoje está </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100003763658763" href="https://www.facebook.com/josue.fraga.5" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Josué Fraga</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">, de 16 anos, que, apesar do nítido talento, está prestes a se afastar da cena por pelo menos um ano para fazer um curso pré-vestibular, cujo objetivo não é ingressar na faculdade de Artes cênicas porque a família teme pelo seu futuro financeiro. O que me restou foi dar alguns palpites e acreditar que, mesmo que ele precise tomar uma certa distância, o teatro estará sempre no seu caminho. Caso contrário, como não se abalar com essa ruptura de um ator capaz de dominar seu personagem de bobo da corte, fazendo jus ao seu chapéu de cinco pontas e guizos? Esse personagem com papel fundamental nessa história recontada pelo Grupo Experimental de teatro que traz também no elenco </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100003360520550" href="https://www.facebook.com/larissa.vaz.754" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Larissa Vaz</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">, Mariana Fagundes. Um texto já tão conhecido, mas exposto de forma intrigante em que um rei escuta a história do outro rei vaidoso que acaba desfilando nu. Essa fábula que eu já ouvi tantas e tantas vezes, mas nunca nessa versão e muito menos nessa marcação cênica tão clara e definida em que os atores seguem no palco mesmo quando não fazem parte da cena. Desse figurino cheio de cores e brilhos que são uma das provas do cuidado que o diretor tem com todos os seus trabalhos. E como é bom poder ver tomar forma aquela fantasia do nosso imaginário na figura da ama feita pela </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100002598724348" href="https://www.facebook.com/juliana.johann.3" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Juliana Johann</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">. E, cuidado, não simpatize com a costureira inescrupulosa que finge costurar o tecido invisível no ar com a eficiência dos melhores costureiros parisienses, papel da </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100002977467884" href="https://www.facebook.com/renata.severo.54" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Renata Severo</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">. Dá para sentir que é um trabalho conjunto, resultado de um processo de trabalho que vai buscando encontrar um único rumo para pessoas diferentes, com características distintas. E, mesmo depois de ouvir todos os ajustes que o nosso anfitrião e a mestre em letras e dramaturga premiada, </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000620536571" href="https://www.facebook.com/natashacentenaro" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px; text-decoration: none;">Natasha Centenaro</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 15.456px;">, sugeriram ao diretor do espetáculo que ouvia atentamente, em relação ao ritmo da peça, ao figurino, à luz e algumas características dos personagens e falas (com os quais concordo com quase todos) o que fica na minha memória é um mergulho nesse universo das artes, no prazer de compartilhar sentimentos e ideias e a visão de uma bandeja cheia de brigadeiros. Sim, porque, não só a arte, mas os amigos artistas também nos alimentam.</span>Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-17642727114177959732015-10-22T04:15:00.000-07:002015-10-22T04:15:02.400-07:00Planeta (sem) água<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
<span style="line-height: 19.32px;">Andava prometendo ir aos shows do</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1072694352" href="https://www.facebook.com/dudu.sperb" style="color: #3b5998; cursor: pointer; line-height: 19.32px; text-decoration: none;">Dudu Sperb</a><span style="line-height: 19.32px;"> </span><span style="line-height: 19.32px;">há algum tempo. Sempre acontecia alguma coisa. Hoje, estava decidida. Tanto que caiu a maior chuva bem na hora de sair e eu fiz de conta que nada havia acontecido e lá nos fomos, eu e minha irmã</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100003332707610" href="https://www.facebook.com/anamaria.mello.71" style="color: #3b5998; cursor: pointer; line-height: 19.32px; text-decoration: none;">Ana Maria Mello</a><span style="line-height: 19.32px;">. Pouca gente na plateia, o que era de se esperar. Mas, sempre penso como o ego dos artistas precisa ser forte para não se deixar afetar. Têm os ensaios, a preparação toda e, na hora, podem aparecer...dois. Felizmente, tinha mais e foram chegando outros. Ao olhar o repertório, não identifico várias músicas, mas, basta ele começar a cantar para eu reconhecer quase todas. E logo me dou conta porque estou ali. Porque vale o esforço. Dudu canta de um jeito especial. Tem um timbre muito interessante e o carisma e uma gentileza com a plateia... Mas, vou confessar: no início, eu estava implicando com os defeitos da parede do Solar dos câmara, que bem lembra um salão parisiense, e com a cor da camisa dele. Queria algo mais vibrante que combinasse com o seu charme. Mas, na terceira música, já estou totalmente seduzida e não dando a mínima importância a nada disso.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Nesse show, que comemora os 12 anos de parceria com Toneco Costa, tem músicas do Chico, do Caetano e outras tantas cantadas pela Elis. Ou seja, tem que ser realmente bom para cantar canções de gente tão incrível e assim mesmo impressionar. Mas, Dudu Sperb faz parte desses cantores que interpreta. De olhos fechados, ele demonstra no rosto que sente cada palavra. Cheguei a pensar se ele ensaia diante do espelho. Provavelmente não. E mesmo que o fizesse, ele canta muito de olhos fechados. Coisa que, aliás, deu muita vontade de fazer, ao escutá-lo. Sua voz relaxa, afaga. E, de vez em quando leva a mente para longe. Eu pensei na minha amiga <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=662528450" href="https://www.facebook.com/andreaenrichbittencourt" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Andrea Bettina Enrich Bittencourt</a> enquanto ele cantava: “eu faço samba até tarde e tenho muito sono de amanhã”. E também em outro amigo do Uruguai, o <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1102565024" href="https://www.facebook.com/gustavo.zeblis" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Gustavo González Zeblis</a> por causa das músicas cantadas em espanhol como “Esta tarde vi llover” que eu não conhecia e me emocionou. Ah, essa língua tem algo de especial... Depois canta Cuesta Abajo, que eu ouvia muito, cantada pelo Caetano. Aliás, descobri que a Elis tinha algo em comum comigo: era totalmente fã do cantor baiano. E já comentei por aqui que fiquei muito impressionada quando soube que um dos autores de Moda de Sangue, tão lindamente interpreta pela Elis, é um gaúcho, o <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100001795480956" href="https://www.facebook.com/jeronimojardim" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Jerônimo Jardim</a>. Já quase no final, Dudu canta “Todo o sentimento” que fala no tempo da delicadeza. Queria tanto que esse chegasse logo... E para encerrar, Dudu Sperb interpreta nada mais, nada menos que Roberto Carlos e canta As curvas da estrada de Santos e só posso concordar com ele que disse que a música é outro planeta. Tanto é que, ao sair na rua, me dou conta de que havia esquecido completamente do tempo tenebroso lá fora. O que mais uma vez prova a capacidade da música de nos aquecer por dentro e nos transportar para outro lugar. No tempo que levou 16 canções, eu estive em um local em que não chovia, isso já seria o suficiente para me fazer sair de casa, mas, foi mais e a <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100005380361931" href="https://www.facebook.com/mariaelisa.wilkensrodrigues" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Maria Elisa Wilkens Rodrigues</a> Rodrigues que estava lá também pode confirmar.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
PS: O vídeo não é do show, mas a camisa é a mesma. :) </div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 19.32px;">https://youtu.be/GnUw_FZC4rY</span></span></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-74109675069974003712015-09-09T04:31:00.001-07:002015-09-09T04:31:57.210-07:00O vazio político em cena<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-6xz67wYfZ_g/VfAYoGb5q4I/AAAAAAAABo8/u92aJWrzFgI/s1600/caesar-64.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="184" src="http://4.bp.blogspot.com/-6xz67wYfZ_g/VfAYoGb5q4I/AAAAAAAABo8/u92aJWrzFgI/s320/caesar-64.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Primeiro pensei nos
equívocos que poderia cometer ao escrever sobre um texto que tão pouco conheço.
Uma das obras de Shakespeare, meu autor
preferido, que ainda não li. Mas, afinal, o teatro exige conhecimentos prévios
ou a pessoa que vai assistir deve compreender o que acontece em cena mesmo que
seja a sua primeira vez na plateia? Enquanto me questiono sobre isso, resolvi
comentar sobre o espetáculo que assisti ontem. Não há dúvida de que os atores Caco Ciocler e Carmo Dalla Vecchia são capazes de
bem interpretar o texto dando vida, inclusive a mais personagens. Entretanto, apesar da competência do elenco
enxuto, estranho a proposta cênica do diretor Roberto Alvim para Ceasar.
Minimalista, eu diria. Quase nada de cenário. Um figurino austero, todo negro. Há
poucos dias, eu comentava sobre as radionovelas. Essa peça me trouxe novamente
à lembrança. Ficaria extasiada se apenas ouvisse o espetáculo. Ao ver, porém, os poucos gestos dos atores
não me tocam. Os deslocamentos são contidos, partituras. A fala dos atores é
cheia de nuances. Mas, assim como murmurar por muito tempo ou gritar por vários
momentos torna exaustivo para quem assiste, oscilar entre esses dois, também
pode causar um desconforto que não me parece proposital. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há um jogo de luz e sombra
interessante. Coloca ou retira os atores da cena. Sublinha, ofusca ou suaviza. Mas daquela
limpeza toda de elementos, de repente, uma vela parece ser um dos poucos itens
a trazer algo que elimine a ausência de tudo. Mas, também me dá a impressão que
destoa de todo o resto. Assim, como o acender dos charutos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É bom um teatro que dê tanto
valor ao texto. Ainda mais de um autor que parece ser tão preciso em cada palavra,
porém, essa escolha de deslocamentos ríspidos não me conquistou. Essa limpeza
de movimentos tão radical deixou, a meu ver, o texto frio, mesmo que fale de
conspirações e assassinatos. A música é o elemento mais teatral do espetáculo. A trilha sonora de Vladimir
Safatle executada ao vivo no piano é um personagem. Ela dá
dramaticidade, suspense, suaviza e quase agride, provocando diversos momentos
de tensão. Quem diria que o simples fechar de um piano repetidamente pareceria
quase um tambor? Em determinados momentos, chega a roubar a cena, eu diria. Cena
esta que quase não existe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Engana-se, porém, quem pensa
que com isso, quero dizer que não valha a pena assistir. O teatro estava lotado
e os aplausos do final garantem que a plateia não está de acordo com as minhas
impressões. O teatro sempre significará coisas distintas, provocando sensações
e opiniões diversas para quem assiste. Assim deve ser a arte. Assim deve ser a vida.
<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-78794216806929318082015-05-21T14:56:00.000-07:002015-05-21T14:56:01.939-07:00Só um Chapeleiro maluco poderia trazer o Big Ben aos palcos de Porto Alegre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-IiEiqiih9oI/VV5UYLJAbYI/AAAAAAAABlY/4Eamwi5DKXY/s1600/CAM03142.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-IiEiqiih9oI/VV5UYLJAbYI/AAAAAAAABlY/4Eamwi5DKXY/s320/CAM03142.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Minha
proximidade com Igor Ramos começou justamente em uma apresentação do Teatro
Aberto. Bem na hora em que o seu grupo apresentava, com o teatro Renascença
lotado, falta luz. E a peça era boa. O Magico de Oz estava em ótimas mãos. Os
atores divertindo a plateia, emocionando. Ninguém queria ir embora. Foi um
momento tenso. Lembro da atriz que fazia a bruxa aos prantos. Mas, eles fizeram
algo muito difícil: a luz voltou e eles terminaram o espetáculo. Desde então, passei
a prestar mais atenção no trabalho dele. Acabamos amigos e ele sempre me
convida para ver o que está fazendo. Hoje, fui assistir O Chapeleiro Maluco, no
mesmo evento do ano em que nos conhecemos. Sim, eu vou para gostar. Mas, não
saberia fazer isso forçadamente. Acontece que o trabalho do Igor tem um cuidado
e um capricho que são especiais e que ficam evidentes neste espetáculo. Pode
ter quase nada de cenário. Mas, uma tábua vai ser uma mesa e vai ser também o
Big Ben. Isso mesmo. Aquele relógio inglês, ponto turístico da cidade. Acontece
que o Grupo Leva Eu se dedica ao básico do teatro, a uma história bem contada,
a autenticidade dos seus atores <span style="background: white;">Juliana
Johann, Josué Fraga e Alessandra Souza</span> que são harmônicos e
revelam a potência do teatro feito sem protagonismos e com poucos recursos</span>.
Como havia muitas falas em inglês (embora fossem traduzidas) tive dúvidas da
compreensão. Mas, a reação do público demonstrou que isso não chegou a ser uma
barreira. Aliás, as crianças que lotaram a sala deram uma aula de comportamento.
