Tuesday, April 29, 2008

Monday, April 28, 2008

Ah, o amor II

Vou plagiar um texto com o qual tomei contato deveria ter uns 12 anos. Durante muito tempo o guardei, mas, já não o tenho mais e nem lembro quem assinava, mas, que volta a se fazer presente. A idéia era assim:

Penso em você quando acordo. Penso em você em cada minuto da minha manhã, em cada garfada do meu almoço, quando como minha sobremesa, quando bebo meu café. Penso em você no trabalho, no cinema, na rua, no ônibus, no carro, no parque. Penso em você enquanto ando. Penso em você enquanto falam comigo, enquanto brigam comigo, enquanto choro, enquanto sorrio. Penso em você em cada respiração, em cada piscada, em cada bocejo, em cada suspiro. Penso em você enquanto canto, ouço música, vejo televisão, leio o jornal, enquanto escrevo. Penso em você quando anoitece, quando a lua chega, as estrelas brilham. Penso em você enquanto durmo, enquanto sonho, tenho pesadelos, enquanto grito, tomo um gole d'água. Penso em você a cada minuto, a cada segundo do meu dia porque é simples pensar em você, basta viver.

Ah, o amor...

Sei cada vez menos sobre o amor ou pelo menos sobre o que chamam assim. Não entendo estes casais que ficam “se desfazendo” na frente dos outros. Que escolhem justamente o momento em que tem alguma outra pessoa para ficar de picuinha por coisas pequenas (bem, acho que isto é redundância). Ficam ali na frente dos outros “divulgando” os hábitos não tão agradáveis ou interessantes do outro. E isso vira um jogo. A disputa é por quem consegue revelar a coisa mais constrangedora, o pior defeito ou atitude do amado. Amado? Será que a gente faz isso com quem ama? Não estou falando daquelas implicâncias que surgem entre os sexos logo que surge o interesse. Aquela forma de chamar a atenção infantil, mas, que se faz presente eternamente (bem, pelo menos até depois dos 40, eu garanto!). E o pior é que os casais adoram colocar os "seres avulsos" nesta situação. A gente já fica meio pedindo desculpas a humanidade por não ter achado um parceiro, fazendo força para manter a auto-estima mesmo sem ter alguém para chamar de seu e não bastando isso, se vê em frente a esta cena. Além disso, em geral, um dos dois nos é muito íntimo e, talvez, por isso mesmo, tenha tanta necessidade de fazer este papel. Gostaria mais de entender este processo. Isso sem falar nas vezes em que a mulher resolve ter um ataque de ciúme vindo do nada e põe o maior beiço na cara porque o “seu homem” está sendo muito atencioso com você. Ou o homem resolve, realmente, lhe dar indiretas de que já não está tão satisfeito assim com aquele relacionamento. Aliás, isso é quase uma regra. Nossa presença feminina desperta o seu lado caçador e ele acha que não vai pegar bem se não lhe der uma cantada. Bem, mesmo não sendo uma pessoa conservadora, nestas horas, eu não dou o mínimo espaço. Este tipo de comportamento, que desrespeita a pessoa tão escrachadamente não merece o meu apoio. Agora, se a mulher, por nada, como eu já disse antes, resolve implicar diretamente comigo, eu faço que não percebo e sou super simpática e charmosa. Quem mandou acreditar que o cara tá interessado é em mim? Bem, mas, voltando ao assunto que me fez escrever, é uma pena que os casais não me mostrem, justamente, como é bom ter uma companhia que está feliz por estar ali, satisfeita com sua escolha romântica e, ao invés de ficar me dando um espetáculo de desavenças, me mostre a alegria de ter alguém. Juro que eu me sentiria melhor, mesmo estando sozinha.

