Wednesday, July 29, 2009

ABOBRINHAS RECHEADAS: uma receita que dá samba...tango...pagode...rock


Você sabe o que é dança? Será? Se você não assistiu Abobrinhas recheadas, acho que você pensa que sabe... e não é uma questão de arrogância de minha parte, mas, de estranhamento.

Fui ontem ver este espetáculo. Minha colega de mestrado Daniela Aquino me convidou. Aliás, percebo que, ultimamente, não vou a mais a nada por iniciativa própria. Mas, embora isso possa parecer ruim, significa que tenho amigos que estão por aí, fazendo arte, expondo seus trabalhos e que me querem na platéia. Bom, mas, não fui com uma idéia pré-concebida. Não sabia o que iria ver. De cara, já gostei de sentar em pequenos pufs que formavam um quadrado, deixando o centro vazio. Estava disposta a ficar mais próxima do que estava para acontecer (nem sempre é assim).

Não vou saber como começou, nem tudo que vi. Minha memória não me ajuda e não fui preparada para fazer anotações. Então, vou comentar minhas impressões e para isso vou dizer que, enquanto, o elenco se apresentava, voltei no tempo e lembrei-me de um curso de dança que fiz com uma professora que tinha um método bastante diferente para a época. Falo dos anos 80. A idéia dela era que a dança podia partir de movimentos simples do corpo e que, deviam, antes de mais nada, não ser impostos por ela. A motivação de seus alunos devia ser as músicas, os ritmos, os sons. Buscando pensar menos no que fazer. Deixar-se levar pelo instinto, pela emoção. Lembrei ainda do quanto me surpreendia com a beleza dos movimentos que acabávamos criando, do quanto eram coreográficos, mesmo que não tivessem surgido com esta intenção.

É claro que não me lembrei disso tudo à-toa. O que acontecia na minha frente tinha um caráter de improvisação e ao mesmo tempo organizado e ensaiado, quase orquestrado pelo diretor que sugere movimentos ao microfone. Uma mão em movimento ganhava vida própria. Partituras repetidas em diversos ritmos, em situações as mais variadas. Eram apenas 4 pessoas: Daniela Aquino, Fabi Vanoni, Nilton Gaffre, Roberta Savian. O fato de eles estarem juntos, mas, também separados, ora sós, ora em dois, depois três, depois quatro... me deixaram a impressão de ter assistido a um corpo de baile. Mas, não pensem que existe alguma relação com um ballet clássico. Esqueçam. O projeto coreográfico de Alessandra Chemello e Diego Mac foge disso e o faz de uma maneira surpreendente, irreverente e competente (mais uma vez me aproveito de não ser crítica e usar todos os adjetivos que tenho vontade e até rimando). Isso não quer dizer que a gente até não possa se lembrar de algo assim quando Nilton e Roberta dançam juntos uma melodia romântica, mas, luvas de Box vermelhas nas mãos femininas lembram que “qualquer semelhança é mera coincidência”.

Todos os intérpretes (ah, era essa a palavra que eu procurava) nos dão aulas do que o nosso corpo é capaz. Mas, Nilton Gaffree me deixou de boca aberta, pronta para engolir uma abobrinha inteira! Sozinho, lá no meio, nos lados, na ponta, ele muda de forma vertiginosa de um ritmo a outro e deixa bem claro que música não é tudo igual e dança muito menos! Mudando de estilo incessantemente vasculha e caça sons e imagens em nossa memória.

Não bastasse tudo que eles nos dizem com seus corpos, o figurino é feito de camisetas variadas, coloridas e que trazem mensagens curiosas, inteligentes, engraçadas, reflexivas. E deixo para o final, mas, para mim, o ponto alto do espetáculo para falar sobre a trilha sonora. Ainda bem que a intenção destes dois jovens responsáveis por este espetáculo era nos divertir, pois, não dá para ficar impassível diante da seleção musical que eles fizeram. Abusaram dos clichês, misturaram a “baixa” e a “alta” cultura (será que ainda existe esta fronteira?). Apelaram para nossas reminiscências musicais, mas, rompendo com qualquer expectativa.

