Monday, June 28, 2010

Um terremoto chamado Brasil


Espero que o meu santo me escute tanto quanto os profissionais que trabalham em televisão, sejam eles comunicadores ou artistas. Minha irmã tem sido testemunha dos meus diálogos com este aparelho ao longo dos anos. Hoje, no jogo da copa, mais uma vez, aconteceu exatamente isso. O Galvão Bueno fazia uma longa explicação sobre a história das Copas. Lá pelas tantas, eu me perdi e disse: “Não entendi”. Do outro lado, Galvão, retornou: “Já te explico”. Às vezes, quando conto esta história para outras pessoas tenho a leve impressão de que elas não me acreditam. É claro que é preciso considerar que eu fale em voz alta na frente da tv, ou seja, não se trata de uma leitura de pensamento. É um diálogo mesmo. Mas parece que não é só um privilégio meu, pois logo depois do próprio Galvão perguntar ao Arnaldo César Coelho se não estava faltando Robinho no jogo, quem faz o Gol? O próprio.


Em outros momentos, não faço perguntas, mas afirmações e mal acabo de dizer, o apresentador ou o artista do outro lado repete. Bem, isso sem falar nas previsões do que vão dizer ou fazer, das ações que está para acontecer nos filmes. É claro que estas eu não comento para não estragar o prazer dos demais. Tem horas que escapa e daí recebo uma advertência. Não sei se existe algo de sobrenatural nisso ou se isso significa que eu sou resultado da geração da televisão. São muitos anos de observação da linguagem televisiva. Além do mais, minha formação jornalística e de teatro também pode colaborar um pouco com isso.

Já na vida real o mesmo não acontece. Não sei o que está por vir. O máximo que faço é saber o final das frases de quem conversa comigo ou o final de uma história que estão me contando. Agora, quanto aos fatos, ao que será do amanhã, não tenho a menor ideia. Por isso, penso duas vezes antes de me juntar a algum grupo para assistir aos jogos. Outro dia ainda vi os torcedores, de um time destes que foi desclassificado, totalmente fantasiados saindo cabisbaixos do campo...Muito complicado. Felizmente, hoje, conseguimos mais uma vitória. Bem bonita, por sinal. Gols suficientes para nos alegrar depois do último empate e alimentar as nossas esperanças para a próxima partida.

Agora, cá entre nós, foi tanta rasteira que acho que é por isso que o Dunga não quer que vejam os treinos. Eles devem treinar isso também. Ninguém cai no chão de todo o cumprimento com uma perninha levantada sem pensar nisso antes. Ainda bem que o juiz não teve os mesmos problemas dos últimos colegas. Não teve nenhuma situação polêmica. De qualquer forma, talvez, nem precisasse dizer que sou a favor de chip na bola, câmeras atrás do gol e toda e qualquer tecnologia que ajude a estes profissionais a serem mais justos. Porque, convenhamos, nós com todos estes aparatos adicionais em nossas casas e eles lá, no calor da emoção, só contando com dois olhos e um apito? Isso sim é injustiça! Se eles ainda me ouvissem do outro lado da telinha...

Saturday, June 26, 2010

Um ano sem MJ

Gosto de lembrar das pessoas que já se foram. Não tenho problemas com isso. Às vezes, me pego rindo sozinha imaginando as coisas que o meu irmão diria em uma determinada situação. Não fico triste, nem nostálgica. É um sentimento bom. É uma emoção. E a única que eu acho que a gente deve evitar (não sublimar) é a raiva. No entanto, comecei a ver os programas de 1 ano sem Michael Jackson e sinto que vou ficando abatida. Não sei se é porque gostaria de entender melhor o que houve, se ficaram faltando tantas informações... Os programas trazem títulos fortes, aparentemente indicam que vão dizer o que eu ainda não sei. Mas isso não acontece. São horas de entrevistas, reportagens, depoimentos e quando penso que estou começando a compreender, alguma coisa me leva para um outro rumo.

