Monday, August 30, 2010

Eu tive um sonho?

A semana veio e a semana se foi. Estou em uma outra semana. Se não escrevo sobre o que acontece parece que não terminei as tarefas daquela semana. Ainda mais se foram importantes. Se foram especiais. Minha participação no Seminário de 20 anos do Teatro Nilton Filho foi como realizar um sonho. Isso se eu tivesse tido a ousadia de sonhar que um dia estaria lá, no palco, falando de teatro, de crítica teatral, de mim, agora mestra em artes cênicas.


Muita gente diz que se não sonhamos não atingimos objetivos. Não sei se é mesmo assim. A vida segue me surpreendendo. Algumas frustrações do passado me fizeram parar de criar expectativas grandiosas, de pretender realizar coisas fantásticas e nem por isso elas deixam de acontecer. Sendo assim, lá estava eu, me sentindo entre amigos. Recebida com carinho e elogios. O reconhecimento dos meus esforços e da minha paixão pelo teatro já havia acontecido pelo convite para estar lá. Nilton Filho reuniu um grupo receptivo, simpático que ocupava as cadeiras vermelhas da plateia. Ao meu lado Maristela Bairros que eu conhecia muito de ouvir falar e de algumas rápidas apresentações por seus amigos e Newton Silva, meu colega de mestrado e também jornalista.

Pensar em estar diante de uma plateia sempre me deixa com um misto de inquietação e alegria. Falar de um assunto que me apaixona também. Me preocupa pensar que meu entusiasmo possa turvar minhas ideias e que eu não saiba repassar coisas que possam ser aproveitadas por aqueles que me ouvem. De qualquer forma, foi divertido. Afinal, havia pensado que não iria somente apresentar minha pesquisa de mestrado. Mas sim, começar a apresentar as questões que investiguei, assumir algumas posições sobre o tema e tentar fazer com que as pessoas se sentissem motivadas a pensar sobre. Tive a impressão de que consegui, pois no final fizeram comentários instigantes, quiseram falar comigo depois...Porém, não vou entrar em detalhes da apresentação, nem do que discutimos. Porque não foi a razão, os produtos do intelecto, o mais importante daquele momento. Não para mim.

Preciso registrar a gentileza e a ideia criativa e inteligente desta dupla Nilton Filho e Hyro Mattos que, após a nossa apresentação, trouxe uma espécie de troféu para cada um dos “palestrantes” (eu!) que era um pedaço do tijolo-o do próprio teatro que nestes anos todos passou por profundas reformas e vidro com um papel escrito: “Certificado de gratidão”. Como se não bastasse, ainda explicaram que o tijolo significa a solidez do trabalho e o vidro a transparência das atitudes. Nenhum comunicador ou profissional do marketing teria feito melhor. Esta ideia tinha que vir mesmo destes dois artistas arteiros.

Nilton Filho poderia ter sido apenas mais um professor de um curso que nem cheguei a terminar, mas como alguns poucos outros que, felizmente, cruzaram o meu caminho, ele se transformou em um mestre e um amigo. Tem compartilhado comigo minhas dificuldades e minhas alegrias que, aliás, desde que eu passei a contar com sua visão da vida, seu apoio e seu afeto, tem sido cada vez maiores. E assim, chorei de emoção ao receber esta homenagem porque não tenho dúvidas de que era um momento mágico e confesso que ficou difícil não duvidar de que estava sonhando.

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