Sunday, April 26, 2009

Over Milka


Então, hoje, lá me fui assistir ao desfile da Milka, pensando: esta não é definitivamente a minha praia. Mas, o convite vinha de uma pessoa que eu sei que me quer bem e que gostaria que eu aceitasse. Além disso, convites, em uma época de tempos bicudos, devem ser mesmo aceitos. Não tive que esperar muito para entrar o que já foi uma ótima coisa. 

No “palco”, em pleno Gigantinho, um grupo de cantores/músicos vestidos de mexicanos se apresentavam. Música estranha, mas, familiar. O cinema americano já se encarregou de acharmos isso. Ah, sim, o tema era o México. Por isso, o “cenário” era uma “hacienda” com luzes acesas nas janelas e tudo. No teto, várias “pinatas” penduradas em cores verde, branco e vermelha. Depois, muitas danças. Figurinos coloridos, corpos bonitos, muitos movimentos bem coordenados. Energia boa. Um Zorro invade a “cena”. A dança passa a girar em torno dele. Muitos bailarinos no palco. Ótima sincronia. Crianças também. Uma homenagem a Frida Kahlo. Pinturas e mais danças. Surge, então, o fogo! É o grupo Tholl. Preciso descrever? Palhaços com ricos figurinos, outros em pernas de pau e o malabarismo com as labaredas! Admiração completa. Eu, certamente, já teria queimado o meu lenço da cabeça. Não... pior, já teria incendiado metade do Gigantinho. Sejamos realistas.

Começa, então, o desfile. Roupas lindas. Tecidos deslumbrantes. Nada muito estranho, nem desconfortável. Bem...eu dispensaria um tomara que caia que fez a modelo puxar a roupa mais de uma vez. Mas, na maior parte, vinha a vontade de gritar: - Ei, pode tirar este aí que eu vou para casa com ele agora! Diferentes. Vibrantes. Sensuais. 

Começa a se encaminhar para o fim. Depois de tudo, já deu prá sacar que não vai ser assim por acaso. Entram as pessoas segurando uma bandeira de cada país que já foi homenageado pela “costureira”. Aí vem ela. Recebe flores (grande novidade!). Cai uma chuva de papel prateado. Então, tá. Fim. Nada! Entra um pessoal de escola de samba batucando forte. Ah, agora sim. As pessoas sobem para cumprimentá-la. Afinal, a gente até pode não gostar de alguma parte, mas, com certeza, vai achar algo que fará pensar: não é que valeu a pena?

PS: Infelizmente, a música não foi um ponto forte do desfile. Estar perto das caixas de som não ajudou, mas, a escolha barulhenta e bate-estaca não tinha nada a ver nem com o México, nem com o tipo de público da Milka e, sem dúvida, nada a ver comigo.

Wednesday, April 22, 2009

Pensamento Francês e Cultura Francesa

 Inicia na próxima quarta-feira, 22 de abril, o Ciclo de Palestras Pensamento Francês e Cultura Francesa, promovido por UFRGS, PUCRS, Unilasalle e 55a Feira do livro de Porto Alegre. A atividade faz parte do Ano da França no Brasil, uma homenagem do governo brasileiro à França – em   2005 foi o Ano do Brasil na França. Serão oito encontros, nas três instituições de ensino superior, de abril a novembro.


Na próxima quarta-feira, 22 de abril, o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil falará sobre o tema “Artistas franceses no contexto brasileiro”. A professora Maria Eunice Moreira, da PUCRS, será a mediadora do debate. O encontro está marcado para o horário das 17h30min às 19h, na sala 305 do Prédio 8 da PUC, em Porto Alegre.
As inscrições podem ser feitas no local.