Embora ele seja um pouco mais velho do que eu, regulamos de idade. Então, ele, praticamente me acompanhou. Uma das primeiras apresentações que fiz para uma plateia foi uma dança com Marília Bressani na Colônia de Férias da UFRGS, onde eu veraneava. Lembro até hoje que errei o passo e olha que não tínhamos a menor pretensão de dançarmos como ele. Não sei que idade eu tinha, mas posso garantir que eu era pequena. Depois, foram as reuniões dançantes nas garagens e por aí vai. Não era exatamente uma fã, mas ele sempre esteve presente. Desrespeitando totalmente a cronologia, tem a vinda no Rio, as acusações de abuso infantil e as mudanças grotescas de pele, de rosto, até chegar no grotesco e eu parar de pensar nele. Foi quando a admiração foi se transformando em pena e quando esta começava a me incomodar. Pensava: mas afinal, ele foi um artista absolutamente incrível, influenciou gerações, ganhou horrores de dinheiro, ficará para sempre na história da música... melhor, da humanidade. Pena, talvez, deva sentir de mim que não fui capaz de fazer nada nem parecido! Porém, por que será que é assim? Por que os grandes astros, as pessoas extremamente talentosas tem vidas tão caóticas e são tão meteóricas? No vídeo abaixo, que mostra a metamorfose dele, termina com uma frase: Se isto estava acontecendo por fora, o que não estaria se passando por dentro? Acho que é esta a verdadeira resposta que eu gostaria e que não há programa que vá me dizer, mas querem saber? Acho que faço uma ideia.

http://www.youtube.com/watch?v=ri61lBfMBu0

Friday, June 25, 2010

O segredo de Fátima


Dias antes do jogo do Brasil de hoje na Copa começou o ti-ti-ti. Mais de uma pessoa me passou um email sobre uma rusga entre jornalistas da Globo e Dunga. Pedia um boicote a Globo. Não repassei. Faço parte da comunidade do Orkut “não envio correntes”, mas a questão não é apenas esta. Poderia dizer que já sou macaca velha (se não achasse que esta expressão em muito me deprecia) para acreditar em tudo que escrevem na internet. Mesmo quando são informações assinadas, que começam depois de uma provocação ferrenha, e retornam para o “vamos aos fatos...”Não é preciso dizer nada. Em pouco tempo se descobre que não há uma única verdade nestes tais textos. No entanto, como estes se esparramam da maneira mais eficiente que a tecnologia hoje permite, dizer algo contra acaba causando alguma ira. Assim, pensei em me poupar. Até porque, assisti a uma entrevista de Silvio Meira (doutor em ciência da computação na Inglaterra) e uma das coisas que ele fala é que a gente teme que as informações desapareçam do dia para a noite, mas não se dá conta que pode acontecer o contrário: elas permanecerem lá por muito mais tempo do que a gente deseja. E, hoje em dia, não está nada fácil encontrar a tal informação isenta para que a gente possa dar uma opinião, ou melhor, um palpite que seja, sobre qualquer situação polêmica. A gente se empolga, toma partido, vai lá defende, discute, até vota no cara e depois ele é um mentiroso, safado, gatuno, arrogante e tantas outras coisas com as quais não concordamos. Até lá, muitas vezes, já dissemos aos quatro-ventos o que pensávamos sobre o tal, quase perdemos amigos e é, claro, escrevemos por aí.

Achei que ia custar mais a usar aquele velho ditado: “cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém”. Não é que eu não ache bacana certos arroubos. Acho que precisamos disso. Principalmente, quando as consequências não são graves. Assim, recebi achando certa graça estas mensagens dizendo que Fátima Bernardes havia sido expulsa pelo Dunga e outras coisitas mais. Tentei ir atrás de alguém em quem confiasse para me dizer o que tinha acontecido. Uma avalanche de versões chegou as minhas mãos. Nenhuma havia me feito crer no que realmente poderia ter ocorrido. E, olha que não sou dessas que precisam ver para crer. Além disso (e agora sinto que posso estar me expondo mais do que devia) não acho que o Dunga devesse perder a compostura, como diria a minha mãe. Se alguém o estava enfrentando, fazendo caretas, jogando tomates ou ovos podres...pouco importa. Deste jogo ele deveria ficar fora. Existem emissoras prepotentes, manipuladoras? Não tenho dúvidas. Jornalistas que dizem coisas que não deveriam? Claro! Mas um cara que está lá para orientar nosso time para ganhar uma copa vai se dar ao direito de deixar o temperamento falar mais alto? Não dá. Até porque se existe algum fato nesta história é que comprar briga com a imprensa neste momento só vai prejudicar todo mundo.

