Tuesday, November 26, 2013

You have a problem? Call Tom Hanks

Tenho ido pouco ao cinema. Como jurada do Prêmio Açorianos, minha agenda anda mais ocupada com espetáculos. Mas, quando comecei a ver os comentários sobre o Tom Hanks (ator que considero o melhor dos tempos atuais), em Capitão Philips, decidi que já estava na hora de voltar a ver filmes, coisa que eu adoro. Não li nada sobre o que se tratava. Simplesmente comprei os ingressos e me sentei em um lugar que considerava o ideal da sala. Esquecendo, porém, que poderia chegar alguém e se sentar atrás de mim. Uma daquelas pessoas que não cala a boca. Quem me conhece sabe o quanto gosto de falar, mas no cinema ou no teatro, nem sussurrar acho certo. Considero uma interferência insuportável. Assim, segui o gesto do cara que estava sentado ao lado do tal falante e troquei de cadeira pouco depois do filme começar.  Assim pude entrar nesse universo mágico que me provoca tantas emoções.
Devo dizer que Tom Hanks é o responsável pelas maiores emoções que já tive no cinema. Obviamente, já me fez rir, chorar, ficar nervosa, com raiva... Mas fez ainda mais. Registrou em minha memória momentos inesquecíveis e falas como: “run Forrest, run” ou “Houston, we have a problem” e, em silêncio (mas nem tanto), me arrebatou em O Náufrago. Já perdi a conta do número de vezes em que assisti esse último. Ah, e o Terminal também, pois minha mãe é absolutamente apaixonada por esse filme e mesmo em Tão longe e tão perto que ele tem poucas cenas, o acho brilhante. Tom Hanks pode ser pai, ter alguma deficiência, ser comandante de nave espacial, grande, o que ele quiser. Sem exageros. Ele não precisa se por aos gritos, nem fazer caras e bocas. Cada personagem parece meticulosamente estudado para chegar à eficiência. Tanto é que se eu estivesse no espaço, numa ilha perdida ou em um navio em alto mar, eu gostaria que no comando estivesse quem? Ele.
Feito todos os elogios possíveis a esse grande ator, nesse filme em particular, não seria justo não valorizar a atuação dos “seus inimigos”. Estou tão acostumada a ver os americanos sempre enfrentando alguma ameaça que se eu não estiver atenta acabo sempre torcendo pelos Estados Unidos, sem observar as circunstâncias daqueles que os enfrentam. Fato é que, graças às atuações, lá pelas tantas estou mergulhada naquele assunto que pouco me diz respeito e menos ainda me interessa, tentando compreender o funcionamento da marinha americana, das decisões da Casa Branca e buscando imaginar o final daquela história. Isso nos poucos momentos em que conseguia algum alívio das sensações intensas de perigo e medo. Não vou nem tentar fingir que entendo de política ainda mais em águas internacionais. O que, no meu entender, não faz nenhuma diferença para aproveitar as cenas. Os atores que contracenam com Hanks são tão convincentes que acabei achando graça ao imaginá-los desfilando no tapete vermelho na entrega do Oscar. Claro que só consegui fazer isso depois de ter saído do cinema.

Tom Hanks me leva tão para dentro daquela “realidade” e consegue tanta empatia que, quando vejo o seu personagem completamente exasperado, lágrimas escorrem pelo meu rosto compartilhando seu desespero e angústia.  Felizmente, não havia ninguém do meu lado, pois embora defenda o silêncio, meus movimentos ansiosos na cadeira e meus suspiros também poderiam ter incomodado alguém. De qualquer forma, essa catarse faz com que eu saia do cinema profundamente impressionada mais uma vez com esse enorme talento e, nesse momento, chego a lastimar não estar no teatro para aplaudi-lo de pé.