Tuesday, December 09, 2008

Projeto Picasso – um sonho realizado


À convite de Thiago Pirajira, que foi meu colega no DAD e com quem muito simpatizo, fui assistir O Projeto Picasso, com direção de Julia Rodrigues. O espetáculo, baseado no texto As Quatro Meninas de Pablo Picasso é apresentado por seus autores como o resultado de uma pesquisa de linguagem e identidade do Grupo Barraquatro.

Tenho lido em textos escritos pela classe que os espetáculos que são realizados por alunos em fase de experimentação não devem ser avaliados com os mesmos critérios dos demais. O Projeto Picasso, para mim, é uma prova de que isso não é sempre verdade. Por quê? Porque se trata de um espetáculo extremamente bem feito, digno de qualquer espaço teatral e de uma bela temporada. E digo isso com alívio e alegria, pois, justamente neste momento acontece uma polêmica na comunidade do DAD sobre um comentário que fiz sobre as apresentações do departamento serem pretensiosas. Tudo que este não é. 

A simplicidade da proposta (que sem dúvida exige complexidade em sua execução) é arrebatadora. O trabalho é realmente de um grupo e de talento, sem celebridades, mas, com várias estrelas, pois, sem dúvida, brilham. A trilha sonora nos delicia. Projeto Picasso traz para a cena uma delicadeza da qual acredito que o teatro esteja necessitando e o público ainda mais. Nesta mesma linha do simples está o figurino e o cenário, mas, não há como continuar vendo um pano branco da mesma maneira depois de ver o que este pessoal fez. E que jeito criativo de fazer uma cadeira entrar em cena! Elementos como o fogo, a água e o ar se fazem presentes real ou metaforicamente. 

Estavam certos aqueles que disseram que é preciso assistir os espetáculos para poder comentar, mas, não fui eu que disse, mas Bárbara Heliodora, que o grande problema dos espetáculos ruins é que eles afastam o público do teatro por muito tempo e, às vezes, para sempre e é por isso que fico tão constrangida e provocada quando isto acontece. Felizmente, não foi o caso. Assim, pude ver atores como Thiago, a Carol Pommer, a Daniela Dutra, a Juliana Dias e a Kayane Rodrigues provocando risos e emoções com gestos, expressões e movimentos totalmente integrados e que nos falam, mesmo quando não há texto. Saí do teatro com a alma lavada, com a leveza que a má-fé e as maledicências costumam consumir no nosso dia-a-dia. Espetáculos como este colaboram para que esta arte maravilhosa do teatro continue viva. E eu também. Obrigada Barraquatro!

7 comments:

  1. As peças vivem sem as críticas, mas não vivem sem o público. Por que as vezes se interessam tanto por crítica se a platéia está cheia?

    Adorei teu texto e fiquei louco para ver a peça!

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  2. talvez a preça esteje cheia hoje após uma mega polemica enfrentada na comunidade do DAD. dificil analizar so por um dia. eu fui em dois desta peça, e mais tantos das outras peças, e a falta de publico é impressionante. fiquei feliz porque minha colega julia teve exito após duas apresentaçoes para menos de 20 pessoas.E não desmerecendo a peça da minha querida amiga, a maioria está num nivel acima do comum. e todos nos queremos opinioes sobre nosos trabalhos! lemos avidamente os papeizinhos de avaliaçoes em busca de dicas!!! mas dicas interessantes e profundas. análises!!!! (talves deva procurar um analista...)Não elogios ou criticas ferrenhas. simples análises do que está sendo mostrado ao publico. depois, claro, sua opiniao sobre isso.

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  3. bom, mais um comentário:
    acho a peça construida dentro de um projeto pretencioso. felizmente, o resultado final conseguiu dar vasão a toda a sua pretensão!
    E acho que os elementos citados como grandes dentro da peça (a leveza, a sutileza, até a entrada da cadeira arrastada pelo lado) estao presentes em mais de uma peça do dad. os espetáculos estao muito iguais- e diferentes ao mesmo tempo. A qualidade está acima do comum.
    e se nao nos interessásemos pela critica, porque escreve-la?

