Monday, September 29, 2008

Caetano, me perdoa...

Ontem, assisti ao show de Roberto Carlos e Caetano Veloso na televisão. Antes de comentar, queria dizer que cresci ouvindo Roberto Carlos. No tempo, em que suas músicas eram “rebeldes”, Maria Rita não tinha chegado nem perto e ele não tinha todas as tais manias.  

 

Cheguei à adolescência, curtindo minhas primeiras decepções e saudades ainda ouvindo suas músicas. “Detalhes tão pequenos de nós dois...” Mas, logo em seguida, fui apresentada a Caetano Veloso e daí, não teve mais volta. Tenho apenas dois ídolos na vida que já se aproxima de meio século: Caetano e Mario Quintana. A voz doce de Caetano, seu jeito displicente, ia na contramão da minha rotina, das cobranças e da rigidez de meus pais. Ele conseguia me provar que a poesia não precisa ficar distante da razão, da lógica, das opiniões fortes e contundentes. Em uma época em que a ansiedade e a insegurança me comiam por dentro, Caetano chegava para me fazer sentir em paz, feliz, amada, completa.

 

Com o passar dos anos, fui ouvindo menos música. Uma pena...e, com isso, menos Caetano. Mas, tento acompanhar o que ele vem fazendo, vejo as polêmicas que se criam ao seu redor e sigo com uma admiração total, coisa que só os ídolos podem ter.

A idéia de um show, reunindo estes dois para comemorar a Bossa Nova e cantar Tom Jobim era algo próximo da perfeição. No entanto, comecei a ler as notícias que antecipavam a possibilidade de assistir a este encontro e vi que não eram favoráveis. Duvidei. Quando vi Caetano abrindo aquele sorriso maroto que faz ele ter cara de menino apesar dos cabelos brancos pensei: que delícia!  Mas, Caetano saiu do palco e veio Roberto Carlos. Bem, já faz tempo que estranho tudo nele. Os cabelos, a cara amassada. Só reconheço a voz. Nunca achei ele bonito, mas, já faz alguns anos que eu acho ele meio deformado, mas, infelizmente, não só esteticamente. Vejo um homem duro, sem graça e foi esta sensação que acabei tendo durante todo o show. Nunca pensei que alguém conseguisse deixar o Caetano pouco à vontade. Pois achei que ele estava. Só conseguia lembrar dele e do Chico cantando juntos, em um programa que deixou tanta saudade. Isso que o Chico, principalmente naquela época, era um poço de timidez. Mas, dava para ver que eles se divertiam, que tinham carinho um pelo outro e que reconheciam e admiravam o talento do outro.

 

Não senti nada disso ontem. Eles foram cordiais, mas, foi só. E o que quer que existisse de dificuldade entre eles apareceu para mim. Acho que para o público também, apesar de ver as pessoas sorrindo, cantando junto e aplaudindo de pé. Acredito que não era exatamente aquele show que elas aplaudiam. Acho que era agradecendo àquelas duas pessoas por terem embalado suas emoções, por mostrar que existem coisas que ainda se mantêm e que nos acalentam ao longo da vida. Infelizmente, para mim, isso não foi o suficiente. 

2 comments:

  1. Mudou a cara do blog!
    Entre Roberto e Caetano fico com Sidney Magal.
    Beijo.

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  2. Sempre desconfiei do teu lado brega!!!

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