Chega a ser engraçado imaginar que os jogadores já tiveram especialistas em “alto-astral”, palestras de auto-confiança e outros treinamentos semelhantes para manter a calma e a tranquilidade e hoje, Dunga seja tão reagente. Resumindo: Nesta situação de destempero que aconteceu, na minha opinião, ninguém estava certo. Pronto. Disse. No mais, queria apenas advertir as pessoas quanto ao que elas estão lendo, vendo, ouvindo, não só na internet, mas nos demais veículos de comunicação. Todos são um reflexo da nossa sociedade que está longe de ser honesta e verdadeira. Não é para desacreditar em tudo também. Sugiro apenas um pouco de bom senso, este que parece ter faltado ao Dunga porque, hoje, o Brasil ficou no 0 X 0, mas jogou bem. Agora, se o técnico ficar se ocupando de outras lutas, a que estamos travando no meio do campo pode acabar sendo perdida.

No mais, devo admitir que tem gente muito criativa por aí:

http://www.youtube.com/watch?v=LZ253pMWyxY

Sunday, June 20, 2010

Entendimentos e desintendimentos

Em outras ocasiões já comentei como era difícil eu e o meu pai concordar, mas havia uma situação em que isto acontecia.Por incrível que pareça era em vendo futebol.  Aqui em casa eu era a única que me interessava. Nem mesmo meu irmão gostava. Assim, assistimos várias partidas juntos. Embora ele fosse gremista e eu colorada isso não nos impedia de entrarmos em acordo sobre o melhor jogador, a melhor estratégia e criticar todas as jogadas mal feitas, tanto de um time, quando de outro. São estas mágicas que só o esporte concretiza.
Nos últimos anos, fui me desinteressando. Mal sei do meu time, mas não ia deixar de assistir a mais uma Copa do mundo. Mesmo minha mãe que não tem quase nenhum interesse comentou: é uma ótima chance poder assistir aos melhores jogadores do mundo. E não é só isso. Futebol me acalma. A voz dos narradores, os comentários de Galvão Bueno, as análises de Arnaldo Coelho são coisas estáveis, neste mundo de impermanência em que vivemos. Já são personagens, eu diria. Eles passam o tempo todo criando contrapontos.  Galvão fala tudo boca a fora, faz gracinhas, provoca. Arnaldo Coelho é o sério, rígido e contido eterno juiz. Ouvindo suas vozes narrando futebol e comentando lembro de pessoas que amei e me sinto segura e esperançosa nos jogos do Brasil. Assim, mesmo quando o jogo começa com o time adversário jogando melhor como hoje, acredito que isso logo vá mudar.
Custou um pouco mais do que eu gostaria, mas terminamos o primeiro tempo com um certo alívio. O Brasil parecia começar a achar seu futebol. Antes do intervalo, porém, já comentávamos a força do time adversário, as camisetas mais pareciam baby-looks nos jogadores da Costa do Marfim. E é isso que vai atrapalhar todo o segundo tempo. Depois daquele gol “lindo, mas ilegal”, como disse, honestamente, Arnaldo, o jogo devia ficar bonito, ter jogadas interessantes e, no entanto, tudo que acontece são chegadas maldosas, faltas, jogadores machucados e assim vai até que Kaká nitidamente perde a paciência e é expulso pelo mesmo juiz que fez um dos lances mais curiosos que já tinha visto até hoje. Vimos ele “perguntando” para Luis Fabiano se ele tinha colocado o braço na jogada doo gol e o jogador desmentindo, claro. Agora, é muita cara de pau dizer que "para ficar mais bonito ainda é melhor um toque duvidoso". Não estou nem um pouco interessada em vitórias roubadas.
Bem, mas nós aqui quase previmos que Kaká acabaria expulso. Como o Dunga não viu? Porque não o retirou de campo quando percebeu que aquelas atitudes não iam dar bom resultado? Provavelmente, porque estava ele tão irritado quanto o próprio jogador. Aliás, se Galvão diz que não pode adivinhar os diálogos porque não sabe fazer leitura labial, posso garantir para vocês que ninguém “lê” melhor a alma dos técnicos da seleção brasileira do que ele. Quer dizer...nenhum deles o desmentiu até hoje quando, ao olhar seus gestos e movimentos, ele garante: “Dunga não gostou!” Bem, quem não gostou fui eu de ver uma partida de jogadas bem feitas e interessantes se transformar em um desentendimento tão grande em campo. Felizmente, a saída de Kaká aliviou a tensão e o jogo termina com uma vitória de 3 X 1 para o Brasil e os jogadores dos dois times trocando as camisas e dando abraços. Quem disse que futebol e teatro não tem nada em comum? Acho melhor, porém, não darem um atenção especial aquela defesa que fracassou totalmente no momento do gol da Costa do Marfim. Se o Brasil quiser aplausos no fim do seu “espetáculo” vai precisar melhorar neste sentido. Tenho certeza que o meu pai concordaria.


