Tuesday, August 11, 2009

Quase um tango é um dos seis selecionados entre mais de 80 filmes


Se não registrasse o que me aconteceu nestes últimos dias, este blog perderia um pouco a razão de sua existência. Afinal, como o próprio nome diz, ele foi criado para falar das coisas que me provocam quaisquer que sejam as emoções. Pois bem. Fiz minha inscrição como jornalista no Festival de Cinema de Gramado, como já faço há vários anos. Mas, quem acompanha a minha história sabe que eu sou uma freqüentadora deste evento mesmo antes de ser jornalista. Ainda estava na universidade quando comecei a ir para Gramado, uma cidade que freqüento desde pequena (meu avô veraneava lá) para assistir a uma semana de filmes, debates, tomando muito chocolate quente, vinhos e comendo aquelas delícias da serra. Era uma época em que ninguém conhecia Jorge Furtado, um carinha gaúcho que insistia em fazer cinema. Roberto Kovalick (agora no Japão) dava idéias de como poderíamos furar a festa de encerramento. Bem, mas, chega de falar do passado. Vamos ao 37º festival.

Embora inscrita, já começava a pensar que não seria possível estar presente. Com viagem marcada para Santa Catarina, onde vou apresentar meu trabalho na UDESC, achei que as agendas iam colidir e que seria impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas, recebi a notícia de que o filme no qual participei (já disse outras vezes que entro muda e saio calada), ia passar no dia da abertura, enquanto eu ainda estaria por aqui. Assim, comecei a me convencer de que iria a cidade nem que fosse para passar o dia rodopiando. Mas, como quem não quer nada, liguei para o hotel onde estive o ano passado e tinha vaga. Fiz a reserva. Pronto. O local para dormir estava garantido. Agora, faltava apenas o ingresso. Felizmente, isso também acabou não sendo problema. Tem muita gente nova por lá organizando, mas, eles ainda sabem quem ama cinema, o que ao meu ver deveria ser o real passaporte para o Palácio dos Festivais.

Tomei a maior chuva o dia todo. Caminhei mais do que devia já que trocaram a sede do Festival do prédio da UFRGS para a Expogramado, mas, nada que uma sopa de capeletti e um cálice de vinho não resolvesse. Hora de tapete vermelho. Quem vai indo justamente na minha frente? Sergio Silva. Meu mestre. Diretor deste filme e acho que posso dizer: meu amigo. Chego perto dele, toco no ombro e ele se vira e diz: Dona Mello!! Bem, daí para frente tive a companhia dele e dos seus amigos Luis Paulo Vasconcellos, Sandra Dani e Araci Esteves. Gente por quem tenho admiração como atores e que estou começando a conhecer como pessoas. Alegres, divertidas e profundamente simpáticas, pelo menos, comigo. Por isso, era uma satisfação ver um deles se virar e me dizer: “vamos beber alguma coisa?”, “vamos entrar no cinema?”. Todo o resto era lucro. E teve muitos. Pela primeira vez em um quarto de século subi ao palco. Fiquei ao lado de Viviane Pasmanter e todo aquele elenco. Se tivesse previsto este fato, diria que era sonho e daqueles bem mirabolantes (Espero que as fotos, que ainda vão chegar, comprovem o contrário).

Bem, mas, devem estar esperando que eu fale do filme... Eu já tinha visto em uma prévia na casa do Sergio. Um momento que também foi bem significativo para esta relés mortal. Mas, ali ele estava acabado, fechadinho e na tela grande do cinema. Que delícia! Como antes, já tinha gostado da história e como o Sergio diz todo o tempo não é um filme com uma história extraordinária. É sobre a vida. Sobre o que nos acontece. Nossas alegrias, tristezas, medos. Li alguns comentários de pessoas que acharam tudo isso muito sem graça. Não estou entre elas. Não porque esteja no filme (aliás, o desafio será me encontrar), nem porque admire o diretor e nem...Mas, porque acho que a vida é muito interessante mesmo sem terremotos, sem queda das Torres gêmeas, sem a descoberta da cura da AIDS e acho que o Sergio soube contar isso de uma forma que, para mim, é uma homenagem ao cinema. Quem foi aluna dele reconhece em muitas passagens suas paixões, suas admirações por outros grandes mestres desta arte. Estão lá. Colocados de um jeito bonito, gostoso de ver. Por causa disso, não é a história que faz deste filme algo especial, mas, o jeito que ela está sendo contada. Acho que vai cair no gosto do público. Quanto as críticas que li, até agora, só pude achar graça. Afinal, há quem diga que Marcos Palmeira está terrível e que é Viviane Pasmanter que salva o filme. Logo adiante, um outro, diz exatamente o contrário: é Marcos Palmeira que leva todos os outros de arrasto. Questionam as escolhas do Diretor, comparam com Anahy de las Missiones (que depois de premiado ninguém ousa dizer nada de ruim), destroem até as cenas que eu achei absolutamente lindas: os sonhos e os pesadelos do protagonista. Ou seja, espero que entre em cartaz para que mais gente possa dar os seus palpites. A arte é para isso: provocar.

PS: Dá para ler meu nome nos créditos, isso eu garanto!

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