Outra parte do espetáculo que ficou registrada é a dança (?) elaborada ao som de Deus lhe pague de Chico Buarque. Um momento muito forte para mim do espetáculo. A letra desta música sempre me provocou um sentimento de desconforto. Uma bruta realidade me atinge e aquelas 4 pessoas mais uma vez, de formas diferentes, mas, sintonizadas, mexem com minhas emoções e aparecem na contramão do tom do espetáculo que até em tão havia me feito rir, se não de forma audível, por dentro. Aliás, fiquei aliviada ao ver agora, o folheto de apresentação e ler: “Cabe lembrar que não temos o objetivo de sermos engraçados. O ‘humor na dança’ não foi nosso objetivo de investigação. No entanto, como em tudo, não podemos negar as diversões que apareçam durante os percursos. Assim, esperamos que vocês também não neguem, caso o riso, em algum momento apareça.” Ufa! Tinha autorização do diretor para dar aquelas gargalhadas que surgiram espontâneas, assim como a dança de todos eles parecia vir da alma.

E no mais...blá, blá,blá.

PS: Esqueçam a Luana Piovani. Daniela Aquino é mais bonita e exuberante e está mais perto de nós gaúchos. Tivesse ela mais holofotes e ameaçaria Marilyn Monroe.

deus lhe pague

chico buarque

Composição: Chico Buarque

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Tuesday, July 21, 2009

O que sobra de mim foi ver O sobrado

Foto de Mira Gonçalves

Depois de cruzar algumas vezes com Rodrigo Fiatt nos corredores do DAD e receber dele vários convites para ir ver O Sobrado, uma mensagem no Orkut dizendo que ele ficaria feliz de me ver na platéia me fez, finalmente, ir até o Memorial. Não que eu não quisesse ver o espetáculo. Queria sim. Não só este, como vários outros. Mas, confesso que não tenho tido disposição para quase nada enquanto finalizo meu texto para a qualificação do mestrado. Estou na fase da revisão e, obviamente, com sentimentos antagônicos: por um lado, satisfeita com minha própria produção. De outro, me perguntando: mas, é isso que tenho feito desde março de 2008? Bem, mas, não é hora para inseguranças. Se eu não acreditar na importância da minha pesquisa, quem acreditará? Espero que, ao menos, Clovis Massa e Antônio Hohlfeldt, os dois convidados para compor a minha banca neste momento.

Bom, mas, deixando estas questões momentaneamente de lado, quero falar sobre o espetáculo, adaptação da obra de Erico Veríssimo. Mas, não sem antes dizer que quem ficou profundamente feliz de estar naquela platéia fui eu e, justamente, devido ao trabalho de Rodrigo Fiatt, como Licurgo, o chefe político e intendente da Cidade de Santa Fé. Este ator participou comigo das filmagens de Quase um tango, filme de Sergio Silva, selecionado para o Festival de Gramado. Mais do que isso, fez o papel de meu irmão. Eu não o conhecia até então. E mesmo que nós tenhamos entrado mudos e saído calados (tenho quase certeza que sua única fala foi cortada), percebi em Rodrigo uma autenticidade que só reconheço nos atores talentosos e, felizmente, lembro de ter dito isso a ele. Sim porque, se o destino não atrapalhar, Rodrigo vai longe atuando e espero que não esqueça da sua “irmã” e continue me querendo na platéia. Eu que fiz parte de sua família, quase não o reconheci. Rodrigo muda a fisionomia, a postura corporal, o tom de voz. Não sei como Erico Veríssimo imaginou Licurgo, mas, acho que ficaria feliz (parece que esta é a palavra do dia) em ver este ator em cena.

Mas, sejamos justos. Um único ator não faz um espetáculo. E em O Sobrado são muitos, 14 para dizer a verdade. É um elenco muito forte e competente. (Desculpem aqueles que não gostam deste tipo de adjetivos. Eu estudo a crítica. Nunca disse que era uma). E estes ainda fazem vários papéis. Estou aqui catando o nome dos atores que faziam os meninos, filhos do Licurgo, que eram também soldados, que tocavam também instrumentos e, talvez, ainda mais alguma coisa que eu não tenha reparado. Ah, vi no folder que eles também são responsáveis pela pesquisa histórica. Pronto! Achei: Toríbio e Rodrigo, ou seja, Philipe Philippsen e Felipe Rossato. (Seu Google acaba de me ajudar nesta tarefa!). Na minha opinião, estes dois também merecem destaque, pois, quem pensa que fazer papel de criança é algo fácil, se engana profundamente. E eles convencem e trazem uma leveza para um momento tão denso da história e, ao mesmo tempo, a reflexão sobre o que era crescer em tempos como aquele.