PRÓXIMOS DEBATES

* 20 de Maio  2009 – PUCRS – 17h30-19h – sala 305 – Prédio 8
  Ana Maria Lisboa de Mello (PUCRS/UFRGS): Teorias do Imaginário: Contribuições do Pensamento Francês
    Marina Alves Amorim (RENNES2/ Colégio Doutoral Franco-Brasileiro: Imaginário Francês sobre o Brasil
     Zilá Bernd (UFRGS/LA SALLE): O pensamento francófono e a reinvenção da literatura comparada no Brasil
    Mediador: Robert Ponge

 * 24 de Junho 2009 - PUCRS – 17h30-19h – sala 305 – Prédio 8
   Irmão Justo (Unilasalle): A contribuição Educacional Lasallista Francesa no RS 
  Ir. Evilásio Teixeira (PUCRS): A contribuição Marista no Brasil
 Mediador: Luiz Antonio de Assis Brasil
* 05 de Agosto 2009/ I – UFRGS – Campus do Vale – Instituto de Letras – Auditório Celso Pedro Luft – 14h-15h30
  Rita Olivieri-Godet (Rennes 2/IDA): Imagem do Brasil no Romance Francês Contemporâneo
 Nestor Ponce (Rennes2/IDA): O Naturalismo Francês nas Américas
 Maria Luiza Berwanger da Silva (UFRGS): Presença Francesa na Poesia Brasileira Contemporânea 
  Mediador: Lúcia Rebello
 * 26 de Agosto de 2009/II – PUCRS – 17h30-19h – sala 305 – Prédio 8
  Maria Eunice Moreira (PUCRS):Ferdinand Denis e  História Literária Brasileira
Juremir Machado da Silva (PUCRS):
  Leonardo Tonus (Paris IV): Humilhados, marginais e traidores(o pensamento francês na dialética da não-pertença de Samuel Rawet) 
Mediador: Ana Maria Lisboa de Mello

* 23 de setembro – UNILASALLE – Campus de Canoas – 17h 
   Cleusa Gomes Graebin (UNILASALLE): Impacto da Nova História Francesa na Historiografia Brasileira
   José Rivair Macedo (UFRGS): Intelectuais franceses: aportes à cultura brasileira
Alceu Ferraro (UNILASALLE): O impacto do Pensamento de Bourdier na Educaçãono Brasil
Mediador: Sydney Sabedot

* 04 de Novembro 2009 – 55ª  Feira do Livro de Porto Alegre
   Pierre Rivas (PARIS X): Trajetórias da Cultura Francesa: Herança. Polêmica e Mutação 
Núbia J. Hanciau (FURG): Nancy Huston: uma autora entre dois mundos (França e Canadá)
Bernard Andrès (UQAM): Os aventureiros franceses nas Américas
   Mediador: Zilá Bernd

* 11 de novembro 2009 – UFRGS – Campus do Vale – Instituto de Letras – Auditório Celso Pedro Luft – 14h-15h30
 Robert Ponge (UFRGS): Surrealismo Francês e Cultura Brasileira
Pierre Rivas (Paris X): O Brasil na poesia francesa do séc. XX
 Sergio Bellei (PUCRS): T.S. Elliot e a presença de Edgar Alan Poe na poesia francesa
Mediador: Ricardo Barberena (PUCRS)

 


Thursday, April 16, 2009

Desde quando faxina é cultura?

Chego atrasada, mas, chego. Localizei este texto meio por acaso na internet e achei que, assim como eu não tinha lido ainda, outras pessoas também, talvez, não. E, apesar de não gostar de assinar embaixo antes de confirmar informações,  abro uma exceção, pois, afinal,  se o Luiz Paulo falou, tá falado! 

texto de Luiz Paulo Vasconcellos, publicado em junho de 2008 no Caderno de Cultura da Zero Hora 

A Secretária de Estado da Cultura – e, por tabela, a Governadora também – precisam saber que “a intenção de usar a Cultura para promover a inclusão social” é picaretagem, demagogia ou, para ser um pouquinho mais erudito, uma falácia. Se elas pensam que comovem a sociedade – olha como elas são boazinhas, como estão preocupadas com os pobrezinhos!... – devem logo, logo, tomar consciência de que a sociedade, pelo menos a parcela da sociedade minimamente culta, abomina essa maquiagem com a qual o Governo do Estado conspira contra uma verdadeira política cultural. É claro, cultura é um termo genérico demais, sob o qual cabe desde o Porto Alegre em Cena ou o Museu Iberê Camargo, até “as ações sociais junto às áreas de educação, segurança e saúde”. E isto é cultura? – pergunto eu. Porque os governos têm sido incompetentes e a sociedade refratária à miséria que vai tomando conta das sinaleiras de Porto Alegre, agora a Secretária da Cultura tem que brincar de fada madrinha e promover a troca de “armas de brinquedo” por livros? Que livros, minha senhora? E as armas verdadeiras, o que fazemos com elas? Continuarão sendo usadas em assaltos? Inclusiva a livrarias? E o que dizer sobre o projeto hip-hop e funk? Uma mostra competitiva de grupos com oficinas de rap e grafite. Gente, nem no pior dos governos populistas se promoveu tamanha safadeza. Tem ainda a limpeza dos monumentos históricos e prédios tombados. Um dia no semestre. Em agosto. E desde quando faxina é cultura? E os projetos para a dança, para as artes plásticas, para o teatro, para a música, para a memória cultural, para o cinema, para a literatura? – ah, não, a literatura está contemplada no projeto das tais bancas montáveis em praças de cidades para incentivar a leitura.  E sob essa intenção caridosa esconde-se toda a promiscuidade de uma política que não passa de esmola, se é que chega a tanto.

