Tuesday, July 27, 2010

Até que a morte os separe

Não lembro quando comecei a pensar que era hora de casar. Parece que a gente sonha com isso desde menina. Honestamente, não lembro. Mas, às vezes, recordo quando comecei a frequentar o casamento dos outros. Ficava apavorada com aquela ideia do para sempre. Falo de uma época sem divórcios, separações ou mesmo casos em que os maridos haviam deixado as mulheres. Meus familiares não os comentavam. Meus pais muito menos. Então, era para sempre. E eu não era capaz de escolher viver para sempre com ninguém. Mesmo depois de 10 anos namorando o mesmo homem. Homem? Eu o conheci tinha 15 anos. E me apaixonei. Perdidamente. Loucamente. Mas cinco anos depois, ele já não entendia meus anseios, minhas angústias, inseguranças. Como eu podia amar alguém se não amava a mim mesma? Esta era a questão maior. E nesta busca vinham as paixões. Alguém gentil, alguém bonito, charmoso, inteligente...Alguns elogios e eu já ficava interessada. Entre casar com alguém que não amava ou não casar, preferia esta segunda opção. Na verdade, ainda prefiro. Hoje, estou solteira. Algo impensável para aquela menina que começou a namorar aos 13. Fui noiva por seis meses. Pedida em casamento uma única vez em que chorei por saber que não queria me casar sem amor. Hoje, acho linda a cerimônia que antes desdenhava. Ainda penso que gostaria de colocar um vestido de noiva, entrar na igreja com todos me olhando. Nem chego a pensar que estariam observando as minhas rugas e não o meu buquê.  Porém, isso não importa mais. Gostaria apenas de amar e ser amada...para sempre.

Monday, July 26, 2010

Não há tempo para os artistas


Resolvi parar tudo que tinha e devia fazer para escrever sobre onde fui ontem. Se não vai ficar velho... Ah, que bobagem. Se tem algo que percebi foi que tem coisas que não envelhecem. Tinha escutado no rádio que o Nelson Coelho de Castro ia cantar com a Orquestra do Theatro São Pedro. Havia me parecido um excelente programa, mas eu sabia que pela agitação do sábado, ia estar com preguiça. E não deu outra, mas um convite em cima da hora me fez repensar e topar a empreitada. Em um ritmo devagar quase parando lá me fui. O presente me puxando para encontrar o passado.

Os lugares quase lotados. Fui parar na primeira fila. Chega o maestro. Fala um pouco da história do Nelson, de sua formação clássica, de uma música que havia ficado na sua cabeça desde o tempo dos seus estudos no Palestrina e que agora ia ser tocada por nada mais, nada menos do que a Orquestra toda. Uma melodia incrível encheu aquela imensa sala cheia. Logo depois, entra Nelson Coelho de Castro. Senta e começa a cantar a próxima música. Não conversa com o público. Não dá bom dia. Eu pensei: deve estar nervoso. O Nelson? Adora um papo-o com a plateia. Lembro que em todos os seus shows ele conversava bastante. Coisas interessantes, é claro! Divertidas. Gostava de falar. Com um jeito modesto, contido e ao mesmo tempo um imenso sorriso e um olhar maroto. Estava quase tudo lá. Mais de 30 anos depois. Menos a conversa.

Mas, na terceira música, ele para tudo e diz que não está conseguindo conter a emoção, que devia ter dado bom-dia (ah...), que errou a música fazendo esforço para não chorar, para conter as lágrimas que já tinham começado a aparecer na música de abertura. Fala dos arranjos feitos por Vagner Cunha (razão atual do tal convite) que foi quem o chamou para ele estar ali. Pronto. Era o Nelson por inteiro. E por alguns momentos, eu tive 18 anos de novo. Estava lá no Bar do IAB ouvindo sua voz meio rouca cantando: “Faz, faz a cabeça, faz com cachaça, faz com limão”*. Porém, é o trecho de uma das músicas que ele nem tocou que sempre ressurge em minha memória e me traz uma enorme nostalgia: “Aquele tempo do Julinho, eu jamais vou me esquecer, eu pensei que era um filme, eu jamais irei me ver”. Juro que não consigo nem escrever estas palavras sem sentir um aperto no peito que provoca um suspiro. Imagina se eu tivesse estudado neste colégio então.

Não resisto e canto baixinho a letra de Armadilha, que nem era lá minha preferida e me divirto pensando que passei milhões de anos entendendo “cambada de fé tá na mão (a letra é cambada de pedra na mão). De qualquer forma, a letra faz mais sentido para mim, agora. Lá pelas tantas, ele chama ao palco o Bebeto Alves. Pronto. Mais lembranças. Minha irmã tinha um disco dele que adorava. Ouvia o tempo todo. Também, como não se apaixonar por uma frase dessas? “Nas pegadas das minhas botas, trago as ruas de Porto Alegre E na cidade de meus versos, O sonho dos meus amigos”.

Nelson explica que chamou Gelson de Oliveira para tocar no lugar de Totonho Villeroy. A primeira pessoa que entrevistei na vida, durante os tempos de faculdade nos anos 80, quando ele ainda tocava em uma garagem no bairro Menino Deus. E estes “contatos” com estes músicos vem da minha amizade com Ricardo Silvestrin e Enio Côrrea (o Eninho). A dupla que hoje percebo teve uma influência incrível na base da minha formação cultural e na minha paixão pelas artes que me levou a ser mestra em Artes cênicas.

