1 dia – a chegada
Poderia dizer que a viagem foi ótima. Nenhuma turbulência. Porém, do meu lado uma senhora que cheirava a alho e já tinha tentado pegar o meu lugar na janela se debruçava sobre mim para espiar as nuvens. Enquanto isso, outra que estava atrás, tossia sem parar. Pensei em oferecer o Halls que estava na minha bolsa, mas fiquei constrangida. Embora quem devesse estar é ela por poder contaminar todos naquele avião. No aeroporto do Rio, as malas custavam a chegar e, de repente, vi uma bolsinha japonesa minha aparecer na esteira. A resgatei. Mas desde então a espera pelo resto ou pelo que poderia ter sobrado pareceu maior. Até porque não segui a regra de ouro de um viajante de trazer na bagagem de mão uma roupa.
Com a mochila intacta mais de meia hora depois fui ao balcão de informações. Mas saí de lá com a nítida impressão de que pouco ajudou. Estava em meu país, mas não consegui obter frases inteiras daqueles para os quais perguntei como fazer para chegar a Jacarepaguá. Acabei entrando em um ônibus sem total convicção e rezei pra não ter que descer no caminho que estava longe de ser o Rio do cartão postal e das últimas viagens que fiz prá cá, há mais de 20 anos. Fiz o que sei melhor. Comecei a ler as placas de trânsito do caminho e desci no local indicado por minha amiga. Algumas ligações a ela depois e uma breve corrida de táxi, entrei em um complexo de condomínios muito diferente de tudo que conheço em POA. Sua filha pequena foi me “resgatar” em frente ao prédio. Saudades dela e da minha amiga que mora em um apartamento tão bonito quanto à casa que tinha na capital do Rio Grande. O dia estava quente e nublado.
Depois de um almoço feito para mim às 3h da tarde, fomos ao Barra Shopping Sul carioca. Fiquei feliz em ver a alegria da filha da minha amiga em uma imensa livraria. Ela corria pegando os livros e me mostrando. Final de tarde, o marido foi nos buscar e, sabendo que toda gaúcha chega ao Rio louca para ver o mar, nos leva até a praia. Comecei a ver uma parte do Rio que garante a sua fama. Eu e a menininha molhamos os pés na água e caminhamos pela areia, rindo e saltando e prometendo voltar. Ela me encanta. É divertida, inteligente e bem falante e solicitava a minha atenção todo o tempo como se eu já fosse imprescindível. Carrega nos “SS” e “RR”. Eu que adoro sotaques, acho o máximo. Ela agora já é uma “cariúcha”. De volta, vemos um filme infantil super bem feito com uma mensagem bem bacana sobre o significado da aventura. Rimos e torcemos pela história enquanto bebo vinho, como queijo e pão. Durmi, a pedidos, ao lado da menina que me pediu para que eu lesse uma versão curta da história de Alice.
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