 

Quando o governador Rigotto tomou posse, publiquei na revista Aplauso uma carta em que dizia: “Se a um governo responsável cumpre, por um lado, reconhecer, incentivar e cultivar as manifestações culturais do povo, por outro, deve necessariamente valorizar seus artistas e intelectuais, porque é através de suas obras que a cultura faz algum sentido para a sociedade. O desenrolar da história serve sempre de modelo. Assim, não será demais recordar o papel da democracia na consolidação da tragédia grega, o da igreja na renovação da cena medieval, o do mecenato na transformação da arquitetura teatral renascentista, para ficarmos com alguns exemplos tirados ao acaso da história do teatro. Eurípedes, Shakespeare, Molière, Ibsen, Beckett e O´Neill, para citar apenas alguns dos grandes, resultaram de políticas culturais definidas, não necessariamente ideais, mas de qualquer modo definidas, que reconheciam no artista um elo de ligação fundamental entre governo e povo, entre sociedade e cultura”. 

 Senhora Secretária: falácia, segundo o Aurélio, quer dizer “qualidade ou caráter de falaz”. Falaz, por sua vez, quer dizer, “1. enganador, ardiloso, fraudulento; 2. vão, quimérico, ilusório, enganoso. No texto do verbete, o exemplo usado é de Euclides da Cunha, e diz: “Será o eterno tatear entre miragens de um processo falaz e duvidoso”. Exatamente como é hoje o projeto de política cultural do Estado. 

Luiz Paulo Vasconcellos

(ator, diretor, professor e poeta)

Wednesday, April 08, 2009

Precisa dizer algo?

Revista Bravo - nº 140 - Abril 2009 - O som e a palavra

Tuesday, April 07, 2009

Livro de cabeceira


Ontem, na disciplina do mestrado, assisti ao filme Livro de Cabeceira de 1996 do diretor Peter Greenaway . Recomendo. Mas, uma das coisas que me pareceram interessantes foi as listas às quais a protagonista se referia. Lista de coisas que dão prazer, por exemplo. Quem acha que é fácil devia experimentar. Eu achei que faria a minha rapidinho. Não foi bem assim.

Pensei que seria uma coisa boa de colocar aqui. Pessoal e instransferível, mas, afinal,  blog se chama Palcos da vida, não é mesmo?

Lista de coisas que dão prazer. Sem ordem de prioridade e sem incluir alimentos e bebidas. Quer dizer...vinho, queijo, chocolate! 

1. Dias de sol
2. Viajar
3. beijo na boca
4. nadar
5. cafuné (acho que até a palavra tá saindo de moda)
6. conversar com amigos
7. risada de criança
8. chocolate
9. lareira
10. cinema
11. teatro
12. escrever
13. ler (mas, não é sempre)
14. banho de mar
15. yoga
16. abraço  (é um gesto recíproco, né?)
17. cantar (faço pouco)
18. ouvir pessoas inteligentes
19. ouvir música
20. dançar (quase nunca faço)
21. aplaudir
22. dormir
23. cozinhar
24. fazer um trababalho bem feito
25. pensar

E por último, mas, nem por isso menos importante, sexo, é claro! 

Saturday, April 04, 2009

A crítica nos bastidores

"No dia que um sujeito atrevido quisesse ter o trabalhão de escrever contra o teatro, devia antes suicidar-se" 

João do Rio - A crítica dos Bastidores - O Percevejo Ano II, nº2, 1994

Wednesday, April 01, 2009

Recomeço

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.

É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome."

Fernando Sabino