E é na criatividade de usar uma luz estroboscópica para mostrar a passagem dos
personagens por um local desconhecido, no jogo entre o imaginário do espaço delineado
pelas falas e atuações e o realismo de uma xícara de chá que vai parar na mão
do público, que O Chapeleiro Maluco vai se mostrando um teatro infantil que
respeita quem vai ao teatro. Assim, eles conseguem comprovar, mais uma vez, que
o teatro é uma das artes mais criativas que existe. Que, se bem feito, pode nos
fazer viajar de Porto Alegre à capital da Inglaterra em segundos. E por respeitar todo esforço que significa
levar ao palco um trabalho assim é que eu não vou indicar aqui os poucos pontos
que eu acho que poderiam melhorar e não faço isso, também, porque o diretor tem
a humildade de dizer que está aberto as minhas considerações e reage ao meu
comentário dizendo que estava, justamente, querendo esse olhar de fora. Assim, não
preciso enfatizar algo que, provavelmente, já estará diferente nas próximas
apresentações. Essa atitude traz à tona uma das características mais
importantes do teatro que, como arte viva, é diferente a cada representação e, ao
contrário do cinema, pode ir se construindo a partir da experiência e do
público, garantindo o verdadeiro sentido do Teatro Aberto e de um diretor amigo. <o:p></o:p></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-40206879691588255342015-05-03T18:56:00.002-07:002015-05-03T18:56:07.891-07:00Abobrinhas com novos recheios<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 1.38; overflow: hidden;">
<div style="display: inline;">
<br />Já escrevi antes sobre este espetáculo, mas, a bem da verdade, o que vi hoje não era a mesma coisa. De qualquer forma, é um novo desafio escrever sobre Abobrinhas recheadas. Porque se engana quem pensa que é só de humor que se trata o que é colocado em cena. É uma linguagem que eu ainda não havia lido nada sobre ela. É em cima da mímica, mas vai além. Lembra algumas brincadeiras de criança e, se traz a música da Velha a fiar, o que vemos no palco é um exercício de sincronicidade, de trabalho em conjunto que faz com que a plateia lotada, logo perceba que é uma cena que merece ser fortemente aplaudida. E, se outros espetáculos ou atores, acham difícil conquistar o público, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000388520935" href="https://www.facebook.com/diego.mac.14" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Diego Mac</a> faz isso desde o começo. <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000468865677" href="https://www.facebook.com/daniela.aquino.10" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Daniela Aquino</a>, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100004450483560" href="https://www.facebook.com/denis.gosch.7" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;">Denis Gosch</a>, Joana Amaral e Nilton Gaffree são de uma eficiência perturbadora, pois, não raro, não sabemos a quem prestar mais atenção. E os números apresentados vão da sutileza da música de Adriana Calcanhoto ao caos de Renato Russo. E, enquanto assisto a expressividade dos gestos e movimentos faciais de Daniela Aquino, Denis Gosh e Nilton Gaffre penso que seria ótimo se a cantora pudesse vê-los, pois, as escolhas feitas acrescentam novos sentidos à música. Um repertório eclético, cômico, romântico, brega, onde só eles conseguem me fazer ver alguma utilidade em uma música que diz “vou te amarrar na minha cama”. Não vou fingir que tenho competência para analisar exatamente o que está por trás do que faz rir as pessoas presentes ou de alguém gritar “bravo” para a ação dos atores/bailarinos sobre uma música das mais simplórias. Mas, ao mesmo tempo, é muito claro para mim que existe um forte trabalho de pesquisa para chegar naquele resultado. Algo que pode partir do improviso, mas que acaba colado em cada palavra, como se a única forma de expressar aquele sentido fosse aquele gesto e não milhares de outros possíveis. E, justamente quando eu estou pensando que seria bom se o Abobrinhas começasse a fazer como o Tangos e Tragédias e convidar alguém para a plateia, Joana Amaral faz uma linda interpretação de Feito picolé ao sol, do Nico Nicolaiewsky e sou pega pela emoção. Como posso sentir saudade de alguém que nem conheci? Mas, é exatamente o que os artistas fazem conosco. E aqui eles trazem essa harmonia entre os integrantes e, ao mesmo tempo diversidade. E isso é explorado da melhor maneira nos “números” individuais e nos feitos pelo grupo. Espero que os alunos do Departamento de Artes cênicas da UFRGS tenham tido a oportunidade de ver sua professora em cena e observar a capacidade dessa linda mulher ser tão expressiva e cômica. Denis Gosch é, para mim, o nosso Philip Seymour Hoffman e isso é uma das coisas que me faz pensar que essa forma de interpretar as músicas deveria percorrer não apenas o Brasil, mas ir lá para fora, mostrando o que está sendo feito por aqui. E, como se meus pensamentos também fizessem parte da apresentação de hoje, o grupo encerra com uma música em inglês e a distribuição de Bis (o chocolate) para a plateia que aplaude com prazer. De minha parte, quero uma vida longa ao Abobrinha. A ponto de quando eu procurar uma imagem no site de pesquisa, não me venha a receita do alimento, mas a foto desse grupo cheio de talentos.</div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}">
<div class="mtm" style="margin-top: 10px;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206971942363791&set=a.1693281298636.2097797.1435917002&type=1&src=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-xpa1%2Fv%2Ft1.0-9%2F11169925_10206971942363791_3104539473813562251_n.jpg%3Foh%3Dc818611595f684819f35255b24e19399%26oe%3D55C85813%26__gda__%3D1438787589_2f79341c1ea663a82b461adfded82fdd&size=300%2C200&player_origin=story_view" class="_4-eo" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206971942363791&set=a.1693281298636.2097797.1435917002&type=1" rel="theater" style="-webkit-box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.0470588) 0px 1px 1px; color: #3b5998; cursor: pointer; display: block; position: relative; text-decoration: none; width: 300px;"><div class="uiScaledImageContainer _4-ep" id="u_0_r" style="height: 200px; overflow: hidden; position: relative; width: 300px;">
<img alt="Foto de Helena Maria Mello." class="scaledImageFitWidth img" height="200" src="https://fbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpa1/v/t1.0-9/11169925_10206971942363791_3104539473813562251_n.jpg?oh=c818611595f684819f35255b24e19399&oe=55C85813&__gda__=1438787589_2f79341c1ea663a82b461adfded82fdd" style="border: 0px; height: auto; min-height: 100%; position: relative; width: 300px;" width="300" /></div>
</a></div>
</div>
</div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.0799999237061px;">
<form action="https://www.facebook.com/ajax/ufi/modify.php" class="live_10206971942363791_316526391751760 commentable_item autoexpand_mode" data-ft="{"tn":"]"}" data-live="{"seq":0}" id="u_0_s" method="post" rel="async" style="margin: 0px; padding: 0px;">
<div class="_5pcp _5vsi" style="color: #9197a3; margin-top: 10px; position: relative;">
<a aria-live="polite" class="UFILikeLink" data-ft="{"tn":">"}" data-reactid=".0" href="https://www.facebook.com/helenamaria.mello/posts/10206969160014234:1#" role="button" style="color: #6d84b4; cursor: pointer; text-decoration: none;" title="Curtiram isso">Curtir</a> · <a class="comment_link" data-ft="{ "tn": "S", "type": 24 }" data-reactid=".1" href="https://www.facebook.com/helenamaria.mello/posts/10206969160014234:1#" role="button" style="color: #6d84b4; cursor: pointer; text-decoration: none; vertical-align: inherit;" title="Deixar um comentário">Comentar</a> · <a ajaxify="/ajax/sharer/?s=2&appid=2305272732&id=10206971942363791&p%5B0%5D=1435917002&p%5B1%5D=1073743115&share_source_type=unknown" class="share_action_link" data-ft="{ "tn": "J", "type": 25 }" data-reactid=".2" href="https://www.facebook.com/helenamaria.mello/posts/10206969160014234:1#" rel="dialog" style="color: #6d84b4; cursor: pointer; text-decoration: none;" title="Enviar para amigos ou publicar na sua linha do tempo.">Compartilhar</a></div>
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Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-40402844010401291992015-01-20T00:12:00.003-08:002015-01-20T00:12:49.233-08:00Libertando-se do papel da mocinha<span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fui
ver Livre no Domingo e não tinha escrito nada porque, embora tenha gostado do
filme, não achei impactante. Mas, vi comentários por aqui e me deu vontade de
escrever sobre ele também. Já tinha ficado impressionada com Reese Witherspoon saindo do papel de bonitinha e
romântica para papéis fortes no filme Uma boa mentira, onde ela faz um
personagem que recebe refugiados da África. Mesmo tendo sido vencedora do Oscar
em Jonhy e June, ela vinha presa a comédias românticas. O que, certamente, não
é o caso de Livre, onde achei ela bem, porém, uma das coisas que saí me
perguntando é se uma outra atriz no papel não teria transformado o filme em
algo que me atingisse mais profundamente. Até porque se trata de uma superação
de uma vida de dramas. E, o que me faz questionar ainda mais sobre isso é que </span><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Laura
Dern<span class="apple-converted-space"> </span>está incrível no papel de sua
mãe, totalmente convincente e impressionante em todas as cenas e isso que ela
nem aparece tanto assim. Meu sobrinho achou curioso eu fazer essa reflexão.
Disse que não costuma sair pensando como seria se um outro ator estivesse em um
determinado papel. Bem, pois eu, não fazia. Agora, faço. Acho que faz parte do
meu processo de entender a diferença entre atores/personagens, o que até pouco
tempo ainda estava muito vinculado. De
qualquer forma, o filme tem muitos méritos já que o fazer com que o espectador
fique acompanhando com interesse alguém em uma trilha não é algo fácil e eu,
pelo menos, não achei nada monótono. Ponto para o roteiro (baseado em uma
história verídica de </span><span style="background: #FBFBF8; color: #4d4242; font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: 9.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Cheryl Strayed</span>
do livro Wild<span class="apple-converted-space"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">). O
fato de ser um filme basicamente ao ar-livre garante a beleza da fotografia e
não tenho dúvidas de que existe uma mão firme de direção. Não saberia dizer
quem poderia substituir a Reese Witherspoon. Ainda não me ocorreu. E, volto a
dizer, que aplaudo o fato dela estar indo além dos personagens que havia feito
até então. Não tenho dúvidas de que foi um imenso desafio até porque o filme é
totalmente calcado nela, na sua atuação. Talvez seja o caso de deixá-la
amadurecer em personagens dramáticos para que possa, um dia, me arrebatar</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-NPbd1dBFc-M/VL4N1cNoasI/AAAAAAAABgM/GJF8xM518eQ/s1600/livre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-NPbd1dBFc-M/VL4N1cNoasI/AAAAAAAABgM/GJF8xM518eQ/s1600/livre.jpg" height="320" width="217" /></a></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-73136634649723161412014-12-09T13:28:00.001-08:002014-12-09T13:28:20.142-08:00Buenos Aires, uma cidade para se comemorar! <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-P53ERdXwmlA/VIdpMinfFoI/AAAAAAAABfE/-oAWPn8-i8s/s1600/Buenos%2BAires5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-P53ERdXwmlA/VIdpMinfFoI/AAAAAAAABfE/-oAWPn8-i8s/s1600/Buenos%2BAires5.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Depois de Paris, Buenos Aires sempre foi a cidade preferida
de minha mãe. Com quatro filhos, meus pais não tinham, exatamente, férias, mas,
eventualmente, conseguiam roubar alguns dias para visitar a capital Argentina.
Crescemos ouvindo histórias de seus dias caminhando pela 9 de julho,
Corrientes, Suipacha, Santa Fé e sobre suas compras que, para nós, significavam
pirulitos gigantes e chocolates suíços. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não cansamos de contar aos amigos a história do dia em que
minha mãe saiu do hotel, comprou toda uma roupa nova, uma peruca e, ao voltar,
foi barrada por um recepcionista que não a reconheceu. Assim, acabamos querendo
vir com eles algumas vezes e, nos últimos anos, tenho tido a chance de voltar
seja sozinha ou em família. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não dá para apagar esse afeto que tenho por essa cidade de
ruas largas e prédios de arquitetura tão semelhante à francesa. O que, aliás,
não é à-toa, já que muitos foram mesmo projetados por profissionais europeus.
Por isso, entendo, perfeitamente, o desejo de minha mãe de ir comemorar o aniversário
lá. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Menos de duas horas de Porto Alegre e estamos hospedadas em
um hotel a poucas quadras do Obelisco. O que, como diz uma das minhas irmãs é a
Tour Eiffel portenha. Descobri esse local na internet e temos sido bem
acolhidos por uma diária menor do que muitos hotéis no interior do RS. Boa
cama, bom banho e medialunas no café da manhã, entre outros tipos de bolo que
minha mãe tanto adora. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No mais, é seguir pelas ruas planas e ver lindas praças,
beber vinho e comer milanesas e empanadas. Sim, na hora de pagar pelas
refeições sabemos que estamos muito distantes daqueles anos tão vantajosos para
os brasileiros. Não importa se, no câmbio, cada real vale mais de três pesos,
tudo também triplica de valor. Não vale mais a pena comprar nem roupas, nem sapatos,
nada. Ainda é possível achar um pequeno objeto diferente e interessante por um
valor razoável para não voltar de mãos vazias para os parentes e amigos. Mas, é
só. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tem sujeira nas ruas e, não é de agora. Assim como gente
pedindo ou dormindo nas calçadas. Mas, o movimento intenso de gente nos bares e
restaurantes até depois da meia-noite faz com que tenhamos a impressão de que
estamos mais seguros do que em nossa própria cidade. Talvez, não seja bem
assim. Talvez, seja mais uma questão de hábito que eles ainda mantenham como o
cigarro, a leitura nas ruas e o costume de comprar flores ou ir ao teatro.
Esses, aliás, em quantidades absurdas e com enormes filas. E, enquanto eles
ganham toda a minha simpatia por esse desejo de cultura, o contrário não acontece.
