Tem muita gente que diz que futebol é bobagem, que se foi o tempo de um futebol arte, que agora é tudo na base da grana e coisa e tal, mas ontem vivi uma situação que me fez repensar sobre isso. Sou colorada. Já disse que fui induzida pelo meu avô que dava umas balas para os netos se eles torcessem pelo Inter. Mas, mesmo gulosa, não foi isso que me fez aderir ao time. Foi a vontade de agradá-lo. De ver por trás daquela cara sisuda um meio-sorriso. Mas já faz tempo que ando bem desligada em relação aos jogos. Isso que moro no caminho do Beira Rio. Acompanho o trânsito. Não as partidas. Daí, ontem estava passando na frente do estádio quando um carro começou a buzinar muito. Como eu não estava fazendo nada de estranho, nada que pudesse atrapalhá-lo, achei que devia ser algo a ver com os times. Liguei o rádio e logo soube que era o Inter que havia feito um gol contra o Barcelona em uma partida em que ele estava perdendo. Pelo empate, já no segundo tempo, a decisão seria nos pênaltis. Fiquei contente com a notícia. Resolvi deixar o rádio ligado. Mais algumas quadras e um dos radialistas ainda estava na metade do comentário sobre o gol de empate e pronto: o Barcelona fazia outro gol. Lá estava o Inter perdendo novamente.
Cheguei ao meu destino. Enquanto aguardava ser atendida, me conectei. Um primo postava no Facebook o novo empate. Não tive mais como acompanhar. Só depois fui saber que perdemos nos pênaltis. E isso me fez pensar. Mesmo que o futebol não seja mais o que já foi, que haja mesmo muita grana envolvida, ele pode servir para preparar para as perdas da vida. Neste esporte, mais do que em qualquer outro, tudo pode mudar a qualquer minuto, segundos até eu diria. A prova estava ali, naquela tarde. Fiquei pensando na quantidade de torcedores que chegaram a pensar em instantes que a vitória estava próxima. 70 mil pessoas estavam ali naquela mesma situação. Ora achando que iam vencer, ora achando que iam perder. Bem, mas justo quando eu achava que era a única a filosofar sobre o futebol ouço Ruy Carlos Ostermann, meu professor desta disciplina no colégio. Em seu comentário ele disse que nem era tão surpresa assim o Inter ter perdido para o Barcelona. Segundo ele, um time que cobra pênaltis muito, muito bem. E todo torcedor sabe que não é fácil quando vai para esta parte. Na vida, em geral, a gente não passa da felicidade para a tristeza tão rápido assim. Mas acontece. Então, depois de alguns poucos quilômetros, pensei que o futebol pode servir de treinamento para que a gente lide com esta possibilidade sem achar que é o fim do mundo. Até porque, na vida, depois de “perder nos pênaltis” a gente tem que estar sempre pronto para uma próxima partida.
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