Se é para cumprir promessas, que
seja como essa que eu fiz para o Dudu Sperb de ir vê-lo cantar as canções de
Cole Porter. Ficou ainda melhor quando a minha prima Angela Spiazzi disse que
também iria e me ofereceu carona. Não sabíamos que precisava de reserva e
quando chegamos parecia não haver mais mesas. Houve certa demora para que todos
fossem acomodados no MEME, local onde já comemorei meu aniversário. O que
significa que é um espaço agradável, com ótimo atendimento e coisas deliciosas.
Queria poder dizer que já havia imaginado que aquele garoto que frequentava a
mesma escola que eu, cantaria tão bem. Mas, não apenas isso. Interpretaria as
canções, pois Dudu não é apenas para ouvido, mas para ser visto. Ele abre o
show dando algumas informações sobre Cole Porter, explicando que suas músicas
foram feitas para a Broadway e o tornaram um dos cantores mais populares do
século XX. No início, ouvimos letras que massageiam o ego como You are the one,
Easy to Love e You are the top. Afinal, quem não gostaria de ouvir: Você é
camembert? Na sequência, mais músicas de amor absolutamente cheias de elogios
às amadas. E eu, que costumo desconfiar dessas misturas de músicas estrangeiras
com nacionais, tive que dar o braço a torcer com a escolha de Noel Rosa,
Lupcínio Rodrigues, Vinícius de Moraes e me surpreender completamente com a
beleza da música de Totonho Villeroy sobre Porto Alegre: Povoada de águas. Não
há dúvidas de que a escolha do repertório é o resultado da percepção de alguém
que tem uma sensibilidade profunda. Por isso foi muito bom ver nessa lista a
música Luiza, que sempre me tocou. Talvez por frases como “eu sei que debaixo
dessa neve mora um coração” e como lembrou Dudu Sperb, feita por Tom Jobim para
a novela Brilhante. E são muitas as informações que o cantor vai repassando
entre as músicas. Sobre a vinda de Cole Porter ao Brasil, sobre a origem da
música Quem há de dizer de Lupicínio Rodrigues e tantas outras que eu não vou
revelar para não estragar a surpresa, embora não haja palavras capazes de
transmitir a delícia de escutar e ver o carisma desse artista. Acompanhado do pianista Michel Dorfman, Dudu
Sperb, mesmo enfrentando o barulho de um alarme de um carro que disparou por
boa parte do show, consegue ser divertido, contando detalhes da criação de cada
música e mostrando o seu talento, enquanto o menino que assiste de pé na porta
balbucia as letras, balançando a cabeça, de olhos fechados. E nessa linha de
romance, ele canta Extase de Ivan Lins e Chico Buarque, o que para Dudu é uma
espécie de versão de Garota de Ipanema. Nesse
caso chamada Renata Maria que, como a outra, deve ter mesmo existido, já que é um
nome bem estranho para uma mulher imaginária. E por alguns momentos, eu vejo de
novo em minha mente, aquele mesmo menino dos tempos de escola, quando ele fala
de uns gatinhos de uma amiga que estão para doação. Em seguida, ele volta a
demonstrar todo o ritmo e me transporta aos grandes musicais americanos com
essas composições que criam imagens diante de nós. Eu, que só o tinha visto
cantar em francês, agora já não tenho mais dúvidas de que ele poderá cantar na
língua que quiser. Mas, não posso esconder que I Love Paris com esse timbre que,
por vezes, me faz lembrar Edith Piaf, me faz querer comemorar meu próximo
aniversário onde Dudu Sperb estiver se apresentando.
No comments:
Post a Comment