Bom, mas, aqui já começo a compreender a questão de falta de espaço que os críticos sentiam para o que queriam dizer sobre os espetáculos. Ainda não comentei quase nada e já escrevi uma página inteirinha. E mesmo que o “meu patrão” não se preocupe com isso, ninguém lê algo muito longo na internet. Então, a partir de agora, vou tentar condensar informações, mas, sem deixar de elogiar rasgadamente (nestas hora é ótimo não estar sendo paga para escrever sobre o espetáculo) as soluções cênicas trazidas pela Inês Marocco para nos remeter ao ambiente e aos momentos das ações. Ficaram na memória, as “representações” do vento e dos cavalos. São fortes, lindas, poéticas... Preciso falar também do figurino da minha colega Rô Cortinhas que, neste momento passa pelo mesmo processo que eu no mestrado, e ainda consegue produzir este trabalho digno de nota. Bem, e agora me perdoem todos os outros que não vou citar, mas, como disse, um espetáculo deste nível é resultado de um trabalho conjunto, um trabalho que só o teatro sabe produzir e que só bons atores sabem realizar. Assim, o que posso fazer é agradecer ao Grupo Cerco por me fazer sair deste momento estressante do mestrado e viver por 1h40 o drama da família Terra Cambará.

ELENCO
Anildo Michelotto – Florêncio, Inocêncio, Capitão Rodrigo, Peão
Celso Zanini – Liroca, Antero, Coronel Alvino Amaral
Elisa Heidrich – Santo, Tinoco, Menina, Peão, Coro de Mulheres
Filipe Rossato – Rodrigo, Peão
Isandria Fermiano – Maria Valéria
Kalisy Cabeda – Santo, Sombra de Pedro Malasarte, Menina, Peão, Coro de Mulheres
Luís Franke – Fandango, Pedro Terra
Manoela Wunderlich – Luzia, Peão, Coro de Mulheres
Marina Kerber – Santo, Sombra do Homem à Cavalo, Peão, Corpo de Mulheres
Martina Fröhlich – Alice, Santo, Coro de Mulheres
Mirah Laline – Laurinda, Santo, Menina, Coro de Mulheres
Philipe Philippsen – Toríbio, Bolívar, Peão
Rita Maurício – Bibiana, Santo
Rodrigo Fiatt – Licurgo
*
Promoção: Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS
Direção: Inês Alcaraz Marocco
Adaptação e criação: O grupo
Cenografia: Élcio Rossini
Figurinos: Rô Cortinhas
Assistentes de Figurino: Amanda Rocha, André Dullius, Carolina C. Puccini e Geluza Tagliaro
Desenho de luz e operação: Cláudia de Bem
Assistência de Direção: Isandria Fermiano, Kalisy Cabeda e Rodrigo Fiatt
Dramaturgia: Celso Zanini, Elisa Heidrich, Isandria Fermiano, Marina Kerber, Mirah Laline e Rodrigo Fiatt
Trilha Sonora: Celso Zanini, Luís Franke, Martina Fröhlich e Philipe Philippsen
Pesquisa Histórica: Filipe Rossato e Philipe Philippsen
Produção: Inês Alcaraz Marocco, Manoela Wunderlich, Martina Fröhlich e Patrícia Gatteli
Contra Regragem: Beliza Gonzales e Adriana Sommacal
ilheteria: Patrícia Gatteli

Tuesday, July 14, 2009

A Revolução Francesa de 1789


- A queda do Antigo Regime –

VOLTAIRE SCHILLING

Considera-se a Revolução Francesa de 1789 o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história contemporânea. Foi o maior levante de massas até então conhecido que fez por encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para a modernidade.

O alvorecer de uma nova era



Assinala a Revolução de 1789 a inauguração de uma nova era, um período em que não se aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos critérios de casta, determinados pelo nascimento. Só se admite, desde então, um governo que, legitimado constitucionalmente, é submetido ao controle do povo por meio de eleições periódicas. O lema da revolução, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité) universalizou-se, tornando-se no transcorrer do século seguinte uma bandeira da humanidade inteira.

