Primeiro dia do evento da ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa em Artes Cênicas. Primeiro desafio: chegar a Barra Funda. Na véspera, meus amigos diziam que era muito fácil e não tinha erro. Esqueciam que estavam falando de mim que se bobear me perco até na minha cama. Mas, de mapa do metrô na mão, lá me fui rua acima. Dúvidas quando ela bifurcou. Outras, quando parecia distante, mas cheguei. Uma vez lá dentro, é tudo bem indicadinho. Se a gente sabe ler e presta alguma atenção, chega lá, mesmo trocando de linha, como foi o caso. Porém, quando cessam as informações para onde ir? Hora de perguntar e apesar da resposta meio inútil é o tempo de encontrar mais alguém perdido perguntando pela mesma coisa. Um paulistano. Então, melhor segui-lo. Missão 1, cumprida.
O lugar da abertura é muito bonito. Sento logo nas primeiras filas. Uma abertura rápida do pessoal da ABRACE (Maria Lucia Puppo e Luis Fernando Ramos) e sobe a mesa Sábato Magaldi e Jacó Guinsburg. Já tinha reparado no primeiro. Meu objeto de estudo. Fiquei emocionada. Era o encontro do pesquisador com o pesquisado, aplaudido de pé por um teatro lotado.
É Sergio Carvalho quem lê o texto sobre o crítico. Há poucos minutos estava ali do meu lado com umas folhas rasuradas na mão. Agora, está lá na mesa fazendo referência a um texto que Sábato escreveu sobre Décio de Almeida Prado, mas que, sem dúvida, poderia ser sobre ele mesmo. Carvalho obtém o equilíbrio perfeito entre informações histórias, curiosidades e afetividade.
A palestra é em francês, mas assim mesmo pego os fones. Sei bem que muitas vezes não se trata de entender a língua. Se o palestrante falar baixo, enrolado ou qualquer outra coisa, a tradutora tá lá para dar um jeito. Só que neste caso, não teve como. Tentei várias vezes acompanhar a linha de raciocínio do convidado, mas há divagação era grande e eu que amo a língua francesa não estava mais me divertindo com os leeee, laaaa que eles adoram. Jean François Peyret tinha a tarefa de falar sobre “Uma arte exposta a ciências”. Acho que a exposição causou danos porque ficou difícil de entender em françês ou português.
No caminho do almoço, esbarro em Edélcio Mostaço. Corro para abraçá-lo. Só tenho a agradecer a ele, inclusive por estar aqui. Do lado, Faleiro, outro professor que tem sido de uma gentileza quando me vê... Tantas caras conhecidas e importantes no meio da pesquisa teatral que me dou conta que as articulações de nossa coordenadora Marta Isaacsson e do restante do grupo tem sido realmente muito bem sucedidas. Afinal, o programa ainda é muito recente e nestes poucos anos já nos aproximou de outros que pesquisam há muito tempo.
Depois de alguns copos de champagnhe oferecidos pela ABRACE, um rápido almoço rodeada de colegas e professores, vamos para a palestra seguinte. Antônio Araújo diz que está nervoso e que por isso terá que ler. Mas o texto escrito é muito bom. Ele diz que pesquisar é jogar com o desconhecido. Parece bonito, mas dá muito medo. Pesquisar artisticamente é avançar aos tropeções em um interminável looping. É duvidar sempre e acreditar apenas por átimos. Perceber que não sabíamos que sabíamos. Mal-me-quer, bem-me-quer. A aventura do pensar fazer e do fazer pensar.
Sabia que deveria vir embora antes do final da tarde, mas me distrai. Acabei pegando a famosa hora de pique. Algo assustador. A mesma pessoa que está ali do seu lado esperando o metrô quando as portas se abrem, se transforma em um agressor. Não entrei no metrô. Fui empurrada e procurei não resistir. Foi ruim? Claro. Mas, felizmente, no meu caso é ocasional. Já pensou ter que passar todos os dias por isso?
No mais, hospedada na casa de amigos, muito bem acolhida transformando minha viagem em momentos ainda mais agradáveis. Coisa boa poder juntar conhecimento, novas experiências e amigos. É a minha paixão pelo teatro me proporcionando novas oportunidades.
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