Friday, January 14, 2011

4º dia - reflexões

Posso começar a me acostumar a acordar mais tarde... Depois do café da manhã, comendo coisas que em geral não como em Porto Alegre, vemos um filme infantil. É divertido. Deveria fazer parte da programação de todo adulto para a gente não esquecer como era quando acreditávamos em uma vida mais simples. E nessa bobeira, chega a hora do almoço. Também poderia me acostumar com esta vida de não fazer nada. Minha amiga faz para mim o que faz para a filha de seis anos. Nada mal.


Mesmo com o dia nublado, resolvo ir para praia. Dessa vez, sozinha. Peço uma cadeira, um guarda-sol que vai servir mais como guarda-chuva e me sento lendo meu livro. Mas antes de começar a grudar os olhos nas páginas, decido olhar as pessoas na água, os morros, o movimento. O mar é lindo. Vê-lo me dá sensação de liberdade, de amplitude. É, a vida não é só o nosso quarto, o nosso escritório. O mundo é maior. E por mais ÓBVIO que isso pareça é sempre bom deixar registradas estas imagens para aqueles momentos em que vivemos nossos dramas pessoais, nossas tragédias particulares. Cada vez mais me convenço que o sofrimento é uma questão de perspectiva. E fico assim, por horas. Lendo, dormindo, tomando água de coco.

Final de tarde, levanto sem precisar carregar nada e saio pela avenida caminhando. Percebo que apenas eu uso chapéu. Achando melhor não dar tanta cara de turista, tiro e guardo na bolsa. Caminho bastante, mas decido pegar um taxi em um ponto já no final da avenida para garantir. O motorista é um senhor que logo puxa conversa e embora eu tente responder só sim ou não ele vai insistindo, quer saber mais. Começa a me ganhar nos elogios. Diz que eu pareço ser uma pessoa feliz. Concordo com ele. Há poucos minutos, havia pensado exatamente nisso. Estar aqui e neste momento da minha vida é motivo para agradecer ao universo. Viajar mexe comigo. Põe todo e qualquer problema de lado. Bem, mas a conversa segue até que chega a pergunta que vale um milhão: “por que não me casei?” Fiz cinco anos de terapia buscando esta resposta. Parei percebendo que talvez nunca a tivesse. Não, não fui eu que não quis. Não, eu não sei porque. Filhos? Também não. Mas não saio com má impressão do motorista. Afinal, ele me dá 33 anos e a previsão de que ainda há muito pela frente. Quem sou eu para discordar?

À noite, mais um filme infantil, um vinho branco gelado, atirada na “cadeira do papai”. O sono vem fácil.

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