Wednesday, July 09, 2008

Diário de um mestrado

Talvez, este título não esteja lá muito correto, já que não tenho a menor intenção de escrever todos os dias. Ao contrário. Pensei em fazer isso a cada seis meses apenas. Acho que já é o suficiente. Antes de qualquer coisa, preciso dizer que chorei quando não entrei a primeira vez. Tinha feito planos. Estava cheia de expectativas e queria, a todo custo me manter vinculada a minha segunda grande paixão, depois, do jornalismo: o teatro. É importante dizer isso para ficar óbvio o quanto fiquei feliz em me transformar, finalmente, em uma mestranda. Orgulhosa também, eu diria, por fazer o site do Pós-Graduação de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Aliás, visitem: www.ppgac.ufrgs.br. Ainda tem várias coisas para explorar, mas, dá para o gasto.

Fiz minha inscrição, obviamente, cheia de dúvidas. Pensei que havia ficado fora de uma disciplina que só mais tarde percebi que era importante. Mas, não. Logo no início, conheci meu orientador que, sendo de Santa Catarina, estava aqui para dar um curso e me orientar, é claro! Foi um ótimo encontro. De posse de uma lista de dez livros para ler e vários questionamentos (inquestionáveis) feitos por ele, eu começava a me assustar, percebendo o trabalho que ainda teria pela frente. No entanto, nos primeiros quatro meses praticamente não mexi no meu projeto. Também pudera.

Envolvida com as aulas e as leituras das disciplinas normais, não conseguia achar tempo para mais nada. Felizmente, uma delas nos obriga a ir revendo o que pretendíamos no começo, o que dissemos que gostaríamos de pesquisar. Gostaríamos? Não. Adoraríamos! Em uma das primeiras aulas, declarei a minha paixão ao meu tema e me sentia inteligente por isso. Sabia que só alguém muito a fim conseguiria manter a energia que seria necessária. Ah, preciso dizer também que me senti bem burrinha muitas vezes. Algumas palavras ricocheteavam na minha cabeça e saiam pelas orelhas exatamente do mesmo modo como entraram. Sem antes, causar certo estrago. Meus colegas me viram participar das aulas, dizer várias coisas e perguntar outras tantas, mas, eu aguardava ansiosamente o horário do café. Só uma pausa poderia trazer de volta o meu fôlego para tentar compreender todos aqueles conteúdos. Esbarrei em gente que se delicia em dar voltas nas palavras, criar verdadeiros labirintos nas idéias e no final... o que eles disseram mesmo?

Mas, tirando algumas raras exceções, este era o sentimento geral e assim fomos nos apoiando e sobrevivendo a aulas que, às vezes, nos sugavam para um buraco negro, o buraco negro da ignorância. Sim, porque aos poucos descobríamos o quanto ainda não sabíamos. Nós, aqueles mesmos seres que havíamos conseguido passar na prova e sermos aprovados na entrevista!

Bem, mas, seis meses (ou seja ¼ do tempo) já se passaram. E preciso confessar: meu projeto ainda está apenas começando. Após uma segunda visita do meu orientador até o nome da minha pesquisa sofreu alterações. Que dirá o resto! Mas, não se enganem. Eu continuo animada. Só que não posso evitar certa angústia que me invade dia sim, dia não e que se associa ao prazer e ao entusiasmo de encontrar mais um livro, mais um texto que preciso ler, mais nomes que devo contatar. E não creio que isso aconteça apenas com o meu tema que trata do mundo global, virtual, da rede de comunicação mundial.

Na cadeira que fiz com os colegas, que agora têm o mesmo tempo que já se passou para mim para concluir o curso, observei que suas pesquisas ainda estavam sendo processadas, discutidas, questionadas. E assim como tantos outros conceitos que se diluíram na minha mente nesta metade do ano, o do tempo é definitivo. Tenho o mesmo tempo de mestrado feito que os alunos do segundo ano para concluir e não preciso perguntar para eles se o que para mim já é muito para eles é quase nada! E, embora nenhum deles tenha me dito: “eu sou você amanhã”, isso está claro para mim.

Volto em dezembro com outro relato para que todos me acompanhem nesta saga, rumo ao pior!
  

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