PS: Por falar em espetáculo, levei minha mãe e tias para assistir O Sobrado que está em cartaz no Renascença até dia 4 de julho e gostaria de usar meu recente título de mestra para recomendá-lo. 



Saturday, June 19, 2010

Orquestrando corpos

Estava em um encontro com uma amiga que não via desde o ano passado. Foi no mínimo estranho dizer Feliz Ano Novo em pleno junho, mas, talvez, isso seja uma amostra do ritmo de vida que estamos levando. Menos de uma hora depois, olho meu celular e tem nove chamadas não atendidas. Todas com o número de casa. Cheguei a ficar preocupada. No fim, era o convite para assistir o balé Mahavidyas, no qual dançavam Didi Pedone, Francine Pressi, Gabriela Peixoto, Gelson Farias, Raul Voges, Rodrigo de Almeida e, por último, mas não menos importante, minha prima Angela Siazzi. Tinha, assim, pouco tempo para me arrumar. Sem combinarmos, eu, minha mãe e minha irmã acabamos as três de chapéu. Diferentes estilos, mesmas cores: preto e branco. O que rendeu elogios da artista plástica Zoravia Betiol, nossa amiga, lá presente.

Com o teatro cheio. Rampas no palco. Minha mãe estranha. Eu digo que é o cenário pelo qual, em breve, a Angela deverá escorregar. Não é vidência. É a experiência de já ter assistido outras coreografias de Carlota Albuquerque. Mal começa o espetáculo e eu penso: toda orquestra deveria ter bailarinos. Todos os bailarinos deveriam ter uma orquestra. Não tenho dúvidas de que presenciar o encontro de tantos artistas ao vivo é um privilégio. Embora meu lugar na primeira fila não me permitisse ver os músicos direito, sabia que eles estavam ali e, ficar a quatro degraus do palco do Teatro São Pedro nunca me deixará incomodada. Além do mais, vejo bem os bailarinos. Quatro mulheres e três homens que dançam juntos, sozinhos, se revezam e apresentam um equilíbrio de competência, mesmo que meu olhar insista em destacar minha prima que respira diferente e tem um olhar tão expressivo que, por vezes, me assusta. Aliás, quem disse que bailarina tem vida curta não a viu neste espetáculo. Ela consegue estar ainda melhor do que da última vez que a vi dançar. Assim como Carlota que se supera a cada espetáculo. Em vários momentos pensei: este é o melhor espetáculo dela. Claro que isso é apenas a minha opinião. A verdade é que muitos (se não todos) traziam sempre algo novo, desafios e propostas inusitadas. Este, não foge a regra. Em um jogo de revela e esconde, entrega e controle, cumplicidade e rivalidade, os bailarinos encantam com sua agilidade, leveza, perfeição de movimentos. Provocando encontros ou fugas, “discussões” ou “entendimentos”, eles ora rastejam, ora parecem voar.

Os bailarinos dançam para a música? Ou a música acontece para que eles dancem? Pouco importa porque, se no palco eles se atraem e se rechaçam, entre os bailarinos e os músicos da orquestra a integração é total e, na efemeridade deste momento, a preparação prévia pode ser percebida em alguns movimentos que se repetem e, devido a estes códigos que fazem parte da arte, quando a bailarina volta a posição inicial, sei que o espetáculo está no fim, mas não sem antes ter mostrado algo único e belo: a comunhão dos corpos e melodias que só pode acontecer devido a direção de Voltaire Dackwardt e da regência de Antônio Carlos Borges Cunha.