Eu, que busco sempre entender o comportamento alheio, observo o jeito nada
sorridente dos argentinos de Buenos Aires e relevo o atendimento quase
agressivo, principalmente nos mercados e serviços, o que transforma um simples
sorvete em uma experiência de paciência e compreensão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sei que os argentinos estão ressentidos da sua situação e a
enxurrada de brasileiros que transita para lá e para cá não é exatamente o que
eles queriam, mas todo cidadão deve saber que turistas trazem divisas para o
país e, mesmo que eu não esteja lá para resolver nenhum problema econômico e,
nem mesmo para pensar no que significa essa alta inflação, nós também temos
nossos próprios problemas e a vontade de escapar deles indo para a cidade
vizinha. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
E como acreditamos na vida após a morte e já doamos o corpo,
fizemos um acordo de que quando uma de nós se for, a homenagem será, se for
verão, derramar as lágrimas de saudade no mar ou, no inverno, com uma bela
garrafa de vinho e Buenos Aires é sempre um bom destino para isso. <o:p></o:p></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-82790084493254115702014-12-01T01:35:00.001-08:002014-12-01T01:35:19.134-08:00Eles encontraram mais de 100 formas para o amor <div class="MsoNormal">
Quando no início do espetáculo, anunciam o nome dos <b>bailarinos</b> e citam Denis Gosh, acho
estranho. Afinal, sempre ouvi que profissionais da dança tinham que ser muito
magros. Mas, precisou apenas alguns minutos de espetáculo para eu perceber que,
não havia nada de errado nessa definição. Muito pelo contrário. Gosh dança
muito e, se ele tem algum desejo de parecer mais magro, consegue no palco. Ele
mantém uma leveza a cada passo e mostra também sua força, sustentando diversas
vezes outras pessoas do grupo. Além disso, carrega do teatro toda a sua
expressividade. Não é por acaso que ele assina a direção de elenco desses oito
bailarinos (Aline Karpinski, Dani Dutra, Eduardo Richa, Fernando Faleiro, Joana
Amaral, Juliana Rutkowski e Renata Teixeira) que, sendo tão únicos, parecem um
só. E eles começam com uma música francesa, o que, é claro, me agrada. Mas, ao longo
do espetáculo, ouvimos músicas de diversas nacionalidades. E não é só isso.
Existe uma mistura de muitos estilos. Eles
mexem com o preconceito, com essa vigilância sobre o que devemos ou não ouvir e
põem em cena músicas que, não raro, são rejeitadas justamente por quem
frequenta teatro. Nesse espetáculo, não existe música brega ou de elite. As escolhas são surpreendentes e a trilha é
totalmente eclética. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sem nada de cenário, o palco totalmente nu, os bailarinos
ocupam o espaço todo o tempo. Não todos. Aliás, um ponto alto de 100 formas
para amor é, justamente, o jeito de “costurar” a coreografia de uma música para
outra. Quem poderia imaginar aquelas emendas? Aquelas 100 formas de sair de
cena? Só na mão de um diretor como Diego Mac tudo pode acabar tão bem conectado
e apresentar essa perfeição cênica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Existe também uma mescla de precisão e criatividade, duas
características que, a princípio, nos parecem antagônicas. Em 100 formas de
amor, elas estão em cada momento, em cada gesto que mantém tão presente a Macarena
que o grupo já mostrou que pode ser poética. Mas, o grupo não mostra só o lado
leve do amor, mas, também, os exageros da paixão e do ciúme. E, se grandes
chefs de cozinha dizem que não se deve pegar um ingrediente e tentar fazê-lo
ser outra coisa, as escolhas desse espetáculo mostram que, às vezes, uma música
quer ser outra coisa. Assim, tem horas que, simplesmente, recordamos o que a
música traz à memória e, em outras, somos completamente surpreendidos pela
proposta dos coreógrafos. São muitos gestos, muitos movimentos, como o
revezamento dos bailarinos durante a música Eduardo e Mônica. Nada é previsível
na dramaturgia de Gui Malgarizi. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A maquiagem é singela, mas faz brilhar o rosto dos bailarinos,
trazendo glamour e beleza, mas não vou fingir que sei como Fabrício Simões
conseguiu aquele resultado de iluminação que dá poesia a cada momento, que
destaca alguns pares em detrimento de outros e, depois, ilumina todos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O figurino de Fabrício Rodrigues é sofisticado. As roupas
parecem luxuosas e, embora nenhum bailarino esteja vestindo a mesma coisa, existe
uma profunda harmonia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não consigo deixar de pensar que adoraria receber um abraço
como tantos que vi e ser carregada por alguém daquela maneira. Aquela entrega
já é o amor. E é justamente a música com esse nome, na versão de Maria Bethânia,
que vai mexendo comigo, com a minha vontade de amar assim. Logo eu que já
cantei tantas vezes com deboche essa música tão melodramática. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Mas, tudo isso é pouco diante do que sinto” ... para dar
uma pequena ideia da capacidade desse grupo em alternar ritmos, o que, sem
dúvida, exige muito e a gente sai do
espetáculo pensando que outra música seria bom vê-los dançar. Que venha o 200
formas para o amor! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/30PfKSuayKA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-89659221916154112762014-11-26T15:09:00.001-08:002014-11-26T15:09:18.728-08:00De filho para pai<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-PjVns8dFg_o/VHZdhdPZrnI/AAAAAAAABec/ed2miasVj7U/s1600/FRAGA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-PjVns8dFg_o/VHZdhdPZrnI/AAAAAAAABec/ed2miasVj7U/s1600/FRAGA.jpg" height="320" width="267" /></a></div>
<br /><div class="MsoNormal">
Ambientes teatrais costumam reunir boas histórias e nem
sempre elas estão no palco. É o caso de Paulo Fraga, pai de um dos alunos do
Festival de Teatro Estudantil em Viamão que se aproximou para falar sobre a
peça que ele havia gostado. Aos poucos, foi contando que havia começado a ver
teatro somente há uns três anos quando veio para cidade. Com 55 anos, tanto
divido até então na zona rural, conta que o primeiro filme que assistiu foi com
seus amigos. Sentados em cima de vacas, olhavam o “cinema” projetado em um
galpão, uma história do Teixeirinha. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi o filho Josué de 15 anos que o aproximou das
apresentações na escola. Tendo participado de apenas quatro espetáculos até
hoje conseguiu Destaque de Melhor ator em 2013 no espetáculo Memórias de um
sargento de Milícias e foi indicado no Festival de teatro Municipal. Ele só dá
motivos de orgulho ao pai que sempre que pode o acompanha. Foi assim que Paulo
acabou participando do Curta Gaúcho Oxigênio. “Eles precisavam de alguém mais
velho e eu estava lá”. Fraga conta que os filhos tocam vários instrumentos e,
provando que os apoia nesse lado artístico, conta que, mesmo não tendo muitas
posses, tem um bom investimento musical no quarto dos meninos. Segundo ele,
fazem apresentações gratuitas em asilos e para crianças carentes. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Voltando a se referir ao espetáculo Maria Degolada
apresentado no 2º Festival Estudantil de Teatro de Viamão, ele diz que se
arrepia só de falar. “Meus filhos não foram classificados, mas eu tenho que
admitir que esse espetáculo selecionado é muito bom”. Em seguida, já começa a
fazer planos com Josué, que também está sempre presente e colaborando com os
demais grupos participantes do festival, para fazer uma apresentação musical
ainda nesse Natal. <o:p></o:p></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-8933603414171254792014-11-21T12:17:00.003-08:002014-11-21T12:17:41.313-08:00Quando o jornalismo vira teatro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ddyVAhT50Cg/VG-d1ZgmcZI/AAAAAAAABeI/6dOO_gq8Z0E/s1600/malentendido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ddyVAhT50Cg/VG-d1ZgmcZI/AAAAAAAABeI/6dOO_gq8Z0E/s1600/malentendido.jpg" height="287" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">O Mal-entendido, escrito em 1941 e publicado em 1944, pelo francês Albert Camus, foi uma tentativa do autor de criar uma tragédia moderna a partir de um “fait divers” que ele teria lido em um jornal em 1935. Para quem não sabe essa é uma expressão jornalística para os assuntos que não são categorizáveis nas editorias tradicionais como política, economia, etc, apresentando casos inexplicáveis e excepcionais. Mas, quem me conhece sabe que eu não gosto de ficar adiantando a história. Assim, o que posso dizer é que, para mim, será sempre fascinante essas situações em que “revelações” surgem como um golpe do destino. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">O espetáculo de </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100001581303051" href="https://www.facebook.com/gilberto.fonseca.50" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Gilberto Fonseca</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"> e </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1674370361" href="https://www.facebook.com/atordanielcolin" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Daniel Colin</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"> (que também assina a dramaturgia) tem a coragem de apresentar ao público essa história intrincada e trágica. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000988630702" href="https://www.facebook.com/fernanda.petit.7" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Fernanda Petit</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"> está irreconhecível no papel da filha, conseguindo oscilar entre um personagem que por vezes parece frio e em outros momentos à beira de um colapso. E não estou falando aqui só da sua aparência, cujo figurino de </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1128371061" href="https://www.facebook.com/antonio.rabadan.7" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Antonio Rabadan</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;"> tão bem caracteriza todos os atores, mas de sua atuação firme, segura e tão expressiva. Por conhecê-la mais de perto, sei que ela sofre para chegar a esse resultado e que duvida de si mesma, mas, acredito que seja exatamente por isso que ela consiga se colocar em cena tão inteira, tão outra. Contracenando com </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100001706140545" href="https://www.facebook.com/gabriela.greco.79" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Gabriela Greco</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">, elas mantêm a plateia sob suspense, gerando piedade e ao mesmo tempo asco. Só </span><a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000280240895" href="https://www.facebook.com/elison.couto" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;">Elison Couto</a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">, a quem admiro e que têm a experiência de vários protagonistas, para conseguir ocupar espaço entre estas duas e acrescentar mais riqueza e energia a cada momento. Aliás, devo dizer que ele é um dos caras mais vivos e, com certeza, o mais morto que eu já vi nos palcos. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Não é à-toa que Patrícia Maciel teve certa dificuldade de fazer com que sua participação em diversas cenas tivesse a mesma vibração. Não se trata de uma tarefa fácil. Até porque seu personagem não tem a mesma história para contar, não traz as mesmas sensações. Também acredito que falte mais mistério nesse personagem de Pedro Nambuco do serviçal que, tendo um papel tão contundente na história, poderia ser mais inconveniente, sorrateiro e menos caricato. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">A trilha sonora, em minha opinião, poderia ser mais sutil. Por vezes, escorrega para um terror que não condiz com o suspense. Ou, em alguns momentos, causa cortes que não deixam fluir as cenas. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Agora, isso não diminui a competência do grupo Teatro de Areia na ocupação do Teatro de Arena que consegue transformar um espaço tão pequeno em um ambiente tão cheio de simbologia, criando uma forte atmosfera. Os elementos utilizados, a forma como os personagens interagem com eles merecem todos os elogios.</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Creio que se Camus visse essa adaptação poderia até dizer que não tinha pensado em uma irmã tão agressiva, nem numa mãe tão sem esperança, mas ele teria que confessar que também não imaginara que fosse possível fazer tanto em um local tão restrito. E é essa a arte do teatro que é viva, mutante e deve ser vista por outros olhares. Assim, recomendo que aproveitem essa oportunidade de conhecer esse texto tão bem explorado por esse grupo e tirem suas próprias conclusões.</span>Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-34142327925853391312014-11-15T02:27:00.001-08:002014-11-15T02:27:39.374-08:00Uma estrela amarela, um triângulo rosa e uma história para nunca mais esquecer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-efq93pxgP1g/VGcqfX6twAI/AAAAAAAABdo/2YSZBI984Qg/s1600/triangulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-efq93pxgP1g/VGcqfX6twAI/AAAAAAAABdo/2YSZBI984Qg/s1600/triangulo.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez, algumas pessoas, como eu, achem que tratar de
homofobia em uma época nazista seja tanta barbárie que acabe com certo receio
de ir ao teatro para ver Os homens do triângulo rosa. Por isso, foi preciso que alguns amigos
começassem a fazer comentários muito favoráveis para que eu me convencesse que
não poderia deixar de ir. Assim, preparada, fui surpreendida por um começo
quase cômico do espetáculo e a presença musical e marcante de Gisela Haybeche. Eu
conhecia sua voz de timbre aveludado das aulas do Departamento de Artes
cênicas, mas nunca tinha imaginado que ela poderia ficar quase irreconhecível
em um personagem glamoroso e, ao mesmo tempo, tão real. O figurino de Antonio
Rabadan contribui para isso. Mas, é a força, a confiança com que ela anda pelo
palco e a intensidade dos olhares que conquista. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marcelo Adams e Gustavo Susin contracenam com desenvoltura e
firmeza nos papeis de homossexuais e levam, mesmo para os campos da época de
Hitler, um lado engraçado de uma forte relação amorosa. E é esse clima inicial
de cumplicidade, tão bem desenvolvido pela dupla que desperta todo o respeito e
empatia que torna o que está por vir ainda mais cruel. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não tem como não achar que todos os elogios que eu havia
lido não foram suficientes para falar desse espetáculo feito com tanta
delicadeza, mas também com tanta garra pela Cia Teatro ao Quadrado. Com poucos
elementos cênicos (como o grande painel de pessoas aplaudindo) e ao mesmo tempo
tão fundamentais para criar toda a atmosfera de uma época tão sinistra, é preciso
uma direção corajosa como da Margarida Peixoto não só pela temática, mas pelas
cenas que, por vezes, lembram “Esperando Godot”, de Beckett, com o mesmo
non-sense tão carregado de sentido. Pelo tempo entre as falas. Pelo desafio de
prender o público deixando apenas o sentimento suspenso no ar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os homens do triângulo rosa não seria como é se não fosse a
atuação impecável de cada personagem <span style="background: white; color: #363636; font-family: "Helvetica",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">desse
elenco composto também por Alex Limberger, Pedro Delgado e Edgar Rosa,</span>
incluindo até mesmo o caminhar dos guardas e a postura que só pode vir da
rigidez e do ódio. Aliás, é um espetáculo cuja linguagem corporal preenche
todos os diálogos e tudo que não é dito. E o que vai sendo contado assim é tão
perturbador que eu me defendo buscando um olhar de espectador, de quem ainda se
fascina com esse poder da arte de nos fazer mergulhar em outro tempo e espaço. E,
ali, naquele palco, o teatro é mágico, mas, é também agonia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Violentamente, Frederico Vasques nos transporta para aquele
momento da história, nos fazendo esquecer que estamos em um espaço cênico em
uma outra época, ainda que com tanto em comum. Sua contracenação com Marcelo
Adams é impecável e intensa, não tem sobras e mostra o patético do seu
personagem preso por um fio, o da intolerância. Já Marcelo Adams nos apresenta todas as
nuances de sentimentos tão profundos e antagônicos de quem não pode fugir do
que é, nem tão pouco revelar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Assim, apesar de todas as histórias sobre o nazismo que já
vimos, esta peça, baseada no livro Bent, de Martin Sherman, nos atira para uma
realidade que não foi suficientemente relatada na história, provando que, por
mais terrível que possamos imaginar a força do preconceito nazista, este
conseguiu ser ainda pior ao tratar dos homossexuais. Não, não há como se
preparar para um espetáculo como esse porque ele é arrebatador por essa mistura
de violência e delicadeza, de crueldade e de afeto e por apontar tão duramente
o que o amor e a falta dele podem provocar na humanidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-59438321625389380622014-11-06T00:33:00.003-08:002014-11-06T00:33:49.525-08:00O milagre da Torre Eiffel<div class="MsoNormal">
Eu acredito em milagres porque eles acontecem comigo. Estava
na fila para subir na Torre Eiffel e uma senhora e uma criança de uns seis anos
falavam em francês sobre de onde vinham todas as pessoas que estavam ali,
fazendo uma lista de diversos países. Eu me meti na conversa e citei o Brasil.
