Monday, September 03, 2012

FITE: Sete dias de arte circulando pelas ruas, pelas veias, pela vida.


Quando tomei conhecimento do Festival Internacional de Teatro estudantil pensei que não poderia acompanhar, pois estava envolvida com outras atividades. Felizmente, acabei sendo convidada pela Coordenação de Artes cênicas para ser analisadora dos espetáculos. Tive uma pequena participação nesse evento que promoveu workshops, palestras, debates, além de claro, dos espetáculos.
Dos quase 40 espetáculos apresentados vi apenas aqueles que comentei. Sete no total. Não vou falar de todos, pois teria muito que escrever e não é tarefa fácil resumir o que significou ver esses trabalhos. Uma coisa que repeti em todas as apresentações foi o meu prazer em ver teatro com tanta gente no palco. Por uma questão de praticidade, de logística, o teatro de hoje tende a ser de grupos menores e, até mesmo, monólogos.  Assim, ver a solução desses diretores para garantir a participação de todos, seja criando núcleos, dividindo funções, mesclando formas artísticas como a dança, a música, a contação de causos... Em quase tudo que vi havia soluções cênicas inteligentes e criativas que exigiam dos atores uma maturidade que superou em muito as minhas expectativas.
Preciso falar também como foi bom ver em prática essa ideia de fazer pensar a arte através das discussões com o grupo e com a plateia. Depois de ter sido mediadora da Bienal do Mercosul, foi ótimo poder fazer isso com  teatro. Por ser uma proposta nova para mim, não sei se fiz certo ou errado, mas não achei que devesse considerar toda a adversidade que professores e alunos enfrentam para chegar aos resultados. Tentava olhar com certa frieza, como um espectador que paga o ingresso e vai assistir a um espetáculo. Sei que isso deve ter parecido muito injusto em algumas ocasiões, mas acabei me tranquilizando ao perceber que, toda vez que fazia um comentário mais crítico, a própria plateia tomava a frente e partia em defesa dos grupos que saiam do palco com muitos elogios e muito reforço para continuar fazendo o que estavam fazendo.
O FITE mostrou o resultado de uma equipe competente que não mede esforços para abrir espaço para as artes cênicas e que sabe enfrentar diversidades e lidar com os imprevistos deste evento que me ensinou novas palavras pelo espetáculo de Isaias Quadros com Eros e Thanatos in Pessoa, me fez saber mais sobre o Rio São Francisco pelo grupo de mineiros, me emocionou com a dura realidade retratada pelo grupo da CESMAR, me mostrou a liberdade da arte na releitura de Giselle em cordel, me divertiu com as histórias do Reino das Névoas e O mágico de Oz. Porém, o melhor de tudo é que não fez isso só comigo. Atraiu um público de estudantes que, em sua maioria, se comportou melhor do que plateias adultas, muito mais acostumadas com teatro. Não havia celulares tocando, fotos sendo tiradas, conversas paralelas. Ao contrário. Silenciosos, respeitosos.
Durante sete dias, houve uma movimentação intensa nas salas teatrais da cidade. Workshops, oficinas, gente trocando experiências, compartilhando conhecimento ou simplesmente fazendo como o menino ruivo que se aproximou de mim e disse: “Muito prazer. Meu nome é Leonardo. Que lindo esse teu anel.” Gentilezas que surgiam do prazer de estar próximo de pessoas que gostam das mesmas coisas, que entendem a importância do “fazer de conta”. Agora, nada foi mais emocionante e me trouxe mais esperanças no futuro do que ver a Dona Hilma no palco totalmente concentrada em suas cenas. Uma senhora de avançada idade, mesclada a um elenco heterogêneo que deixou ainda mais claro porque o teatro me apaixona. Para fazer teatro não é preciso ser alto, baixo, magro, gordo, louro, moreno, branco ou preto, jovem, velho.
Fui para analisar, que em grego significa “dissolver”, para facilitar a compreensão, uma prática utilizada antes mesmo de Aristóteles como um método para a descoberta de fenômenos físicos. Sai dissolvida em poesia, em emoção, em energia, entendendo ainda mais que o teatro é a arte da inclusão natural, onde todos podem tudo e descobrimos o quanto a vida vale a pena se explorarmos ela com coragem até o fim.







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