Nelson pode estar de cabelos grisalhos, Bebeto ter uma filha artista famosa, Totonho ter até mudado de nome, mas nesta manhã de Domingo, eu voltei ao passado e me emocionei as lágrimas. Não é que o presente não esteja bacana e que eu não acredite que ainda tem muita coisa pra frente me esperando, mas aquelas músicas me remetem a um passado em que tudo era possível e “ao ver-te, Nelson, rever-te, verte tudo com gosto e tudo do primeiro louco ver-te”.

Comento com ele destas lembranças ao ir pegar seu autógrafo no Cd Lua caiada que acabo de ganhar (ou pego seu autógrafo para comentar?) e é claro que ele tinha a coisa certa para dizer: “A música é como perfume, nos remete imediatamente ao momento, ao que sentimos em qualquer tempo do passado”. E eu sigo sentindo o que ele escreveu na letra de música para Porto Alegre, algo como: “um dia quase furacão, em outro paz e meditação”. Ah, e “ainda penso em ser feliz”.

* Fui devidamente corrigida por Betha Medeiros que foi adolescente na mesma época em que eu, só não nos conhecíamos. Na letra da música Faz a Cabeça, onde lê-se "llimão", leia-se "razão". Vou botar a culpa nos meus amigos que deviam cantar assim. Eu até imaginei que poderia estar errado...

Saturday, July 24, 2010

PODER E TOTALITARISMO MENTAL

No dia 28 de julho, quarta-feira, às 20h, a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre estará realizando debate com entrada franca no auditório da Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country com o tema: Poder e totalitarismo mental. Coordenado pela Dra. Léia Maria Silva Klochner terá como convidados O Dr. Gley Silva de Pacheco Costa, presidente da Sociedade, Paulo Moura, Doutor em Comunicação Social e Mestre em ciências políticas e Rodrigo Schwalm Lacroix, professor de pós-graduação da PUCRS.

