Depois de cruzar algumas vezes com Rodrigo Fiatt nos corredores do DAD e receber dele vários convites para ir ver O Sobrado, uma mensagem no Orkut dizendo que ele ficaria feliz de me ver na platéia me fez, finalmente, ir até o Memorial. Não que eu não quisesse ver o espetáculo. Queria sim. Não só este, como vários outros. Mas, confesso que não tenho tido disposição para quase nada enquanto finalizo meu texto para a qualificação do mestrado. Estou na fase da revisão e, obviamente, com sentimentos antagônicos: por um lado, satisfeita com minha própria produção. De outro, me perguntando: mas, é isso que tenho feito desde março de 2008? Bem, mas, não é hora para inseguranças. Se eu não acreditar na importância da minha pesquisa, quem acreditará? Espero que, ao menos, Clovis Massa e Antônio Hohlfeldt, os dois convidados para compor a minha banca neste momento.
Bom, mas, deixando estas questões momentaneamente de lado, quero falar sobre o espetáculo, adaptação da obra de Erico Veríssimo. Mas, não sem antes dizer que quem ficou profundamente feliz de estar naquela platéia fui eu e, justamente, devido ao trabalho de Rodrigo Fiatt, como Licurgo, o chefe político e intendente da Cidade de Santa Fé. Este ator participou comigo das filmagens de Quase um tango, filme de Sergio Silva, selecionado para o Festival de Gramado. Mais do que isso, fez o papel de meu irmão. Eu não o conhecia até então. E mesmo que nós tenhamos entrado mudos e saído calados (tenho quase certeza que sua única fala foi cortada), percebi em Rodrigo uma autenticidade que só reconheço nos atores talentosos e, felizmente, lembro de ter dito isso a ele. Sim porque, se o destino não atrapalhar, Rodrigo vai longe atuando e espero que não esqueça da sua “irmã” e continue me querendo na platéia. Eu que fiz parte de sua família, quase não o reconheci. Rodrigo muda a fisionomia, a postura corporal, o tom de voz. Não sei como Erico Veríssimo imaginou Licurgo, mas, acho que ficaria feliz (parece que esta é a palavra do dia) em ver este ator em cena.
Mas, sejamos justos. Um único ator não faz um espetáculo. E em O Sobrado são muitos, 14 para dizer a verdade. É um elenco muito forte e competente. (Desculpem aqueles que não gostam deste tipo de adjetivos. Eu estudo a crítica. Nunca disse que era uma). E estes ainda fazem vários papéis. Estou aqui catando o nome dos atores que faziam os meninos, filhos do Licurgo, que eram também soldados, que tocavam também instrumentos e, talvez, ainda mais alguma coisa que eu não tenha reparado. Ah, vi no folder que eles também são responsáveis pela pesquisa histórica. Pronto! Achei: Toríbio e Rodrigo, ou seja, Philipe Philippsen e Felipe Rossato. (Seu Google acaba de me ajudar nesta tarefa!). Na minha opinião, estes dois também merecem destaque, pois, quem pensa que fazer papel de criança é algo fácil, se engana profundamente. E eles convencem e trazem uma leveza para um momento tão denso da história e, ao mesmo tempo, a reflexão sobre o que era crescer em tempos como aquele.
Bom, mas, aqui já começo a compreender a questão de falta de espaço que os críticos sentiam para o que queriam dizer sobre os espetáculos. Ainda não comentei quase nada e já escrevi uma página inteirinha. E mesmo que o “meu patrão” não se preocupe com isso, ninguém lê algo muito longo na internet. Então, a partir de agora, vou tentar condensar informações, mas, sem deixar de elogiar rasgadamente (nestas hora é ótimo não estar sendo paga para escrever sobre o espetáculo) as soluções cênicas trazidas pela Inês Marocco para nos remeter ao ambiente e aos momentos das ações. Ficaram na memória, as “representações” do vento e dos cavalos. São fortes, lindas, poéticas... Preciso falar também do figurino da minha colega Rô Cortinhas que, neste momento passa pelo mesmo processo que eu no mestrado, e ainda consegue produzir este trabalho digno de nota. Bem, e agora me perdoem todos os outros que não vou citar, mas, como disse, um espetáculo deste nível é resultado de um trabalho conjunto, um trabalho que só o teatro sabe produzir e que só bons atores sabem realizar. Assim, o que posso fazer é agradecer ao Grupo Cerco por me fazer sair deste momento estressante do mestrado e viver por 1h40 o drama da família Terra Cambará.
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