Friday, June 18, 2010

Wednesday, June 16, 2010

Espero que o Brasil tenha conserto

Véspera do começo da Copa, a televisão pifa e somos informados que não terá conserto. Com esta sorte, melhor mesmo não ter recursos para ir a África, pois poderia acabar sendo atropelada por uma girafa. Exageros à parte, poderia, pelo menos, acabar como o professor Ruy Carlos Ostermann tendo que ser “resgatado” no caminho, pois suas pernas “semi-congeladas” não obedeciam ao comando de seguir em frente. Sem uma tv descente, decidi ao menos tornar agradável o ambiente. Como aqui a temperatura estava amena, optei por ficar na rua. Isso, porém, significava usar apenas o recurso da antena para obter uma boa imagem. Várias tentativas infrutíferas... O jogo já ia começar quando ainda havia uma sombra para cada jogador. Minha irmã disse que estava assistindo a Ghostwisper uma série que costumamos ver sobre espíritos que aparecem na Terra. Bem que teriam sido úteis, principalmente, naquele primeiro tempo.


Aquela conversa toda de que a Coréia não ganhava há séculos de um time Ocidental, que éramos melhores, que iríamos fazer muitos gols, não me agradou. Minha experiência em outras Copas, mesmo muito bem sucedidas como a de 70 quando tinha seis anos, já me fizeram entender que em disputas como esta todo adversário merece respeito. Nunca se sabe se por uma questão de justiça divina não seja justamente aquele o dia do time adversário sair vencedor. Os primeiros minutos até que foram animadores, mas, logo em seguida, lembrava minha mãe dizendo coisas como “só vejo camisas vermelhas em campo”. Desta vez, ela só vinha espiar o jogo. Preferiu seguir suas atividades cotidianas, sabendo que não seria interrompida por nenhuma ligação pelo menos durante aqueles 90 minutos.

Confesso que na possibilidade de uma goleada, acabo com pena do time contrário. Acho humilhante. Gosto de uma vitória, claro! Mas não vejo porque dar aqueles “balaios” de mais de cinco gols. Uns 3X0 tá de bom tamanho. Só que o tempo foi passando e nada. Depois da discussão que tive com mais duas mulheres da família que insistiam em dizer que agora não tem mais a menor graça, pois só vale a grana que os jogadores recebem e eu contrapondo dizendo que sim, eles eram hiper bem pagos e, por isso mesmo, tinham que eu queria vê-los fazendo um bom “serviço”, comecei a pensar em quanto a exposição na mídia (talvez, até mais do que o dinheiro) estava afetando o desempenho dos jogadores. Em uma situação em que até os botões do casaco do Dunga até as cores da bola são motivos para discussão, tinha a impressão de que os jogadores não queriam arriscar a sua imagem e que ficavam deixando um para o outro as tentativas. Tipo...só chuto se tiver certeza de que vou acertar. Terminar o primeiro tempo 0 x 0 já era todo o mérito que a Coréia poderia merecer. Estava na hora de acontecer alguma coisa. Logo no início do segundo tempo, veio então o nosso gol. Maicon marca. Ufa! Demorou um pouco mais para o segundo. Parece que as emoções do dia eram para Yum Nam que chorou compulsivamente na hora do hino da Coreia e que fez o gol do time aos 44 minutos do segundo tempo.

Como sempre acontece com o futebol, as opiniões divergem. Ninguém morreu de amores pelo jogo de ontem, mas vi comentaristas dizendo que foi assim com todo mundo (menos a Alemanha) na estreia e que considerando todas as circunstâncias nem foi tão ruim assim. Em contrapartida, tem gente que diz que foi o pior jogo da copa até agora. Pelas outras copas que já assisti, nada quer dizer nada. O que vai decidir mesmo será aqueles últimos minutos da última partida que eu desejo que seja do Brasil contra qualquer outro time que faça por merecer para ir até a final.

Thursday, June 10, 2010

Casa do artista riograndense

Apresentação

A Casa do Artista Riograndense, entidade assistencial sem fins lucrativos e reconhecida como utilidade pública, foi fundada em 1946 pelo radialista Antonio Amabíle com a finalidade de abrigar artistas com mais de 60 anos de idade, em situação financeira instável e sem as mínimas condições de prover o próprio sustento.

Durante as administrações que se sucederam, a Casa do Artista Riograndense acolheu, carinhosamente, a inúmeros artistas e trabalhadores da área cultural que a procuraram em busca de amparo.

As ações da Diretoria eleita visam a recuperação da Casa do Artista Riograndense em seus aspectos físicos e administrativos, dando-lhe condições plenas de funcionamento, resgatando assim sua imagem perante a opinião pública e oferecendo condições dignas de atendimento a tantos quantos a procurarem.