Informações: 3330-3845/3333-6857/3028.4261



Monday, July 12, 2010

BLUMENAU – CIDADE DO PECADO DA ARTE

Em dúvida se fazia um relato do meu último dia de Festival ou se comentava o espetáculo que assisti no sábado, resolvi fazer as duas coisas. Três, na verdade, porque incluo aqui o debate sobre a peça. Afinal, elas estão mesmo misturadas. Aliás, diria que meu comentário já está contaminado pelo que ouvi de Walter Lima Torres e André Carreira, analisadores dos espetáculos. Mas prometo que tentarei deixar claro quando a fala não for minha.
Sábado, fui assistir Ascensão e queda de Mahagonny. Quem me conhece sabe que não tinha nenhuma informação sobre o espetáculo ou a companhia. Era o que tinha para assistir, então, comprei o ingresso e me dei por satisfeita por conseguir um lugar bem na frente. Adoraria poder dizer que já conhecia o texto ou mesmo que sabia que era uma peça de Brecht. Mas se sabia, não lembrava o que, infelizmente, acaba sendo a mesma coisa. De qualquer forma, estou certa de que não havia visto nenhuma montagem antes. Fiquei surpresa ao ser informada que Irene Brietzke tinha colocado esta peça em cartaz nos anos 80, que Mirna Spritzer estava no elenco e que Humberto Vasconcellos havia falado dela em sua dissertação de mestrado. Mas isso tudo foi depois de eu ter assistido. Informações repassadas por meu colega de mestrado e de profissão, Newton Silva, seguidamente mais atento do que eu.
Eram muitos atores no palco. Homens e mulheres. Contavam a história de uma cidade onde tudo era permitido, desde que fosse pago. Os atores cantam e alguns, muito bem por sinal. Há uma série de propostas cênicas e soluções estéticas interessantes como a lista de produtos que cai do teto, bem como uma grande quantidade de objetos. Uma boa parafernália, eu diria. O figurino é bastante adequado aos seus personagens que obedecem ao que é chamado de personagem tipo e, fiquei sabendo (no debate), pelos elementos que Brecht costumava utilizar. Leia-se: suspensórios, chapéu coco e até um ringue em uma determinada cena.
Tinha uma movimentação intensa e a tal contracenação, que faltou no espetáculo anterior, acontecia. Era divertido também. Algumas coisas, realmente, engraçadas, outras surpreendentes. E a capacidade de ocupação do espaço cênico de forma dinâmica e constante realmente impressionava.
Chamou minha atenção também o equilíbrio dos atores em termos de atuação. Era um grupo coeso e bom. O que é bastante incomum em montagens com tantos personagens e com gente tão jovem. Acabei sendo informada que o que vi foi um trabalho elaborado por estudantes da Universidade de Campinas. Recém formados, seguem com a montagem. Sendo assim, as possíveis críticas que tenho, devem ser atenuadas, pois não é justo um nível de cobrança tão alto de pessoas que estão em processo, embora, a gente saiba que, para quem faz teatro, este jamais termina.
Bem, apesar de não ter me aprofundado em Brecht, trata-se de um nome que sempre aparece para quem tem a pretensão de entender um pouco de teatro. E daqueles que não é simples de compreender, principalmente, escolher um texto dele para uma das primeiras montagens, mas tinha em mente que ele fazia um teatro questionador, com destaque para aspectos sociais e econômicos, visando uma maior consciência dos espectadores. Usava para isso de ironia, de sarcasmo, além deste formato musicado. E eu senti falta disso. Por pouco não saio achando que Paul Ackermann, o lenhador do Alasca que chega a cidade, devia mesmo ir para a cadeira elétrica. Afinal, após ter contraído dívidas, não tinha dinheiro para pagá-las. Claro que dou uma certa exagerada, no entanto, o capitalismo é uma ideia tão forte, já tão incorporada que obscurece a percepção de que tal decisão foi tomada, na verdade, por uma justiça corrupta. Talvez fosse preciso um outro tempo de cena, algumas pausas... Algo que nos permita refletir rapidamente sobre o que está se passando até porque Mahagonny não é um lugar específico, geograficamente importante. Ele não é lugar algum e é todos os lugares.
Assim, embora eu tenha me divertido, embora tenha ficado impressionada com a atuação de todos e admirado soluções cênicas irreverentes como a da destruição das cidades pelo tufão) quando placas de isopor vão sendo “devoradas” por um ventilador que não alcança a placa de Mahagonny), pensava se o grupo tinha consciência desta escolha por um humor mais superficial do que, provavelmente, propunha a obra de Brecht. Fez eu me lembrar de uma história que Sergio Silva gostava de contar de uma atriz que, ao interpretar a Madame Blanche, em Um Bonde chamado desejo, em suas últimas falas cometera um equívoco que comprometia todo espetáculo. Na hora de dizer: “eu sempre dependi da bondade de estranhos”, o que tinha um tom patético que justificava a “patologia” da personagem, a atriz, optou por dizer isso com leveza. Uma frase, segundo Silva, bastou para arruinar o final. Neste caso, não foi para tanto e, talvez, seja importante dizer que o público reagiu bem ao espetáculo apresentado em Blumenau, no qual me incluo.
Dia seguinte: o debate
Fazia tempo que não participava deste tipo de atividade. Durante muitos anos, no Festival de Gramado, tive a oportunidade de estar presente tanto aos filmes quanto as discussões na manhã seguinte. Acredito até que minha “formação” estética e artística tenha sido influenciada por todas as coisas ditas naquelas manhãs de inverno por pessoas não só do Brasil como de outros países.
Feita uma rápida abertura, a palavra foi para o ator Artur Kon. Ele explicou que a montagem da peça havia sido feita em 2008, ainda na Universidade, que o diretor Marcelo Lazzarato, já havia montado Brecht e tinha proximidade com este autor. Disse que eles achavam que seria interessante tomar contato com este teatro, pois sabiam que era importante. Destacou a importância de uma semana intensiva que tiveram com Marcio Aurélio (?). “Foi um período que mudou nosso pensamento sobre teatro”. Trabalharam com três textos e acabaram decidindo por Mahagonny e por uma “encenação mais vertiginosa”.  De qualquer forma, eles resolveram montar a Companhia de Teatro Acidental.
A palavra então foi para Walter Lima Torres, doutor em teatro pela Sorbonne, entre outras muitas funções. Walter começa a sua fala parabenizando a companhia, pela ousadia. Por se aglutinarem em torno de alguma coisa, pois, segundo ele isso é muito importante. (Recentemente, Edélcio Mostaço inseriu em meu texto a palavra aglutinador e eu sorri pensando que não era um termo do meu vocabulário. Pelo jeito, está na hora de passar a ser). Walter segue dizendo que o espetáculo tem uma forte comunicação com o público e começa a dar informações históricas sobre o texto e sobre o autor. “Foi apresentado pela primeira vez em 1927, inicialmente com seis canções. Durava meia hora. Depois, Brecht mexe com a estrutura da ópera, trazendo, antes de tudo, um teatro musical inovador com forte influência do teatro não aristotélico. Era a velha ópera, agora em teatro narrativo no qual o homem podia tomar consciência de que suas desgraças não são eternas, mas históricas.