Thursday, April 24, 2008

Metade

Se você não amar esta letra, pode deixar de ler o meu blog:

Metade
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que triste. Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partid, mas a outra metade é saudade.Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância. Por que metade de mim é a lembrança do que fui. A outra metade eu não sei.Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar. Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer. Porque metade de mim é a platéia. A outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Monday, April 21, 2008

PERFIL COMPLETO

Entro no blog de um homem que conheci no início deste ano. Lá está escrito: visualizar o perfil completo! Como seria bom se isso fosse realmente verdadeiro. Ou não? Bem, por este meu começo já indico uma das informações que existem lá: o signo. Sou libriana. Sempre difícil fazer alguma afirmação categórica. Para mim, a vida está repleta de entrelinhas, subtextos e por aí vai. E não são bons os mistérios? Claro. Minha irmã uma vez me disse (enquanto eu me lastimava por não ter as respostas que queria): Tu és movida a adrenalina. Não tinha parado para pensar nisso. Achava que queria os pingos nos “is”, que estava cansada de tanto tracejamento para completar em minha vida. Mas, não. Ela está certa. Nenhuma resposta substitui a emoção da véspera de um acontecimento. Voltando ao blog. Leio rapidamente pedaços do que está escrito. Esbarro no relato de um encontro que saía do virtual para o real e lembro que, recentemente, contei em francês (voltei a estudar esta língua que amo), uma das experiências que tive de encontros às cegas. O meu vale comentar. Depois, de muito tempo (em torno de uns seis meses) em contato pela internet, decidimos marcar um encontro. Escolho um cinema, pois adoro e, fosse qual fosse o resultado, eu teria feito algo que me daria prazer. Inquieta por achar que não iria reconhecê-lo (sempre penso isso até de pessoas que conheci há pouco tempo), logo soube que era ele. Ao sentar na mesa e começar a conversar de forma agradável, reparei que o nariz dele era bem maior do que parecia nas fotos. Mas, qual é o problema, afinal? Está aí Cirano de Bergerac para nos provar. Bem, entramos no cinema. Confesso que não lembro qual era o filme, mas, poucos minutos depois, ele resolveu pegar na minha mão. Argh! Que sensação horrível. Foi um choque, mas, de desgosto. Havia algo naquele toque que me gerava aversão e olha que isso não é comum. Só pensava em quando poderia sair dali ou em como fazer para tirar a minha mão da dele sem ser rude! Desisti de encontros virtuais. Nem começo conversas para não me arrepender depois. Sei de casos bem sucedidos. Casamentos que geram filhos, etc. Sinto uma certa inveja. Não acho nada demais em usarmos todos os recursos para reconhecermos neste mundo tão maluco quem nos dará alegrias, prazer, nem que seja por alguns bons momentos. Mas, eu não quero mais correr o risco. Prefiro esperar esbarrar por aí em alguém que faça como eu e demonstre algum interesse em continuar o que o “acaso” provocou. "Perfil completo...essa é boa. Até parece que mesmo com hipertexto, hiperlinks, fotos e vídeos, a gente pode chegar perto da alma de alguém," reflete a minha mente, tentando ser racional e lógica. Mas, minha esperança viaja nas poesias, nas palavras, nas emoções que brotam daquela página e criam, mesmo que virtualmente, pessoas que parecem ter tanta identificação comigo. Como é bom encontrar os iguais!