Começamos a conversar. O menino, muito sorridente e esperto, dizia que não
precisaria de bilhete pois tinha uma “chave” e mostrava a sua pequena torre
dourada em um chaveiro. Eu, já cansada por ter ido a pé do centro até lá,
comentei sobre a energia do menino e disse que deveria ser a torre que lhe dava
esse poder. Ele achou engraçado e fingia que ia me dar a torre e pegava de
volta. Entramos no elevador e não nos vimos mais. Amaguei numa fila por um bom
tempo pois tinha comprado o bilhete para a parte mais alta (e menor). Não
fiquei muito tempo lá em cima pois já eram quatro horas da tarde e eu estava
sem comer nem beber nada e o corpo dava indícios de exaustão. Saí procurando
uma estação de metrô e, no caminho, encontrei um restaurante. Lembrei que minha
mãe sempre sugere que se faça uma parada para recuperar as forças quando o
caminho é longo e resolvi comer ali. Uma multidão passava pela minha frente a
cada instante em direção a torre. Não demorou muito, surge a minha frente a
mesma senhora e o menino, procurando um lugar para beber algo. O menino me
vendo diz para a senhora que quer se sentar ali. Ficam os dois ao meu lado e
começamos a conversar sobre as nossas viagens já que ela havia vindo do
interior com o menino e também fazia programas turísticos. É ela que me ajuda
depois a encontrar a estação e pegar o primeiro RER da minha viagem e chegar em
pouco tempo ao meu destino. Bem, quem já esteve por lá sabe a gigantesca
quantidade de pessoas que circula por ali e sendo o lugar mais visitado do mundo
é o pior para marcar um encontro. O
propósito? Será sempre um mistério, mas, para mim, não deixa de ser um milagre.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-ZqS7u1aoIKQ/VFsyVB7LbBI/AAAAAAAABcc/fFG5xTlAtQY/s1600/CAM00259.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-ZqS7u1aoIKQ/VFsyVB7LbBI/AAAAAAAABcc/fFG5xTlAtQY/s1600/CAM00259.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-9022102747679593442014-10-01T03:07:00.000-07:002014-10-01T03:07:15.572-07:00<div class="MsoNormal">
</div>
<br />
<ol>
<li><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 24pt; line-height: 107%;">E lá se foi
meu amigo Pierre Pitré, um dos franceses que desmente completamente aquela
ideia de que eles não têm humor e que se sentem superiores aos demais. Tive o
prazer de conviver com a sua intensa curiosidade por tudo, sua tentativa de
aprender português, dizendo churrascô e tantas outras palavras. Hospedado aqui
em casa, estava sempre disponível para toda e qualquer programação que
inventássemos. Recebendo a gente lá, era incansável em tentar nos fazer sentir
em casa, com todas as gentilezas possíveis, desde fazer questão de nos buscar
no aeroporto até nos servir vários copos de vinho. Na última vez em que estivemos
juntos, ele relembrou momentos da sua
vida e contava alegre as conquistas que fizera. Andou estrada a fora para nos
mostrar alguns lugares do seu país. Ficou um bom tempo pendurado em uma linha
telefônica só para descobrir se o albergue onde estava o meu sobrinho estaria
aberto até ele voltar. A geografia fez com que convivêssemos pouco, mas em
momentos marcantes para nós. Foi a casa que me acolheu na minha primeira vez em
Paris e isso ficará para sempre em minha memória. Apesar do pouco tempo que
tivemos juntos, deixa muita saudade e milhares de lembranças felizes de uma
alma generosa e que sabia levar uma vida com a leveza que ela merece.</span></li>
</ol>
<br />
<span style="font-size: 24.0pt; line-height: 107%;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-EV2eqFQdWEs/VCvPYR7EUyI/AAAAAAAABao/FazsUP6H-KI/s1600/2Foto%2BPitr%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-EV2eqFQdWEs/VCvPYR7EUyI/AAAAAAAABao/FazsUP6H-KI/s1600/2Foto%2BPitr%C3%A9.jpg" /></a></div>
<a href="http://youtu.be/fDio3_1AaJ8">http://youtu.be/fDio3_1AaJ8</a><o:p></o:p></span>Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-68403069499331616702014-09-07T02:59:00.003-07:002014-09-07T02:59:58.435-07:00Músicas francesas na voz de um anjo gaúcho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-9TZz4R1kDWM/VAwsjn5D9rI/AAAAAAAABZo/27cYP36Mz2U/s1600/Fernanda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-9TZz4R1kDWM/VAwsjn5D9rI/AAAAAAAABZo/27cYP36Mz2U/s1600/Fernanda.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nos tempos de hoje, não deixa de
ser estranho que uma pessoa jovem escolha o canto erudito. Sei de gente que
pode achar chato. Para mim, ouvir uma voz de soprano me remete a um tempo
passado, quem sabe a uma outra vida já que se tratava de músicas francesas?
Fato é que as pinturas da sala, o espelho, o piano e o próprio figurino negro
de Fernanda D’Almeida na Casa da Música também colaboravam para essa impressão. Não é a primeira vez que a vejo, nem que
escrevo sobre isso, mas dessa vez o repertório do recital chamado Melodies parecia
escolhido para me agradar. Como se o simples fato daquela voz límpida,
angelical já não o fizesse. É preciso também destacar o fato de que ela não se
limita a emitir aqueles sons impecáveis, ela interpreta cada palavra e me
humilha com a sua memória prodigiosa declamando antes cada letra em português. Foram
dez músicas, todas decoradas nas duas línguas, acompanhadas ao piano por Arthur
Wilkens, indo dez de uma canção sobre patinhos à Debussy. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como se já não bastasse a figura
de cabelos negros, a boca carnuda e seus olhos brilhantes, Fernanda tem
presença cênica. É expressiva. Cresce quando está no palco, mesmo que seja um
pequeno espaço lotado. Quem a conhece mais de perto comenta que ela fica bem
diferente do dia-a-dia, mas, não é assim com todo artista? Para encerrar, ela escolhe
a música “J’ai deux amants” (Eu tenho dois amantes) e enquanto canta gesticula,
sorri, faz um olhar provocador e sensual e brinca com a plateia sobre o
conteúdo da canção que chama os homens de bobos. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha prima, Doralice Alves, anda
pela Europa e não pode assistir a filha. Mas, espero que o talento do seu outro
filho, Marcelo Alves, no trato das imagens, assim como a filmagem da sua irmã
Claudia D’Almeida possam dar uma ideia do que foi essa noite chuvosa em Porto
Alegre, onde me senti um pouco em Paris. Será assim também no dia 25 de
setembro no Festival da Canção Francesa quando voltarei a ouvi-la. Fernanda D’Almeida foi uma das 10
selecionadas para esse evento que acompanho há anos e que vem reunindo grandes
talentos que fazem essa ponte que existe para mim desde criança: Paris-Porto
Alegre. <o:p></o:p></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-74499577593710115572014-07-17T20:15:00.001-07:002014-07-17T20:15:43.631-07:00Cadeira vazia? Só se for a música. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-eSI2Bkzv_Ec/U8iRQD17FuI/AAAAAAAABWs/dWDg-MCbs0c/s1600/lupi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-eSI2Bkzv_Ec/U8iRQD17FuI/AAAAAAAABWs/dWDg-MCbs0c/s1600/lupi.jpg" height="302" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Escrevo mais por
vício, pois quando um espetáculo consegue lotar um lugar como a Reitoria (depois
de já ter lotado o Teatro São Pedro) com um público entusiasmado, talvez, não
haja muito mais a dizer. Mas, me atrai essa proposta de montar musicais que
anda por aqui. E Lupicínio, em particular, me interessa. Eu conheci suas músicas
mais na voz de Maria Bethânia e fiquei impressionada com a força das letras,
com aquele sentimento todo. Mesmo assim, foi com surpresa que percebi que ainda
há muitas letras desse incrível poeta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Sou leiga no
assunto, mas, neste espetáculo, todos parecem ter competência para cantar. Tirando
alguns poucos momentos, em que alguns atores recebem suporte dos demais, em
geral, as vozes enchem o espaço com força e delicadeza. Cintia Ferrer traz para
a cena o seu carisma, o seu preparo corporal e a sua capacidade de fazer mais
de um personagem, ou seja, sua presença cênica. Raul Voges, que eu conheci
dançando lindamente com minha prima Angela Spiazzi em outro espetáculo, mostra que
é capaz de cantar muito bem. Assim como Lucas Krug que imprime em sua voz e ao
seu corpo uma expressividade trazida das experiências cênicas e um timbre que o
permite não apenas cantar, mas interpretar as músicas. E se cito
particularmente estes é porque os conheço pessoalmente ou de outros trabalhos,
mas, não há dúvidas de que todos os demais formam um grupo competente musicalmente
em cena. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Os painéis
transformados em cenário são representativos da obra e da presença de Lupicínio
em Porto Alegre. O figurino de Fabrizio Rodrigues parece adequado a cada
integrante, trazendo, em alguns momentos, beleza à cena, como acontece no
número de “Elis”. Aliás, a aparição de alguns outros artistas que fizeram parte
da vida de Lupi, assim como alguns números femininos, sem dúvida, enriquecem a
história a ser contada e o jogo com a linha do tempo mostrando Lupicínio
menino, moço ou mais velho traz uma bela dinâmica. Por escolhas como essas, nada vai diminuir o
mérito desta produção gaúcha que obtém aplausos da plateia em cena aberta, que
mostra a força e o potencial deste gênero no teatro. Porém, é justamente aqui
que encontro uma certa fragilidade. Afinal, a música de Lupi é dramática. Cada
palavra permite a visualização de uma cena. E, no entanto, isso não aparece.
Sem querer, minha irmã destaca o único item que eu já pensava comentar quando
diz: o prefeito Fortunatti estava no “show”.
