Passei dois dias e meio na praia. Como sempre, parece muito mais até porque dois foram de céu azul e calor. Ou seja, pude renovar minhas energias entrando no mar, o que adoro fazer. Vou à praia desde pequena, como já disse aqui, e adoro. Depois que cresci, comecei a achar que o mar tem, realmente, algo de transcendente e fica muito mais fácil meditar, pensar na paz, no amor, nos meus planos, nos meus amigos quando estou diante da infinitude das águas marinhas.
Eu, minha irmã e minha mãe sempre ficamos felizes (pode parecer incoerente para muitos), quando estamos lá, porque lembramos da torcida dele para que aquele negócio desse certo e da vontade que ele tinha que todos pudessem aproveitar depois. Lembro que ele começou a pensar na possibilidade de ter uma casa na serra e me disse: “o bom disso é que eu não vou poder estar em duas casas ao mesmo tempo, então, quando eu estiver numa, vocês vão poder estar na outra”! As coisas não saíram bem assim, mas, fazemos questão de aproveitar esta conquista dele. E como... Tem tudo por lá. Entramos e saímos só com as nossas roupas do corpo. Uma delícia. Quando via este tipo de coisa nos filmes, pensava: “não sei como estas pessoas não vendem a casa, com todas estas lembranças de tal pessoa.” Hoje, sei que era uma bobagem, pois, a saudade vai estar em qualquer lugar. Além disso, estar por lá é estar um pouco perto de novo dele. Em um lugar, em que só temos recordações felizes. Ele feliz e nós em volta.
Hoje, fizemos algo que, de certa forma, já tinha vontade há mais tempo. De mãos dadas, sentadas à mesa do apartamento, falamos sobre como gostaríamos que ele estivesse, não aqui, se não tivesse morrido, mas, neste outro caminho que a gente acredita que ele deva estar fazendo. Como gostaríamos que ele se sentisse em relação a vida que teve aqui conosco, da forma como lembramos dele, do exemplo que ele nos deixou e do privilégio de ter convivido com ele, mesmo que por pouco tempo. Ele servia de apoio para a minha mãe. Costumava se comportar como um oráculo. Tinha resposta para tudo. De receitas culinárias a casos complicados na justiça. E muito entusiasmo para tudo. Fazer planos era com ele mesmo. Coisas banais, como comprar um carro, a projetos futuros de vida. Era um santo? Não, longe disso. Tinha um temperamento forte. Gostava de discutir ferozmente, ainda mais com quem achava que era páreo para ele. Isso era quase um esporte. Alías, um dos poucos homens que conheço que não gostava de futebol. Em compensação, era daqueles que lia até as bulas de remédio! Ok. Exagerei. Mas, só no tipo de literatura, não na quantidade de livros lidos e quando falava destes os olhos brilhavam. Escrevia também e muito bem. Não tivesse usado este talento tão intensamente para redigir petições, teria mais chance de escrever ótima literatura. Quem leu seus contos e poesias sabe que, agora, não estou exagerando.
Bom, mas, isso tudo me fez pensar. Às vezes, a gente não precisa deixar grandes descobertas para humanidade, nem ser reconhecido por milhões de pessoas como um Dorival Caymmi. Ser um bom exemplo para aqueles que estão em volta também pode ser, totalmente, inesquecível. Para menos gente, é verdade, mas, não com menos importância ou intensidade.
PS: Minha intenção, quando comecei a escrever, era falar dos babacas do trânsito na estrada que estão sempre com pressa, cometendo imprudências e ameaçando a vida dos demais. Acabei mudando o assunto. Mas, não demora, vou retomar esta bronca.
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