Segundo ele, o espetáculo apresentado “tem uma grande qualidade que é a alegria, a vivacidade e o entusiasmo que supera as deficiências vocais. Cantar em um registro outro que não o tradicional”. Feitas estas colocações, ele observa que os atores, por estarem preocupados em fazer acontecer a encenação da obra, se esquecem da possibilidade de problematizá-la nas relações entre os personagens, explicitando as atitudes e as relações sociais. Ou seja, ela acaba de dizer o que eu comentei acima, no mínimo, de uma maneira muito mais educada e embasada teoricamente. Deixa estar...um dia, eu chego lá. Mas ele não para por aí. Comenta que a atuação dos papéis se dá em um único plano e segue para um registro que nos é mais conhecido e familiar que é o tipo e que não explora as contradições possíveis destes mesmos papéis. E não satisfeito, ele exemplifica. “Neste sentido o tufão e a lua vão ao encontro de certa precariedade que poderia ser mais enfatizada, buscando um referencial mais brasileiro como Serra pelada. Ele explica que eles poderiam contemporaneizar, ao invés de tentar seguir a concepção original. Algo que pudesse estimular uma crítica mais ácida, induzindo além de Mahagonny. Walter indica a busca de arquivos no Google sobre Emir Kusturica (Não fazia a menor ideia de quem era. A menina do meu lado até corrigiu o jeito que eu escrevi este nome).
É a vez de André Carreira, doutor em teatro e professor da UDESC, falar do espetáculo. Começa dizendo que é bom poder “contemplar o aprendizado no exercício da montagem”, que o desempenho é bastante desenvolto, que há empatia com o público, mas que a escolha pelos personagens tipo é uma qualidade do espetáculo ao mesmo tempo que deve ser repensada. Segundo ele, as obras de Brecht sempre nos impulsiona para outro lugar que não é a montagem, mas que seria interessante saber qual o plano de conexão entre a atuação e o contemporâneo. Diz que há uma série de pecados que não estão contemplados na encenação. Fala que a história do garimpo, sugerida pelo Walter, é tão ou mais violenta que a febre do ouro. E pergunta: De que pecados falamos hoje? Salienta que o uso de elementos no espetáculo se preocupa com o sentido histórico de Brecht e que o uso da música dos anos 60 faz um cruzamento de tempo, mas não nos põe com o pé no hoje. Porém, comenta que todos nós temos a nossa versão do espetáculo, que ele não está ali para dizer a sua. Suas colocações me parecem extremamente pertinentes e ditas de uma maneira bastante tranquila.
Talvez, por isso, o porta-voz do grupo, Artur Kon, diz que não pretende se justificar, que é muita coisa para absorver. Assim, se a falta de maturidade pode ter atrapalhado em algo a concepção do espetáculo, ela aparece em um momento bastante delicado para qualquer artista: o da crítica ao qual, porém, Artur reage de forma muito educada e inteligente. Ele apenas acrescenta algumas informações dizendo que o cenário, o figurino, a ideia de usar a música dos Beatles surgiram deles e que acreditavam que utilizar o personagem tipo traria maior flexibilidade. Além disso, ele fala que esperavam que o espectador trouxesse suas próprias referências contemporâneas. Faz sentido. Ao invés deles ficarem tentando especificar situações do hoje, colocam na mão da plateia esta tarefa. No caso do Walter parece que funcionou.
A partir disso, surgem os comentários dos demais participantes do debate. Inclusive o meu. Falo sobre o trabalho do Humberto e da montagem de Irene, na verdade, para entrar em acordo com o que já foi dito pelos outros dois professores, ou seja: falta aprofundar o caráter provocador do espetáculo. Ao falar, porém, tomo cuidado para não desmotivar um grupo tão “guerreiro”, pois, sem dúvida seria uma pena. As outras pessoas que falam (e que não saberia identificar) falam que a forma escolhida para mostrar a exploração feminina causou incômodo, dizem que é preciso se perguntar “o que fica? Como se transforma?”. Narciso Telles, doutor em teatro mineiro, elogia o espetáculo e acredita que seria produtivo auto questionamento enquanto sujeito/artistas e que pode ser bom abrir mão do material técnico do Brecht.
Quando os representantes do grupo retomam a palavra é para dizer que eles estão em um processo de amadurecimento e que os apontamentos feitos vão ser interessantes. Eles tiveram que reorganizar o espetáculo, pois, no período de universidade eram muito mais atores no palco do que é hoje. São feitas afirmações divertidas sobre as movimentações cênicas: “Temos que ensaiar bem, pois se não a gente tromba”. E há algo que é dito que parece muito significativo do momento: “Até então, era um trabalho universitário. Agora é uma proposta artística”. Lembrei de um diretor, meu amigo, que dizia que tinha que pensar qual era o teatro que ele queria fazer.
Carreira retoma a palavra para dizer que é preciso se aproximar destes autores clássicos como Shakespeare, Beckett, Nelson Rodrigues, distanciando-se do mito. Este deve ser assassinado. Considera que só há sentido em montar um clássico se este for atualizado. Confesso que eu tenho um certo medo quando isto é dito, pois, em geral, isso significa colocar roupas contemporâneas, rock como trilha sonora. O que, imagino, não seja o que Carreira está tentando dizer.
As respostas do grupo são bem bacanas. Eles comentam que ainda estão discutindo o que querem dizer em cena, que a cada apresentação mais coisas aparecem, que muita coisa a gente não tem ideia de como responder, pois é mais uma provocação, que eles estão querendo se constituir como companhia de teatro.  Um dos atores comenta: O teatro se faz a cada momento, a cada dia. O que eu tenho e coloco. É preciso tirar o peso, o medo e ir para a cena. A cada dia se faz e uma descoberta do que fez. Às vezes, eu não sei onde eu vou.
Gostaria de ter ficado mais no Festival. Pois, a medida que o tempo passa, a gente vai fazendo contatos, as caras vão ficando conhecidas, mas tive que vir embora, não por falta de disponibilidade, mas porque, como em Mahagonny só pode ficar quem paga!
No mais ficou um sentimento que até já foi transformado em música, então, reproduzo aqui:
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que eu não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que eu quero me suprime
Do que por não saber ainda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que eu não sofri

