Sunday, August 08, 2010

A Europa para o meu bolso

Ando por ruas largas e prédios antigos. Muito. Se tem uma coisa que gosto de fazer é caminhar por uma cidade que conheço pouco, onde reconheço e me perco a cada instante. É também por querer controlar onde vou e economizar. A cada esquina um lugar charmoso. Paredes de vidro, mesas e cadeiras de madeira. Luzes, muitas luzes.

Quanto mais viajo, mas me sinto cidadã do mundo. Juro que fico "reconhecendo" as pessoas na rua. Não sei de onde, é claro, mas as acho tão familiares. Por falar nisso, lembrei do meu pai que sempre gostou de vir aqui. Faz parte do folclore da família as histórias que eles contavam como a vez que a minha mãe saiu e comprou uma roupa nova e uma peruca e na volta não a reconheceram no hotel. Trazer uma mala vazia era algo que tinha que estar nos planos. Afinal, eles não podiam voltar sem chocolates suíços para todos (não falei que era a Euroupa?).
Bem, mas devo dizer que olho para as pessoas que não conheço também. Principalmente para os homens. Acho que é a cidade com mais homens de terno por metro quadrado. E não é qualquer terno. Risco de giz, como diria a minha vó. Cabelos longos. Muitos chapéus. Alguns parecem parentes do Antonio Banderas. Ou seja, quem não olharia?
Escrevo diante de uma grande taça de vinho, guardanapos de pano e uma entradinha que veio sem eu pedir. Não vim para passear. Vim para ouvir e falar sobre teatro. Mas não é fácil ficar ouvindo alguns palestrantes em tom monocórdio, lendo suas várias folhas de papel, quase sempre sem nenhum entusiasmo, enquanto tem um sol lindo lá fora. E um frio também que faz as pessoas taparem o rosto, mas que é infinitamente melhor do que a umidade que nós enfrentamos em Porto Alegre. Algo que se resolve com um bom casaco, um chapéu e luvas. Sim, tive que me render a elas, mas não vou mentir: passo trabalho. é um tal de tira e bota entre o conforto e o funcional bem exaustivo. Porém, se considerar que foi o único inconveniente da minha viagem até agora, meu primeiro dia, que, na verdade só acaba quando eu conseguir decifrar minha saída do metrô e andar mais umas dez quadras. Tudo bem. Afinal, vou precisar mesmo baixar as calorias deste frango com cogumelos e molho de queijo com batatas fritas. Enquanto como, observo o movimento da rua. Basta pintar os taxis de preto e amarelo para parecer que eles dominam a cidade. Embora eu ache que estes senhores e senhoras grisalhos que eu vi durante todo o dia nas ruas e nos cafés, não permtiriam.
Felizmente, nunca tive nada contra os argentinos e, enquanto a cidade me receber assim devo dizer que a comparação que minha irmã faz de Buenos Aires com Paris não é nenhuma heresia. vou fazer, porém, uma promessa: da próxima vez que eu vier meu vocabulário de espanhol estará um pouco melhor. Ainda respondo "oui" para as perguntas que me fazem.

1 comment:

  1. Ah... Mi Buenos Aires querida... Tava lendo e me lembrando que a ultima vez que fui, não era uma época internauta e eu não tinha o hábito de escrever minhas impressões. Buenos Aires tem esse encanto sim, esse frio seco sim e, se não mudou muito, sempre me passava a impressão de que as famílias argentinas faziam um revezamento para nunca deixar vazias as cafeterias da Corrientes, nas quadras cheias de teatros, cinemas e livrarias 24 horas que deixavam tudo com um ar mais europeu. Sim, nunca fui à Europa, mas sendo filha de argentino, acredito sim ter tido uma pequena noção de velho mundo nas minhas estadas por aqueles pagos... Uma delicia...

    ReplyDelete