Friday, March 27, 2009

A arte de escrever

Algumas pessoas comentaram que escrever bem era de família...Sem falsa modéstia, estou começando a acreditar que elas têm razão. Transcrevo abaixo um texto da minha tia Dulce Menegassi:
 

Meu primeiro herói

 

Ao longo da vida, quem tem sorte, tem alguns heróis.

Tive sorte, tenho alguns: de ficção, muitos, reais, nem tantos, mas, o primeiro e real a gente não esquece.

Tinha quatro anos, ele cinco. Morávamos em Teresópolis há pelo menos 30: nós, nossos pais, um irmão de três anos e nossos avós.

Aos Domingos, muitos parentes, após a missa dominical, iam lá nos visitar e colher frutas, a chácara em que morávamos era pródiga nas mais variadas árvores frutíferas.

Nossa avó nos chamava:

- Crianças! Venham cumprimentar os tios e primos!

Após o protocolo, ela nos despedia:

- Agora, podem ir brincar.

Lá íamos nós. Felizes da vida fazer o que mais gostávamos: correr e brincar pela imensa chácara.

Nos fundos da chácara havia um córrego. Era uma festa! Molhávamos os pés, colocávamos barquinhos de papel na água, atirávamos água uns nos outros.

Um dia, ao tirar a sandalinha nova, domingueira, um pé caiu na água e começou a ser levada pela correnteza. Eu, muito aflita, comecei a gritar e a chorar.

Neste momento o “meu herói” entrou na água, sem medo e me trouxe a sandália de volta.

Faz mais de 70 anos, mas, eu nunca esqueci o fato e há pouco tempo o relembrei com o meu irmão Procópio. Ele também lembrava e rimos junto. Procópio, meu irmão...meu primeiro herói! Que saudades...

 
 
 

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