E é isso que me faz buscar a definição de musical para saber se esta
impressão que ficou para mim faz sentido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
É inegável que
Artur José Pinto criou um roteiro que possui comentários inteligentes e frases
engraçadas que ilustram a vida do boêmio. Mas, não chega a ser biográfico, não
alinhava as histórias da vida do seu “protagonista”. Duas coisas evidenciam
essa falta de teatralidade a qual me refiro: os “atores” cantarem, quase
sempre, virados para o público e a visibilidade dos músicos. Não há como “entrar
na história” se vejo mexerem nos instrumentos. Tanto é que um deles até canta
uma das músicas. O que me fez ficar procurando quem estava cantando. <span class="apple-converted-space"><span style="background: white; color: #5a5a5a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"> E como, </span></span><span class="apple-converted-space"><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">a princípio, o que se chama
de musical é um gênero </span></span><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">onde a narrativa é
apoiada em um conjunto de músicas coreografadas, a meu ver, o que
acontece em Lupi é o contrário. São músicas, intercaladas por alguma narrativa
ou simplesmente por uma espécie de “pano de fundo” com ações do elenco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Não acho que para quem estava no teatro hoje à noite isso
faça alguma diferença. Tanto é que o simples hino do Grêmio provoca fortes
reações do público. Tanto a favor quanto contra. Creio que a maioria esperava
ouvir boa música e nisso não foram decepcionados. Foi uma excelente escolha
terminar o espetáculo levando o público a cantar “Se acaso você chegasse”. Entretanto, se levar a risca o título “uma
vida em estado de paixão”, devo dizer que vi mais eficiência do que emoção, mas
que ainda assim sai do teatro com um sentimento muito favorável em relação ao
que estamos conseguindo produzir por aqui. E não tenho a menor dúvida de que
este é um dos gêneros teatrais mais difíceis de ser montado e que exige muito
mais do que lindas vozes. </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-48360421898891340052014-06-09T05:10:00.002-07:002014-06-09T05:10:51.349-07:00Nico Nicolaiewsky: a vida interrompida de um personagem eterno.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-cm7lTRKuJ_c/U5WkJmJZ-FI/AAAAAAAABUY/fQPJJp_Q3Lo/s1600/NICO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-cm7lTRKuJ_c/U5WkJmJZ-FI/AAAAAAAABUY/fQPJJp_Q3Lo/s1600/NICO.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="background: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;">“Eram duas caveiras que se
amavam e que a meia-noite se encontravam....” Esse é apenas um dos trechos das
muitas músicas que estão na cabeça de todos os que assistiram Tangos e
Tragédias. O espetáculo criado, em 1984, por Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;">, chegou a entrar em sua <span style="background: white;">30ª temporada no dia 9 de janeiro, no Teatro São
Pedro, com todos os ingressos praticamente vendidos, mas teve que ser cancelado.
Nico Nicolaiewsky que estava hospitalizado no Moinhos de Vento, desde o dia 23 e
lutava contra uma leucemia mielóide aguda não resistiu. No dia 7 de fevereiro,
a cidade amanheceu de luto com a notícia da morte, aos 56 anos, do ator.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 3.6pt; mso-outline-level: 3; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nelson Nicolaiewsky,
seu nome de batismo, nasceu no dia 9 de junho de 1957, em Porto Alegre.<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Estudou piano desde os 7 anos e, </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">e
aos 13, foi aprovado em um teste no Instituto de Belas Artes da UFRGS, onde
seguiu seus estudos até os 16 anos. </span><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Na década de 1970, aos 21 anos, foi um dos fundadores do “Musical
Saracura” um dos mais importantes grupos do Rio Grande do Sul que,
infelizmente, teve um único Cd gravado antes de se dissolver</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">. </span><span style="color: red; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1984, o Tangos e Tragédias recém estava
começando as apresentações quando Nico foi para o<span class="apple-converted-space"> </span></span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro" title="Rio de Janeiro"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Rio de Janeiro</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">, morando lá durante 10 anos e estudando com
o maestro<span class="apple-converted-space"> </span></span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans-Joachim_Koellreuter" title="Hans-Joachim Koellreuter"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Hans-Joachim
Koellreuter</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ao
retornar ao Rio Grande do Sul, lançou dois discos solo: Nico Nicolaiewsky
(1996) e As Sete Caras da Verdade (2002). O primeiro contém valsas e canções
líricas e virou trilha do filme Amores, de Domingos de Oliveira. O segundo
consiste em uma ópera-cômica. Em 2007, Nico Nicolaiewsky lançou seu terceiro
disco, intitulado<span class="apple-converted-space"> Onde Está o Amor? que,
diferente dos anteriores, contém músicas de caráter mais pop. O disco foi
produzido por John Ulhoa,</span></span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-converted-space"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">guitarrista
da banda Pato Fu, e além de composições próprias, inclusive canções do Musical
Saracu</span>ra, como
"Marcou Bobeira" e "Flo</span><span class="apple-converted-space"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">r",
o repertório incluía releituras de clássicos da música brasileira como
"Maluco Beleza" de Raul Seixas, "Ana Júlia" dos Los
Hermanos e "Dia de Domingo" de Tim Maia. </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.25pt; line-height: 150%;">Conhecido em todo o Rio
Grande do Sul, o ator participou de programas da RBS TV e da Rede Globo, como o
Galpão Crioulo, tradicional atração de música regionalista do estado.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Um dos seus últimos trabalhos foi o espetáculo de
2013 "Música de Camelô", onde cantava sozinho ao piano, canções populares
como "Ai Se Eu Te Pego", de </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Tel%C3%B3" title="Michel Teló"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-themecolor: text1; text-decoration: none; text-underline: none;">Michel
Teló</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">, e "Tô Nem Aí", da cantora <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Luka" title="Luka"><span style="color: black; mso-themecolor: text1; text-decoration: none; text-underline: none;">Luka</span></a>,
</span><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">Mas foi com o Tangos & Tragédias que
conquistou reconhecimento nacional. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tangos & Tragédias era um espetáculo que
reunia música, humor, teatro e muita interação com o público. Os recursos
cênicos eram garantidos pela ficção construída em torno dos dois personagens: o
Maestro Plestkaya (Nico Nicolaiewsky) e o violinista Kraunus Sang (Hique
Gomez), artistas vindos de um país imaginário chamado Sbørnia. Todas as músicas
escolhidas, canções brasileiras e sucessos da música internacional, passavam
pela comicidade dos dois, criando um espetáculo capaz de agradar diferentes
plateias e faixas etárias. O espetáculo foi encenado nos mais importantes
teatros do Brasil e recebeu uma versão integral para língua espanhola, apresentada
na Argentina, Equador, Colômbia e Espanha. Em 2003, em Portugal, Tangos e
Tragédias foi escolhido pelo público como o melhor espetáculo durante o
Festival Internacional de Teatro de Almada e, em 2004, como "Espetáculo de
Honra". Em 2007, voltaram para uma semana no teatro Tívoli e rápida turnê
pelo país. Nesse mesmo ano, o espetáculo foi lançado em DVD. </span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -.25pt; line-height: 150%;">Em 2011, foi eleito o Melhor Show Popular do ano pela
Associação Paulista de Críticos de Arte. As aventuras dos personagens Kraunus
Sang e maestro Plestkaya também viraram filme, a animação “Até Que a Sbórnia
nos Separe”, do cineasta Otto Guerra, exibida no Festival de Gramado de 2013.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tangos e Tragédias: as razões do seu sucesso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O espetáculo, que </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">criava todo um contexto imaginário sobre a cidade batizada pelos
artistas de Sbórnia, não obteve sucesso logo no início. <span class="textexposedshow"><span style="background: white;">Durante dois anos foi
apresentado em barzinhos de Porto Alegre para pequenas plateias. Só em 1986 faz
a primeira apresentação no palco do Instituto Goethe de Porto Alegre com a
participação de Dilmar Messias, ator e diretor que encarnou Frantz, um dos
primeiros (serão muitos artistas ao longo das três décadas) “sbornianos célebres”.
Ainda assim, poucas pessoas assistiram essa primeira temporada. Isso não
impediu, porém, que no ano seguinte eles estreassem no Rio e em São Paulo e que
em 1988, fizessem a primeira estreia da temporada de verão no palco mais
importante de Porto Alegre, o Theatro São Pedro.</span></span></span><span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #7030a0; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Hique Gomez atribui o início do sucesso de
Tangos e Tragédias a uma entrevista no programa do Jô Soares onde, <span class="textexposedshow"><span style="background: white;">ao longo dos anos de 1990,
eles farão 14 aparições e irão garantir a presença em massa dos
porto-alegrenses. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 20.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
Tratando com humor grandes temas como
o amor impossível, a dor-de-cotovelo e outras tragédias do ser humano, Tangos
& Tragédias reunia música, humor, teatro e muita interação com o público
que insistia em retornar cada vez que o espetáculo entrava em cartaz. Apesar
das plateias lotadas, não era difícil encontrar em Porto Alegre quem nunca
tivesse visto Tangos e Tragédias, mas poucas pessoas haviam visto apenas uma
vez. E o que tornava esse espetáculo tão atraente para o público? Afinal, eram
poucos elementos de cenário, apenas dois artistas no palco, um figurino simples
e uma maquiagem caricata para reforçar os tipos e, apesar de algumas
atualizações, as falas e as canções eram praticamente as mesmas. Para compreender
esse fato é preciso destacar a multiplicidade de talentos de Nico Nicolaiewsky.
Sua formação musical clássica aliada a sua sensibilidade de identificar o valor
da música popular. <span style="color: #333333;">Nico era músico, cantor,
compositor e ator. Afora isso, havia seu </span>indiscutível carisma no papel de maestro, conduzindo
homens, mulheres e crianças a cantar junto com a dupla. <o:p></o:p></div>
<div style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 20.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
De forma irônica, mas sem nunca
desrespeitar, debochar ou tentar fazer graça com os equívocos dos presentes,
eles conquistavam o público. Os personagens seguiam um roteiro em que um
assumia a liderança e o outro reforçava suas ironias. Um maestro que tocava
acordeom e que contava histórias trágicas, cheias de emoção, no papel de líder,
e <strong>Kraunus Sang</strong><span class="apple-converted-space"> </span>(<strong>Hique
Gomez</strong>), apoiando ou até mesmo contrariando simplesmente com gestos ou
com mudanças de fisionomia e seus olhos expressivos, formando uma cumplicidade
profunda e arrebatadora. É a partir dessa simbiose que surge a grande força
cênica que é transmitida nas entrelinhas do que é ou não, dito. Nos momentos de
tensão dos intervalos entre as notas. Na expectativa do público do que àqueles
dois pretendiam fazer no próximo instante. Na capacidade deles de sustentarem esse
suspense como longas notas de um instrumento para finalizar com alguma atitude
brusca, uma fala simples, levando o público às gargalhadas. E essa mistura
entre a qualidade musical dos dois artistas e esse humor ora ingênuo, ora
arguto e corrosivo, essa ironia implacável, associada à sutileza das frases
poéticas, isso tudo foi construindo esse sucesso que só se torna possível
quando atinge o público e esse faz reverberar o quanto é divertido e agradável
ver Tangos e Tragédias. Não uma, mas duas, três, dez vezes. Porque as piadas
podiam ser as mesmas, mas havia o caráter de improviso a cada apresentação, o
que ocorre sempre que o espetáculo valoriza a interação com o público. Não
importa se era previsível que alguém seria chamado ao palco. Afinal, ninguém,
nem mesmo eles, sabia quem seria convidado a participar e isso tornava aquele
momento único. O que Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez sabiam fazer com perfeição
era valorizar o efêmero. O público percebia que, independente de todos os
ensaios, eles estavam ali presentes, inteiros, executando as melodias com o
prazer de uma primeira vez, mas com a eficiência de quem aprendeu a dominar uma
platéia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Talvez, seja importante considerar também
que, por mais emocionantes e interessantes que fossem suas apresentações,
provavelmente eles não teriam atingido o mesmo sucesso sem todo o imaginário
criado em torno da cidade fictícia de onde teriam vindo esses dois talentosos
artistas. Citadas pelos dois durante o espetáculo, as características da Sbórnia,
seu povo e seus costumes foram rompendo o espaço cênico e, aos poucos, fazendo parte
da cultura dos gaúchos. Apresentada no palco, a dança chamada por eles de
Copérnico (em que os braços e as mãos ficam imóveis e só a cabeça se
movimenta), tornou-se conhecida em Porto Alegre. Aparentemente “non-sense”, a
história da Sbórnia trazia traços da realidade econômica e social vigente no
Brasil e todos os dados sobre o seu sistema político, o turismo, a moeda
oficial da Sbórnia vinham carregados de críticas ao país. Na história do
espetáculo, contada pelos próprios autores em seu espaço de divulgação, é
difícil identificar o que é real ou foi criado apenas para fazer graça e é
justamente essa mescla que torna tudo tão interessante. Não há dúvidas, porém,
de que muitas ideias levadas ao palco surgiram a partir das experiências reais
dos seus autores. Um exemplo disso, é o relato de Nico Nicolaiewsky sobre o
plano de levar para fora do teatro a encenação do Tangos e Tragédias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">“<i>Lembro
da primeira vez que saímos tocando do teatro para a rua. Nós íamos terminar o
show, como sempre, saindo do palco e entrando no camarim. Acontece que o
camarim estava trancado e nós não tínhamos para onde ir (o palco nesse teatro –
Teatro Cândido Mendes no Rio de Janeiro – dava direto para o camarim, não tinha
corredor), então começamos a sair do palco pela única saída que restava que era
a saída para a rua e o povo nos seguindo e cantando. Aí nós continuamos a tocar
e fomos até a praça. E o povo nos seguindo. A partir daí fazemos igualzinho em
todos os shows como se fosse pela primeira vez.”(NICOLAIEWSKY, Nico)<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fato é que, durante muitos anos, Porto Alegre teve a chance
de presenciar um espetáculo a céu aberto em uma das áreas mais nobres da
cidade, na Praça da Matriz. Juntavam-se àqueles que haviam comprado ingresso,
pessoas só para assistirem a essa pequena parte, que já sabiam que, no final,
Pletskaya e Kraunnus Sang arrastariam centenas de pessoas para fora e se
dirigiam para o local só para assistir essa pequena parte. Assim, a proposta
artística de Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez foi levada, literalmente, muito
além das paredes do Theatro São Pedro, onde também seria, finalmente, a
despedida do Maestro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma enorme faixa preta foi colocada na
fachada. Lá, os amigos e pessoas de todas as áreas importantes da cidade foram
dar adeus ao artista. O </span><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">governador Tarso Genro
decretou luto oficial de três dias e visitou o local, que pela primeira vez
sediava um velório, para também prestar homenagem ao músico.</span><span style="background: white;"> </span><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Grandes nomes da
música e do teatro foram confortar a família e amigos de Nico como os músicos
Nelson Coelho de Castro, Vagner Cunha, Thedy Correa, Sady Homrich, o escritor
Luis Fernando Verissimo e a mulher Lucia, o diretor Zé Adão Barbosa, os atores
Zé Victor Castiel, Rogério Beretta, a diretora e coreógrafa Carlota Albuquerque
e os maestros Antônio Borges-Cunha e Tiago Flores. <span style="color: #333333;">O
caixão estava no fosso que separa o palco da plateia, coberto por um pano preto
com a Estrela de Davi, conforme a tradição judaica. Sobre esse, uma manta que Nico
ganhou de presente do pai com notas musicais e teclas de piano.<span class="apple-converted-space"> </span></span></span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -.25pt; line-height: 150%;">No palco, foram colocados uma cadeira vazia e um piano no
qual </span><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">algumas pessoas tocaram como Simone Rasslan, Arthur de Faria
e Fernando Pezão. Hique Gomez emocionou tocando violino e anunciando a criação
do instituto de “Artes Sbornianas” para preservar a obra do parceiro com quem
dividiu 30 anos de palco.</span> <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sua filha, a escritora Clara
Averbuck escreveu</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">:</span>
<i>“</i><i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eu sempre estive lá, então acho que nunca cheguei a realmente dizer o
tanto que eu admiro o trabalho que o Nico e o meu pai fizeram, como aquele
espetáculo foi mágico, como era lindo, como me surpreende e deleita a
capacidade dele de tocar absolutamente todo o tipo de pessoa, como era um
imenso gerador de alegria para todos que assistiam com o incrível poder
transformador das coisas feitas com o coração, capazes de fazer multidões
entrarem em catarse. Eu sei todas as letras de todas as músicas há anos, sei
todos os timings das piadas, tudo. Faz parte de mim. Faz parte de quem eu sou.
