Wednesday, February 06, 2008

alma gorda

Sempre que falam em comida me dou conta de que é algo muito importante para mim. Embora eu diga que não tenho boa memória, tenho fortes lembranças de coisas que comi na vida. As primeiras são de coisas feitas pela minha vó: farinha láctea com leite, ovo mexido e o cheiro de galinha assada do bar da esquina onde ela morava também e inesquecível (aliás, continua lá na esquina da Independência com a Coronel Vicente). Cronologicamente falando, talvez, seja o momento de falar de bolo de chocolate com sorvete servido pela minha tia Maria nos aniversários ou de tudo que era servido na colônia de férias da UFRGS em Tramandaí onde comecei a veranear ainda bebê. Tinha também o peixe frito que nós mesmos pescávamos. Ainda nesta época remota tinha um amendoim açucarado que minha tia Mira fazia e de sua torta de bolacha de chocolate com manteiga. Bem, mas, preciso falar também de coisas que a minha mãe, apesar dos quatro filhos, ainda achava tempo para fazer. Lembro de comer quindins ainda quentes naquelas forminhas de porcelana branca. Pulando alguns anos em que continuei gostando de comer, é claro, e recordo de um mousse de chocolate feito pela minha cunhada em um jantar que teve até sopa de mariscos que eu não devo ter comigo, pois, por incrível que pareça, existem coisas que não me apetecem. Muita sopa joguei pela sacada do meu prédio para apresentar o prato vazio para minha mãe. De frutos do mar, então... nem pensar!

Bom, mas, talvez seja interessante dizer que além de comer, gosto de cozinhar. Coisa que, aliás, comecei a fazer bem cedo, o que gerou alguns erros culinários como o docinho que fiz de aniversário e, no lugar de colocar açúcar de confeiteiro, coloquei goma de passar roupa! Como era misturado com leite condensado as pessoas só foram sentir muito depois. Anos mais tarde, quando fui para o nordeste de ônibus, fiz uma parada na casa de amigos no Rio de Janeiro. Vinha fazendo uma dieta rigorosa que havia me deixado mesmo mais magra, mas, lembro de passar a tarde toda comendo um bolo de chocolate feito por nossa amiga Clarisse, uma cozinheira como poucas!

Meu primeiro namorado dizia que eu sabia abrir uma lata como ninguém (na verdade, um elogio). Apesar de ter aprimorado minha competência desde então, acho que é o que venho fazendo, até hoje, de uma forma mais elaborada. Continuo não gostando de fazer coisas complicadas, difíceis até para comer. Tenho interesse por coisas gostosas que reúnam a família em volta de uma boa mesa. Gostaria de dizer que como por prazer, mas, para ser honesta, há uma briga até hoje com a minha relação compulsiva com a comida. Se é para comer UM negrinho, prefiro nem chegar perto. Considerando tudo isso, até que não estou tão acima do peso assim. Com certeza, ainda existem muitos outros pratos que fizeram a minha história e o meu estômago, mas, como esqueço nomes, datas, fatos, fico feliz de ver que a comida ainda me fará lembrar de muitas coisas.

1 comment:

  1. Eu lamento muito não ter sido lembrada nesse relato embora todos digam o quanto saboroso e inesqusível é meu prato campeiro de arroz com coração. hehehe

    ReplyDelete