Exercitar o
corpo ou a mente? Em um determinado momento tive que optar pelo segundo. Vivemos uma sociedade que acha isso muito
normal e se falar que o que deixei de fazer foi o yoga, muita gente acharia que
a escolha tinha que ser mesmo essa. Não me questionei mais. Simplesmente
parei. Foi graças à indicação de uma
amiga que acabei nas mãos de uma nova professora. Jornalista, professora de
yoga e que mora e atende na minha rua. Se eu tivesse sonhado não ia ser tão
perfeito. Ah, além do preço da aula ser bem menos do que qualquer um possa
imaginar. Então, mesmo que eu estivesse às vésperas de uma importante viagem,
querendo economizar todo e qualquer tostão, resolvi experimentar. Lembro-me de
tentar saber quem me daria aula. Olhei informações que a própria professora
escrevera em um espaço virtual, vi fotos e conclui que, no mínimo, era uma
pessoa que tinha cuidado com o corpo humano.
Bastou uma
única aula para eu saber que queria voltar a praticar. Por quê? O que essas
posturas têm de especial para mim? Bem, para quem lidou com ansiedade durante
grande parte da vida, foi na yoga que encontrei um lugar, que não era “somente”
um estado de espírito, mas uma calma mental que antes de fazer yoga eu nem sabia
que existia. Quem me conhece sabe que eu gosto de falar muito e posso garantir
que guardo dentro de mim muito mais a dizer. Que minha mente é agitada. Até
hoje me surpreendo como sou capaz de passar de um pensamento a outro em
segundos. O que as pessoas não imaginam
é o grande prazer que eu sinto quando tudo isso se acalma. Quando o melhor
lugar do mundo é naquele tapetinho, respirando profundamente, de olhos
fechados. Quando não sinto falta de nada. Quem não viciaria em viver esse
momento perfeito pelo menos uma vez por semana? Sim, eu sinto dor, às vezes.
Calor, quase sempre. Vontade de sair daquela posição em todas as aulas. Não, eu
não emagreci fazendo yoga. Mas eu me sinto no domínio dos meus movimentos. Claro
que queria poder fazer mais. Mas o meu corpo tem uma história.
Lembro que
ando fiz reeducação postural descobri que tentava ignorar meu corpo da cintura
para baixo devido aos comentários negativos que sempre havia recebido. Então,
não se trata só de abrir e fechar as pernas, sentar ou levantar, mas de “reescrever
essas linhas” e isso, na yoga, acontece sem pressa. E o mais importante para
mim nem são os aspectos físicos, mas essa harmonia interna que vai surgindo sem
que a gente perceba. Esse lugar dentro de nós para o qual podemos sempre voltar
quando o lado de fora está agressivo demais, violento demais, triste demais.
Além disso, ele se reflete nas nossas ações externas, na nossa forma de encarar
os outros, os fatos. E não é algo forçado, fabricado. É intuitivo, natural,
espontâneo. E não tem nenhum dogma por trás, nenhuma obrigação. Ao contrário,
tudo busca o respeito ao nosso corpo, a nós mesmos. E se somar a tudo isso, uma
pessoa doce, afetiva, cuidadosa, que nunca se coloca como dona da verdade, que
tem a honestidade de se questionar sobre a sua própria prática, sobre a sua
competência como professora, que te recebe com um chazinho e te cobre com uma
cobertinha na hora do relaxamento, daí, é simplesmente irresistível.
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