Saturday, February 23, 2008

Quase um tango

Ontem, foi a festa de encerramento das filmagens de Quase um tango argentino. O convite foi feito em cima da hora e eu não estava muito no clima, mas, também, não queria perder. Marcaram para a 1h da manhã em um bar da Cidade Baixa. Eu confesso que tenho preferido os happy-hours as baladas, mas, me preparei para ir. Uma amiga me pediu carona e como ela mora um pouco longe e em uma área de Porto Alegre que me assusta um pouco, fiquei preocupada com a volta. Cheguei a convidá-la para dormir aqui, mas, ela me disse que pegaria um táxi. Lá nos fomos. Ao nos aproximarmos fiquei totalmente surpreendida com a multidão que estava nas ruas, fazendo filas nos bares, um tumulto. Queria colocar o carro no estacionamento, mas, estava lotado. Dei uma volta na quadra procurando lugar e nada. Daí, decidi deixar em uma travessa da República, onde ficava o bar. Não era um local muito iluminado, mas, com a quantidade de pessoas em volta, pensei que não haveria problema, mas, assim mesmo, comentei com a minha amiga que deveria pedir para alguém ir até o carro comigo na saída. Fomos quase as primeiras a chegar. Na entrada, um carinha me perguntou se eu era do filme e eu respondi que sim. Ele disse: “tu eras uma freira”. Aí já me surpreendi. O filme nem está pronto e já estou famosa!!! Brinquei comentando com os meus amigos. Aos poucos, foram chegando as pessoas e ficamos sabendo que eles estavam ainda filmando as últimas cenas. Foi ficando divertido. Várias caras conhecidas, assim como a presença do Diretor Sergio Silva e dos protagonistas Marcos Palmeira e Viviane Pasmanter. Não dava para conversar nada decente, pois, a música era muito alta, mas, tinha um bom lugar para dançar e as músicas eram boas, nada de “bate-estaca”. Haviam liberado cerveja de um dos patrocinadores, mas, quem me conhece sabe que eu não bebo de jeito nenhum. Cerveja, quero dizer. Assim, escolhi um whiski e ao longo da noite não fiquei só em uma dose. Quando senti que havia chegado a hora de parar de beber e ir embora, nem lembrei mais que queria companhia até o carro. Estava desarmada, feliz por ter estado entre amigos. Só que quando eu cheguei no carro, sem que eu percebesse, um cara se grudou na minha porta. Pensei que era alguém que pediria dinheiro e fui dizendo não, mas, muito mais rápido do que eu poderia imaginar, ele entrou no carro. Veio para cima de mim. Naqueles segundos, porque tudo é muito rápido, pensei que ele me machucaria fisicamente e comecei a gritar. Não sei se gritei palavras ou só berrei. Ele pegou a minha bolsa e se foi. Eu fiquei profundamente perturbada e só me ocorreu voltar ao bar. Chorava copiosamente. Quando dei por mim, havia passado um pouco do bar e ao dar uma ré, bati na sinaleira de um carro. Nada muito grave, mas, ouvi barulho de vidro quebrando. Desci e perguntei de quem era para o flanelinha que me disse que era do cara do bar onde eu estava. Justamente aquele que havia me reconhecido. Apareceram algumas pessoas da produção que foram muito atenciosas. Chorei mais um pouco, me abraçaram, me deram uma água e eu vim embora para casa. Passava das 5h da manhã e eu, depois de contar chorando para minha irmã o que havia acontecido, comecei a cancelar cartões de crédito. Na verdade, está cada vez mais fácil fazer isso. O que deveria fazer os ladrões pensarem duas vezes antes de furtar. Eu tinha R$ 15,00 apenas. Claro, carteira de motorista, identidade, celular, talão de cheques e até cartões de visita. Hoje pela manhã, fui fazer a ocorrência. Foi estranho tentar descrever o que houve porque o cara não tinha arma, não me agrediu, nem disse nada ameaçador. Parecia que nem havia feito nada, mas, como disse a minha irmã, eu não saí entregando a minha bolsa à-toa. Mas, passado o enorme susto, é claro que penso que é muito bom eu estar inteira e ele não ter levado o carro. E para quem quer saber do que se trata o filme é justamente de situações como esta que enfrentamos todos os dias. Desta mistura entre o prazer das coisas boas e das coisas ruins. Resumindo: da vida de todos nós.

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