Sunday, March 15, 2009

Sunday night fever


“Chupa o meu pau”. Esta é apenas uma das frases que não passariam na censura da minha mãe tão facilmente e que estão em um filme que assisti quando tinha uns 15 anos: Embalos de sábado à noite (Saturday night fever, 1977). Tinha na minha memória adolescente um filme com músicas dançantes, aquela roupa branca e preta inesquecível do John Travolta (veja na foto) e seu rebolado impagável pelas ruas. No entanto, fui assistir hoje na televisão e vi que havia muito mais por trás. 

Os cuidados extremados do protagonista com a sua aparência, seus gestos e posturas já não me pareciam tão masculinos a ponto de despertar a paixão de tantas mulheres como aconteceu na época. Mas, não é apenas isso. Streep-tease, cenas de sexo, estupro, drogas, mortes e violências outras. Tudo aparece no filme que havia me parecido inocente.

Hoje, chega a ser engraçada a cena na qual Tony levanta da mesa do jantar e começa a juntar os pratos e seu pai diz para que ele não faça aquilo, pois as mulheres irão fazer. Quem diria... De qualquer forma, ele trata as mulheres com total desrespeito e se mete em várias situações “politicamente incorretas”. Talvez, a única atitude que indique o seu bom caráter seja a entrega do prêmio do concurso final aos concorrentes que ele considerou melhor do que ele. No mundo real, porém, isso não fez a menor diferença. Os fãs do filme nem se lembram mais da dança do outro casal e sim dos rodopios do galã.

 É bem verdade que a trilha é maravilhosamente dançante. Ainda lembro da euforia e do modismo que se criou no Brasil nas discotecas. Todos imitávamos ou já imitamos alguma vez Tony Manero e seus gestos na pista. Não é à-toa que John Travolta recebeu a indicação ao Oscar e levou seis milhões de pessoas aos cinemas no Brasil. As músicas dos Bee Gees marcaram toda uma geração com More Than Woman”, “How Deep is Your Love”, “Night Fever”, “Staying Alive”. O álbum permaneceu um total de 24 semanas no 1.º lugar das paradas e vendeu eventualmente mais de 30 milhões de cópias (hoje este número chega a 50 milhões), tornando-se um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Considerada a trilha sonora mais vendida da história.

Mas, Tony está longe de ser um herói e o filme não é a historinha de dança que a minha mãe achou que eu tinha ido assistir naquela tarde da década de 70. 

PS: Eu que nunca mais tinha ouvido falar de karen Gorney (a partner de Tony Manero), descobri que no ano passado ela fez Margaret em Ricardo III.  

1 comment:

  1. Anonymous7:57 PM

    Vi esse filme quando era adolescente e levei um choque também, pois pensava que seria uma historinha leve como a do Dirty Dancing. Mas, o pior é que é um dos filmes preferidos da minha MÃE... Vai entender...

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