Quando voltei de Buenos Aires em agosto falei tão bem da cidade que mal tinha colocado o pé em POA, minha mãe disse: vamos comemorar meu aniversário lá? Como que eu ia contrariar esta idéia? Não é que quando a data se aproximou eu já estava louca para ir novamente? E com a tarefa de agendar as atividades dos quatro dias. Como boa libriana, tá aí uma tarefa que eu curto e levo a sério. Consegui passagens direto POA-Buenos Aires, pois acho muita sacanagem ter que ir a São Paulo primeiro. Fomos pela TAM o que nos garantiu um almoço (coisa que na Gol não tinha) e tvs. Ah, eu me divirto muito com imagens mesmo que seja um documentário sobre as ruas da cidade. Nosso hotel era na Carlos Pellegrini e tinha um preço ótimo para um quarto para as três: eu, minha mãe e minha irmã. É a rua do lado da 9 de julho, a rua do obelisco. Sem prédios separando nada. Só uma calçada. Ou seja, melhor localização, impossível. Sabia que podia pegar um taxi no próprio aeroporto e teria o preço certo. Só não imaginava que um dos encarregados sairia correndo na frente com as nossas malas e depois ficaria segurando a porta e pedindo gorjeta. Bem chato.
Instaladas fomos para em direção a Florida para pegar o ônibus turístico. Descobri em minha viagem anterior que era a melhor maneira de ir a todos os lugares principais sem ter que esquentar a cabeça por um único valor, durante dois dias. São 14 paradas, entre elas: Caminito, Porto Madero, Recoleta, Casa Rosada, Palermo, etc. Queria muito levar minha mãe que ama flores ao Rosedal, mas chegamos lá quase às 19h e já estava fechado. Tarde também para pegar o mesmo ônibus de volta. Assim, começava a aventura de ir atrás de um “colectivo” para voltar para o centro. Sem saber nem o preço da passagem, descobrimos que este deve ser pago com moedas, o que não tínhamos. O fiscal acabou deixando que andássemos sem pagar. Algo inusitado para a minha mãe. Pedi informações para descer com as indicações de 9 de julho e Corrientes e rapidamente descemos na região. Só que indiquei o lado oposto e caminhamos na direção contrária. Quando resolvemos perguntar novamente estávamos a sete quadras do nosso hotel. Parece mentira que em uma cidade com tantos pontos de referência isso ainda aconteça. O homem que nos indicou o caminho puxou papo. Disse que era jornalista. Ah...tinha que ser. Perguntou nossos nomes e quando decidiu dar um cartão de visita, olhava para a minha irmã e dizia: “eu vou estar neste número, viu?” (falava o nome dela). Foi uma cantada bem engraçada. Ostensiva e, ao mesmo tempo, não invasiva.
Dia seguinte vamos para o salão do café da manhã. Muitas medialunas de todos os jeitos. Biscoitos e pães com doce de leite. Assim como todo o resto de um hotel 4 estrelas. O interessante é que eles tinham uma bandeja na qual podíamos botar tudo que escolhêssemos, sem ter que ficar indo e voltando como costuma acontecer. Lá nos fomos pegar o ônibus turístico outra vez, pois nosso bilhete era válido por 48 horas. Não tinha mais certeza o que deveríamos ver. Mas queria retornar ao Caminito onde escolhi uma bolsa meses antes, mas a grana curta não me deixou comprar. Encontramos várias outras lembrancinhas bacanas. Perdíamos a noção das horas e quando voltamos ao ônibus achei melhor descer no Porto Madero, mas ir até a praça de maio almoçar em um lugar que já conhecia na esquina do Cabildo, um prédio branco histórico, lindo que fica em frente à Casa Rosada. Não foi exatamente barato, mas o lugar é maravilhoso. Voltamos para o hotel para descansar. Afinal, à noite havíamos feito uma reserva para o show de tango no La Ventana. Não é fácil escolher um desses lugares. Há muitos. Fui pelo preço e pela proposta. Sem jantar, mas com uma garrafa de vinho e alguns quitutes. Além do transporte de ida e volta. Minha mãe desceu sozinha no elevador que abria para os dois lados e não se deu conta de que estava de costas para a porta aberta na recepção. Eu a chamei e ela me respondeu de volta. Ainda olhando a porta fechada. Rimos. Quanto ao show, acertei em cheio. O lugar era lindo. A apresentação maravilhosa. Gente muito boa e muitos números. Um cantor e uma cantora ótimos. Vários casais de bailarinos e diversos figurinos. Só pensava em quantos chutes nas canelas até chegar aquele momento. Era impresionante. Mais uma orquestra e um número de boleadeira daqueles de arrepiar e vinho, muito vinho. Terminada a primeira garrafa, o garçon trouxe outra de cortesia. Isso sem saber que comemorávamos lá o aniversário da minha mãe. Voltamos para o hotel cansadas e felizes e precisando mesmo de um motorista.