Influência do Iluminismo

Ela foi conseqüência direta das idéias das luzes, difundidas pelos intelectuais e pensadores dos séculos XVII e XVIII, tais como John Locke, Montesquieu, Voltaire, Diderot, D'Holbach, D'Alembert, J.J. Rousseau, Condorcet e o filósofo Emanuel Kant, que, em geral, asseguravam ser o homem vocacionado ao progresso e ao auto-aperfeiçoamento ético. Para eles a ordem social não é divina, e sim construída pelos próprios homens, portanto sujeita a modificações, e a alterações substanciais. Era possível, portanto, segundo a maioria dos iluministas, por meio de um conjunto de reformas sociopolíticas, melhorar a situação jurídica e material de todos. O poder político, além de emanar do povo e em seu nome exercido, deveria, seguindo-se a sugestão de Locke e reafirmada por Montesquieu, ser submetido



a uma divisão harmônica, para evitar a tentação do despotismo. Cada um desses poderes - o executivo, o legislativo e o judiciário - é autônomo e respeitador da independência dos demais. As prerrogativas individuais, em grande parte extraídas dos direitos naturais, não só devem ser respeitadas pelos governantes como garantidas por eles.

O programa da revolução

A Revolução de 1789 é o princípio da era moderna. Nela tudo teve seu início ou sua consagração: a separação do Estado da Igreja, a proclamação do Estado secular, a participação popular pelo voto, a instrução pública, estatal e gratuita, o serviço militar generalizado, os direitos da cidadania, o sistema de pesos e medidas decimal, a igualdade dos filhos perante a herança e

a igualdade de todos perante a lei, o divórcio, a abolição das torturas e dos castigos físicos, acompanhado do abrandamento das leis penais, os primórdios da emancipação feminina levada a diante por Théroigine de Méricourt, a extensão da cidadania aos judeus, a condenação da escravidão e a imorredoura idéia de que devemos viver em liberdade, igualdade e fraternidade.

A convocação dos Estados Gerais

Os reis da França não convocavam os Estados Gerais - organização integrada por representantes do clero, da nobreza e do povo - desde 1614. Centralizadores, convictos do absolutismo, os reis franceses desprezavam qualquer instituição que lhes criasse obstáculos ao uso irrestrito do poder. Naquele início de 1789, no entanto, Luís XVI resolveu chamar aquela antiga assembléia, cujas origens vinham dos tempos medievais, na tentativa de resolver a grave crise financeira que se alastrava pela França, ameaçando-a com o caos.

Em 24 de janeiro de 1789, o rei baixou um decreto instituindo as votações para a sua composição, tendo sua primeira reunião marcada para cinco de maio daquele ano, a ser realizada em Versalhes. O local não foi escolhido ao acaso: o Palácio de Versalhes, a morada do rei e sede do governo, era um templo de esplendor erguido por Luís XIV, o rei Sol, para celebrar a magnificência do absolutismo. Luís XVI pretendia de certa forma impressionar os deputados com a suntuosidade das instalações e também não interromper as suas caçadas pelos bosques vizinhos, enquanto os parlamentares tentariam tirar o reino do fundo do poço.

Sunday, July 12, 2009

É preciso saber viver...

Se você tiver sorte, como eu, um dia você vai estar perto de fazer 50 anos e vai ter deixado para trás muitas angústias e inseguranças e seus velhos amigos vão lhe dizer que você está mais bonita e interessante e os novos, que você não parece ter a idade que tem. Você vai ter vivido muitas paixões, mas vai ter perdido algumas pessoas que amava, que vão lhe fazer falta e provocar muita saudade. Mas, você vai se dar conta de que é bom ter coisas estáveis na sua vida, mesmo que você saiba que elas podem sumir da noite para o dia, como as vitórias do Airton Senna aos Domingos. É aí que você vai perceber a importância de Roberto Carlos fazer 50 anos de carreira. Sim, porque você já viu a moeda brasileira mudar algumas vezes, viu a esquerda assumir o poder e mudar seu discurso e se comportar como você jamais imaginou, mas, ele, o Rei, segue cantando: “Quando eu estou aqui...” e mesmo que nos seus anos mais rebeldes aquelas músicas tenham parecido bregas, piegas ou qualquer outro adjetivo pejorativo que você possa encontrar, você vai se emocionar ao ver Roberto e Erasmo no palco fazendo o reconhecimento de que já se passaram muitos anos. Eles vão chorar no palco e você vai ficar com os olhos cheios d’água. Vai lembrar das aulas de violão e que uma das primeiras músicas que aprendeu foi “Eu tenho tanto para lhe falar...” e sempre haverá alguém que você lembrará quando Roberto começar a cantar: “não adianta nem tentar me esquecer...”