Saturday, April 19, 2008

Sincronicidade

Jung diz que “a ligação entre os acontecimentos, em determinadas circunstâncias, pode ser de
natureza diferente da ligação causal e exige um outro princípio de explicação”, ao que ele chama de sincronicidade. A primeira vez, quem me chamou a atenção para esta palavra foi o
meu terapeuta holístico. Sim! Eu já tive um, aliás, recomendo. Não fosse ele, ainda estaria achando que o mundo é muito menor do que é e com medo de “quebrar a casca do ovo”, mesmo não estando nada confortável lá dentro (ele merece até um texto exclusivo, mas, o assunto não é
esse). Como todo mundo, chamo de coincidência quando encontro alguém em quem estou pensando, quando esbarro com outros que deveria conhecer, quando entro em um lugar que me faz viver algo que eu desejava e por aí vai... E como todo mundo, também, costumo dizer que coincidências não existem. Mas, digo isso, em geral, sorridente, me divertindo com a situação, reforçando um certa crença de que “há mais entre o céu e a terra...”, mas, ontem, vivi uma destas situações e tive certo medo. Não que houvesse, realmente,perigo, mas, achei meio assustador ter quase uma prova concreta de que esta tal coisa chamada destino, talvez, seja mais verdadeira do que dizem. Bom, na realidade,venho há tempos tendo provas isso."Coincidências", encontros e reencontros inesperados, desejos realizados, sonhos concretizados e por aí vai. Mas, ontem...vou tentar ser mais específica, mantendo o anonimato dos envolvidos em questão. Não sei se vou conseguir. Em 2005, havia reencontrado uma pessoa que conheci nos anos 70, quando veraneava em Tramandaí. Por "acaso". Fui fazer uma gravação de áudio para um trabalho e lá estava ele. Mas, não era alguém que tinha simplesmente passado pela minha vida. Era alguém que tinha me feito ficar muitas horas, sentada vendo-o tocar piano em pleno Verão na Colônia de Férias de Tramandaí. Gostei da "coincidência" e daí para começarmos a nos ver com certa frequência (ele não concordaria com o termo envolvimento) já teve uma boa parte de livre-arbítrio (ou não?). Bem, mas, como sempre acontece (ia) comigo, não demorou muito para ele começar a "escorregar" pelos meus dedos (Sugiro a leitura de Amor líquido). Neste meio tempo, na mesma época do ano, reencontrava em uma situação de "coincidência" também uma outra pessoa que havia, mais recentemente, me chamado a atenção, mas, que ainda não conhecia, por ocasião do meu trabalho de mediadora da Bienal. Bem, muita coisa se passou desde então. Muitos sentimentos, muitos toques, muitas risadas, algumas lágrimas. Muito mais do que eu poderia prever em apenas dois anos, mas, resumindo, estou em contato de novo (de uma forma diferente) com esta pessoa no momento e recebi um endereço onde deveria encontrá-lo ontem. Adivinhem? Exatamente o mesmo lugar do primeiro!!! Ah,vai dizer que não é algo para fazer pensar: yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay. Entrei um pouco reticente. O pianista já não está mais lá, como eu imaginava, mas, sou quase capaz de afirmar que era justamente para ser assim. Só o que não sei é o que vai ser de mim!

Wednesday, April 16, 2008

Cuidado com aquilo que você deseja

Cuidado com aquilo que você deseja. Quem será que criou esta frase? Está na bíblia? Não faço a menor idéia. Meus conhecimentos religiosos não chegam a tanto. Bem, mas, eu passei quase toda a minha vida (até agora) dizendo que achava um absurdo os homens que se aproximavam de mim, me seduziam, faziam parte da minha vida, simplesmente, desaparecerem. Assim, um dia, sem dizer nada. Costumava dizer que bastava uma frase: “não estou mais a fim”, mas, acabava chegando a aceitar uma única palavra: “acabou”. Não adiantava.

Tentei algumas vezes até já ir dizendo isso de cara (o que era meio assustador e neurótico, sem dúvida), explicava que eu ia aceitar numa boa, que não queria e nem tinha o poder de forçar ninguém a ficar comigo e tal..., mas, não adiantava. E assim foi, por anos e anos. Homens pelos quais me apaixonei, com os quais fazia planos de viagens românticas, jantares a luz de velas, desaparecendo feito fumaça. E, eu, ficando lá, sofrida, magoada, cheia de dúvidas, de perguntas sobre o que, afinal, eu havia feito de errado, o que teria dito ou não dito. Aquele horror de pensamentos circulantes sem chegar a resposta alguma. Aliás, toda vez que ia mais fundo em busca de respostas, acabava sendo recebida agressivamente, o que abalava ainda o meu ego.

