Foi uma amiga que me inspirou a escrever para e sobre a minha mãe. Não tinha intenções de copiá-la, mas ao perceber que aquela história de que “mãe só muda de endereço” é um daqueles ditos populares muito verdadeiros, e sabendo que a mãe da minha amiga já se foi pensei que minha mãe merece que eu escreva já. Não é a primeira vez. Tenho este hábito de usar as palavras principalmente quando a falta de grana não permite que eu dê o presente que as pessoas merecem. Agora, imaginem o da minha mãe... Sem chance!
Tenho o privilégio de ainda poder conviver diariamente com a minha. Claro que isso não acontece de forma tranqüila todos os dias. Ao contrário. Minha mãe é uma mulher de um temperamento forte. Cheia de energia. Mas cheia mesmo. Daquelas que acordam cedo querendo fazer mil coisas e vão até as tantas da noite fazendo. E nesta atitude proativa vai cutucando quem está em volta. Então, não importa se já tomei o café, temos horários, exigências, cobranças. Então, eu resmungo. Tento fazer ela esperar e ela se esforça muito para respeitar este momento. Às vezes consegue, outras não. Ela não é a pessoa mais organizada do mundo, nem detalhista. Gosta de impor sua vontade.
Porém, eu não estou aqui para falar destas miudezas, fazer críticas a qualquer comportamento dela. Muito pelo contrário. Tenho um orgulho enorme dela. Ela é comunicativa, inteligente. Uma das pessoas mais interessadas em tudo que acontece no mundo que eu conheço. E sempre querendo ter todos em volta, ajudar todo mundo. De uma maneira quase obcecada. Basta que a gente comente com ela de alguém em dificuldade e ela já começa a pensar como resolver aquela situação. Abre mão de qualquer coisa só para dar chance, oportunidade para outro.
Teria que escrever muito, mesmo que quisesse fazer um resumo de tudo que ela já fez na vida. Dava aula, cuidava da casa, cozinhava. Faz até hoje uma ambrosia e um doce de coco que todo mundo elogia. Mas não é só por isso que eu a admiro. Nem por ter criado quatro filhos sempre cuidando para estarem bem vestidos, alimentados e terem todas as oportunidades de estudo e de viagens que desejavam. Nem por sua elegância e educação. Nem por ter me aconselhando e me consolado em todas as vezes que estive agoniada ou triste. Nem por cuidar de todos os bichos que inventamos de ter. Nem tão pouco por ter conseguido reagir à morte prematura do primeiro filho e levado adiante o trabalho do meu pai, seu companheiro de toda a vida. Eu a admiro por ter me ajudado a ser parecida com ela.
PS: O presente que dei para a minha mãe foi o livro reeditados dos Jogos Boole (projeto do meu pai e que ela segue desenvolvendo) e que ela há muito tempo me pedia para terminar. Ela vibrou!
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