E eu nunca pensei que fosse terminar. Esse ano, no dia da estreia, meu pai
esqueceu um apetrecho fundamental para o cabelo do Kraunus e eu e minha mãe
fomos correndo levar no Theatro. O Nico estava fazendo uns acertos com o
Levitan e o Pezão, a Gran Orchestra da Sbornia, já prontos pra entrar no palco.
Quando me viu, largou o acordeon e me deu um abraço tão apertado e querido que
eu quis ficar para ver o espetáculo mais uma vez. Pensei: ah, depois eu vejo.
Vai ter sempre. O Tangos nunca vai acabar</span></i> <i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E não vai mesmo. O Tangos e Tragédias está eternizado no coração de cada
um que viu, de cada um que conheceu, de cada um que, nesses 30 anos, saiu cheio
de alegria daquele e de outros teatros pelo Brasil e pelo mundo. Agora cabe a
nós espalhar e registrar ainda mais a genialidade desse espetáculo que tocou tanta
gente. Obrigada, Nico, por tudo. A música nunca vai morrer...”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Durante todo o dia, o teatro esteve lotado não só de pessoas conhecidas,
mas de tantos outros que apenas queriam homenagear o artista. </span><span style="background: white; color: #333333; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.5pt; line-height: 150%;">As pessoas se acomodavam nas mesmas poltronas
onde assistiram tantas vezes ao espetáculo musical e humorístico<span class="apple-converted-space"> </span><i>Tangos & Tragédias</i>,
fenômeno de popularidade sem precedentes no Rio Grande do Sul. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A sala que sempre estivera repleta de música e risos era, naquele
momento, local de silêncio, emoção e lágrimas na despedida de um artista que,
embora tenha sido consagrado em um único papel, era reconhecido no meio musical
como um compositor de indiscutível talento. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Artur Faria, músico e amigo de Nico, também escreveria nas
redes sociais: <i>“Hoje eu pus pedras brancas
sobre a terra úmida embaixo da qual jazia o corpo morto do meu amigo. Hoje, e
ontem, eu toquei pra ele, com outros amigos nossos, e não tocamos nada, só
tocamos. Só deixar a música sair, a música que viesse, música nenhuma, música
qualquer. Hoje, e ontem, eu tinha certeza de que ele ia dizer pra gente, com
aquele riso de orelha a orelha, o tom mais agudo na voz, meio falando meio
rindo: - Baaaaaaah, mas vocês bem que podiam ter ensaiado, né?”(FARIA, Artur,
2014). </i></span><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><i><br /></i></span></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-29023542915662793862014-04-28T15:24:00.002-07:002014-04-28T15:25:52.678-07:00Cazuza: um cometa que cruzou os céus do Brasil<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não, eu não o conheci. Nem mesmo
morávamos na mesma cidade. Mas, acho um privilégio ter sido contemporânea desse
artista brasileiro. E o melhor comentário que posso fazer sobre o Cazuza – Pro
dia Nascer feliz, o musical é que ele me fez sentir uma saudade ... Li essa
semana que a vida de uma pessoa deve ser avaliada pelas lembranças que deixa.
Nesse caso, nem preciso comentar o que significa. Acho que deve ser
extremamente complicado para um ator representar o papel de alguém que causou
um impacto tão profundo. Creio, no entanto, que todos que viram o espetáculo
ficaram impressionados com a semelhança (não física) de Emílio Dantas com o
original. E, embora a gente sempre escute que, ao interpretar uma pessoa real,
não se deve buscar ficar igual a ela, é uma delícia poder rever os trejeitos, o
jeito de falar, andar, cantar de alguém tão singular. Entre os outros atores,
destaco Susana Ribeiro no papel de Lucinha Araújo, mãe do Cazuza. Assim como
Marieta Severo no filme, a atriz soube levar à cena esse rigor de uma educação
tradicional associada a um amor infinito e a aguda percepção de que estava
diante de um ser que não lhe pertencia. O trabalho do ator Marcelo Varzea no
papel de seu pai também sublinha as cenas com a dramaticidade que nos leva a
sentir os desejos e o amor de todo pai. Severo em relação às atitudes
inconsequentes do filho e amoroso diante das suas fragilidades. Sua atuação é
sutil, mas dá todo o apoio para o protagonista. Fabiano Medeiros (Ney
Matogrosso e Guto Graça Mello), também se destaca no personagem de Ney
Matogrosso, principalmente, no seu solo apresentando uma das músicas do Cazuza gravadas
pelo cantor. Os demais atores sustentam bem as cenas e mesmo que alguns façam
caricaturas de gente importante como o Caetano, isso torna a peça divertida,
mas é o protagonista que brilha. E, como nem tudo é perfeito, uma das atrizes
tem uma voz anasalada, que eu odeio. Nem me importo em saber se quem ela
representa possui a mesma voz. Não faço a menor questão de ver alguém assim
cantando em cena.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não tenho dúvidas de que fazer um
musical é difícil. São muitos elementos. Exige uma integração de todos os atores,
assim como competência vocal. A direção de João Fonseca traz uma dinâmica
agradável e intercala trechos da vida de Cazuza com várias canções e, atenta ao
enredo, às vezes, deixo de perceber a força da música. Ao mesmo tempo, fica a
impressão de que sem elas, a parte “dramática” não se sustentaria. Ficamos
diante de um show que não é do Cazuza, mas que nos remete às suas
apresentações. Suas letras, suas músicas são de uma riqueza... Podemos ter nossas
preferências, mas não há como não gostar de alguma. Não tinha como não me
emocionar. Várias canções me levam para o passado, mexem com emoções que tanto
me questionaram. Eu, criada por uma família aparentemente tradicional, jogada
naquele universo da contravenção de Cazuza, da sua irreverência, do seu desejo
incontrolável de liberdade. E enquanto no palco a energia cresce, acho
interessante observar a plateia nos musicais. Ninguém se mexe. Creio que
ninguém canta também. Tenho que parar para me dar conta de que isso até faz
sentido, pois não é um show. Mas, era certo que estavam gostando. Aplaudiam
cada número em cena aberta. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O figurino se ajustava
perfeitamente a cada personagem, da forma bem realista. Já o cenário, explorava
mais uma vez as plataformas elevadas. Não chegava a atrapalhar, mas também
pouco acrescentava. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vemos no palco, a mesma mudança
que vimos na vida. A doença ganhando terreno na vida de Cazuza, mas sem tirar o
seu humor, a sua irreverência. E tudo vai ficando mais triste, mais pesado e eu
penso: como eles vão conseguir finalizar isso sem resumir Cazuza à Aids? E eles
conseguem. Trazem todos os atores ao palco, junto com o Cazuza do início, o Cazuza
que ficou, que canta para nós até hoje. Falam também da Sociedade criada por
sua mãe e tantas crianças fazendo com que Cazuza seja muito além de um cantor
que deixa uma obra musical, mas que ainda hoje transforma a vida desses seres
que representam o futuro. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como jornalista, gosto da inclusão
da cena da entrevista com Zeca Camargo quando ele revela, finalmente, que tem a
Síndrome. Aliás, o texto de Aloísio de Abreu soube sintetizar o espírito, o
senso de humor de Cazuza, o que leva a plateia a rir de várias cenas. Já a
direção musical de Daniel Rocha também ganha reconhecimento do público pelos
aplausos após cada número. Não posso esquecer de mencionar a banda que os
acompanha. Impecável. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No fim, todos levantam, gritam,
aplaudem. Os atores agradecem a forma como o teatro os recebeu. Infelizmente,
eu não posso fazer a mesma coisa. Quando a Fernanda Petit comentou sobre
Cazuza, o musical, a minha verba era curta. Assim comprei um ingresso para
Galeria Alta à direita. É claro que não esperava uma visão perfeita do palco,
mas acabei sentada do lado de um canhão de luz e por mais afeto que tenha ao
meu professor de iluminação Nilton Filho não tinha nenhuma intenção de sentir
um calor na orelha cada vez que o técnico tivesse que jogar a luz no palco. Ele
mesmo me advertiu que eu não poderia me mexer, pois atrapalharia. Imagina eu
ofuscando o Cazuza? Assim, no intervalo, vendo cadeiras vazias, resolvi mudar
de lugar. Falei com uma das moças responsáveis e ela disse que teríamos que
esperar recomeçar para ver quais cadeiras sobrariam. A estratégia não parecia
dar certo já que outras pessoas também buscavam melhores posições. Tentei
sentar em um lugar que me parecia vago. Não era. Ao tentar sair, uma moça me
disse que aquele não era mesmo o meu lugar. E eu pensei: nem o dela. Afinal,
quem vai assistir Cazuza com uma mentalidade mesquinha ou grosseira,
definitivamente não está à altura desse grande poeta. Assisti mais de hora do
espetáculo em pé. Mas, sabia que me distrairia o suficiente para esquecer o
desconforto. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Concordo, totalmente, com sua
mãe: Cazuza era um sol e chorei por ele, por mim, por nós. Afinal, ele se foi
em 1990 e o que mudou de lá para cá? No Brasil, que precisa mostrar sua cara,
quase nada. Felizmente, tivemos alguns avanços contra a Aids e todo o
preconceito que havia em relação a ela. Embora Cazuza tenha adiado contar o que tinha
para evitar, principalmente, a pena das pessoas, é impossível não pensar o quão
trágico foi o que aconteceu com ele. Ou conosco. Afinal, que falta nos faz um
artista com o poder de dizer tanto através da poesia. De ser absolutamente
contundente, sem chegar a agredir. Não tem como não pensar na perda que sua
partida significou para a música. Quantas letras incríveis ele poderia ter
feito? Músicas que falassem de amor, de indignação, de todos os conflitos da alma.
Não. Eu não vejo ninguém ocupar esse espaço e sinto as lágrimas escorrerem ao
pensar que vida breve... Que vida intensa... Que vida imensa!<br />
<br />
<a href="http://youtu.be/IOSwTcUIreU">http://youtu.be/IOSwTcUIreU</a><br />
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-90156946808897410792014-02-18T18:29:00.003-08:002014-02-18T18:35:31.517-08:00Apunhalada pela arte<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-5O_RX-ZVdzs/UwQXFhy1dII/AAAAAAAABRA/Kvo6793oGZE/s1600/Eros5a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-5O_RX-ZVdzs/UwQXFhy1dII/AAAAAAAABRA/Kvo6793oGZE/s1600/Eros5a.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui ver Eros Impuro porque
conhecia o diretor. Quer dizer... virtualmente. Encontrei o jornalista e dramaturgo Sergio
Maggio pela internet quando fazia minha pesquisa de mestrado sobre crítica
teatral. A partir de então, eu e o morador de Brasília, mantemos contato <i>on line</i> e foi assim que soube que ele
estaria em Porto Alegre. Como sempre,
fiz questão de não ler nada sobre o espetáculo.
E, embora muita gente ache isso estranho, eu fico ainda mais admirada
dessa necessidade de precisar de explicações sobre a arte. Para mim, comentários e críticas,
exatamente como esse, são válidos para aprofundar impressões, usufruir outro olhar, mas gosto de ser surpreendida e é assim que
descubro que a peça se trata de um monólogo do ator Jones de Abreu. É preciso
dizer, porém, que ele trava intensos diálogos com outros personagens das
histórias que ele narra. E a intensidade com que faz isso é presente desde o
primeiro momento, quando ele passa a desenhar um rosto enquanto encara alguém
na plateia. O fato de ele estar em um ateliê já torna tudo mais curioso.