Bem, teve a parte das compras na Lavalle e na Florida. Nada muito significativo pois a idéia era passear. Mas uns garfos maravilhosos para churrasco, a mala perfeita para uma viagem internacional e alguns presentinhos de Natal. Um café no Shopping Pacífico. E sem seguir a cronologia exata dos fatos, fomos ao Café Tortoni encontrar a Silvia, minha anfitriã da outra vez em que estive lá. Aliás, rever a cidade só me fez perceber ainda mais como ela havia transformado a minha viagem em algo tão prazeroso. Na praça de maio uma homenagem ao presidente Kischner reunindo diversas entidades do país. No local, uma faixa com uma frase para Cristina: “Te queremos como uma filha, te respeitamos como uma mãe”.
Dia seguinte, o primeiro dia nublado depois de dias esplendorosos de sol e céu azul. Encaramos o passeio até o Delta do tigre com o Trem da Costa. Passamos antes pela praça San Martin que traz fortes recordações das viagens em que meu pai estava presente, tanto para minha mãe, quanto para mim. Uma certa frustração ao rever a estação San Isidro. Na última vez, fervilhante de gente, de lojas e alegria. Dessa vez, com algumas excursões turísticas, muitos locais abandonados e um pequeno restaurante em funcionamento. Ainda há sinais da crise por lá. Na volta, um outdoor dizia: o melhor iogurte do mundo. Tirei até foto. Afinal, já havíamos reparado que para eles tudo é assim: o maior, o melhor, o mais antigo, o mais premiado...Eles adoram os superlativos! Tenho a impressão de que fazem até piadas de si mesmos...ou não.
Em nossas andanças, passando por um dos muitos teatros da Corrientes, um show do Djavan. Uma multidão na calçada para vê-lo. Argentinos. Enquanto descansávamos no hotel, muita programação em espanhol. A série Monk, filmes com Steve Martin e até Caminho das Índias. Tudo muito bem dublado (pelo menos parecia). Ah, não posso esquecer de contar que realizei meu sonho de falar francês na Argentina. No café da manhã, vários franceses conversando. Virava e mexia eu escutava o famoso: “Ah...bom!”
Na última noite, ao voltamos ao hotel, a rua 9 de julho estava fechada. Perguntamos o que haveria e como a resposta foi ballet, achei que o recepcionista tinha dito baile (verbo que eles usam para dança), mas estava errada. O grupo do teatro Colon (que aliás só vi de longe) fez uma apresentação ao ar livre do ballet La Traviata, com orquestra e tudo. Uma multidão na rua de todas as idades. Cadeiras e pais com as crianças nos ombros. Lindo. Os bailarinos víamos mais pelos 3 telões espalhados pela rua. É... o aniversário de “mi madre” não podia deixar por menos. Andamos no meio da rua mais larga do mundo (140 metros) sem pressa. Um jantar com uma porção gigante de batatas fritas e já era meia-noite. Nossa hora de dormir. A cidade segue fervilhante.
Um taxi chamado pelo hotel nos leva até o aeroporto de Ezeiza. Minha mãe é atendida por um rapaz que diz que as mulheres gaúchas são as mais bonitas do mundo. Quando libera o meu bilhete, diz que no mês que vem viria para cá. Esbarro nele novamente quando entro no avião, recolhendo os bilhetes. Brinco com ele que a cidade o espera. Bem, eu não conheço muitos lugares do mundo, mas que os Argentinos são muito lindos, isso são. Minha irmã diz que um terno e um jeito conquistador já faz a diferença.
O fato é que saio de Buenos Aires, pensando outra vez em retornar. Afinal, foi a melhor viagem do mundo!
PS: Encontramos também um professor da FAPA que eu e minha irmã reconhecemos de vista. O curioso é que ele viajou conosco na ida de na volta, sem termos combinado absolutamente nada. Só para a gente lembrar que a vida é cheia destes mistérios...
Querida! Amei teu relato. Estou indo para Buenos Aires no começo de janeiro passar uma semana. Depois de anos sem ir para lá, desta vez vou meio de turista, ficar em hotel e tudo o mais. Solita. E tem como se sentir só em Buenos Aires? Acho que não. Amo aquilo lá. Beijos!
ReplyDeleteTu, sozinha? Só se espantares todos os brasileiros e portenhos que vão querer tua adorável companhia!
ReplyDeletehahaha... tá bom...
ReplyDeleteTo na indecisão de hotel, te mandei email... Help? Sugestiones? afff..
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