Monday, December 13, 2010

Atirada às traças

Nunca concordei com as pessoas que temem que os dados digitais desapareçam, que acham que os arquivos de papel são mais seguros. Hoje, tive certeza. Encontrei meus diários comidos pelas traças. Várias palavras devoradas. Não é que eu não consiga saber o que estava escrito, mas perde o charme ler um texto que está faltando um pedaço. A não ser que tenham sido lágrimas que o tenha apagado. Além do mais, embora achasse que escrevia bem, encontro coisas como: hora estou triste, hora estou alegre. Adoraria dizer que era um estilo de linguagem e até acho que faz sentido, mas me espanta saber que cometesse tais erros. Quanto ao conteúdo, raramente releio. Meus textos não são ruins. Estão escritos como se alguém um dia ainda pudesse lê-los, mas me incomoda relembrar aquelas angústias, aquelas neuroses. Em raras ocasiões, escrevia porque estava feliz, para contar algo realmente bom. Em geral, são tristezas, frustrações...Deveria ficar alegre, pois se ainda tenho problemas eles são bem mais facilmente resolvidos. E as emoções? Nossa...tragédias gregas. Vai ver foi por isso que acabei me interessando pelo teatro. Não tenho dúvidas de que hoje sou mais leve. Mais confiante. É claro que uma das coisas que ainda me perturba é que o que me incomodava naquela época, continua me incomodando hoje: relacionamentos, trabalhos, família. Mas isso, convenhamos, só não seria assim se estivesse escrevendo do além. E qual a diferença do que eu escrevia lá para o que eu escrevo aqui? Bem, lá tem muito mais informações pessoais, observações que poderiam magoar ou incomodar algumas pessoas. Aqui não tenho a menor intenção de fazer isso. No mais, a razão maior para escrever tanto aqui quanto lá é a mesma: organizar meus pensamentos, colocar para fora minhas emoções. A diferença? Aqui eu compartilho. Lá, só as traças agora sabem os meus segredos.

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