Afinal, quem me conhece sabe que gosto dessa mistura das artes cênicas com as
artes plásticas. Quanto ao tema, não fica muito claro, para mim, logo de
início. O ator nos leva aos poucos para sua vivência com os modelos que pousam
para ele e provocam suas reflexões. Ao falar de sexo, prazer e culpa, ele vai
provocando em mim um sentimento de desconforto que me faz lembrar meu professor
e cineasta Sergio Silva que sempre me advertia que o filme que ele iria passar
continha cenas picantes e que iriam perturbar minha sensibilidade originária de
uma educação rígida. E esse sentimento vai me acompanhar até o final, dividido
com a percepção da força da atuação desse único homem no palco que é capaz de
se dividir em outros personagens, discutir com seres “invisíveis”, alternando momentos
de fragilidade, raiva, lucidez e loucura.
Eu poderia falar dos vídeos, da sua contracenação com uma projeção, da
luz ou da trilha, mas são suas palavras que criam imagens provocantes numa
mistura de pornografia e poesia... ”escorregava as mãos por entre seus desejos”.
Essa oscilação entre um mundo pervertido de crime e castigo vai se
intensificando, fruto do entendimento do abuso, do desrespeito, das memórias de
uma infância corrompida. Ao sair,
suspiro e tomo consciência de que o espetáculo não tem a intenção de chocar
pura e simplesmente. Ele é, antes de tudo, uma denúncia que está no próprio
texto do ator que diz: “a minha arte é o meu punhal”. </div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-66979560091234061552014-01-25T12:02:00.001-08:002014-01-26T01:40:29.909-08:00Porque nunca haverá outra Elis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-vJsRKSy8bG8/UuQX-FNhIGI/AAAAAAAABQo/j21FqiX0xjA/s1600/Elis-A-Musical-Audicoes-destaque.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-vJsRKSy8bG8/UuQX-FNhIGI/AAAAAAAABQo/j21FqiX0xjA/s1600/Elis-A-Musical-Audicoes-destaque.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui ver Elis, a musical, como vou
ver tudo. Sem saber o diretor, nem o
elenco. A história? Bem, essa eu conheço um pouco. Afinal, nós, gaúchos, costumamos
acompanhar mais de perto o que aconteceu com essa menina de 12 anos que cantou
pela primeira vez em um programa da Rádio Farroupilha e, mais tarde, foi
trabalhar na Rádio Gaúcha.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O lugar escolhido na hora da
compra pela internet poucos dias antes, graças aos novos amigos cariocas que
conheciam o teatro, não podia ser melhor. Chegamos à 5ª fila exatamente às 17h. Horário
interessante que permite que muitas pessoas de mais idade lá estejam. Sabia que
a atriz Lilian Menezes era “apenas” uma substituta de Laila Garin, mas como não
a conhecia, não fazia diferença. Logo no inicio, não consigo ver semelhanças com
o tipo físico, nem com a voz da própria. Mas, logo me lembro de tudo que sempre
leio sobre essa questão de fazer alguém que realmente existiu e da importância
justamente de não mimetizar. Porém, à medida que a história evolui vejo
trejeitos, gestos tão característicos daquela que acabou sendo conhecida com a
maior cantora do Brasil. E aquele modo de sorrir fechando os olhos que a
identificava. Na execução que arrebatou uma multidão de “Arrastão”, música de
Edu Lins e Vinícius de Moraes, um dos grandes sucessos de Elis, ela ainda não
se parecia, mas, isso não diminuiu a genialidade da ideia de projetar a plateia
da época e colocar a atriz de costas para o público. Talvez,
vinda do diretor Dennis Carvalho. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A obra retrata bem o temperamento
da cantora, o impacto que sua voz causava em Miele, dono da boate do Beco das
Garrafas em Copacabana, onde ela fez diversas apresentações e Ronaldo Bôscoli, seu futuro marido. Esse
interpretado por Felipe Camargo que, não raro, roubava a cena com um jeito
malandro, quase calhorda e sua relação estreita com o alcoolismo e outras
mulheres. Ele consegue mostrar porque, apesar disso, Elis era tão apaixonada
por ele que, no início, fazia questão de desdenhá-la, falando de sua origem humilde
e de seu jeito de vestir interiorano. Enquanto o via em cena, pensava na vez
que também estava no Rio e o vi em um dos espaços culturais da cidade e me
esforcei para vencer a timidez e ir falar com ele. Eram os tempos dos Anos
Dourados na Globo e ele tinha me impressionado com seu jeito meigo contracenando
com Malu Mader.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Até uma boa parte do espetáculo pensava
que quase não havia cenário. Entretanto, logo me dou conta que precisava rever
meu conceito. Afinal, aqueles painéis, banquetas, projeções já podem ser
considerados assim. Na boate do Miele letreiros com letras apagadas me dão a
ideia do cuidado que tiveram com os detalhes. Além disso, todos cantam muito
bem. E isso que contei 19 pessoas em cena. Os números de dança coreografados
por Alonso Barros, são ótimos e o jeito de entrar de “peixinho” no palco só
podia me lembrar a coreógrafa Carlota Albuquerque e minha prima Angela Spiazzi.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os momentos de gravação com Tom
Jobim são divertidos e o ator Leo Diniz, mesmo não se parecendo fisicamente com
o maestro, captou perfeitamente o seu jeito de ser perfeccionista. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quase 19h, todos entram em cena e
numa plataforma com o fundo branco, e figurinos hippies de Marília Carneiro, cantam
“Eu quero uma casa no campo...”. E eu que achava que já havia ouvido essa
música até a exaustão, sinto meu corpo arrepiar inteiro enquanto fecham-se as
cortinas para o intervalo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fato real ou não, pois, o
espetáculo não pretende ser um documentário, vemos uma cena do encontro de Elis
com Henfil que, até então, tinha debochado dela em suas caricaturas por ela ter
cantado em eventos militares. O que sabemos foi totalmente contra a sua
vontade. Vou às lágrimas quando ela canta para ele “O bêbado e a equilibrista”,
que corre para o telefone a avisa o irmão Betinho que “já existe o hino. Agora,
só falta a revolução”. Não é à toa que
quem assina o texto é Nelson Motta, junto com Patrícia Andrade. Aliás, como
todo musical, a equipe técnica é bem grande. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O difícil foi ver o filho do Ivan
Lins, o ator Claudio Lins, ótimo em cena por sinal, no papel de César Camargo
Mariano, quando minha memória havia sido levada para a época em que o pai ainda
tinha sua idade. Ah, e mesmo fora de ordem não posso deixar de comentar a
contracenação divertida e intensa com o ator que fez o papel de Jair Soares que
com seu jeito irreverente parece entender o gênio da “pimentinha”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A segunda parte do espetáculo já
é outro momento da vida de Elis, do seu engajamento maior com questões
políticas e seus posicionamentos. Tudo isso colocado no palco de uma maneira
criativa e interessante, mesmo usando recursos tão simples como homens fardados
e a bandeira do Brasil. A forma como a coreografia dos mesmos é executada e a
música da Hora do Brasil mexe com qualquer um que tenha vivido parte dessa
história. Aliás, tudo nesse espetáculo mostra que é possível usar os mesmos
recursos de outra maneira e cantar velhas canções provocando novas emoções. O
que, sem dúvida, acontece enquanto “Elis” canta “Como nossos pais”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E o espetáculo oscila entre
momentos com todos no palco, várias ações até o resgate de um momento real da
sua vida, ao colocá-la sozinha no palco para uma entrevista. Apenas uma cadeira
e a luz sob ela respondendo às questões que revelam sua ansiedade e seu desejo
de atingir às pessoas de alguma forma com a sua arte. Não há como não se
emocionar quando ela conta que o médico disse que sua voz salvou o seu filho
doente. Toda a sua fragilidade surge nesse momento em que ela diz: “A mim não
interessa ser uma boa cantora a mais. Quero usar o dom que a mãe natureza me
deu para diminuir a angústia de alguém. Essa ideia é que pode dar sentido ao
meu trabalho.”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E do meu lado a moradora do Rio
que não só me incentivou a ir, mas me levou até lá, não cansa de elogiar, mesmo
não conhecendo várias das músicas. O que prova que não importa o quanto você
sabe da vida de Elis Regina, se é ou não fã, o espetáculo vale por si mesmo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E, embora eu não entenda quase
nada de luz, fiquei muito impressionada com a presença significativa da luz certa,
nos momentos certos, fazendo o que eu chamo de “sublinhar as cenas”, o chamado desenho
de luz de Maneco Quinderê. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De minha parte, gostei que não
tivessem chegado à morte da cantora, mas mostrado apenas seu desejo de querer
sempre mais e de não querer ficar à
sombra dos homens que foram tão importantes em sua vida. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O teatro cheio aplaudia em pé e
cantava junto com o elenco “como se fora brincadeira de roda...” e quem estava
lá revive um pouco do que foi a história dessa mulher tão talentosa, tão
guerreira e, no fundo, a gente sabe que por melhor que seja a atriz, nunca
haverá outra mulher como Elis Regina Carvalho Costa, mesmo que ela tenha vivido
apenas 36 anos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://letras.mus.br/elis-regina/1862048/">http://letras.mus.br/elis-regina/1862048/</a></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-17097554378066235962014-01-10T11:29:00.000-08:002014-01-11T10:46:20.306-08:00So in love is so perfect! <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/2d8wztHhCrQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se é para cumprir promessas, que
seja como essa que eu fiz para o Dudu Sperb de ir vê-lo cantar as canções de
Cole Porter. Ficou ainda melhor quando a minha prima Angela Spiazzi disse que
também iria e me ofereceu carona. Não sabíamos que precisava de reserva e
quando chegamos parecia não haver mais mesas. Houve certa demora para que todos
fossem acomodados no MEME, local onde já comemorei meu aniversário. O que
significa que é um espaço agradável, com ótimo atendimento e coisas deliciosas.
Queria poder dizer que já havia imaginado que aquele garoto que frequentava a
mesma escola que eu, cantaria tão bem. Mas, não apenas isso. Interpretaria as
canções, pois Dudu não é apenas para ouvido, mas para ser visto. Ele abre o
show dando algumas informações sobre Cole Porter, explicando que suas músicas
foram feitas para a Broadway e o tornaram um dos cantores mais populares do
século XX. No início, ouvimos letras que massageiam o ego como You are the one,
Easy to Love e You are the top. Afinal, quem não gostaria de ouvir: Você é
camembert? Na sequência, mais músicas de amor absolutamente cheias de elogios
às amadas. E eu, que costumo desconfiar dessas misturas de músicas estrangeiras
com nacionais, tive que dar o braço a torcer com a escolha de Noel Rosa,
Lupcínio Rodrigues, Vinícius de Moraes e me surpreender completamente com a
beleza da música de Totonho Villeroy sobre Porto Alegre: Povoada de águas. Não
há dúvidas de que a escolha do repertório é o resultado da percepção de alguém
que tem uma sensibilidade profunda. Por isso foi muito bom ver nessa lista a
música Luiza, que sempre me tocou. Talvez por frases como “eu sei que debaixo
dessa neve mora um coração” e como lembrou Dudu Sperb, feita por Tom Jobim para
a novela Brilhante. E são muitas as informações que o cantor vai repassando
entre as músicas. Sobre a vinda de Cole Porter ao Brasil, sobre a origem da
música Quem há de dizer de Lupicínio Rodrigues e tantas outras que eu não vou
revelar para não estragar a surpresa, embora não haja palavras capazes de
transmitir a delícia de escutar e ver o carisma desse artista. Acompanhado do pianista Michel Dorfman, Dudu
Sperb, mesmo enfrentando o barulho de um alarme de um carro que disparou por
boa parte do show, consegue ser divertido, contando detalhes da criação de cada
música e mostrando o seu talento, enquanto o menino que assiste de pé na porta
balbucia as letras, balançando a cabeça, de olhos fechados. E nessa linha de
romance, ele canta Extase de Ivan Lins e Chico Buarque, o que para Dudu é uma
espécie de versão de Garota de Ipanema. Nesse
caso chamada Renata Maria que, como a outra, deve ter mesmo existido, já que é um
nome bem estranho para uma mulher imaginária. E por alguns momentos, eu vejo de
novo em minha mente, aquele mesmo menino dos tempos de escola, quando ele fala
de uns gatinhos de uma amiga que estão para doação. Em seguida, ele volta a
demonstrar todo o ritmo e me transporta aos grandes musicais americanos com
essas composições que criam imagens diante de nós. Eu, que só o tinha visto
cantar em francês, agora já não tenho mais dúvidas de que ele poderá cantar na
língua que quiser. Mas, não posso esconder que I Love Paris com esse timbre que,
por vezes, me faz lembrar Edith Piaf, me faz querer comemorar meu próximo
aniversário onde Dudu Sperb estiver se apresentando. </div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-55925229038061087402013-11-26T14:34:00.001-08:002013-11-26T14:37:02.860-08:00You have a problem? Call Tom Hanks<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-fXcCGQNLGI8/UpUh4A5V46I/AAAAAAAABPI/NSf7_ZgomwU/s1600/Houston+we+have+a+problem+-+Apollo+13+-+wallpaper.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-fXcCGQNLGI8/UpUh4A5V46I/AAAAAAAABPI/NSf7_ZgomwU/s320/Houston+we+have+a+problem+-+Apollo+13+-+wallpaper.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -28.4pt; text-align: justify;">
Tenho ido
pouco ao cinema. Como jurada do Prêmio Açorianos, minha agenda anda mais
ocupada com espetáculos. Mas, quando comecei a ver os comentários sobre o Tom
Hanks (ator que considero o melhor dos tempos atuais), em Capitão Philips, decidi
que já estava na hora de voltar a ver filmes, coisa que eu adoro. Não li nada
sobre o que se tratava. Simplesmente comprei os ingressos e me sentei em um
lugar que considerava o ideal da sala. Esquecendo, porém, que poderia chegar
alguém e se sentar atrás de mim. Uma daquelas pessoas que não cala a boca. Quem
me conhece sabe o quanto gosto de falar, mas no cinema ou no teatro, nem
sussurrar acho certo. Considero uma interferência insuportável. Assim, segui o
gesto do cara que estava sentado ao lado do tal falante e troquei de cadeira
pouco depois do filme começar. Assim
pude entrar nesse universo mágico que me provoca tantas emoções.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -28.4pt; text-align: justify;">
Devo dizer
que Tom Hanks é o responsável pelas maiores emoções que já tive no cinema.