O tempo foi passando e, depois de muitos anos de terapia, incansáveis conversas com as amigas, eu comecei a parar de fazer isso. Fingia aceitar uma falta de razão para aquele sumiço, sobrevivia a ele e ia vivendo até o próximo. Não foram poucas as lágrimas que derramei tentando compreender onde eu havia errado e porque nenhum homem se dignava pelo menos a me dizer adeus. Em toda a minha longa vida amorosa (me apaixonei com 10 anos e estou com 45), lembro de apenas uma exceção e foi preciso que o cara em questão tivesse 10 anos a mais do que eu para ter a maturidade de não temer meus olhos lacrimejantes ou mesmo meus argumentos para mantê-lo ao meu lado. Lembro, inclusive, que nem cheguei a fazer nenhuma reação que justificasse a atitude ou “a falta de” dos outros. Ele disse algo como: “Eu vejo que tu gostas mais de mim do que eu de ti...” e por aí foi. Bastou para que ficássemos amigos e apesar de eu ter perdido o contato com ele muito tempo depois, não tenho a menor mágoa nenhuma lembrança de sofrimento. E eu bem que gostava dele!

Bom, mas, estou justamente, voltando a encarar um outro momento como esse. Que desta vez foi dividido em duas etapas. Primeiro, ele sumiu. Depois, reapareceu e, daí, disse agora que para ser meu amigo. No início, nem sabia se eu queria isso. Me deixar levar, me aproximar de alguém que pode se escafeder a qualquer minuto e eu ficar ali, achando que ele foi abdjuzido? Não era uma idéia muito atraente. Mas, de mansinho, ele foi se aproximando e me desarmando tanto e de tal forma que hoje se ele desaparecesse de novo eu saberia por que: acho que não vou conseguir ser só amiga e nem estou pronta para entender o “acabou”.

PS: Este é apenas um texto para o blog, caso a pessoa em questão o leia, ignore as últimas linhas. Quero uma explicação bem boa e cheia de afeto!

Sunday, April 13, 2008

QUESTÕES EXISTENCIAIS

Enquanto as questões mais fundamentais da existência como: de onde viemos e para onde vamos continuam em aberto, sou bombardeada por questões menores. Algumas vindas do lado de fora, mas, a grande maioria surge de dentro mesmo. De onde? Não sei. Posso até precisar quando, como e por quê, mas, não de onde. Agora, uma coisa eu sei. Tem horas que elas crescem, ocupam um espaço enooorme e sou obrigada a lhes dar atenção. Querem um exemplo?

Não passo toda hora me perguntando por que estou sozinha, onde está o homem da minha vida, estas coisas. Vou me ocupando, no dia-a-dia, com minhas atividades de trabalho, meus amigos, meus compromissos sociais, um cinema e, muito menos do que eu gostaria, com um bom livro. Não basta? É...não basta, mas, que já consome um bocado de horas, isto eu posso garantir. Talvez, seja à noite, justamente agora, quando as coisas se acalmam que eu começo a me perguntar onde está o tal. De vez em quando acho até meio patético, pois, nuuunca pensei que passaria dos 40 nesta procura.

Sou uma mulher que sempre me apaixonei, várias vezes e, algumas vezes, até por mais de uma pessoa ao mesmo tempo! Bom, paixão dupla mesmo não, mas, sentimentos duplos, platônicos, mas, em dobro. Sim porque com toda a minha crença no poder e nos direitos femininos, sexo com mais de um homem ao mesmo tempo comigo não funciona. Bom, mas, voltando ao dito cujo (seja ele quem for) já deveria ter aparecido. Tem coisas na vida que é muito melhor fazer acompanhada e de uma presença amorosa masculina. É...eu ainda me lembro como é. Só que não depende de mim. Ou depende?