Vai se dar conta que ele sabia descrever uma noite de paixão quando cantava “travesseiros soltos, roupas pelo chão. Vai lembrar das bobagens que diziam de suas músicas, do melô (não sei por que chamam assim) do pão duro: “amanhã, de manhã, vou pedir um café prá nós dois...” Achar que ele perdeu uma oportunidade de fazer um vínculo ainda maior com aquele público que já o venera quando cantar “chovia lá fora”, afinal, despencava água na hora do show. E seu lado profissional vai questionar a apresentadora Patrícia Poeta também fingir que nada está acontecendo, pensando que Zeca Camargo na mesma hora falaria sobre isso e vai rir quando a apresentadora voltar do comercial tocando exatamente neste assunto. Observará que as cadeiras foram minuciosamente arrumadas para serem vistas de cima. E que chegar de calhambeque exigiu uma grande produção. Que existe uma super orquestra ajudando aquela voz que, certamente, não é de um Caubi Peixoto, já diria meu pai. E se você tiver perto de um metro e meio vai achar que ele está falando de você quando ele cantar mulher pequena e, principalmente, naquela parte em que ele fala que você é “mulher gostosa com jeito de menina...”E vai ser incrível quando a Wanderléa chegar no palco mais linda do que nunca com suas famosas coxas de fora e aquelas botas maravilhosamente longas. Vai lembrar que ela tocava pandeiro e querer que ela cante: “Seu juiz! Pare agora....!" Vai achar estranho, mas, divertido, aqueles três ficarem insistindo que são terríveis! Talvez fossem...Mas, em um tempo de guitarras, sonhos e emoções e é tudo isso que ele vai lembrar você e você vai ficar feliz por ele ainda estar lá, mesmo que você se dê conta de que ele não é bonito como você achava que deveria ser um rei. Não importa. Vai entender que ele é carismático e que se manteve íntegro e honesto e que mesmo sendo um rei e tendo lá suas idiossincrasias, tudo que fez foi cantar e é lindo saber que ele fez parte da sua vida, mesmo quando você se recusava a ouvi-lo....Por isso é que eu agora digo: byyye...byyye...

Monday, July 06, 2009

Identidade

Quando fui assistir A Comédia de Erros da Adriane Mottola, um dos pontos altos do espetáculo foi Lauro Ramalho dando o texto de abertura. Agora, encontro no Orkut dele as palavras de Win Wenders. E vem a minha mente o jeito de dizer do Lauro. Especial, sem dúvida. De qualquer forma, publico aqui para que mais gente possa ter acesso.

Pretensiosa...