Obviamente, já me fez rir, chorar, ficar nervosa, com raiva... Mas fez ainda
mais. Registrou em minha memória momentos inesquecíveis e falas como: “run
Forrest, run” ou “Houston, we have a problem” e, em silêncio (mas nem tanto),
me arrebatou em <i>O Náufrago</i>. Já perdi a
conta do número de vezes em que assisti esse último. Ah, e o Terminal também,
pois minha mãe é absolutamente apaixonada por esse filme e mesmo em <i>Tão longe e tão perto</i> que ele tem poucas
cenas, o acho brilhante. Tom Hanks pode ser pai, ter alguma deficiência, ser
comandante de nave espacial, grande, o que ele quiser. Sem exageros. Ele não
precisa se por aos gritos, nem fazer caras e bocas. Cada personagem parece
meticulosamente estudado para chegar à eficiência. Tanto é que se eu estivesse
no espaço, numa ilha perdida ou em um navio em alto mar, eu gostaria que no
comando estivesse quem? Ele. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -28.4pt; text-align: justify;">
Feito todos
os elogios possíveis a esse grande ator, nesse filme em particular, não seria
justo não valorizar a atuação dos “seus inimigos”. Estou tão acostumada a ver
os americanos sempre enfrentando alguma ameaça que se eu não estiver atenta
acabo sempre torcendo pelos Estados Unidos, sem observar as circunstâncias
daqueles que os enfrentam. Fato é que, graças às atuações, lá pelas tantas
estou mergulhada naquele assunto que pouco me diz respeito e menos ainda me
interessa, tentando compreender o funcionamento da marinha americana, das
decisões da Casa Branca e buscando imaginar o final daquela história. Isso nos
poucos momentos em que conseguia algum alívio das sensações intensas de perigo
e medo. Não vou nem tentar fingir que entendo de política ainda mais em águas
internacionais. O que, no meu entender, não faz nenhuma diferença para
aproveitar as cenas. Os atores que contracenam com Hanks são tão convincentes
que acabei achando graça ao imaginá-los desfilando no tapete vermelho na
entrega do Oscar. Claro que só consegui fazer isso depois de ter saído do
cinema.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -28.4pt; text-align: justify;">
Tom Hanks me
leva tão para dentro daquela “realidade” e consegue tanta empatia que, quando
vejo o seu personagem completamente exasperado, lágrimas escorrem pelo meu
rosto compartilhando seu desespero e angústia.
Felizmente, não havia ninguém do meu lado, pois embora defenda o
silêncio, meus movimentos ansiosos na cadeira e meus suspiros também poderiam
ter incomodado alguém. De qualquer forma, essa catarse faz com que eu saia do
cinema profundamente impressionada mais uma vez com esse enorme talento e, nesse
momento, chego a lastimar não estar no teatro para aplaudi-lo de pé. </div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-84935373379061880092013-09-09T18:57:00.001-07:002013-09-09T18:57:53.430-07:00Arte, música e língua francesa: um festival de talentos<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
Tenho ido a
todos os Festivais da Canção Francesa desde que começou. Lá se vão seis anos. O
que é fácil observar que é um evento que cresce em quantidade de público e
qualidade dos participantes. A cada ano parece ficar mais difícil escolher
entre os dez classificados. Por isso mesmo, se transforma em um show de
talentos, de vozes impressionantes e de reencontros com pessoas que, de uma
forma ou outra, apreciam a língua francesa. Outro ponto alto são os discursos,
quer dizer, a ausência desses. Nem o diretor da Aliança Francesa, Jacques
Petriment, faz questão de pegar a palavra. Faz os agradecimentos. Fala na
integração de culturas e era isso. O apresentador desse ano, Marcelo Oliveira
da Silva, pareceu entrar meio seco, correto, educado, mas sem estilo. O que foi sendo “corrigido” ao
longo da noite na qual ele soube oscilar entre a formalidade das apresentações
e frases descontraídas, cativando a plateia. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
O teatro Dante
Baroni, na Assembléia Legislativa lotado. Gente sentada no chão ou em pé. Uma
sucessão de lindas vozes. Mas, desde que um dos jurados, o meu amigo, Newton Silva tinha me falado da participação
de Phillipe Philippsen, eu já havia começado a torcer por ele. Assim, foi muito
bom ver que entre tantos candidatos absolutamente talentosos, ele se
sobressaiu. Abrindo mão do acompanhamento da excelente banda (cujo nome não
consta no site da Aliança e eu não recordo), sozinho no palco com sua sanfona,
ele mostrou algo além de graves e agudos. Mostrou personalidade na voz. Coisa
que eu ainda não sei definir bem, mas que faz toda diferença para um cantor impressionar
no palco. Já tinha visto ele com instrumentos em espetáculos, mas não sabia que
ele cantava. E como. Além do mais, foi para mim a melhor dicção da noite.
Também não sabia que ele falava francês... Por ser ator, cantor e que fala (ou
pelo menos sabe decorar letras) uma língua que eu amo, é claro que eu queria
que ele estivesse no mínimo entre os três vencedores da noite. E para não ser
só elogios, devo dizer que, embora aprecie gastronomia e, em especial, a
culinária francesa, acho o prêmio de um jantar no Chez Philippe para o último
lugar muito pouco. Tinha que ser, no mínimo, uma viagem à Florianópolis ou a
Gramado. Já seria mais interessante. E justo. Vejam que nada tenho a dizer do
segundo lugar que é um ano de estudos na Aliança Francesa, pois sei o que isso
pode significar na vida de quem começa a aprender essa língua. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
Bem, mas já
tinha alguns favoritos quando veio o intervalo e as vencedoras do Festival
nacional Hevelyn Costa e regional se apresentaram. Devo dizer que Valéria
Houston cantando a versão francesa de I will survive e Voyage, Voyage
impressiona muito. O figurino dela e seu jeito divertido e doce também. E por
ser sua fã, digo que sinto falta dela ter um maior preparo corporal para estar
diante do público, uma movimentação mais expressiva. Sei que ela pode ir bem
além dos pequenos movimentos que repete. Achei bacana quando ela chamou todos
os concorrentes no palco com ela e o Philippe se destacava com seus passos de
dança e seu jeito descontraído. Bem, mas
assim que a apresentação das duas terminou, a banda tocou algumas músicas mostrando
sua competência. Em seguida, começaram a chamar os vencedores. Discordei da
decisão do júri para o terceiro e segundo lugar e já temia pelo primeiro quando
disseram o nome do Philippe e a plateia aplaudiu e gritou, demonstrando que
apoiava completamente a premiação. E assim terminou mais um Festival que levará
o ganhador para aquele lugar que, quem ainda não foi, quer ir e quem já foi,
quer voltar: Paris!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-3N91thjGQSw/Ui58jV2MDMI/AAAAAAAABN8/8DrSi_67zk0/s1600/can%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-3N91thjGQSw/Ui58jV2MDMI/AAAAAAAABN8/8DrSi_67zk0/s1600/can%C3%A7%C3%A3o.jpg" /></a></div>
Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38578221.post-27124757799427086162013-08-21T10:12:00.000-07:002013-08-21T10:12:00.838-07:00Quase um tango. Totalmente Sergio Silva.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Eu já havia visto Quase um tango
em duas ocasiões. A primeira na casa do diretor Sergio Silva, meu professor no
Departamento de Artes Cênicas em diversas disciplinas. A segunda, no Festival
de Cinema de Gramado quando tive o privilégio de subir ao palco com toda a
equipe que pode estar presente naquela noite. Para quem lá nos anos 80 começou
a frequentar o Festival e por décadas assistiu ao ritual dos diretores e elenco
apresentarem seus filmes já foi algo meio surreal. Um parceiro meu de trabalho
estava lá aquela noite fazendo fotos e eu até hoje não tive a chance de vê-las.
Não que a emoção dessa oportunidade não seja mais importante, mas quando a
gente vive situações que nunca pensou que aconteceria é sempre bom ter um
registro. Já disse em várias outras ocasiões que pouco apareço no filme e não
tenho nenhuma fala mas isso não tira a importância que dou em ter participado
de todo esse processo, desde o teste até a leitura do roteiro e o
acompanhamento das filmagens. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não sei como é fazer filmes com
outras pessoas mas Sergio era generoso. Permitia que todos participassem das
etapas de elaboração do seu filme. Tivemos acesso ao projeto com todos os
custos que envolve uma produção destas, lemos o roteiro junto com o
protagonista Marcos Palmeira, vimos as cenas recém filmadas e até teve gente
que dava lá os seus palpites. Eu, além dos dias em que fui chamada para as
filmagens, pedi ao diretor para acompanhar a equipe outros dias, em outras
locações e achava tudo fascinante. Observava a mudança incrível que fazia uma
troca de luz, de algum elemento cênico ou da entonação de uma fala. Não, não
era Hollywood mas a Cidade Baixa. Não importa. Para mim, era especial. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Sempre gostei de contar que a
primeira vez que esbarrei no Sergio não gostei nadinha. Ele estava lá para
orientar os alunos na matrícula e me perguntou porque eu havia escolhido tão
poucas cadeiras. Eu respondi que não tinha condições de fazer mais devido aos
horários e perguntei se ele tinha alguma sugestão. Ao que ele me respondeu: faz
direito, ou então, jornalismo. Achei um desaforo. Respondi que direito não me
interessava e que eu já era jornalista. Depois disso, evitava fazer as
matrículas com ele até que acabei sua aluna. E, como a gente nunca lembra
direito quando uma amizade começa, também não sei quando começamos a perceber
que tínhamos um senso de humor parecido, uma ligação muito forte com a família
e um interesse pela literatura, pelo teatro, pelo cinema. Mas partiu dele a
aproximação maior, a abertura para que eu participasse de suas conversas com os
amigos até que eu também comecei a convidá-lo para vir a minha casa. Sergio era
inteligente, divertido, bem informado. O fato dele se predispor a essa
aproximação me deixava orgulhosa. Em um dos seus aniversários eu escrevi um
texto falando sobre o seu jeito de ser e ele me fez ler em voz alta na sala.
Mais tarde, me retribuiu com palavras gentis na apresentação que fez de mim
para o Programa de pós-graduação. Acho que eu nunca tinha sido tão elogiada
antes. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Hoje, ao rever o filme, não sabia
bem o que esperar. Afinal, eu já não sou mais a mesma e não tinha ideia do
impacto que rever aquela história causaria depois da partida de um amigo que
fiz quase sem querer. Junto comigo minha mãe, irmã e tias, bem como um amigo e,
aos poucos, fui entrando de novo naquela história que eu já conhecia, mas que,
agora, a sua ausência torna ainda mais importante. O filme é cheio de coisas
que o Sergio amava, do seu jeito de falar e de ver a vida. Assistir Quase um
Tango foi matar um pouco da saudade e comprovar mais uma vez que ele já não
está aqui mas que sua obra sempre estará. Seja essa que todos podem ver, seja a
que é só minha, que foi construída pelas nossas conversas, pelos seus
ensinamentos. Além disso, algumas cenas me remetem àqueles momentos das
filmagens, às decisões tomadas de última hora, às lembranças dos contatos com
todos aqueles que estão em cena e que de um jeito ou outro também cruzaram o
meu caminho. Algumas ideias colocadas ali em prática e que eu considero geniais
e que registram a sensibilidade do diretor. Aquilo que só a arte consegue fazer
com algo que faz parte do nosso cotidiano mas que não damos muita atenção. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lembro do Sergio falando que seu desejo era
contar a história de um homem comum, da vida que poderia ser de qualquer um,
com suas alegrias, tristezas, conquistas e perdas. Não há dúvida de que ele,
por ser alguém nada comum, conseguiu. Fiquei emocionada ao ver na tela tanto do
seu jeito. Percebi isso nas falas dos atores, nas imagens, nos cortes, tudo e
tive uma sensação incrível ao pensar que eu posso não ter concretizado coisas
que um dia quis, mas que nunca poderia imaginar que um dia participaria de um
filme. Ao ler meu nome nos créditos de Quase um tango minha única vontade é
agradecer a esse professor que não apenas me ensinou muito, mas me deixou
entrar no seu mundo.<o:p></o:p></span></div>
<span id="goog_706236607"></span><span id="goog_706236608"></span><br />Helena Mellohttp://www.blogger.com/profile/16490329108616109822noreply@blogger.com0