Wednesday, August 15, 2012

Em homenagem a Sergio Silva que nos deixa publico um texto que escrevi quando ainda era sua aluna. Ele diz um pouco do que representou para mim o ter conhecido. Ainda essa semana pedi para minha mãe, Dora Mello, fazer um doce de coco para eu levar para ele, pois moramos perto e nas vezes em que veio aqui em casa ele sempre elogiou. Vou sentir saudades...

Sergio Silva é destas pessoas que, em um primeiro momento pode não parecer simpática. Não é dado a sorrisos e não gosta muito de eventos sociais, mas, na medida em que a gente tem a oportunidade de conhecê-lo, começa a se divertir com seus comentários irônicos que vão servindo para estabelecer contato. Aos poucos, vai se descobrindo que, como todo mundo que se envolve com a arte, ele se interessa pelas pessoas.


Gosta de falar e sabe o que diz. Já leu muito, estudou bastante e, hoje, repassa o que aprendeu de maneira interessada e divertida. Gosta de viajar, mas, também tem prazer de ficar no seu espaço, onde pode usufruir algum conforto e dos prazeres de tomar um Whisky, sua bebida preferida, seguida pelo café.

Fuma sem parar e cada baforada deve ser, como dizia Mario Quintana, um suspiro. Sim, porque ele não passa pela vida impunemente. Está atento e angustia-se com o que acontece ao seu redor. Buscou na arte, mais precisamente no cinema como diretor, sua maneira de extravasar isso. Crítico e pontual em seus comentários sobre a cultura, sobre o teatro, sobre a política, é capaz de ir as lágrimas com a cena de um filme.

Avesso às novas tecnologias, não esconde sua falta de habilidade com equipamentos eletrônicos, computadores, entre outros. Às vezes, posiciona-se de forma pessimista diante do futuro e da humanidade, mas isso não o impede de ensinar de forma apaixonada, e sua disposição e paciência para dar aula, demonstram que ele tem esperanças de um mundo melhor.

Apesar de manter sua vida pessoal reservada, é comum fazer comentários sobre sua família, suas tias, seus parentes e, principalmente, sua mãe. Suas críticas divertidas ao seu comportamento são cheias de afeto e amorosidade. Transforma pequenas histórias do cotidiano em situações engraçadas e experiências de vida.

Por essas e por outras, é muito bom que o meu caminho tenha se cruzado com o dele a ponto de eu desejar ser sua amiga, o que acredito esteja começando a acontecer.

Helena Mello – Jornalista

15 de outubro de 2004

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