Esta não é a primeira vez que falo do Museu da Língua portuguesa de São Paulo e, certamente, não será a última. A ida a este lugar já estava planejada desde que soube que iria estar na cidade. Assim, comecei a falar para outras pessoas que viajaram comigo e planejamos ir. Porém, como minhas colegas pretendiam também fazer compras na José Paulino, uma das ruas mais conhecidas por suas lojas de preços baixos que fica perto, quando chegamos na entrada já passava das 16h.
Sendo uma sexta-feira, véspera de feriado, a ideia era pegarmos o metrô o quanto antes, pois o movimento seria intenso. Resultado: só deu tempo de dar uma espiadinha na exposição temporária sobre Fernando Pessoa e assistir ao vídeo sobre a história da língua. Assim mesmo, minhas impressões favoráveis se mantiveram. Mais uma vez, achei muito instigante a forma que os curadores apresentam as informações, associando tecnologia e conhecimento. Textos “escritos” na areia, livros digitalizados e tantas outras coisas que provam que a cibercultura não só é possível como emocionante. Por falar em emoção, não sei porque ouvir Dorival Caymi cantar “Coqueiro de Itapuã, areia...” faz meus olhos ficarem cheios de lágrimas. Tem uma suavidade em sua voz, uma calma que contrasta com o mundo lá fora. Principalmente, quando se trata das ruas de São Paulo.
No mais, já tinha compreendido porque estar cercada de letras por todos os lados mexia tanto comigo. Inclusive já disse isso antes: visualizo a história da minha vida desde os meus seis anos, quando aprendi a escrever. Aos 10 já estava lá redigindo meus diários, falando de mim e dos meus sentimentos. Como agora. Por tudo isso, o tempo no museu foi pouco e quando surgiu a oportunidade de voltar no dia seguinte, não hesitei. Desta vez sabia que poderia ficar o tempo que quisesse e olhar com calma. Pelas paredes textos de Pessoa que podem ser mudados a partir de um gesto do próprio visitante. Uma mesa e cadeiras penduradas no ar junto a imagem do poeta. Pouco depois, a sala de espelhos onde eu e todos os visitantes podem ver sua imagem multiplicada, fazendo uma analogia aos heterônimos (personagens) de Fernando Pessoa. Sim, porque além de poeta, ele também foi capaz de criar várias personalidades e descrevê-las: suas características físicas, seus gostos, seus pensamentos, alguns muito famosos como: “todas as cartas de amor são ridículas”.
Um corredor inteiro para a sua cronologia. Muitos livros, muitos textos até sua última frase em Inglês: "I don't know what tomorrow will bring… " ("Não sei o que o amanhã trará"). Eu também não sei, mas pelo menos pude voltar ao Museu que tanto me impressionou há anos atrás e continuar achando que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
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