Friday, April 11, 2008

*A cantora e o careca

Eu não sei como foi a semana de vocês, mas, a minha não foi nada má. Hoje me peguei pensando em quantas informações novas e interessantes surgiram nos últimos dias. Às vezes, basta ver um vídeo como o do Peter Brook, falando sobre a sua vida e sobre improvisação para despertar emoções, mas, desta vez também tive Bárbara Heliodora ao vivo e a cores para reforçar ainda mais esta minha paixão pelo teatro. Peço desculpas por não saber repassar para vocês todas as coisas que me enriqueceram nestes dias. Não vou poder compartilhá-las aqui, pois, ficaria um texto muito longo e ainda preciso falar de algo completamente novo para mim que foi entrar em um estúdio para gravar uma música que eu iria cantar! A idéia surgiu da vontade de participar de um concurso e pedi ajuda para alguém que tem a voz linda, entende do assunto e é suficientemente generoso para compartilhar seus conhecimentos, sem achar minha intenção ridícula ou presunçosa. Como é bom ter gente assim por perto.

Então, depois de alguns bons dias tentando cantar, entrar no ritmo e, obviamente, não desafinar, fomos para o estúdio. Tentei fazer aqueles aquecimentos vocais. Acordei cedo para tirar a preguiça do corpo e lembrar de tantas coisas aprendidas para ficar relaxada, tranqüila e passar isso para voz, mas, nem sei dizer direito como é esquisito ouvir a si próprio dentro do ouvido! Isso que eu gosto da minha voz falando, mas, cantar? É outra história! Mas, acabei conseguindo o apoio até do cara que cuida do estúdio. Quando percebi, ele também (junto com a pessoa da qual já falei) estava lá me dando força, dizendo para eu “encarnar o personagem” de cantora. Certo ele.

Não consegui o resultado que queria, aquele que estava lá na minha imaginação, mas, já foi melhor do que eu pensava. Sai de lá satisfeita. Não tanto pelo som da minha voz, nem da melodia, mas, pela experiência. Tenho 45 anos e comecei a perceber que, cada vez mais, digo: “há 20 anos atrás isso, há 20 anos atrás aquilo” e não é a idade que, particularmente, me incomoda, mas, talvez perceba que precisamos estar sempre trazendo coisas novas para nossas vidas e toda vez que isso acontece, sinto uma enorme satisfação. Não é preciso fazer nenhum esporte radical para provocar adrenalina. Sugiro que mais gente passe por esta experiência que não exige grandes investimentos, pelo menos não de grana.

Bem, mas, para quem pensa que sou uma privilegiada por uma semana tão bacana, eu a comecei fazendo o procedimento de tirar ½ litro de sangue devido ao meu problema de saúde, a doença que aumenta os glóbulos vermelhos: policitemia vera e que me coloca em risco de derrame cerebral e ataque cardíaco. Este diagnóstico veio quando eu tinha 30 anos, mas, como já sabem meus amigos mais próximos, talvez, tenha sido quando eu, realmente, tive coragem de viver. Falo disso porque gostaria que cada vez menos gente precisasse levar este susto para deixar a bronca no trânsito, na fila do supermercado ou a decepção do extrato bancário de lado, pelo menos de vez em quando.

* Para quem não sabe, o título é uma brincadeira com o nome da peça “A cantora careca” de Ionesco, dramaturgo do teatro do absurdo.

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