Sou dessas pessoas que gosto de Natal e ano-novo e penso que isso se deve as minhas memórias de outros tempos. Quando pequena, passava o Natal na Colônia de Férias da UFRGS em Tramandaí, longe de várias pessoas da família, mas rodeada de outras que todos os anos tinham apenas aquele período de férias como meus pais. Eram festas simples, mas bem organizadas e preparadas com bastante antecedência. Isso incluía colar algodão nas janelas, ensaiar um coral, montar um presépio vivo. Até chegar a noite em que corríamos pela área aberta tentando descobrir de onde vinha o papai-noel. Ainda me lembro de estar rodeada de crianças espionando o nosso “suspeito”. A entrega de presentes era longa devido ao número de pessoas, mas divertida assim mesmo. Invejava meus irmãos que depois podiam ir assistir a missa do galo enquanto íamos para cama.
Já dia 31, era o aniversário do meu avô que também era comemorado com fartura. Gulosa, desde pequena, lembro de caixas inteiras de quindins, entre outras coisas gostosas que chegavam para fazer parte da mesa. Além disso, uma tia organizava brincadeiras para as crianças. Entre estas, a famosa pescaria. Os brindes eram coisas pequenas, sem muito valor, mas era razão para uma grande folia.
Claro que lá se vão muitos anos e que na adolescência já não era tão bom assim ir para praia enquanto meu namorado ficava na cidade. Por isso, ainda recordo quando ele apareceu por lá. Não faço a menor idéia de que ano era isso. Devo ter registrado em um dos meus diários, mas não saberia nem em qual procurar. Mas a surpresa ficou eterna.
Hoje, estas festas são na minha casa. O grupo de pessoas já há alguns anos vem diminuindo. Porém, ainda é com entusiasmo que começo a comprar os presentes. Sem nunca me meter na correria do comércio, sem ter que empurrar gente pelos corredores das lojas. Compro com certa antecipação. Nada de presentes caros. Nunca teve verba para isso. Entretanto, são coisas que me parecem ter a ver com a pessoa em questão. O cardápio também é pensado dias antes. Tento descobrir novas receitas, harmonizar os pratos e pensar na decoração. Toalhas, velas, flores. Facilita que minha cor preferida seja o vermelho. E mesmo esse pequeno grupo acaba enchendo a casa de sorrisos, de vozes e de afeto. Termino a noite exausta. Ainda mais quando o dia é de muito calor. Mas acordo feliz, tranquila, satisfeita por ter ajudado a criar um ambiente tão gostoso e isso inclui meus próprios quitutes que são sempre elogiados. Este ano, enquanto terminava de ajeitar o peru lembrei do meu irmão que já se foi pois era ele o encarregado por este prato que fazia com perfeição. Relembrei as muitas vezes que ele entrou pela porta trazendo uma grande bandeja com uma cara imensa de satisfação. Faz falta também meu pai que, apesar de não gostar muito de festas, também apreciava as comidas e ficava surpreso por ser chamado tantas vezes pelo “Papai Noel”. Ah, e minha madrinha, que caprichava nos presentes nesta época.
No ano-novo, depois que meu avô se foi, ficou sempre mais difícil reunir as pessoas. Meu irmão passava com a família da minha cunhada. Vários amigos iam para a praia. Assim mesmo eu sempre achei que tinha motivos para comemorar. Em alguns anos mais do que outros. Porém, nada me tirava a expectativa de que o ano que estava por vir ia ser ainda melhor. Mesmo sabendo que os fatos poderiam não confirmar, a simples expectativa de uma nova chance, de novas oportunidades, de novas amizades, trabalhos, amores me deixava entusiasmada. Um banho de sal grosso, uma vela de desejos e agradecimentos e lá estou eu pronta para um recomeço. Que traz todas estas lembranças do passado, todos os amigos que já tive e os que sigo fazendo. Aliás, este é um dos meus itens da lista para 2011: fazer novos amigos. Nem quero que tudo que eu desejo se transforme em realidade. Gosto de sonhar, de ter algo que ainda não conquistei. Mas é claro que quero ter menos motivos para chorar, menos razões para brigar. Quero pessoas ao meu lado que me ajudem a passar os maus momentos e quero estar ao lado delas quando isso acontecer também. No entanto, mais do que pedir, tenho convicção de que devo agradecer pelo que eu tenho que não é pouco e inclui cada um de vocês.
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