Sempre fui destas mulheres que quando sabiam o que (ou seria melhor dizer quem?) queriam, partia para o ataque. Pelo menos eu chamava assim, até que uma amiga mais nova e mais influenciada pelas “formas contemporâneas de abordagem”, me disse que eu parecia mais uma donzela do século XVIII. Eu me achando ousadíssima, mas, realmente, com ações que mais se assemelhavam a deixar cair o leque no chão do que outra coisa.

Ao mesmo tempo, porém, a irmã que mais convive comigo insiste em dizer que sabe nos primeiros instantes se eu estou ou não interessada, tentando conquistar um determinado ser do sexo masculino. Pronto! Vá saber. Não sei e é por isso que estou nestes tais momentos em que perco horas pensando o que deveria exatamente fazer para expressar mais claramente meus sentimentos. Já houve tempo em que eu começava com as afinidades, depois passava para textos escritos, letras de música, poesia (100% século XVIII!) e, só chegava em algo mais direto, se a outra pessoa desse o primeiro passo. Aí, sai da frente. Claro, é quase a abertura das portas de uma represa. Uma verdadeira enxurrada. Tudo lá guardado. Então...estou no momento que antecede a tudo isso. Se o final vai ser feliz, eu ainda não sei. Confesso que não tenho muito bons indícios. Se abrisse minhas próprias cartas, talvez, dissesse para a consulente seguir outro caminho. Mas, fazer o que? Eu me reapaixonei! Essa é nova. Sim, porque a pessoa em questão não é.

Friday, April 11, 2008

*A cantora e o careca

Eu não sei como foi a semana de vocês, mas, a minha não foi nada má. Hoje me peguei pensando em quantas informações novas e interessantes surgiram nos últimos dias. Às vezes, basta ver um vídeo como o do Peter Brook, falando sobre a sua vida e sobre improvisação para despertar emoções, mas, desta vez também tive Bárbara Heliodora ao vivo e a cores para reforçar ainda mais esta minha paixão pelo teatro. Peço desculpas por não saber repassar para vocês todas as coisas que me enriqueceram nestes dias. Não vou poder compartilhá-las aqui, pois, ficaria um texto muito longo e ainda preciso falar de algo completamente novo para mim que foi entrar em um estúdio para gravar uma música que eu iria cantar! A idéia surgiu da vontade de participar de um concurso e pedi ajuda para alguém que tem a voz linda, entende do assunto e é suficientemente generoso para compartilhar seus conhecimentos, sem achar minha intenção ridícula ou presunçosa. Como é bom ter gente assim por perto.

Então, depois de alguns bons dias tentando cantar, entrar no ritmo e, obviamente, não desafinar, fomos para o estúdio. Tentei fazer aqueles aquecimentos vocais. Acordei cedo para tirar a preguiça do corpo e lembrar de tantas coisas aprendidas para ficar relaxada, tranqüila e passar isso para voz, mas, nem sei dizer direito como é esquisito ouvir a si próprio dentro do ouvido! Isso que eu gosto da minha voz falando, mas, cantar? É outra história! Mas, acabei conseguindo o apoio até do cara que cuida do estúdio. Quando percebi, ele também (junto com a pessoa da qual já falei) estava lá me dando força, dizendo para eu “encarnar o personagem” de cantora. Certo ele.

Não consegui o resultado que queria, aquele que estava lá na minha imaginação, mas, já foi melhor do que eu pensava. Sai de lá satisfeita. Não tanto pelo som da minha voz, nem da melodia, mas, pela experiência. Tenho 45 anos e comecei a perceber que, cada vez mais, digo: “há 20 anos atrás isso, há 20 anos atrás aquilo” e não é a idade que, particularmente, me incomoda, mas, talvez perceba que precisamos estar sempre trazendo coisas novas para nossas vidas e toda vez que isso acontece, sinto uma enorme satisfação. Não é preciso fazer nenhum esporte radical para provocar adrenalina. Sugiro que mais gente passe por esta experiência que não exige grandes investimentos, pelo menos não de grana.