Texto de Win Wenders

VOCÊ MORA ONDE MORA,
FAZ O SEU TRABALHO,
VOCÊ FALA O QUE FALA,
COME O QUE VOCÊ COME,
VESTE AS ROUPAS QUE VESTE,
OLHA PARA AS IMAGENS QUE VÊ...
VOCÊ VIVE COMO PODE VIVER,
VOCÊ É QUEM VOCÊ É.
IDENTIDADE DE UMA PESSOA,
DE UMA COISA, DE UM LUGAR
IDENTIDADE, SÒ A PALAVRA JÁ ME DÁ CALAFRIOS.
ELA LEMBRA CALMA, CONFORTO, SATISFAÇÃO.
MAS O QUE É A IDENTIDADE?
CONHECER O SEU LUGAR?
CONHECER O SEU VALOR?
SABER QUEM VOCÊ É?
COMO RECONHECER A IDENTIDADE?
CRIAMOS UMA IMAGEM DE NÓS MESMOS
E ESTAMOS TENTANDO NOS PARECER COM ESSA IMAGEM...
É ISSO QUE CHAMAMOS IDENTIDADE?
A RECONCILIAÇÃO ENTRE A IMAGEM QUE CRIAMOS
DE NÓS MESMOS E...NÓS MESMOS?
MAS QUEM SERIA ESSE NÓS MESMOS?
NÓS MORAMOS NAS CIDADES,
AS CIDADES MORAM EM NÓS
O TEMPO PASSA...
MUDAMOS DE UMA CIDADE PARA OUTRA,
DE UM PAÍS PARA OUTRO.
TROCAMOS DE IDIOMA, TROCAMOS DE HÁBITO,
TROCAMOS DE OPINIÃO, TROCAMOS DE ROUPA,
TROCAMOS TUDO, TUDO MUDA E RÁPIDO,
SOBRETUDO AS IMAGENS.
ELAS MUDAM CADA VEZ MAIS RÁPIDO
E SE MULTIPLICAM NUM RITMO INFERNAL
DESDE A EXPLOSÃO QUE DESENCADEOU AS IMAGENS
ELETRÔNICAS, AS MESMAS IMAGENS QUE AGORA
ESTÃO SUBSTITUINDO A FOTOGRAFIA,
APRENDEMOS A CONFIAR NA IMAGEM FOTOGRÁFICA.
PODEMOS CONFIAR NA ELETRÔNICA?
NO TEMPO DA PINTURA TUDO ERA SIMPLES:
O ORIGINAL ERA ÚNICO E TODA CÓPIA ERA UMA CÓPIA,
UMA FALSIFICAÇÃO.
COM A FOTOGRAFIA E O CINEMA,
A COISA COMEÇOU A SE COMPLICAR.
O ORIGINAL ERA UM NEGATIVO.
SEM UMA AMPLIAÇÃO, SÓ EXISTIA O OPOSTO.
CADA CÓPIA ERA O ORIGINAL.
MAS AGORA, COM A IMAGEM ELETRÔNICA E COM A DIGITAL,
NÃO EXISTE MAIS NEGATIVO, NEM POSITIVO.
A PRÓPRIA IDÉIA DE ORIGINAL FICOU OBSOLETA.
TUDO É CÓPIA.
NÃO ADMIRA QUE A IDÉIA DE IDENTIDADE
ESTEJA TÃO ENFRAQUECIDA.
A IDENTIDADE ESTÁ FORA. FORA DE MODA.

Texto extraído do documentário “CADERNOS E NOTAS SOBRE ROUPAS E CIDADES” (1989).

Saturday, July 04, 2009

Sou fã


Esta semana, quando fiz uma das pequenas pausas do meu trabalho de pesquisa, enquanto almoçava,via o filme Apolo 13, com Tom Hanks. Bem, já perdi a conta do número de vezes que assisti a este filme. Já sei o que acontece. Talvez, possa até descrever cada cena. Então, por que insisto em ver de novo? Por causa do Tom Hanks. Mas, afinal, por que sou fã deste cara? Vejo o Náufrago toda vez que passa e me digo que é por que vi pela primeira vez em Paris e quero lembrar de como me sentia. Depois, começo a me dar conta que também revejo O Terminal sempre que reprisa. É...melhor assumir que sou fã do cara. Afinal, Forrest Gump é um filme incrível. E daí sigo...Prenda-me se for capaz (eu nem gosto tanto assim do Di Caprio...). Histórias melosas e açucaradas como Mensagem para você, Eu quero ser grande...Tudo me agrada. Estranhei Matador de Velhinhas, Estrada para perdição, mas, dizer que não gostei? Nunca! Tom Hanks para mim é uma mistura de talento e carisma, bom caráter, dizem que bom colega de set, coisas que me agradam. Tanto que, às vezes, preciso de algum documentário como o de hoje mostrando ele na escola (com um cabelo ridículo,diga-se de passagem),na igreja e em outras atividades prosaicas, só para lembrar que ele é gente como gente. E isso só me conscientiza de que sou fã. Ah, e não vamos esquecer o seu trabalho em A espera de um milagre. Cá entre nós...coisa mais fofa! E Filadélfia? Nossa...emocionante. Ah, e tem algumas cenas antológicas como em Um dia a casa cai. Quando me mudei, lembrava direto...Ele preso em um buraco dentro do tapete! Tom Hanks me faz rir, me faz chorar, me faz ter medo, me faz torcer, me faz acreditar em um mundo melhor onde a arte e o talento têm espaço. Dia 9 de julho ele faz aniversário. Acabo de descobrir olhando coisas sobre ele na internet. Ele não sabe que eu existo, mas, espero que receba a minha energia de fã. Vida longa para o Tom Hanks!


PS Quem sabe outra hora não volto aqui e tento ser mais objetiva sobre o seu trabalho? Vai ser um desafio, mas, posso tentar.