Sunday, July 11, 2010

FOLHAS DE CEDRO - “nois fomo e num encontremo ninguem”.

Primeiro devo dizer que entrar em um teatro desconhecido é sempre interessante. Desde a hora da compra do ingresso em que não sabemos se vamos ter uma boa visão ou não, até descobrir onde está a nossa cadeira. Fui parar no que seria a Galeria central do Teatro São Pedro. Eva Sopher não gostaria da comparação porque o teatro Carlos Gomes é infinitamente mais simples, mas tem cadeiras neste espaço. Iguais as que tem na plateia.

Depois, teve uns discursos. De gente que também não conheço. Nem mesmo Pita Belli, a organizadora do Festival Internacional de teatro de Blumenau. De qualquer forma, foi interessante ver a receptividade da plateia as palavras dela e sua emoção. Para variar, sobravam espaços em posições bem melhores do que a minha, mas se nem em Porto Alegre me animo a tentar mudar, imagina em uma cidade estranha...

Vamos aos comentários do espetáculo, que tentarei transformar em crítica, argumentando, mas não garanto nada que vou conseguir, pois, realmente, não tenho esta prática. Até porque, como meus amigos sabem, costumo só escrever sobre espetáculos de que gosto, o que, já antecipo, não foi o caso.

Primeiro, se considerarmos que teatro possa ser a arte de contar histórias (embora, certamente, não se limite a isso), As Folhas de Cedro da Companhia Teatral Arnesto nos Convidou não tem nenhuma novidade, mesmo se tratando de uma história inspirada em imigrantes libaneses. Havia um cuidado com o figurino. Havia um código quanto a área de atuação definida por um círculo feito com giz no palco. Algo que me pareceu uma boa proposta, mas que não é a primeira vez que aparece. A ideia de usar a narrativa na figura da protagonista para situar os fatos que se misturavam entre o passado, o presente e o futuro parecia um recurso muito antiquado e formal.

E agora vem o mais grave. Não havia contracenação. Eles cometiam um erro primário de atuação. Cada um dava a sua fala, na sua vez. Correta. Na maioria das vezes, bem pronunciada, mas não havia energia entre eles. Não havia aquele estado de disponibilidade permanente que temos que ter quando estamos no palco com outros atores. Não havia generosidade, cumplicidade, troca. Era um espetáculo frio, sem ritmo. Mesmo nos momentos mais contundentes. A voz do ator ou da atriz subia. As palavras eram ditas com mais ênfase, mas não passava disso. Pensava em atores como Paulo José que conseguem demonstrar a intensidade de um sentimento com um mínimo de gestos e movimentos. Em Ralph Phiennes se quisermos fazer um gancho com a internacionalidade do festival. Claro que estou falando de mestres, mas apenas para deixar claro o que faltou naquele palco.

O que resultou foi a monotonia e um vazio. E nestas horas sempre penso que há uma falha na direção. Afinal, não havia ninguém para dizer que aquela forma não estava funcionando? E, vejam bem, estou sempre aberta a possibilidade de que as propostas sejam, realmente, estas. Ou seja, provocar estranheza, sair de atuações realistas, mergulhadas na emoção. Porém, ali não havia nem isso, nem aquilo. Surgia de vez em quando de forma muito sutil uma golfada de ar quando a atriz menina “aparecia” em cena. Ela era a única que mantinha a autenticidade de seus gestos, mas posso imaginar que isso não tivesse nada a ver com sua competência profissional.

Sem nada de atraente na luz, sem trilha sonora, sem aparatos cênicos. Sem. Cheguei a pensar que fosse a distância do palco que pudesse me prejudicar, que se tivesse na primeira fila teria visto melhor as feições dos atores e isso teria me causado outra impressão. Ontem, porém, estava na terceira fila. A senhora do meu lado quis comentar o espetáculo da noite anterior com um conhecido. A introdução dele para a sua opinião foi: “é para falar a verdade ou para ser legal?”. Então, me aproveito de estar em uma cidade que não conheço, de pensar que não vou voltar a ver estas pessoas para dizer o que penso. Imagino que se morasse em Blumenau iria preferir não fazê-lo, considerando, porém, uma pena que as pessoas ainda reajam desta maneira a crítica, comentário, opinião...Claro que ignoro aqui o fato de que no mundo virtual este texto pode chegar até o próprio diretor Samir Yazbeck e ele acabar “com uma baita de uma reeiva”.

Jornada de Teatro de Blumenau - Razão e sensibilidade

Dia da minha apresentação. Levemente agitada, como era de se esperar, mas bastante desperta para quem tomou uma garrafa de vinho sozinha na noite anterior. Já tenho um truque infalível para que tudo dê certo. É só lembrar de respirar. Simples assim?, dirão alguns. Não é que basta? Quando a começo a me agitar e as ideias ficam confusas, paro, respiro e pronto. Tudo se acalma. Claro que isso não chega a permitir que eu possa ficar tomando café e comendo tudo que quero. Certamente, não me fará bem. Assim, ganho tempo e não, peso. Para a minha frustração, minha sala tinha seis pessoas e quatro iriam apresentar. Sendo que apenas uma, realmente, estranha. Tenho esperanças que outras pessoas cheguem mais tarde e, assim, me agrada quando alguém se candidata a ser a primeira. Era uma doutoranda que já tinha me dito antes que não tinha tempo de se preparar. Começa a sua fala dizendo que não sabe ainda o que vai dizer, que não tem nada, realmente, escrito, etc. Isso já tinha acontecido no dia anterior e tinha me deixado muito desgostosa, para dizer o mínimo. Acho um desrespeito. Não exijo que a pessoa tenha a pesquisa completa, que faça uma apresentação brilhante, genial, mas que fale de forma coerente sobre sua ideia. Afinal, são apenas 15 minutos de apresentação. Ainda bem que ela recua e de uma maneira até um pouco curiosa diz: “Não. Espera. Vou começar de novo”. Faz, como nós jornalistas, quando gravamos alguma abertura para uma reportagem (o que a gente chama de “cabeça”). Aí sim, começa a falar corretamente do seu projeto de uma forma bem interessante, inclusive.