Atenciosamente,

Luciano Fernandes

Presidente da Casa do Artistas Riograndense

Fone: (51) 9123.7519
conheça mais a casa
visite o blog provisório:
http://casadoartistariograndese.blogspot.com/

Tuesday, June 08, 2010

Tempo...tempo...tempo.

Saber envelhecer... o que é isso? Houve época em que era saber a hora de ficar em casa fazendo tricot, de pantufas. Mas e hoje? Vi a Julia Lemmertz em entrevista a Fernanda Young dizer que se recusava a fazer papel de mãe e, de repente, se viu fazendo a mãe do Wagner Moura na série JK. Fernanda declarou que ainda se sente aos 10 anos, cantando Lança Perfume. Acabo de ver Sharon Stone na propaganda da série Lei e Ordem. Não a reconheci. Fiquei pensando que era a artista da série A Gata e o rato que não existe mais. Era uma loura bonita, mas envelhecida. Vi também um filme sobre a vida de Natalie Wood onde uma personagem representando a Marilyn Monroe dizia que tinha 36 anos e que estava velha demais para Hollywood. Este fim-de-semana passamos por uma casa para idosos chamada Tempo de viver. Estava inspirada a pessoa que o criou.

Eu estou a caminho dos 50. Faço 48 em outubro. Às vezes esqueço a idade que tenho. Não por que a negue, mas porque começo a dizer a idade que vou fazer e acabo me confundindo. Tenho que prestar mais atenção. Afinal, os 50 quero comemorar em Paris. Outro dia, atravessava a rua com os cabelos presos, tênis e abrigo. Não me sentia diferente de quando tinha 20 anos. Menos angustiada, talvez. Com mais gana de viver, com certeza. Eu precisei de uma doença que me colocasse em risco para me apaixonar pela vida. E da terapia, do teatro, da ioga e, sem dúvida, dos amigos. Tenho amigos mais jovens que eu. Me identifico com eles. Talvez, porque não tenha me casado, nem tido filhos que me comprovariam que o tempo passou. Mas quando vejo minha irmã, quatro anos mais velha do que eu, e um filho de 30, de bermuda e botinha em plena forma, andando de bicicleta, já não tenho tanta certeza. Meu irmão se preocupava muito com a idade. Bobagem. Sempre pareceu mais jovem do que era. Mas brigava quando dizíamos a idade dele e insistia em não ser o irmão mais velho. Morreu com 49 anos. Será jovem para sempre em nossa memória. Meu pai, ao contrário. Foi ficando debilitado fisicamente e um pouco antes dele morrer tivemos uma conversa sobre isso. Concluímos que se continuássemos tendo todas as capacidades de quando jovem, não aceitaríamos a morte e achamos sabia a natureza.

Observo que os mais jovens logo começam a dizer que as pessoas mais velhas já não tem noção das coisas, que não deveriam se vestir de uma determinada maneira e vão sendo excluídas. Mas meu conhecimento da maneira como os mais velhos são tratados na França (na Europa em geral) insiste em não aceitar esta ideia. Em outros países, os mais velhos fazem muitas atividades não só físicas, mas intelectuais. As pessoas estão vivendo mais. Os avanços da medicina estão permitindo isso. Houve um tempo em que as pessoas morriam muito jovens. Está aí a história que não me deixa mentir. Heróis, poetas, escritores não passavam dos 30.

Acho bonito as pessoas com rugas. Na natação, estes tempos, tinha uma senhora com uns 90 anos. Achei lindo. Agora, me assusto com aquelas que ficam puxando a cara com plásticas. Ou que mantém o rosto jovem enquanto o resto denuncia a verdadeira idade. Provavelmente seja isso envelhecer bem. Aceitar que o exterior apresente estas marcas. Não tentar mascarar, fingir que é jovem. Mas por dentro, como se sentir mais velho? Quando começo a me sentir um pouco culpada por não me sentir assim, lembro que não estou sozinha. Um dos meus ídolos, o poeta Mario Quintana fez até uma poesia sobre isso:

RECORDO AINDA



Recordo ainda... e nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Que me deixavam, sempre, de lembrança,

Algum brinquedo novo à minha porta...



Mas veio um vento de Desesperança

Soprando cinzas pela noite morta!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...



Estrada afora após segui... Mas, aí,

Embora idade e senso eu aparente

Não vos iludais o velho que aqui vai:



Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino... acreditai!...

Que envelheceu, um dia, de repente!...