Bem, mas, para quem pensa que sou uma privilegiada por uma semana tão bacana, eu a comecei fazendo o procedimento de tirar ½ litro de sangue devido ao meu problema de saúde, a doença que aumenta os glóbulos vermelhos: policitemia vera e que me coloca em risco de derrame cerebral e ataque cardíaco. Este diagnóstico veio quando eu tinha 30 anos, mas, como já sabem meus amigos mais próximos, talvez, tenha sido quando eu, realmente, tive coragem de viver. Falo disso porque gostaria que cada vez menos gente precisasse levar este susto para deixar a bronca no trânsito, na fila do supermercado ou a decepção do extrato bancário de lado, pelo menos de vez em quando.

* Para quem não sabe, o título é uma brincadeira com o nome da peça “A cantora careca” de Ionesco, dramaturgo do teatro do absurdo.

Thursday, April 10, 2008

A crítica da crítica

E agora? Me pediram para escrever o que achei da palestra e do seminário de Bárbara Heliodora. Eu? Uma tarefa nada simples, mas, justifica-se, afinal, sou jornalista e meu mestrado em teatro é sobre crítica, ou seja, não a conhecia, mas, nossos caminhos começaram a se entrecruzar. Seria isso, então, a "crítica da crítica"? Está bem. Não é bem assim.

Ia começar pelo que dizia a divulgação do evento,mas, seguindo uma das "dicas" de Bárbara (na verdade, originária de alguém citado por ela), vou começar pelo melhor 2º argumento para terminar com o 1º.

Tenho que confessar que já conhecia, praticamente, todo conteúdo da palestra do primeiro dia. Pesquisei sobre ela. Meu projeto de mestrado me levou até lá. Encontrei o texto que dá origem a sua apresentação. Então, não houve surpresas? Não é bem assim. Como nas peças de Shakespeare (o autor que mais mereceu sua atenção) já sabia o final, mas, valeu a pena. Jamais a tinha visto pessoalmente. Fiz um esforço para identificá-la no café, antes do evento. É sempre uma satisfação estar perto de pessoas inteligentes e que tem as mesmas paixões. No caso, o jornalismo e o teatro. Claro, isso só comprova que ela tem razão quando diz que quem gosta de suas críticas, em geral, é porque pensa da mesma maneira. Somos todos muito narcizistas. O que nos agrada são as semelhanças, apesar dos ditados e da química entre os amantes que, às vezes, insistem em contrariar este paradigma.

No entanto, desconsiderando isso, quem será capaz de negar que ela é uma mulher arguta e que diz o que pensa? Não a revelia, mas, embasada em muitos estudos. Movida por muita curiosidade e, embora ela não tenha salientado isso, de muita paciência. Sim, porque, afinal, todos sabemos que deve ser duro ter que frequentar tanto teatro, assistir a tantos espetáculos e, não esqueçam que quem escreve também fez disso uma paixão.

Entretanto, não ousaria traçar nenhuma comparação, mesmo que rasteira, entre nós. Porque Bárbara está anos-luz do conhecimento que eu gostaria de ter. Talvez, por isso mesmo as pessoas façam perguntas a ela como se as fizessem as bruxas de Machbeth. E pior...ela faz uma pausa, um meio sorriso e responde, mostrando que gosta mesmo de compartilhar aquilo que aprendeu.

É claro que como platéia, eu queria mais, que sei o quanto ela teria a dizer sobre os textos sobre os quais mal conseguimos falar (Vestido de Noiva e Beijo no Asfalto de Nelson Rodrigues), mas, de qualquer forma como havia prometido voltar ao ponto forte disso tudo, entendi porque no cartaz sobre o seu curso dizia " temida e respeitada" (coisas que parecem inconciliáveis). Na verdade, apenas uma característica de Bárbara provoca tais reações antagônicas: o seu profundo, intenso conhecimento sobre teatro!