Bem, não vou falar de todos, nem entrar no mérito da boa apresentação de um colega de pós que também estava nesta mesa e que, depois de dois anos de mestrado, ainda me impressiona pela riqueza de seu vocabulário. Não pelas palavras rebuscadas, mas pela fluência em sua comunicação. Ele diz que, às vezes, não sabe o que vai dizer, mas eu sou testemunha de que quando diz, o faz muito bem. De mim, direi que o que me agrada é que percebo que estou ficando mais segura, sabendo o que estou dizendo e também encontrando as palavras adequadas para a hora certa. Não sei se sobrevivo a uma batalha de fogo. Ao enfrentamento com pessoas que discordem das minhas ideias. Mas, por enquanto, o que sinto é este meu crescimento que já me deixa satisfeita e que vai deixando no passado aquele pensamento sobre o porquê fazer tudo isso. Por que? Porque é bom se desafiar, principalmente, quando superamos obstáculos que, até então, pareciam intransponíveis. Feito isso, nos sentimos melhores, mais inteiros. É quando o querer ser, se transforma em, agora eu sou. Uma colega me diz (querendo me elogiar) que minha segurança chega a irritá-la. Se ela soubesse como foi longo o caminho para chegar até ali...

Livre do compromisso, sobrou tempo para o descanso. Uma tentativa de recuperação da viagem. Éramos três no quarto, cada uma com o seu note, conectadas com o mundo lá fora e sentindo prazer com isso. O hábito é tanto que brincávamos dizendo que iríamos entrar no msn para falar uma com a outra. Depois, começamos a nos separar. Um grupo voltou para ver o final do evento, outro foi dar uma volta em Blumenau, pois era a única chance de saber um pouco mais sobre a cidade. Quem voltou não se arrependeu. As apresentações finais com convidados brasileiros foram bem mais interessantes do que dos estrangeiros e nada a ver com o fato de eu ter mais facilidade com a minha própria língua. Acontece que se uma pessoa vai falar em público, ela não pode ficar olhando para o chão ou falar baixo ou sem ânimo. Caso contrário, por mais brilhante que seja o que ela está dizendo vai botar todo mundo para dormir, ainda mais que em um evento como este a maratona é grande.

Não vou entrar no mérito dos conteúdos apresentados, pois este relato ficaria muito longo. Mas o que me dei conta é que foi importante saber que existiam, mesmo aqueles que a gente pensava não estar entendendo ou ouvindo direito, que nos distraia e coisa e tal. Existem muitas boas ideias vinculadas ao teatro Brasil a fora. É mais uma chance de sabermos que não estamos sozinhos.

Encerrada a jornada, fiquei só eu em Blumenau para assistir ao espetáculo da noite que vou comentar em texto separado, pois pretendo tentar argumentar minha opinião para não ficar só no “achismo”. De qualquer forma, foi muito bom estar presente. A organizadora do evento Pita Belli foi muito aplaudida e ao tentar agradecer, engasgou com a emoção e não conseguia falar. Pensei: o que será que a gente tem que fazer para que isso não aconteça? Mas, cá entre nós, porque não deixar acontecer? É tão verdadeiro que mesmo eu que não a conheço, passei a admirá-la. Fiquei um pouco na festa depois, mas sem meus colegas e com uma banda tocando altíssimo, não havia como fazer nenhuma tentativa de aproximação com quem quer que fosse. Assim, comi algumas coisas, tomei duas doses de whisky e vim para o hotel. Incomodada? Nem um pouco. É sempre um privilégio poder estar onde se quer, na hora que se desejou.

EXTRAS
Momento artístico

Tivemos a fantástica oportunidade de esbarrar no cantor “José Claudio” (vulgo mestrando do PPGAC) que faz suas performances em quartos de hotel e estava aqui no Plaza Blumenau. Suas rimas são tão “sofisticadas” que nem os mestres em artes cênicas presentes foram capazes de explicar mais profundamente como surgiram. Exemplo: Eu me criei na roça e sempre andei de carroça...” Porém, não é possível imaginar com perfeição o efeito desta frase sem o sotaque e o timbre fanho do cantor que se apresentou acompanhado de suas duas belas dançarinas. Chacrinha teria inveja e desejaria contratá-las imediatamente.

De qualquer forma, desconfio que ele já tenha sido plagiado, pois encontrei em uma praça da cidade, versos dignos deste cantor como: Blumenau na antiga manhã com sua tranquilidade aldeã, suas tranças, seu amado talismã. Com seus francos olhos claros, cabelos cor de avelã.
As frases:
- Para mudar de assunto, para dar a entender que você tem algo a dizer que não é apropriado para o momento, etc, basta falar: “Você sabe se tem um Banco do Brasil por aqui?”
- Descobrimos, por uma experiência aqui em Blumenau, a frase mais que perfeita para encerrar qualquer assunto, após uma conversa animada do motorista de táxi com nosso grupo, ele pergunta: e o que vocês vieram fazer na cidade? A resposta sobre uma jornada de teatro, o deixou em profundo silêncio até o final da corrida. Acreditamos que funcione em diversas outras ocasiões e públicos.

