Véspera do meu aniversário. Fui a Aliança Francesa fazer um curso de “Initiation au thêatre” com uma francesa chamada Camille Lacôme que iria propor uma prática segundo o método de Augusto Boal. Achei que era uma chance imperdível para alguém que quer justamente ir estudar teatro na França no futuro. Algo próximo do paraíso já que juntará minhas duas grandes paixões. Ah, detalhe: de graça!
Comentei com a minha mãe francófona e ela disse que faria parte das comemorações. Mas, o dia passou correndo e eu não sabia se estaria com disposição (ou coragem?) de ir até lá. Bem, mas, lá cheguei. Mal nos apresentamos e partimos para os exercícios. Todos que já conhecia. Práticas de desinibição. Caminhar pela sala, dizer o nome, olhar nos olhos uns dos outros. Como acontece no teatro... em pouco tempo éramos cúmplices. Mesmo com a falta de surpresa nas propostas, estava plenamente consciente da importância de estar fazendo uma aula totalmente
Bem, mesmo naquela sala de aula, ainda de forma insipiente, fui me divertindo com os exercícios. Fechar os olhos e se deixar conduzir. Demonstrar tristeza, alegria, raiva. Passando de uma emoção a outra (como se faz na vida). Era hora de parecer doente? Fácil. Enquanto alguns colegas, como tantas vezes eu fiz, abusavam da palavra, eu trabalhava minha “maladie” interiormente. Até morri hoje. Assim, meu aniversário amanhã vai ter mesmo cara de renascimento.
O melhor, no entanto, estava para o final. Terminada a aula, sai comentando com duas colegas que aquelas que tinham feito o exercício anterior só podiam ter morado na França. Dava para perceber pela pronúncia, pelo jeito engraçado de não terminar as frases e por certa “rabugice” que é tão divertida nos franceses. “Je m’en fou!”, diziam elas várias vezes. Divertidas. Fizeram eu me sentir um pouco neste país que eu tanto admiro.
Bem, as meninas que saiam comigo confirmaram: elas haviam vivido um ano ou mais por lá. É...o curso da Aliança Francesa é muito bom, mas, acho que para se ter fluência em uma língua nada como pisar em solo estrangeiro. Bom, mas, de forma totalmente inesperada elas resolveram me dizer: “mas, tu és atriz, não é?” E eu respondi que era jornalista, que fazia o mestrado em teatro, mas, estudava teoria, mas que, sim, já havia feito práticas de teatro. Elas insistiram: Com certeza, tu és atriz! O que poderia ser melhor do que isso? Que presente! Afinal, neste exercício que as impressionou, tudo que eu disse foi: “non, je ne peux pas t’aider parce que je suis malade aussi” (eu não posso te ajudar porque eu também estou doente). No entanto, vou aceitar o elogio porque meus estudos indicam que o que importa não são as palavras que saem da boca do ator, mas, a expressividade que transpassa para o público. Ao que parece gemi e suspirei corretamente até a minha morte!
* Le malade imaginaire: O doente imaginário é a última comédia escrita por Molière. Representada no Teatro do Palais-Royal em 10 de fevereiro de 1673.
Oi Helena!
ReplyDeleteQue barato deve ter sido esta aula de teatro em frencês. Ao menos pela tua descrição pareceu muito empolgante!
E o aniver como foi? Espero que tenha sido ótimo! Recebeu meu torpedo? Não pude ir na festa, mas pensei bastante em ti no sábado.
FELICIDADES HOJE E SEMPRE minha querida colega, nova amiga e futura parceira de trabalhos, com certeza! Abraço forte, Amélia.
Pôxa...como se um scrap substituisse a tua presença meiga, tuas idéias inteligentes e teu sorriso sincero. Snif,snif!Vais ter que me compensar. Quanto a aula, tem gente que poderia ter achado um saco fazer exercícios tão conhecidos, mas, para mim, foi bem bacana!
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