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  4. ta, tem erros de portugues...
    eu nao reviso o que escrevo e acda dia que passa seiu menos o portugues. assim tiro a minha propriedade.

    talvez a preça esteje cheia hoje após uma mega polemica enfrentada na comunidade do DAD.- talves a peça esteJA


    bom, mais um comentário:
    acho a peça construida dentro de um projeto pretencioso.- pretenSIoso

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  5. Não entendo por que minha frase foi isolada para gerar comentários. Na frase completa eu disse que tive minhas orelhas puxadas por falar na pretensão dos espetáculos do DAD, o que significa que cheguei a cogitar que, talvez, não tivesse razão, que a hora de fazer os projetos sejam agora. O que me preocupa é que os alunos possam ter suas imagens prejudicadas antes mesmo de ocupar um espaço no difícil mercado teatral e digo isso baseada nos comentários que ouvi, não apenas em uma opinião de algum comentário meu. Não acho que isso seja ousadia. Acho que pode trazer mais prejuízos do que benefícios e são os meus "achismos".
    Acho interessante o jeito apaixonado que estas questões mexem com as pessoas, mas, a paixão, todos sabemos, às vezes, cega. Aliás, devo salientar que o que escrevi não é uma "resposta" a nada, pois, pensei em responder a algumas pessoas que estavam, realmente, interessadas no que eu poderia dizer, mas, não encontrei como contatá-las. Por fim, nunca chamei meus textos de críticas. Gosto de escrever sobre o que vejo e o que sinto. Apenas isso. Isso não quer dizer que NUNCA as farei, mas, por enquanto, é apenas o meu objeto de estudo no mestrado.

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  6. Também gostei muito do trabalho da Júlia, apesar de ter algumas várias ressalvas a mais do que as que tiveste (não sei se convém escrevê-las aqui; tvz deva falar diretamente com a Júlia).
    Como escrevi ao Rodrigo Monteiro, acho muito válida a intenção de se criar um espaço para críticas/elocubrações/crônicas/poemas sobre os espetáculos que estamos fazendo, pq, como bem o disse a Ana, somos ávidos por um retorno do público. Mas eu acredito que temos direito a réplica da crítica, à tréplica etc se for o caso. E isso não precisa ser pessoal: eu mesmo discuti com o Hohlfeldt por emails ferrenhos em uma última análise que ele publicou sobre um trabalho meu e foi absolutamente profissional. Sejamos analítico e objetivos nas críticas, mas não esqueçamos que é só nosso ponto de vista. Da mesma forma que eu e tu gostamos do trabalho da Júlia, sei de pessoas que não gostaram. E assim a arte acontece!

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  7. No meu comentário, quando escrevi sobre o projeto inicial ser pretencioso e a sua execussao final, não, NÃO ESTAVA ME REFERINDO ao seu comentário no blog do Rodrigo, que eu já havia lido ha meses e não havia me manisfestado até então. Estava me referindo ao que tu escreve no teu proprio comentario, falando que não acha a peça pretensiosa. creio que a pretensiosidade inicial faz as pessoas se mecherem. se tem um objetivo além das capaciaddes. fazem tudo para conseguir cumpri-lo. se se restringem a mesmice, isso se reflete na peça. E, bom, resolvi escrever meus comentários só agora MAS JA HAVIA LIDO os seus textos antes de todos os comentários na comunidade do DAD e já pensava nisso que escrevi antes de toda a polemica. Pois quem me conhece sabe que sempre defendi a existencia de critica, e que gosto delas, de todas até das más, que peço opiniao e tento considerá-las. mas, acima de tudo acredito no intercambio entre pessoas em formação.
    para finalizar, nao vai ser uma discussão boba ou não que vai atrapalhar a construção da carrerira de alguem na vida teatral ou não. já me falaram que estou me expondo demais, e resolvi fazer isso mesmo. é o resultado do trabalho, do esforço que vai fazer com que esta pessoa tenha sucesso, ou não. afinal, estamos falando de merecimento de trabalho e isso só e medido com trabalho. mereciento pessoal, porque tem amigos ou não, nao significa muito. alias, so prejudica o nosso meio teatral.

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