A cidade
Primeiro devo dizer que não importa o tamanho da cidade, se você não a conhece terá grandes chances de se perder, até mesmo as escadas rolantes do shopping podem ser uma aventura. Pelo menos, enquanto não der uma boa caminhada e começar a estabelecer pontos de referência. Não vi pobreza pela rua, nem pedintes. Mas, como dizem meus amigos, podem ter sido todos afogados no rio que cruza a cidade.

Segundo, a influência alemã na arquitetura é algo gritante. Tem horas que parece até uma cidade cinematográfica. Além disso, as confeitarias mostram que a culinária daquele país teve sua interferência. Quem já comeu um legítimo apple strudell sabe do que eu estou falando.

Quanto ao trânsito parece bastante organizado. Ruas largas. Mas os motoristas correm muito, inclusive os de táxi. E pasmem: em frente de um grande shopping que, impressionou mesmo a mim que moro ao lado do Barra sul, nenhuma sinaleira.

Os morros verdes encantam. Deixam a cidade mais bonita. Alguns pontos turísticos também. A praça da paz tem um monumento lindo. No entanto, o relógio das flores, valorizado por ser um dos poucos do país, decepciona. Tem mais flores até no jardim da minha casa. A Fundação cultural de Blumenau clama por uma pintura. O prédio até que é bonito.

Se eu soubesse que teria roupas tão diferentes e preços menores que Porto Alegre teria deixado para comprar algumas coisas aqui. Uma fantástica bota vermelha por R$ 70,00, por exemplo. Mas tenho que me contentar com o fato de já ter conseguido ficar mais um pouco.

Saturday, July 10, 2010

Uma jornada noite à dentro – Blumenau

Não há como falar de um evento, sem comentar tudo que envolve participarmos dele. A viagem, as companhias, a cidade, os almoços e jantares. Até mesmo o hotel e o café da manhã. Devo dizer que vir de Porto Alegre à Blumenau de ônibus não foi tão fácil quando eu imaginara. A estrada continua muito ruim, o motorista corria horrores e nós, sem querer, é claro, escolhemos os lugares em cima das rodas. Ou seja, sacolejamos toda a noite. A gente bem que tentou dormir e, em alguns momentos, o cansaço até ajudou, mas não rendeu um bom descanso. Longe disso. Assim, chegamos aqui todos meio quebrados. Eu, agradecendo por não ter que fazer minha comunicação logo de cara, como alguns colegas. Mas um banho depois, roupas limpas, um excelente café da manhã (regado a muitas risadas devido a temas nada acadêmicos), já estava disposta a assistir aos outros. É sempre bom estar reunido com pessoas com as quais temos algo em comum, ainda mais quando é o teatro. Melhor ainda quando começamos a encontrar outras caras conhecidas, além de nós mesmos. Eu, que até o ano passado nunca tinha me apresentado academicamente, agora, já começo a me sentir em casa. Além do mais, acabei vendo a apresentação de uma diretora de uma Universidade Argentina que falava justamente sobre crítica teatral e chegava na virtualidade. Porém, não obtendo os mesmos resultados que eu. Assim, eu estava interessada em contatá-la e ela, em receber informações sobre a minha pesquisa. Estava estabelecido o meu primeiro contato internacional. Bem, não estou considerando aqui os emails trocados com Pierre Lévy que, apesar de aberto aos meus questionamentos, acabou não dando resultados efetivos, justamente porque perdi as oportunidades de encontrá-lo nos eventos de Porto Alegre e Passo Fundo.

Bem, mas resumindo, o dia foi muito produtivo e a noite, bem, a noite fica mais difícil de explicar. Andávamos pelas ruas a procura de um lugar para jantar e depois de algumas escolhas e desistências, acabamos no bar típico da cidade, onde encontramos vários outros participantes do evento. Alunos, mestres, quase mestres, doutores, palestrantes nacionais e estrangeiros, todos em uma grande mesa. Depois de uma longa espera (pelo menos a fome me fez perceber assim) pizza e vinho foram uma excelente pedida. Porém, a parte que não é simples de colocar em palavras é a volta ao hotel. Vai ser preciso uma boa dose de imaginação. Junte várias pessoas do teatro, vindas de áreas diferentes, experiências de vida diversas e com habilidades múltiplas, e dará para ter uma pequena ideia do grupo, andando pelas ruas, inventando performances, orquestra de narizes (?) e outras mais. A expressão chorar de tanto rir para mim, na companhia destas pessoas, tem sido um fato cotidiano. Uma boa prévia para o sono, quase desmaio, da primeira noite na Jornada Latino-americana de estudos teatrais em Blumenau.

Friday, July 02, 2010

Entre o teatro e o futebol

Há alguns dias venho pensando que não poderia ficar mais alguns dias em Blumenau, onde vou para participar da III Jornada de Estudos Teatrais, pois queria estar em Porto Alegre para o jogo do Brasil. Tudo bem... Santa Catarina também é o Brasil, mas eu queria estar próxima dos amigos. Para festejar, realmente, preciso compartilhar minha alegria.

Ontem, falava com um amigo meu já apostando que passaríamos por este jogo. Fiquei assim. Mal acostumada. Nascida em 62, guardei a memória das Copas que vencemos, até mesmo a de 70, ainda está firme em minha memória (e olha que são poucas coisas que permanecem por lá).

O jogo começa. Estou sozinha assistindo. Começo a vibrar, me empolgar, fico tensa e penso: que bom que ainda sinto tudo isso pelo futebol. Porque, afinal, a gente precisa de algumas coisas que sejam assim pouco racionais, mais por instinto, por prazer. No meio do campo, a situação não era fácil. Um início nervoso fazia eles cometerem muitas faltas. Ambos os times.

Não demorou muito para que o Galvão começasse a falar que aquilo era “teatro”. Enquanto isso eu divagava...No teatro também os atores e diretores muitas vezes tentam algo que não funciona, que parece que vai ser muito interessante e não dá em nada. No entanto, acho que existe uma coisa pior que é apresentar o espetáculo para pouca plateia.

Nas minhas poucas experiências, isso não chegava a acontecer porque trazíamos amigos e parentes para ver as nossas peças e acabávamos com um público bem razoável. Mas nunca entrei em temporada. Espetáculo quando “compete” com um dia de chuva ou frio intenso ou até mesmo um jogo de futebol, em geral, perde. No futebol, eu que moro perto do Internacional, vejo que o mesmo não ocorre. Diminui, é claro. Porém, resta ainda uma bela multidão. Em Copa do Mundo,então...

Só que não havia exatamente jogadas. A bola andava e parava. Falta, trancaço, tombos, só faltaram beliscões. Aos poucos, foi dando uma melhorada e, de repente, lá estava o nosso gol. Alívio. Entretanto, ainda havia muito de jogo e não estava uma partida nada fácil e assim foi até o final do primeiro tempo.

Como além de gostar de futebol, também sou responsável pela cozinha, não vi o gol da Holanda. Muito menos me dei conta que havia sido contra. Se soubesse, já teria ficado sem esperanças. Antes mesmo do lance ridículo do Felipe Melo de pisar na perna do adversário e acabar sendo expulso. Creio até que este sentimento atravessou o oceano e chegou a África, pois o time ficou apático. Estava empatado, com apenas um golzinho e parecia que perdia de goleada nos últimos instantes do segundo tempo.

Claro que como boa brasileira, acostumada com o inusitado no café da manhã, achei que ainda haveria alguma jogada genial que nos levaria para a prorrogação e de lá para uma vitória. É, mas aquele tempo em que boas chances caiam do céu nas pernas do zagueiro do Brasil ficou no passado. Então, perdemos de um jeito feio. Nem a atuação incrível do Robinho conseguiu salvar o espetáculo. Por isso, assim que passar este sentimento de frustração, sou capaz de torcer para a Holanda, pois só me resta agora ter perdido para o campeão da Copa do Mundo de 2010 e, é claro, esperar a de 2014. Enquanto isso, vou para Blumenau ver um pouco do teatro em que não se pode ser expulso e nem se pisa no adversário.

Thursday, July 01, 2010

Olá,


Este texto, na verdade, é uma advertência de alguém da comunicação que se apaixonou por esta ferramenta chamada internet. Eu a vi praticamente nascer e acompanhei sua evolução. Acabo de associar estes conhecimentos a minha dissertação de mestrado e, mais uma vez, achei fascinante todo o seu potencial. Mas, ao mesmo tempo, lido diariamente com o mau uso desta.

Receber um email de uma pessoa muito querida, que se sensibilizou com uma mensagem pedindo auxílio a uma criança com câncer, me motivou a escrever este email. Não pretendo me alongar. Mas aprendi com o tempo a verificar (como já fazia na profissão) as informações que recebo na internet. Gasto um pouco de tempo, mais raramente um pouco de dinheiro quando decido telefonar para os números publicados, mas deixo de fazer mais pessoas cometerem o mesmo erro e acreditarem em informações falsas, ficarem tristes por situações tão desesperantes.

Comento com as pessoas que faço parte da comunidade do Orkut: Eu não repasso correntes. Mas acho que isso não é suficiente. Assim decidi repassar aos meus amigos e parentes informações que podem ajudá-los a evitar que pessoas em escrúpulos usem a internet só para fazer os outros de bobos.

Então, escrevo para pedir que façam o mesmo. Tentem checar os principais dados divulgados nos emails que pedem ajuda. Vejam quem está assinando e saibam que mesmo quando parece bem oficial, não é. Ninguém vai escancarar que se trata de uma bobagem. Vão colocar nomes e sobrenomes, cargos, telefones, às vezes, inscrições das entidades. Tudo para dar a impressão de que é real e verdadeiro. No entanto, se você não conhece, desconfie.

Existem muitos sites que já publicam as principais fraudes da internet. Vou colocar aqui apenas um que me indicou a falsidade do email da minha amiga: www.e-farsas.com

mas não estou ganhando nenhum centavo para fazer isso da AOL, UOL, etc...Existem outros que denunciam.

Pronto. Era isso. Não desistam de usar a Internet. Ela nos conecta. Permite a nossa interatividade. É um veículo de comunicação mágico. Mas como em tudo que o ser humano participa tem seu lado bom e seu lado mau.

Para vocês terem uma ideia o email com fotos terríveis de uma criança pequena doente que precisaria de ajuda repassado pela minha amiga, circula na Internet desde 2003. Acredito, porém que possamos interditar estes desocupados gastando um pouco do nosso tempo, assim como faço agora.